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Contextualização
histórica de Sistemas
internacionais de
proteção a Direitos
Humanos
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Zolotar, M.;
SST Contextualização histórica de Sistemas internacionais de
proteção a Direitos Humanos / Márcia Zolotar
Ano: 2020
nº de p.: 11 páginas

Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.


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Contextualização histórica
de Sistemas

Apresentação
Passaremos a aprender, nesta unidade, quais foram os acontecimentos marcantes
que deram ensejo à criação de um sistema, internacional e regional, de órgãos de
proteção aos Direitos Humanos. Conheceremos quais são esses órgãos, como
funcionam e suas principais funções dentro desses sistemas.

Neste caminho, iremos entender onde e quando surgiram os primeiros passos


dos Direitos Humanos e sua evolução histórica até chegarmos a estes sistemas
mencionados.

O início dos direitos humanos


Acontecimentos marcantes deram ensejo à criação de um sistema internacional
de proteção aos direitos humanos.

Fonte: Plataforma Deduca (2020)

Ao longo dos períodos na história das sociedades, o poder dos Estados não
encontrava limites impostos por uma ordem jurídica internacional. A soberania
nacional era absoluta, não obstante a existência de violações a direitos
fundamentais, dentre os quais se incluíam os direitos humanos. Eles eram tratados
como uma questão doméstica não submetida ao escrutínio e à análise de um
sistema internacional que até então inexistia.

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Foi a partir da 1ª Guerra Mundial que esse panorama se modificou-se. Logo após o
fim desta guerra, três acontecimentos simbolizaram o início da internacionalização
dos direitos humanos: (i) o direito humanitário, (ii) a criação da Liga das Nações e
(iii) a criação da Organização Internacional do Trabalho (“OIT”).

A soberania, antes absoluta, passou a ser considerada relativa, e limites foram


impostos à atuação do Estado, a fim de assegurar aos indivíduos, de forma
eficiente, a proteção aos direitos humanos. Eles passaram a gozar de um status
internacional de proteção e a ser sujeito de direitos, dentro do âmbito do Direito
Nacional.

Direito Humanitário
O Direito Internacional Humanitário, ou Direito dos Conflitos Armados, ou Direito
da Guerra, surgiu como parte do Direito Internacional Universal. Fábio Konder
Comparato (2015) comenta que, em seus primórdios, o Direito Humanitário dividia-
se em dois grupos: (i) normas que limitavam os usos de técnicas e armas de
combate durante os conflitos armados e (ii) normas com objetivo de proteção às
vítimas de conflitos bélicos. No final do século XX, tais distinções praticamente
desapareceram.

Flavia Piovesan detalha o conceito de Direito Humanitário (2015b, p. 189-190):

É o direito que se aplica na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à


atuação do Estado e assegurar a observância de direitos fundamentais.
A proteção humanitária se destina, em caso de guerra, a militares
postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros) e a
populações civis.

Conforme lembra Comparato (2015, p. 222), “Tais normas, pelo fato de terem sido
adotadas em conferências internacionais patrocinadas pelo Comitê Internacional da
Cruz Vermelha, passaram a compor o Direito de Genebra”.

O Direito de Genebra é composto pelos seguintes instrumentos:

• Protocolo para a Proibição do Uso na Guerra de Gases Asfixiantes, veneno-


sos ou outros, e de Métodos Bacteriológicos de Guerra - Protocolo de Gene-
bra de 1925;
• Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares da América Latina– 1968;

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• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Estocagem de


Armas Bacteriológicas e à Base de Toxinas e sua Destruição –1972;
• Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Estocagem e
Uso de Armas Químicas e sobre a Destruição de Armas Químicas Existentes
no Mundo, adotada no Âmbito das Nações Unidas –1993;
• Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares –1996;
• Convenção de Ottawa sobre a Proibição de Uso, Armazenagem, Produção e
Transferência de Minas Antipessoais –1997.
A proibição de atividades nucleares definida pelo direito humanitário.

