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A escravatura

A escravatura como era descrita até ao séulo XIX parece ter chegado ao
fim. Em Portugal, foi abolida em 1761, pelo Marquês de Pombal. Mas agora, e
talvez sem termos noção disso, estamos perante uma "escravatura moderna".

A escravidão moderna não está baseada na compra ou venda de pessoas,


mas sim no estabelecimento de relações de trabalho forçado, onde se
desenvolvem atividades sob fortes ameaças, torturas, violências físicas e
psicológicas e formas de intimidação.
Este tipo de escravatura está mais presente em África, seguida pela Ásia
(com grande destaque para a Coreia do Norte) e pelo Pacífico, contudo, em 2016,
uma fundação australiana publicou um estudo que indicava que Portugal tinha
um total estimado de 12.800 "escravos modernos" numa população de quase
10,4 milhões de habitantes.
Estes escravos modernos fazem trabalho doméstico, produzem as roupas
que vestimos, trabalham na construção e na agricultura, escavam os metais e os
minerais utilizados nos nossos smartphones, na maquilhagem e nos carros
elétricos.
Existem relatos de mulheres e meninas que são capturadas para serem
escravas domésticas. Há também o tráfico de mulheres para a prostituição e para
o trabalho em confeções de roupas.
As mulheres e meninas são a maioria na maior parte das formas de
escravatura moderna: 99% de todas as vítimas de exploração sexual, 84% das
vítimas totais de casamentos forçados e 58% das vítimas de trabalho forçado,
denuncia a ONU. O número é avassalador, quase três vezes a população de
Portugal, mas pode ser tornado mais palpável: uma em cada 130 mulheres e
raparigas está neste momento a viver uma situação de escravatura moderna.

E por que é que ainda há tantos escravos hoje em dia? Porque a


escravatura é um negócio que gera lucros astronómicos, fazendo os
comerciantes modernos de escravos ganharem até 30 vezes mais do que no
século XVIII e XIX.
Ainda assim, no Índice Global de Escravatura, Portugal aparece como um
dos países onde o governo toma mais medidas e ações de resposta à escravatura
moderna, ao lado de países como o Reino Unido, Bélgica, Espanha, Noruega ou
Croácia.

André Talina | nº4 |7º3 | 04/02/2022

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