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Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
PSICOLOGÍA POSITIVA Y SUS DIFICULTADES
“ESQUIZOFRENIA”
** Professora do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), Coimbra. Membro do Concelho Científico do
ISMT. Orientadora de teses de Mestrado. Investigadora do CEPESE / ISMT. Doutorada em Desenvolvimento
e Intervenção Psicológica pela UEX (Espanha). Membro da Associação de Psicanálise e Psicoterapias
Psicanalíticas de Lisboa. Mestre de Reiki.
Dirección Postal:
Rua Francisco Lucas Pires nº 1, 2ºA. Agualva.
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RESUMO:
Com esta revisão teórica procurou-se compreender, discutir e reflectir sobre a patologia da
esquizofrenia. Esta é uma doença que afecta um número elevado de pessoas em todo o Mundo e é alvo
de estudo por um número elevado de profissionais das mais variadas áreas, tais como a psicologia e
psiquiatria. Nesse sentido, e uma vez que a sua etiologia não é totalmente conhecida, fizemos uma
pesquisa acerca das descobertas mais recentes das alterações que ocorrem a nível
neuropsicológico/neurofisiológico com o intuito de entender alguns mecanismos por detrás desta
patologia.
Por fim esta revisão remete-nos para a importância do desenvolvimento de estratégias baseadas
no apoio psicológico a doentes e respectivas famílias no sentido de minimizar os riscos causados pela
severidade da doença e para a importância do papel da família no tratamento. Na maioria dos casos,
principalmente nos países do sul da Europa, a família desempenha um papel muito activo, sendo
essenciais neste processo.
ABSTRACT
With this theoretical review sought to understand, discuss and reflect on the pathology of schizo-
phrenia. This is a disease that affects a large number of people around the world and is the subject of
study by a large number of professionals from diverse fields such as psychology and psychiatry.
Accordingly, and because its etiology is not fully known, we did a survey of the latest discoveries of
changes that occur at neuropsychological / neurophysiological in order to understand some of the
mechanisms behind this disease.
Finally this review leads us to the importance of developing strategies based on psychological sup-
port to patients and their families in order to minimize the risks caused by the severity of the disease
and the importance of the role of family in treatment. In most cases, especially in countries of southern
Europe, the families play a very active role and are essential in this process.
INTRODUÇÃO:
Desde há muito que a esquizofrenia é estudada tendo sido Kraepelin um dos grandes precursores
ao conceptualizá-la como tendo uma forte componente neurobiológica.
A palavra “esquizofrenia“ foi utilizada a primeira vez em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler,
pois este havia percebido que os doentes tinham como que a mente dividida. Com isto, quis fazer
ressaltar a dissociação percepcionada pelo paciente entre si mesmo e a “pessoa que ocupa seu corpo”.
Hoje é o nome universalmente aceite para esta perturbação mental, sendo contudo esta definição
etimológica talvez insuficiente para descrever a complexidade desta doença.
A esquizofrenia é uma perturbação de evolução crónica, que vulnerabiliza os indivíduos a uma
maior fragilidade perante situações stressantes, aumentando assim o risco de suicídio (Shirakawa,
2000), sendo fundamental conhecer a patogénese desta perturbação, para que seja possível uma
intervenção mais precisa e eficaz.
“A esquizofrenia é uma doença mental grave que atinge cerca de 1% da população em todo o
mundo. Caracteriza-se por alucinações, delírios e défices cognitivos e costuma manifestar-se no final
da adolescência ou no início da vida adulta. Apesar da existência de tratamentos, nomeadamente
através de fármacos, a doença costuma evoluir para uma condição crónica, incapacitando muitas vezes
as pessoas para o resto da vida” (cit in http://www.uc.pt/media_uc/pr_0907/090702P1.pdf).
De acordo com o DSM IV TR, a Esquizofrenia para que seja diagnosticada, tem de durar pelo menos
6 meses e é necessário que esteja presente pelo menos 1 mês de fase de sintomas activos (ou seja,
dois ou mais dos seguintes: ideias delirantes, alucinações, discurso desorganizado, comportamento
marcadamente desorganizado ou catatónico, sintomas negativos.
Subtipos de Esquizofrenia:
• Perturbação Esquizofreniforme
• Perturbação Esquizoafectiva
• Perturbação Delirante
• Perturbação Psicótica Induzida
• Perturbação Psicótica Secundária a um Estado Físico Geral
• Perturbação Psicótica Sem Outra Especificação
Um dos aspectos que quase todas as pessoas, mesmo aquelas sem nenhuma formação académica
associam quando se fala de esquizofrenia é a presença de ideias delirantes.
Estas ideias não passam de uma percepção errada das percepções ou experiências, sendo o
conteúdo destas diversificadas: persecutório, somático, religioso, auto-referência, grandeza…
Mais à frente abordaremos algumas explicações neuroanatómicas que podem estar na origem
desta patologia.
