Diogo Malan
Doutor em Direito Processual pela USP. Mestre em Ciências Penais pela Ucam.
Especialista em Direito Penal Econômico e Europeu pela Universidade de Coimbra.
Professor-adjunto de Processo Penal da FND/UFRJ. Advogado.
1. INTRODUÇÃO
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Curioso notar que a doutrina brasileira – com honrosas exceções - vem ignorando
olimpicamente o tema da investigação criminal defensiva.
Nessa etapa, o Estado dispõe da Polícia Judiciária, órgão dotado dos recursos humanos e
materiais necessários para a colheita dos elementos informativos sobre a autoria e
materialidade da infração penal: investigadores dotados de amplos poderes de polícia
para colher coercitivamente declarações testemunhais e efetuar pesquisas em bancos de
dados sigilosos; peritos em criminalística e medicina legal etc.
Ademais disso, o Ministério Público, além dos seus poderes constitucionais de requisitar
diligências e instauração de inquérito policial à Polícia Judiciária (art. 129, VIII da
CF/1988 (LGL\1988\3)), igualmente vem estruturando órgãos investigativos e periciais
próprios.
No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a instituição hoje dispõe tanto de corpo
policial, o Grupo de Apoio aos Promotores (GAP), quanto de quadro pericial, o Grupo de
Apoio Técnico Especializado (Gate).
Por outro lado, o cidadão investigado carece de infraestrutura sequer comparável àquela
do Estado, podendo tão somente sugerir a realização de diligências à autoridade policial,
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as quais serão realizadas ou não a critério desta última (art. 14 do CPP (LGL\1941\8)).
É certo que o defensor técnico do acusado pode, em tese, pesquisar ele próprio ou
contatar investigador particular para localizar fontes de prova da inocência, mas tal
iniciativa inevitavelmente esbarra em uma série de óbices.
O presente artigo – que não tem a menor pretensão de suprir a já referida lacuna
doutrinária sobre a investigação defensiva – se limitará a expor algumas reflexões
político-criminais acerca da investigação criminal defensiva, buscando defender duas
ideias centrais.
“(…) estoy completamente convencido de que tenemos mucho que aprender del derecho
angloamericano cuando hablamos del par conceptual principio acusatorio -imparcialidad
del juez (o, mejor, neutralidad o independencia del órgano decisor). Si queremos
mantenernos fieles al procedimiento llevado a cabo con lealtad (fair trial), entonces
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debemos reforzar nuestra concepción del principio acusatorio.”
Por fim, teceremos algumas reflexões político-criminais acerca dos possíveis reflexos da
adoção desse modelo no âmbito do sistema processual penal brasileiro.
Nessa Emenda, os founding fathers houveram por bem instituir os direitos fundamentais
do cidadão: (a) ao julgamento público e sem demora (a speedy and public trial); (b) ao
julgamento por um júri imparcial e pré-constituído, composto por cidadãos do local da
consumação do crime (an impartial jury of the state and district wherein the crime shall
have been committed, which district shall have been previously ascertained by law); (c)
a ser informado do teor da acusação (to be informed of the nature and cause of the
accusation); (d) a confrontar as testemunhas de acusação (to be confronted with the
witnesses against him); (e) à notificação para comparecimento compulsório das
testemunhas de defesa (to have compulsory process for obtaining witnesses in his favor)
e, finalmente, (f) à defesa técnica (to have the assistance of counsel for his defense).
A Suprema Corte norte-americana considera que o direito à defesa técnica efetiva, por
sua vez, é um consectário do right of counsel plasmado na Emenda Constitucional em
digressão.
Após ser prolatada sentença que o condenou a 25 anos de prisão, o acusado recorreu à
Suprema Corte, ao fundamento de que, devido à complexidade da causa e à gravidade
da acusação formulada, o tempo que havia sido concedido ao seu defensor técnico antes
do início do julgamento havia sido insuficiente.
Caso haja tal oportunidade, a Corte entendeu que inexiste violação à 6.ª Emenda,
máxime porque no caso concreto não havia comprovação de que o defensor técnico
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tivesse cometido erros demonstráveis durante o julgamento.
