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O que é Valor?
Capital é uma dinâmica que se estabelece em uma relação dialética entre forças
antagônicas, sendo essas, no sistema de produção capitalista, formadas por indivíduos
em posições de classe, que se dividem em classe capitalista, composta pelos detentores
dos meios de produção, e a classe trabalhadora, detentora somente da própria força de
trabalho para produzir os meios necessários para a própria subsistência. O ser social é
um ser histórico, produto da dialética ao qual seus antepassados estavam inseridos, logo
tais posições de classe são estabelecidas historicamente. A classe capitalista organiza a
superestrutura produtiva, legislativa e moral a fim de criar mecanismos que legitimem e
mantenham sua posição de classe dominante. Esse ordenamento assegura a propriedade
privada dos meios de produção e a organização do trabalho, de extrema necessidade
para a classe dominante pois é, a partir deste, que ocorre a reprodução do capital na
economia capitalista. Nessa estrutura há a dupla dependência, onde o proletário é
condicionado a necessitar dos meios de produção de posse do capitalista e o capitalista
condiciona essa mecânica pois depende do trabalho para a reprodução do capital. Só há
capital se houver reprodução do valor, ou seja, mais valor. Portanto, a dinâmica do
capitalismo cria seu próprio valor, sendo este aquilo que se apresenta como útil
para a sociedade baseada em tal modo de produção. Dessa forma, valor é trabalho,
“é o trabalho socialmente útil”, já que somente por meio deste é possível transformar
a natureza para extrair dela maior utilidade social. O fato do capitalista ser o reprodutor
do capital e este decorrer do valor social, que só possível através do trabalho executado
pela classe proletária, que não acumula capital, evidencia o fato de que o mais-valor
produzido pelo trabalho é apropriado pela classe dominante. O valor só se reproduz na
circulação, no entanto, antes desse processo ocorrer, a mercadoria precisa ser produzida,
ou seja, o trabalho é empregado antes da reprodução do valor. A partir da instituição dos
indivíduos como sujeitos de direito, é estabelecida uma relação não voluntária, imposta
pela materialidade, onde o capitalista contrata aqueles que só possuem a força de
trabalho para subsistir. Esses indivíduos são contratados para a realização de
determinado trabalho, que terá seu valor fixado pelo capitalista, e, utilizando os meios
de produção do último, transformam a natureza em mercadoria ou mercadorias em
outras mercadorias. No mercado a mercadoria é negociada por um preço superior ao
preço pago ao proletário, essa diferença sendo apropriada pelo capitalista. As
mercadorias circulam no ambiente de troca com base em seus preços, não em seus
valores, pois o valor não se expressa no representante do capital, mesmo que esteja
contido nele. Preços são numerários baseados em unidades de conta quantificáveis em
dinheiro, de extrema necessidade para a viabilização das trocas, expressando a
quantidade de dinheiro exigida para que essas ocorram. O dinheiro é uma mercadoria
que tem seu valor reconhecido pelos agentes econômicos, que tem a função de viabilizar
a troca, estabelecendo para duas mercadorias distintas quantificação em nível de
equivalência. Antes do surgimento desse recurso era necessário que os agentes
econômicos estabelecessem um acordo sobre qual mercadorias seriam trocadas, um
sistema de troca simples, portanto, limitado pelos interesses e por aquilo que seus
agentes dispunham para ofertar no mercado. Esse modelo de troca não é capaz de gerar
mais-valor na sociedade e não necessita de exploração, portanto, não há reprodução do
capital ou acumulação. O dinheiro, surgindo muito antes do capitalismo, facilita as
trocas simples e apresenta-se, nesse momento histórico, apenas como um meio de troca.
A partir deste, é criado o modo clássico de troca, que se baseia em um agente
econômico que dispõe de uma mercadoria trocá-la por dinheiro e, então, comprar uma
mercadoria da qual ele não possui (M-D-M’), sendo essa a mecânica do atual
trabalhador autônomo. No capitalismo outro tipo de troca surge, cujo objetivo não é
mais uma mercadoria distinta da que o sujeito possui, mas sim a reprodução do capital
e, como o dinheiro é o melhor representante do capital, este se torna a finalidade da
transação. Portanto, troca-se dinheiro por uma mercadoria que ao final da transação
transforme-se em mais dinheiro (D-M-D’). Somente uma mercadoria cumpre essa
função no capitalismo, a mercadoria trabalho. Caso um agente econômico troque
dinheiro por uma mercadoria que não seja o trabalho e, posteriormente, a venda
resultando em mais dinheiro, este não reproduziu o capital, não gerou capital novo,
havendo apenas um jogo de soma zero onde outro agente saiu perdendo. Para haver
reprodução do capital a única mercadoria capaz de cumprir essa função é o trabalho,
pois é este que transforma a natureza, dando a ela maior utilidade social. Mercadoria, no
capitalismo, é um bem que tenha valor social dentro da lógica desse sistema. Portanto, o
trabalhador produz o valor através dos meios de produção, dos quais a propriedade foi
atribuída de forma arbitrária pela superestrutura organizada pela classe dominante a um
de seus membros, o capitalista, recebe parte desse valor, porém, a outra parcela é
apropriada pelo último, estabelecendo assim a exploração. O valor na economia
capitalista se divide em valor de uso, ou seja, a utilidade social, sendo esta proveniente
da natureza humana ou criada pelo próprio sistema de vida, e o valor de troca, que é o
preço. Este é determinado pelo custo de produção, que é o mais próximo do valor em
termos de preço, mais a lei da oferta e da procura, a lei de mercado. Todo valor é
proveniente do dispêndio de trabalho, no entanto, não é todo dispêndio de trabalho que
gera valor, só reproduzindo este se for utilizado para produzir uma mercadoria.
Concluindo, considerando que só trabalho produz valor e somente ele é comum a todas
as mercadorias, este podendo ser quantificado através apenas do tempo, logo “valor é
aferido em tempo de trabalho socialmente útil” e atua sobre os preços unicamente
como como tendência.