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Aluno da Pós-graduação em Linguagens Híbridas e Educação do Instituto Federal do Paraná -
Câmpus Palmas. Contato: (evandroacorrea@yahoo.com.br)
2 Aluna da Pós-graduação em Linguagens Híbridas e Educação do Instituto Federal do Paraná -
1. Introdução
Nos dias atuais a sociedade possui grande influência da tecnologia,
habituando-se a transmissões de dados em alta velocidade e troca de informações
em tempo real. A educação, portanto, sendo um dos fatores fundamentais na vida
em sociedade, deve acompanhar as crescentes transformações, no que dizem
respeito às novas tecnologias. Urge a necessidade de se repensar os moldes
tradicionais de ensino, pois a utilização de novas tecnologias aponta para um
mundo virtual com enormes potencialidades.
As metodologias ativas de aprendizagens estão engajadas em um amplo
processo de mudanças nas práticas pedagógicas e possuem como principal
característica a inserção do aluno/estudante como agente principal responsável
pela sua aprendizagem, comprometendo-se com sua formação. As metodologias
ativas surgem como proposta para focar o processo de ensinar e aprender na busca
da participação ativa de todos os envolvidos, centrados na realidade em que estão
inseridos.
O que as novas tecnologias trazem hoje é a integração de todos os espaços
e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda,
constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois
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mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que
se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada vez mais
blended, ou seja, misturada, híbrida, porque não acontece apenas no espaço físico
da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais.
Segundo Horn e Staker (2015), o blended learning ou ensino híbrido mescla
momentos em que o aluno estuda conteúdos e instruções utilizando recursos online
e outros em que o ensino ocorre dentro da sala de aula, com interação entre alunos
e professores. Durante as atividades online o aluno dispõe de meios para controlar
quando, onde, como e com quem vai estudar.
Para Moran (2014), atualmente um dos modelos mais interessantes de
ensino é o de se concentrar no ambiente virtual (AVA) o que é informação básica e
deixar para a sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que
se chama de sala de aula invertida.
De acordo com Schneider et al. (2013), alguns autores têm apresentado a
sala de aula invertida como uma alternativa à organização escolar, de forma a
contribuir para independência do aluno na construção do conhecimento, de acordo
com suas características e estilo de aprendizagem. Schneider et al (2013, p.71)
apontam a sala de aula invertida como:
[...] possibilidade de organização curricular diferenciada, que
permita ao aluno o papel de sujeito de sua própria aprendizagem,
reconhecendo a importância do domínio dos conteúdos para a
compreensão ampliada do real e mantendo o papel do professor
como mediador entre o conhecimento elaborado e o aluno.
2. Desenvolvimento
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Bishop e Verleger (2013) definem Sala de Aula Invertida como uma técnica
educacional que consiste em duas partes: atividades de aprendizagem interativas
em grupo em sala de aula e orientação individual baseada em computador fora da
sala de aula. Basicamente, a lógica da sala de aula invertida propõe uma forte
correlação entre momentos presenciais e outros virtuais, de auto estudo, mediados
pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Assim: “[...] o conteúdo e
as instruções são estudados on-line antes de o aluno frequentar a sala de aula, que
agora passa a ser o local para trabalhar os conteúdos já estudados, realizando
atividades práticas como resolução de problemas e projetos. (VALENTE, 2014, p.
85).
A sala de aula invertida (termo em português para flipped classroom) é uma
metodologia que foi divulgada por Bergmann e Sams (2012) a partir da experiência
por eles realizada em escolas de nível médio nos Estados Unidos. Tais autores, a
partir de estudos anteriores realizados em várias universidades, trouxeram tal
metodologia para o ensino médio com o intuito de atender a alunos atletas, que se
afastavam das aulas devido aos campeonatos dos quais participavam.
Embora venha sendo apresentada como algo extremamente novo, a ideia
de “inverter” a sala de aula vem se colocando desde a década de 1990, com o
crescimento das possibilidades de uso e acesso às Tecnologias de Informação e
Comunicação. Para Surh (2016), esta organização permite que cada aluno estude
em seu ritmo, nos locais e horários que melhor lhe convém. Os encontros
presenciais seriam destinados a atividades que exijam uso de níveis mais
aprofundados de reflexão. Cabe ao aluno realizar o estudo prévio dos conteúdos
disponibilizados e preparar-se para os encontros presenciais, nos quais devem
ocorrer atividades de discussão, análise e síntese, aplicação, elaboração própria,
sempre direcionados por problematizações.
No lugar da aula tradicional, o tempo de aula se concentra no
desenvolvimento do conhecimento por meio de estratégias ativas de aprendizado,
como discussões, conjuntos de problemas, estudos de caso, atividades em grupo
ou aprendizado experimental.