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Já no caso Strickland foi imputada ao acusado a prática de diversos crimes graves, tais
como homicídio, roubo, extorsão mediante sequestro etc. Embora tenha sido nomeado
para o réu um experiente advogado criminalista, o acusado ignorou a orientação de seu
defensor técnico, optando por confessar a prática de dois homicídios, renunciar ao
julgamento perante o Tribunal do Júri e se declarar culpado com relação a todas as
acusações.
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Para a audiência de fixação da pena, tal advogado se limitou a conversar com o
acusado e telefonar para a mãe e a esposa dele, não produzindo qualquer elemento de
prova sobre o caráter, os antecedentes sociais e o estado de saúde mental do acusado,
tais como testemunhas de caráter ou elementos de prova pericial. Tal defensor
tampouco procedeu ao exame cruzado dos peritos médicos apresentados pela acusação
para testemunhar sobre a morte das vítimas.
O réu foi condenado à pena capital e recorreu à Suprema Corte, alegando que sua
defesa técnica não foi efetiva, em razão da falta de qualquer tentativa de se localizar e
produzir elementos de prova testemunhal de caráter, investigar os laudos periciais
médicos e examinar os peritos.
O recurso teve provimento negado pela Corte, que entendeu só haver falta de
efetividade da defesa técnica, apta a ensejar violação ao right to counsel da 6.ª Emenda,
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Tais critérios são criticados pela doutrina porque eles atribuem ao acusado que alega
deficiência na atuação do seu próprio defensor o pesado ônus de superar presunção
relativa de aptidão técnica nessa atuação, produzindo a praticamente impossível prova
de que, caso os erros apontados no recurso não tivessem sido cometidos, o veredito
provavelmente lhe teria sido mais favorável.
Nesse sentido, se critica o fato de os casos Cronin e Strickland não fornecerem quaisquer
deveres éticos mínimos que devem pautar a atuação do defensor técnico criminal, a fim
de que ela possa ser considerada conforme o right to counsel da 6.ª Emenda.
Por derradeiro, se argumenta que os critérios vagos e imprecisos delineados nesses dois
precedentes jurisprudenciais ensejaram uma sucessão de decisões judiciais casuísticas,
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imprevisíveis e heterogêneas entre si.
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No bojo do acórdão proferido no caso Strickland foi mencionado que tal aferição deve
sempre levar em consideração as circunstâncias do caso concreto.
Ademais, foi consignado que nenhum conjunto de normas de atuação profissional pode
disciplinar satisfatoriamente a vasta gama de decisões táticas que podem ser tomadas
na condução estratégico-operacional das causas criminais sem engessar a independência
e a liberdade de atuação do advogado.
Por fim, foi aduzido que o propósito do direito à defesa técnica efetiva não é melhorar a
qualidade da assistência jurídica, e sim assegurar que o acusado tenha um julgamento
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justo.
Nada obstante, tal precedente jurisprudencial reconheceu que para a aferição da atuação
do defensor técnico podem servir como parâmetros os estatutos deontológicos que
regem a atuação profissional dos advogados.
Dentre estes últimos, avulta a importância das Normas para a Administração da Justiça
Criminal da Ordem dos Advogados Norte-Americanos (American Bar Association
Standards for the Administration of Criminal Justice), as quais são citadas com
frequência no bojo de acórdãos que tratam da matéria em apreço.
As Normas sobre a Função Defensiva contêm, na sua Parte I, alguns deveres genéricos
do advogado criminalista.
A norma 4-1.2 (b), por exemplo, institui o dever do defensor técnico de propiciar
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representação efetiva e de qualidade ao acusado.
As normas 4-1.3 (a) e (e), por sua vez, instituem os deveres de atuação profissional
com razoável diligência e presteza, além de ressalvar que o defensor não deve ter um
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volume de trabalho excessivo, que interfira com uma representação de qualidade.
Na Parte IV, que versa sobre investigação e preparação (investigation and preparation)
para o julgamento, é encontrada a norma 4-4.1, que institui o dever de investigação
criminal (duty to investigate).