DESENVOLVIMENTO:
Muito embora, existam várias teorias acerca da génese desta patologia, nomeadamente genéticas,
virais, bioquímicas, o facto indiscutível é que actualmente a esquizofrenia é reconhecida como sendo
uma perturbação neurobiológica com uma componente neurocognitiva muito acentuada (Harrison and
Weinberger 2005; Keshavan et al. 2008).
A esquizofrenia caracteriza-se essencialmente pelos défices cognitivos que causa na maioria dos
domínios, como por exemplo memória verbal, memória de trabalho, atenção, velocidade motora,
fluência verbal e motora (Heinrichs and Zakzanis, 1998, Saykin et al., 1994), funções executivas e visão.
No que se refere a este último aspecto, visão, tem-se verificado alterações no que se refere á
percepção visual (Amador et al., 1995; Doniger, et al., 2001, 2002; Gabrovska et al., 2003; Heckers et
al., 2000; Silverstein et al., 2006), e particularmente no que respeita aos défices de reconhecimento das
formas visuais completas ou parciais (Amador et al., 1995; Doniger et al., 2001, Gabrovska et al., 2003).
Isto leva-nos a colocar algumas questões no que se refere às alucinações visuais. Ocorreram elas
por défices de processamento visual, tal como postulado pelos autores acima citados?
Um estudo realizado por Leitman et al., (2008) revelou que os doentes com esquizofrenia sofrem
de uma hiperactivação da amígdala que leva a uma disfunção na descodificação de expressões faciais
de afecto ou desafecto, como por exemplo a raiva, e à não percepção de expressões de ameaça, que
não ocorre somente ao nível da amígdala mas também ao nível de processamento dos aspectos de
percepção visual (perceber se aquela cara é riso, e desconfiança) ao nível do córtex visual, zonas de
integração visual, giro temporal superior e medial e também nas regiões executivas frontais inferiores.
De acordo com um estudo realizado por Hill, K. S.; Harris H. S. M.; Herbener, S. E.; Pavuluri, M.;
Sweeney, A. J. (2008), os problemas relacionados com a memória episódica, podem ser um indicador
de alteração das funções entre o lobo temporal e o hipocampo. Nesse sentido, fizeram um estudo
comparativo entre adolescentes com esquizofrenia e familiares não esquizofrénicos e concluíram que
existem défices moderados da memória verbal dos familiares não afectados, bem como alterações
neuroanatómicas que demonstram existir diminuição do volume do lobo temporal e do hipocampo,
sugerindo a possibilidade de que possa existir uma forte componente genética/neurodesenvolvimental,
bem como um padrão familiar de défices da mediação dos processos cognitivos pré-fontais (memória
de trabalho, atenção e planeamento).
De acordo com Decety & Lamm (2007), “os sintomas tais como alucinações auditivas
(característica que distinguem a esquizofrenia da maioria dos outros quadros clínicos) podem ser
entendidas pela activação anormal que existe na região da junção Temporo-parietal e zona temporal
posterior do lobo occipital” (cit in Wible G. C.; Preus P. A.& Hashimoto R. (2009)), e geralmente
ocorrem sob a forma de vozes ou discursos, não de música ou outras percepções auditivas.
No que se refere às alucinações visuais elas estão associadas á actividade hipocampal específica
que acontece em indivíduos esquizofrénicos. (Oertel et al., 2007).
Isto pode acontecer devido ao facto de que a estimulação ou lesão de determinadas regiões possa
causar equívocos na interpretação das sensações, o que faz com que os doentes ouçam vozes, sintam
que estão a ser vigiados, sensações extra-corporais, sensação de o seu corpo estar a ser controlado
pelo exterior, entre outras.
Nos adolescentes, há um rápido progresso da doença causado por uma perda de matéria cinzenta
que começa no córtex parietal e que se estende até as estruturas do lobo frontal e temporal (Jacobsen
et al., 1998; Thompson, et al., 2001).
As mulheres têm uma estrutura pré-mórbida de funcionamento melhor, já que os “danos” sofridos
são menores. Isto pode dever-se ao facto de haver diferenças no volume e número de conexões do
corpo caloso.
E em termos comportamentais, que cenários podem os cuidadores de um esquizofrénico esperar?
Afinal é basicamente na manifestação destes sintomas que nos interessa a nós psicólogos,
compreender para poder ajudar na intervenção.
• Perturbações do sono
• Deterioração das relações sociais (isolamento social, indiferença)
• Hiperactividade ou inactividade
• Problemas de concentração, especialmente uma forte incapacidade para tomar decisões
• Preocupações invulgares com a religião e o culto
• Hostilidade, suspeição, receios
• Reacções desajustadas quando contrariadas pelos familiares ou amigos
• Deterioração da higiene pessoal (cheiros estranhos)
• Estado excessivo de alerta, principalmente a conversas em seu redor
• Alterações emocionais invulgares
• Olhar inexpressivo (piscar constante dos olhos ou ausência desse piscar)
• Sensibilidade invulgar a ruídos ou à luz
• Uso de vocabulário muito peculiar e invulgar
• Comportamento bizarro: recusa a tocar nas pessoas, uso constante de luvas, auto-mutilações,
gestos bizarros
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA:
CONCLUSÃO:
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