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De acordo com Bergmann e Sams (2016, p. 32), a sala de aula invertida
possui quatro pilares: o ambiente de aprendizagem flexível, a cultura de
aprendizagem com enfoque no aluno, o conteúdo dirigido pelo educador e a
presença de um professor com uma postura profissional exigente e continuamente
solicitada. Observa-se a definição desses quatro pilares na figura abaixo.
Figura 1 – Pilares da Sala de Aula Invertida Fonte: Adaptado (BERGMANN, J.; SAMS, 2016, p.
32).
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apresentar estratégias de aprendizagem que facilitem a resolução do problema, do
“case” proposto, respeitando o ritmo, a linha de pensamento do aluno, as
alternativas que este apresentar.
O professor também é visto como instigador, incentivando a descoberta, a
análise, a crítica, reforçando as estratégias de aprendizagem de cada aluno
estimulando-o a inovar, a ousar, a criar, lançando questões polêmicas e
instigantes, despertando nos alunos estas características essenciais a um
ser empreendedor. Ele será norteador do aluno no seu ofício: o fazer
levando o ato gerador do aprender. (RIGON, 2010, p. 52).
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O tipo de material que o aluno utiliza nos estudos online varia de acordo com
a proposta pedagógica do professor, que pode disponibilizar em um ambiente
virtual uma vídeoaula, um tutorial ou até mesmo textos com um questionário.
Na aula invertida o professor disponibiliza informações básicas sobre um
tema, antes da aula. Isto pode ser feito alguns dias antes. Essas informações
podem ser constituídas de textos, conjuntos de slides, vídeos, sugestões de sites
com conteúdo de apoio, arquivos de áudio, arquivos de som, jogos e outros meios
escolhidos pelo professor. Disponibiliza, também, um questionário a ser
respondido, funcionando como uma pré-avaliação.
Essa disponibilização de materiais pode acontecer em um Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA), no próprio Drive do Google e, até mesmo, na própria sala
de aula. Com estas informações, o aluno começa a construir o conhecimento desse
novo tema e passa por essa pré-avaliação. Ao voltar à sala de aula, será novamente
avaliado e isto dará subsídios ao professor para discutir as dúvidas e completar o
processo de aprendizagem.
Geralmente, os estudantes não estão acostumados a estudar em casa, a
não ser na véspera da prova, quando muito. Na sala de aula invertida, todo o
conteúdo que os alunos estudariam na véspera de alguma tarefa de avaliação
classificatória é dividido em pequenas partes que não o sobrecarregam. Eles
podem ler algumas páginas do livro-texto (duas ou três seções) ou assistir um vídeo
curto (menos de 20 minutos de duração), por exemplo. Através das tarefas de
preparação prévia, os alunos tendem a adquirir o hábito de estudar, não tendo que
dedicar esforços, altamente desgastantes e pouco eficazes horas antes de algum
exame (BERGMANN, J.; SAMS, 2016).
Sendo assim, o modelo de sala de aula invertida transforma também o
caráter avaliativo do sistemas de ensino-aprendizagem, pois direciona os pareceres
do professor para momentos diferenciados e não tanto extenuantes, como
acontecem nas avaliações tradicionais.
Ao realizar tarefas antes da aula presencial, durante e depois da aula, o
aluno empreende uma nova estrutura de estudos, organizando seu tempo de em
horários flexíveis, tirando suas dúvidas com o professor, trabalhando em equipes,
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realizando atividades práticas nas quais também se torna um aluno pesquisador,
comprometido com a sua própria aprendizagem.
A figura abaixo ilustra como acontecem os três momentos da sala de aula
invertida, especificando que atividades professor e alunos elaboram em cada
momento, bem como as habilidades cognitivas desenvolvidas em cada etapa, e as
habilidades socioemocionais desenvolvidas durante o processo todo.
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sala de aula presencial ou prejudicar as interações possíveis, assim, poderíamos
adotar como proposta, a utilização da aprendizagem colaborativa para apoiar essa
preparação.
3. Considerações finais
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primeiro momento como liberdade demasiada ocasionando uma cobrança maior
por parte do professor, bem como maior demanda de trabalho. Torna-se
fundamental o acompanhamento constante do modelo de sala de aula invertida,
por parte não somente dos professores, mas também das equipes pedagógicas e
das famílias dos alunos, de modo a se alterar a cultura de estudo estabelecida em
nossa sociedade, centrada principalmente na escola como instituição única de
ensino-aprendizagem.
Referências
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Day.Washington, DC: International Society for Technology in Education, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 23. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1994.
SUHR, Inge Renate Frose. Desafios no uso da sala de aula invertida no ensino
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Aula Invertida em EAD: uma proposta de Blended Learning. In Revista
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