(a) O advogado de defesa deve conduzir uma pronta investigação das circunstâncias do
caso, e explorar todas as vias que levem a fatos relevantes para o julgamento mérito da
causa e a aplicação da pena, no caso de condenação. A investigação deve incluir
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(b) O advogado de defesa não deve buscar adquirir a posse de elementos de prova
pessoalmente ou por intermédio de um investigador quando seu único propósito for o de
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obstruir o acesso a essa prova.”
A norma 4-4.2, por sua vez, proíbe o defensor técnico de utilizar quaisquer meios ilegais
para obter elementos de prova ou informações, e de instruir ou encorajar terceiras
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pessoas a fazê-lo.
Com efeito, há acusados que nada sabem sobre os fatos em apuração, por motivo de
esquecimento; dependência de drogas; retardo mental; inocência etc. Assim, não é
possível presumir que o próprio acusado possa fornecer ao seu patrono aquelas
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informações indispensáveis para o início da investigação criminal defensiva.
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A Suprema Corte, ao julgar o caso Wiggins vs. Smith em 2003, reafirmou que a
investigação criminal defensiva inexistente ou inadequada enseja uma defesa técnica
não efetiva, via de consequência violando o núcleo essencial do right to counsel
plasmado na 6.ª Emenda à Carta Política.
Nesse caso, o defensor técnico seguiu três linhas de investigação ao buscar possíveis
elementos de prova mitigadores, para uso na audiência de fixação da pena do acusado:
(a) requereu que um psicólogo examinasse o acusado; (b) obteve relatório do
Departamento de Livramento Condicional (probation) sobre os antecedentes sociais do
acusado e (c) pesquisou relatórios do Departamento de Serviço Social sobre a
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Nada obstante, na sobredita audiência não foi apresentado nenhum elemento de prova
sobre os antecedentes sociais ou o histórico familiar do acusado.
Após ser condenado à morte, o apenado recorreu à Suprema Corte, a qual reconheceu
violação ao dever de investigação do defensor técnico.
Ademais, a Suprema Corte entendeu que tais elementos de prova mitigadores eram
convincentes o bastante para tornar provável a fixação de pena distinta da capital, caso
os jurados tivessem tomado conhecimento deles.
Também se aduziu no bojo desse julgado que o defensor técnico havia desrespeitado as
já referidas Normas para a administração da Justiça criminal da Ordem dos Advogados
norte-americanos, que impõem a investigação de todos os elementos de prova que
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estejam razoavelmente disponíveis para o defensor técnico.
Assim, na atualidade o critério empregado pela Suprema Corte para aferir a deficiência
na atuação do defensor técnico é a razoabilidade da decisão de não se apresentar
elementos de prova mitigadores durante o ato processual.
Dentre tais fatores, podem ser mencionados: (a) a sempre questionada legitimidade da
pena de morte; (b) a relativamente frequente deficiência na atuação profissional dos
defensores técnicos de acusados sujeitos à pena capital; (c) os subsequentes erros
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judiciários daí decorrentes; (d) o caráter irreparável desses erros.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) assegura, em seu art. XI, o direito
de todo acusado a: “julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as
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O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966), por sua vez, consagra os
direitos a: “dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa” (art.
14, 3, b) e “obter o comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas
mesmas condições de que dispõem as de acusação” (art. 14, 3, e, in fine).
A Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969
prevê a: “concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua
defesa” (art. 8, 2, c) e o “direito da defesa de (…) obter o comparecimento, como
testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos” (art. 8,
2, f).
Decisivo salientar que tanto o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos quanto o
Pacto de São José da Costa Rica foram promulgados pelo Estado brasileiro (Decretos
592/1992 e 678/1992, respectivamente), via de consequência se incorporando ao nosso
ordenamento jurídico interno.
Por fim, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional – promulgado no Brasil pelo
Dec. 4.388/2002 – também assegura aos acusados o direito a dispor do tempo e dos
meios necessários à preparação das suas defesas (art. 67, 1, b), obter o
comparecimento das testemunhas de defesa na mesma condição das testemunhas da
parte processual acusadora e “apresentar defesa e a oferecer qualquer outra prova
admissível, de acordo com o presente Estatuto” (art. 67, 1, e).
