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Heartland: Who rules the heartland commands the World-Island: Who rules the
World-Island commands the world” (MACKINDER, 1919, p. 186). O que
Mackinder denominou World-Island era um conjunto supra continental que
compreendia a Europa, Ásia e África; o ‘resto’ ao Sul e extremos Leste e Oeste
da eurásia, denominou de marginal crescente; a América, a África ao Sul do
Saara e a Austrália conformavam a insular crescente e; o centro do mundo
correspondia ao “mar báltico, o trecho navegável do baixo e médio Danúbio, o
mar Negro, a Ásia Menor, a Armênia, a Pérsia, o Tibete e a Mongólia. Este é o
novo coração continental” (COSTA, 2013, p. 87) que em 1904 o geoestartegista
denominou área pivot e que em sua obra de 1919 denominou heartland.
A grande preocupação de Mackinder derivava da possibilidade da
expansão Soviética para o Oeste e possível aliança com a Alemanha derrotada,
o que garantiria a dominação do heartland, até que sua previsão de dominação
global se concretizasse. Foi diante deste cenário prospectivo que Mackinder
desenvolveu seu conceito geopolítico de democracia.
Pela lógica do autor, os gestores da máquina social estatal foram
denominados de organizers, distintos em duas categorias: em primeiro lugar
teríamos os administradores, cujo a função é manter a máquina social
funcionando e lubrificada, em segundo lugar, mas com maior relevância,
estariam os criadores do mecanismo social, ou os verdadeiros organizers. “O
grande organizer é o grande realista” (MACKINDER, p.19) e como grande
realista, afasta-se das utopias idealistas de democracia baseada no direito dos
homens em prol da conformação de valores democráticos que atendam às
necessidades do Estado:
O organizer inevitavelmente veio para considerar os homens como
suas ferramentas. Ele é o inverso da mente do idealista, pois ele move
os homens nas brigadas e deve, portanto, ter em conta as limitações
materiais, enquanto o idealista apela para a alma em cada um de nós,
e as almas são aladas e podem voar. Não se segue que o organizador
seja descuidado do bem-estar da sociedade abaixo dele; pelo
contrário, ele considera essa sociedade como grande poder humano
[man-power]a ser mantida em condições eficientes. Isto é verdade quer
seja militarista ou capitalista, desde que tenha visão de futuro. Na
esfera da política, o organizer vê os homens como existindo para o
Estado – para o “Leviatan” do filósofo dos Stuart Hobbes. Mas o
idealista democrático dificilmente tolera o Estado como um mal
necessário, pois limita a liberdade (MACKINDER, 1919, p. 20).
As palavras de Mackider são direcionadas aos cidadãos médios e às
elites inglesas como uma alerta, derivado dos anos de guerra que quase
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liquidaram a Inglaterra, e dos desafios que estariam por vir. Buscou limitar os
ideais democráticos românticos pelo senso estratégico em um mundo pós-
colombiano, no qual a sobrevivência do Estado apresentava-se como um
elemento de primeira importância, em prol do qual o “homem” existia, e não
inverso (COSTA, 2013).
Assim como Mackinder na Inglaterra, Haushofer, outro influente
geopolítico alemão, defendeu no período de ascensão do nazismo, a
“necessidade urgente de uma “consciência geopolítica’’ para cada cidadão
alemão” (COSTA, 2013 p. 128).
O General Karl Ernest N. Houshofer (1869-1946), oficial do exército
alemão, deixou a atividade em 1919 após o armistício da primeira Guerra
Mundial (MAFRA, 2006). Presenciou a rendição alemã, o fim do império e
ascensão socialdemocrata a partir da república de Weimar, que os
conservadores acusavam de “arranjo estrangeiro” e até mesmo “republica de
judeus” (COSTA, 2013). Neste período lecionou geografia na Universidade de
Munique onde mais tarde seria nomeado Diretor do Instituto Geopolítico.
Produziu diversas obras e sob a influência de Ratzel, Kjéllen e Mackinder, criou
uma nova disciplina denominada Wehrgeopolitik, traduzida como geoestratégia
ou geopolítica de defesa e fundou a revista de geopolítica, que editou
regularmente de 1924 a 1944 (MAFRA,2006).
A figura do general despertava sentimentos contraditórios na academia,
“admiração pelo seu enciclopedismo, escritos, sua exuberante eloquência e
amabilidade, mas decepção pela sua completa falta de lógica científica”
(COSTA, 2013, p.124). Seus trabalhos originaram reações críticas em geógrafos
da França e Estado Unidos, dentre eles A. Demangeon e J. Ancel alertavam
sobre os perigos do caráter não científico da Geopolitik alemã, enquanto I.
Bowman, R. Hartshorne e outros caracterizavam-na como não científica,
totalitária e expansionista (COSTA, 2013).
A principal tese de Haushofer derivou da noção de panismo apresentada
por Aymeric Chauprade e François Thual, e da observação dos antagonismos
entre o Pan-asianismo do Japão e da URSS e o Pan-pacífico dos EUA cuja
pretensão era o alcance do mercado chinês. Estudou também o Pan-islamismo
e Pan-indianismo, e confeccionou a teoria das Pan-regiões, que em termos
gerais concebe que:
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REFERÊNCIAS