Nossa Carta Constitucional de 1988 também assegura o direito dos cidadãos à ampla
defesa, “com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5.º, LV, da CF/1988
(LGL\1988\3)).
Tal direito não se esgota no seu teor literal. Pelo contrário, ele engloba diversas
faculdades do acusado, corolários lógicos do direito à ampla defesa que igualmente se
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revestem de dignidade normativa constitucional.
De fato, a doutrina mais abalizada leciona haver princípios constitucionais que, embora
não consagrados textualmente na Carta Política, decorrem da sua interpretação
lógico-sistemática, podendo-se falar em verdadeiros princípios constitucionais implícitos.
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Confirma tal conclusão o fato de o próprio legislador constituinte não ter se limitado a
assegurar a cláusula da ampla defesa, fazendo menção expressa aos “meios e recursos a
ela inerentes” (art. 5.º, LV, da CF/1988 (LGL\1988\3)). Além disso, o § 2.º do art. 5.º
da CF/1988 (LGL\1988\3) ressalva que os direitos e garantias nela consagrados “não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados”.
Assim, é lícito concluir que o direito fundamental à ampla defesa possui consectários
lógicos implícitos de cariz constitucional, os quais são verdadeiros pressupostos para a
efetividade desse direito no dia a dia do sistema de administração da Justiça criminal.
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Dentre tais corolários, avulta a importância do direito à prova defensiva que se
consubstancia no direito subjetivo à incorporação de material probatório aos autos do
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De fato, durante essa fase investigativa podem ser produzidas provas cautelares, não
reproduzíveis ou antecipadas, todas elas passíveis de valoração pelo Juiz criminal na
sentença (art. 155 do CPP (LGL\1941\8)).
Nesse sentido, o acusado (na acepção ampla, abrangente do investigado, indiciado etc.)
tem legítimo interesse em amealhar, já na fase de investigação preliminar do delito,
elementos informativos que lhe sejam favoráveis – seja por ensejarem juízo de
inadmissibilidade da acusação seja por influenciarem favoravelmente o convencimento
do juiz na sentença.
“(…) o direito à prova também deve ser reconhecido antes ou fora do processo, até
como meio de se obter elementos que autorizem a persecução, ou possam evitá-la.
Partindo dessa constatação, parece possível identificar, num primeiro momento, um
direito à investigação, pois a faculdade de procurar e descobrir provas é condição
indispensável para que se possa exercer o direito à prova; na tradição inquisitorial, as
atividades de pesquisa probatória prévia constituem tarefa confiada exclusivamente aos
órgãos oficiais de investigação penal (Polícia Judiciária e Ministério Público), mas, no
modelo acusatório, com a consagração do direito à prova, não ocorre ser possível
negá-las ao acusado e ao defensor, com vistas à obtenção do material destinado à
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demonstração das teses defensivas.”
Quanto a este último aspecto, o Ministério Público dispõe de vastos poderes e recursos
materiais e humanos para investigar infrações penais, podendo requisitar diligências e
instauração de inquérito policial à Polícia Judiciária (art. 129, VIII, da CF/1988
(LGL\1988\3)), além de dispor de quadros funcionais investigativos e periciais próprios,
ao menos no Estado do Rio de Janeiro.
Assim sendo, se afigura imperativo que o acusado disponha dos mesmos poderes
investigativos ao alcance do Ministério Público, em homenagem ao princípio da par
condicio.
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Além disso, é inegável que tanto a Polícia Judiciária quanto o Ministério Público
desempenham funções relacionadas ao exercício do poder punitivo estatal. Por esse
motivo, é no mínimo discutível a imparcialidade desses órgãos.
Deve ser igualmente ressalvado que muitas vezes os prazos processuais e/ou o clamor
da opinião pública pressionam a Polícia Judiciária e o Ministério Público a encerrar com
presteza a fase de investigação preliminar do crime. Nessa conjuntura, a pressão para se
solucionar o caso rapidamente não permite sejam adequadamente pesquisadas todas as
possíveis linhas investigativas e fontes de prova favoráveis ao investigado.
Essa lacuna normativa tem como consequências práticas diretas: (a) inviabilizar o
acesso do defensor técnico a informações sigilosas e impedir a colheita coercitiva de
declarações testemunhais por ele; (b) expor o defensor técnico que realize atividade
investigativa ao risco de acusações pela prática de infrações penais contra a
Administração da Justiça (v.g. falso testemunho; fraude processual etc.); (c) induzir
preconceito contra a credibilidade de elementos informativos amealhados durante a
investigação defensiva.
Essa deficiência legislativa é agravada pela falta de qualquer menção, nos estatutos
deontológicos advocatícios, a dever ético de realizar investigação criminal defensiva.
De fato, a única pesquisa que tangenciou a questão em análise foi feita pelo Instituto
Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim) em parceria com o Instituto de Defesa do
Direito de Defesa (IDDD), analisando todas as apelações interpostas de condenações por
crime de roubo perante o extinto Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, no
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período compreendido entre 01.01.2000 e 31.12.2000.
A sobredita pesquisa concluiu que dentre esse universo de condenados: (a) 97,69% não
tiveram qualquer tipo de defesa ao ensejo da lavratura do auto de prisão em flagrante;
(b) 77% não tiveram requerimento de qualquer medida em favor da sua liberdade
(pedido de relaxamento de flagrante, de liberdade provisória, de revogação de prisão
preventiva ou de habeas corpus); (c) 92,89% não tiveram acesso à defesa técnica logo
após o oferecimento da denúncia; (d) 21,82% não contaram com a assistência de
defensor por ocasião do interrogatório; (e) 9,09% não tiveram alegações preliminares
(art. 395 do CPP (LGL\1941\8)); (f) 35,7% não tiveram pedido de diligências (art. 499
do CPP (LGL\1941\8)); (g) 98,84% não tiveram sustentação oral recursal.
Por outro lado, praticamente todos os condenados tiveram alegações finais e razões de
apelação confeccionadas pelos respectivos defensores técnicos.
A conclusão à qual essa pesquisa chegou foi a de que só houve exercício de defesa
técnica em praticamente 100% dos casos no que tange àquelas peças processuais que
são consideradas obrigatórias pela jurisprudência, sob pena de nulidade processual.
Tal pesquisa poderia indagar de determinada amostragem desses profissionais, por meio
de formulários padronizados, se eles têm por hábito: (a) se entrevistar pessoalmente
com o acusado e seus familiares; (b) requerer cópia da íntegra dos elementos
informativos amealhados pela Polícia Judiciária ou parte processual acusadora; (c) tentar
localizar fontes de prova testemunhal defensiva; (d) pesquisar elementos de prova sobre
os antecedentes sociais do ofendido e das testemunhas de acusação, a fim de
contraditá-los; (e) visitar o local do crime; (f) efetuar pesquisas sobre os fatos
imputados em bancos de dados, registros comerciais, repartições públicas, na imprensa
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Mesmo à míngua dessa pesquisa, é lícito supor que seus resultados provavelmente
seriam semelhantes àqueles obtidos na sobredita pesquisa feita pelo IBCCrim em
parceria com o IDDD. De fato, tal probabilidade decorre não só dos dados empíricos
obtidos por esta última pesquisa, como também da já demonstrada omissão do dever
ético de investigar nos estatutos deontológicos advocatícios brasileiros.
Quanto a este último aspecto, trata-se de verbete sumular promulgado em 1969, sob os
auspícios de ditadura militar, que está a merecer pronto cancelamento, porquanto
baseado em premissas equivocadas e causador de injustificável amesquinhamento do
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direito a uma defesa técnica efetiva.
De fato, se a Carta Constitucional assegura aos acusados uma defesa penal ampla,
parece evidente que a defesa penal “inexistente” não satisfaz o espírito da Constituição,
pois só cabe indagar acerca da restrição ou amplitude de algo que efetivamente exista. A
rigor, só haveria utilidade do conceito de defesa penal “inexistente” caso o nosso
ordenamento jurídico-constitucional assegurasse aos acusados a sua antítese, ou seja,
tão somente a “defesa penal”. Ocorre que o legislador constituinte foi muito além, ao
assegurar aos acusados a defesa penal “ampla, com os meios e recursos a ela
inerentes”.
Ocorre que o defensor técnico penal não tem o dever de obter sempre o resultado
absolutório, e sim o dever de atuação profissional capacitada e diligente.
Logo, a defesa técnica penal se assemelha, no particular, àquilo que a doutrina civilista
denomina obrigação de meio, e não de resultado. Se o defensor técnico é diligente, mas
mesmo assim o réu é condenado, é correto se afirmar que: (a) a defesa penal pode, sob
certo sentido, ser considerada deficiente, pois não logrou o resultado que almejava; (b)
a defesa penal foi efetiva, não cabendo falar-se em violação à cláusula constitucional da
ampla defesa.
Como a antítese de defesa penal ampla não é defesa penal ineficiente, este último
conceito tampouco se demonstra útil.
verbete sumular em apreço pelo uso de somente dois conceitos: o de defesa penal
ampla – a qual atende a exigência contida no art. 5.º, LV, da CF/1988 (LGL\1988\3) – e
o de defesa penal restrita (antítese daquela), a qual enseja violação à sobredita garantia
constitucional.
Na lição do filósofo do direito espanhol José Luis Serrano, a norma jurídica deve ser
dotada, além de vigência (cumprimento dos requisitos formais de incorporação ao
ordenamento jurídico) e validade (conformidade com o restante do ordenamento
52
jurídico), de efetividade. Esta última expressão pressupõe concepção instrumental do
ordenamento jurídico a serviço de determinados fins, classificando a norma jurídica pelo
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critério de sua idoneidade como instrumento para atingir determinado objetivo.
Isso porque o prejuízo – ou seja, a prova de que caso o acusado tivesse tido uma defesa
penal efetiva, ele inexoravelmente teria sido absolvido – é empiricamente
indemonstrável. De fato, é humanamente impossível para o acusado provar isso,
tratando-se, no mínimo, de um ônus excessivamente pesado. Assim, na prática o
verbete sumular em apreço funciona menos como um critério prático para a aferição
casuística da efetividade da defesa técnica e mais como um artifício para a rejeição de
pedidos de declaração de nulidade processual decorrente de falta de efetividade da
defesa técnica.
5. CONCLUSÃO
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Ante todo o exposto, é lícito concluir que a imprescindível reforma global do Estatuto
Processual Penal de 1941 deve seguir a metodologia da prévia definição de quais serão
os princípios estruturais que darão harmonia, coerência e unidade sistêmica ao novo
55
Código.
De fato, a investigação criminal defensiva não pode ser vista como faculdade, a ser
exercida ou não de forma discricionária, segundo as conveniências pessoais de cada
defensor técnico. Pelo contrário, a investigação criminal defensiva se consubstancia em
verdadeiro poder-dever.
Segundo o jurista argentino Alberto Binder, a defesa técnica penal possui uma
peculiaridade: se por um lado ela atua em conjunto com as demais garantias
processuais, por outro ela é a mais importante garantia do acusado, na medida em que,
na prática, ela torna operativas as demais. Logo, a defesa não pode ser colocada no
mesmo patamar de importância das outras garantias, porque a intangibilidade dela é a
garantia fundamental, que assegura ao acusado que todas as demais tenham vigência
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concreta.
Para essa difícil empreitada, decerto será necessário longo processo de superação dos
diversos óbices alinhavados acima.
Vale dizer: não enseja nulidade processual o simples fato de o defensor técnico deixar de
apresentar quaisquer elementos de prova defensiva em Juízo, desde que o faça por
decisão informada e racional tomada na condução estratégico-operacional da causa,
após realizar investigação defensiva.
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Nessas hipóteses, caso posteriormente fique comprovado que havia elementos de prova
potencialmente favoráveis ao acusado, os quais seriam razoavelmente obteníveis por um
defensor técnico diligente, o processo judicial deve ser anulado, por falta de defesa
técnica efetiva.
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University School of Law, 1977-1978.
3 Malan, Diogo Rudge. Direito ao confronto no processo penal. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2009. p. 44 e ss.
5 Maier, Julio. ¿Es posible todavía la realización del proceso penal en el marco de un
Estado de Derecho? Revista de Ciencias Jurídicas ¿Más Derecho? 1/263-284.
6 “In all criminal prosecutions, the accused shall enjoy the right to a speedy and public
trial, by an impartial jury of the state and district wherein the crime shall have been
committed, which district shall have been previously ascertained by law, and to be
informed of the nature and cause of the accusation; to be confronted with the witnesses
against him; to have compulsory process for obtaining witnesses in his favor, and to
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Defense investigation in the criminal procedure
7 Sobre a 6.ª Emenda à Constituição norte-americana, ver: Amar, Akhil Reed. Foreword:
sixth amendment first principles. Georgetown Law Journal 84/1996.
10 Sobre o tema, ver: Israel, Jerod et al. Criminal procedure and the Constitution. Saint
Paul: West Publishing, 2007. p. 701 e ss.; Goodpaster, Gary. The adversary system,
advocacy, and effective assistance of counsel in criminal cases. Review of Law and Social
Change 14/59-92, Taslitz, Andrew; Paris, Margaret. Constitutional criminal procedure.
Westbury: Foundation Press, 1997. p. 738 e ss.
12 Idem.
15 Israel, Jerod et al. Op. cit., p. 703-704; Goodpaster, Gary. Op. cit., p. 61-62; Taslitz,
Andrew; Paris, Margaret. Op. cit., p. 754 e ss.
16 Jochnowitz, Leona. Op. cit., p. 102 e ss.; Welsh, White. Litigating in the shadow of
death: defense attorneys in capital cases. Ann Arbor: Michigan University Press, 2003. p.
14 e ss.
17 Nos Estados Unidos da América o procedimento judicial relativo aos crimes passíveis
da sanção capital é bifásico ou escalonado. Na primeira fase procedimental, se decide a
questão meritória da culpa/inocência do acusado, com base no critério do ônus da parte
acusadora de comprovar a procedência da acusação além de uma dúvida razoável (
beyond a reasonable doubt). Na hipótese de condenação há uma fase subsequente, na
qual se decide a pena a ser aplicada, só podendo ser eleita a pena de morte com base
no critério da preponderância do conjunto de circunstâncias agravantes sobre as
circunstâncias atenuantes do crime. Caso inexista tal preponderância, a pena de morte é
substituída por uma menos severa. Assim, cabe ao advogado de defesa produzir nessa
segunda fase do procedimento a chamada prova de mitigação (mitigating evidence), que
serve para humanizar o acusado e oferecer explicação para o crime (v.g. histórico de
abuso físico ou sexual; dependência de drogas; deficiências mentais etc.). Sobre esse
assunto, ver: Jochnowitz, Leona. Missed mitigation: counsel's evolving duty to assess
and present mitigation at death penalty sentencing. Criminal Law Bulletin 43/1-47.
18 Israel, Jerod et al. Op. cit., p. 706 e ss.; Goodpaster, Gary. Op. cit., p. 62-64.
21 Burger, Warren. Introduction: the ABA Standards for Criminal Justice. American
Criminal Law Review 12/251-253; Jameson, William. The beginning: background and
development of the ABA Standards for Criminal Justice. American Criminal Law Review
12/255-261.
22 Estados Unidos da América. Ordem dos Advogados. ABA Standards for Criminal
Justice – Prosecution and defense function. 3. ed. Washington D.C.: American Bar
Association, 1993. Disponível em:
[www.americanbar.org/content/dam/aba/publications/criminal_justice_standards/prosecution_defense_
Acesso em: 17.05.2008.
23 “Standard 4-1.2 The function of defense counsel (omissis) (b) The basic duty defense
counsel owes to the administration of justice and as an officer of the court is to serve as
the accused's counselor and advocate with courage and devotion and to render effective,
quality representation.”
(e) Defense counsel should not carry a workload that, by reason of its excessive size,
interferes with the rendering of quality representation, endangers the client's interest in
the speedy disposition of charges, or may lead to the breach of professional obligations.
Defense counsel should not accept employment for the purpose of delaying trial.”
(b) Defense counsel should not seek to acquire possession of physical evidence
personally or through use of an investigator where defense counsel's sole purpose is to
obstruct access to such evidence.”
(b) Defense counsel should not compensate a witness, other than an expert, for giving
testimony, but it is not improper to reimburse a witness for the reasonable expenses of
attendance upon court, including transportation and loss of income, attendance for
depositions pursuant to statute or court rule, or attendance for pretrial interviews,
provided there is no attempt to conceal the fact of reimbursement.
(b) Defense counsel should not pay an excessive fee for the purpose of influencing an
expert's testimony or fix the amount of the fee contingent upon the testimony an expert
will give or the result in the case.”
29 “Standard 4-4.5 Compliance with discovery procedure Defense counsel should make
a reasonably diligent effort to comply with a legally proper discovery request.”
30 Roberts, Jenny. Too little, too late: ineffective assistance of counsel, the duty to
investigate and pretrial discovery in criminal cases. Fordham Urban Law Journal
31/1097-1156.
31 Idem, p. 1102-1103.
35 Na atualidade há amplo debate público nos Estados Unidos da América acerca dos
erros judiciários que cometidos contra pessoas condenadas à pena capital, muitas das
quais são inocentadas pouco antes da execução da pena, devido ao uso de meios de
prova modernos, tais como exames de DNA etc. (idem, p. 1117 e ss.).
36 Mears, Michael. The duty to investigate before deciding upon a defense strategy: the
lessons of Wiggins v. Smith for all criminal cases. p. 1. Disponível em: [www.
gpdsc.com/docs/resources-publications-articles_duty_to_investigate.pdf]. Acesso em:
17.05.2008.
37 Idem, p. 10 e ss.
38 Malan, Diogo Rudge. Defesa técnica e seus consectários lógicos na Carta Política de
1988. In: ______; Prado, Geraldo; (orgs.). Processo penal e democracia. Estudos em
homenagem aos 20 anos da Constituição da República (LGL\1988\3) de 1988. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 143-186.
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40 Sobre tal direito, ver: Gomes Filho, Antonio Magalhães. Direito à prova no processo
penal. São Paulo: Ed. RT, 1997; Coutinho, Jacinto Nelson de Miranda. Ampla defesa e
direito à contraprova. RBCCrim 55/364-386; Rafaraci, Tommaso. La prova contraria.
Torino: Giappichelli, 2004.
42 Idem, p. 86-87.
43 Sobre tal princípio, ver: Faranda, Claudio. La par condicio nel processo penale.
Milano: Giuffrè, 1968; Grinover, Ada Pellegrini. Defesa, contraditório, igualdade e par
condicio na ótica do processo de estrutura cooperatória. In: ______. Novas tendências
do direito processual de acordo com a Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1990. p. 1-16. Karam, Maria Lúcia. O direito à defesa e a paridade de
armas. In: Prado, Geraldo; Malan, Diogo (orgs.). Processo penal e democracia. Estudos
em homenagem aos 20 anos da Constituição da República (LGL\1988\3) de 1988. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 395-406; Rodrigues, José Narciso da Cunha. Sobre o
princípio da igualdade de armas. Revista Portuguesa de Ciência Criminal 1/77-103.
44 Causa profunda espécie a tolerância com a qual tais procedimentos são tratados na
atualidade, pois eles se consubstanciam em ilegalidade gritante, à míngua de
procedimento definido em lei e editado pelo Poder Legislativo da União – o único com
competência para legislar sobre direito processual penal (art. 22, I, da CF/1988
(LGL\1988\3)).
49 “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu” (DJU 10.12.1969, p.
5933; DJU 11.12.1969, p. 5949; DJU 12.12.1969, p. 5997).
51 Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 720.
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53 Idem, p. 20.
56 Binder, Alberto. Introducción al derecho procesal penal. 2. ed. Buenos Aires: Ad-Hoc,
2000. p. 155.
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