Fonte: Plataforma Deduca (2020)

Liga das Nações


A Liga das Nações foi uma organização criada em 10 de janeiro de 1919 em
Genebra. Tinha como principal objetivo a manutenção da paz, a cooperação
mundial e a independência política de seus membros, dentre outros.

É importante lembrar que a Liga das Nações não possuía forças armadas próprias.
Seu poder de coerção se baseava-se na aplicação de sanções econômicas e
militares.

Confira o organograma da estrutura da Liga das Nações.

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Liga das Nações

Liga das Nações

Secretaria Geral
Assembleia Geral Conselho
Permanente

Fonte: autor

Flavia Piovesan detalha o conceito de Direito Humanitário (2015b, p. 189-190):

É o direito que se aplica na hipótese de guerra, no intuito de fixar limites à


atuação do Estado e assegurar a observância de direitos fundamentais.
A proteção humanitária se destina, em caso de guerra, a militares
postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, prisioneiros) e a
populações civis.

Conforme lembra Comparato (2015, p. 222):,

“Tais normas, pelo fato de terem sido adotadas em conferências


internacionais patrocinadas pelo Comitê Inter-nacional da Cruz Vermelha,
passaram a compor o Direito de Genebra.

A Assembleia Geral, mostrada na figura, se reúne uma vez por ano com
representantes de todos os países membros da organização, cada qual com direito
a um voto.

O Conselho é o órgão político e decisório, cujos membros permanentes são: Grã-


Bretanha, França, Itália, Japão e, posteriormente, Alemanha e União Soviética (atual
Rússia). E os não permanentes são escolhidos pela Assembleia Geral.

A existência de um órgão internacional, como a Liga das Nações, foi mais um passo
decisório na limitação da soberania dos Estados. A proteção dos direitos humanos
não poderia ficar restrita ao Estado. Não era mais considerada uma questão
doméstica, conforme lembrado anteriormente.

A importância da Liga das Nações é enfatizada por Piovesan (2015b, p.191):

A Liga das Nações, de 1920, continha previsões genéricas relativas aos


direitos humanos, destacando-se as voltadas a mandate system of the

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League, ao sistema das minorias e aos parâmetros internacionais do


direito ao trabalho – pelo qual os Estados se comprometiam a assegurar
condições justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e crianças.

A Liga das Nações durou até 1946, quando foi desfeita para a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU).

Organização Internacional do Trabalho (OIT)


A OIT foi fundada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes e tem como objetivo
principal promover padrões internacionais de condições de trabalho dignas e bem-
estar social. Como organização, ela foi ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1969.

Dentro dessa estrutura, a Conferência Internacional do Trabalho tem por tarefa


definir as normas internacionais do trabalho e as políticas gerais da OIT. Seu
encontro acontece todos os anos em Genebra.

O Conselho de Administração é o Conselho Executivo da OIT. Ele se reúne três vezes


ao ano no Escritório Internacional do Trabalho ano em Genebra. É responsável
por tomar decisões sobre as políticas da OIT. Além disso, estabelece o programa
e o orçamento que são submetidos à Conferência para adoção. O Escritório
Internacional do Trabalho é secretariado permanente da OIT. É o ponto focal para
todas as atividades gerais da OIT, preparadas sob o escrutínio do Conselho de
Administração e sob a liderança do Diretor-Geral.

A formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (Convenções e


Recomendações) também são atribuições da OIT. Esses instrumentos, uma vez
ratificados por decisão soberana de um determinado do Estado, passam a fazer
parte de seu ordenamento jurídico.

Neste momento, vale a pena uma pausa, no sentido de resumir os acontecimentos


explanados acima para passarmos a um segundo momento na história dos
Direitos Humanos.

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A reconstrução dos Direitos Humanos –


O Pós 2ª Guerra Mundial
Iniciamos uma nova fase na construção do sistema global de proteção dos Direitos
Humanos. Chamaremos essa fase de Reconstrução dos Direitos Humanos. Ela se
inicia com o fim da 2ª Guerra Mundial. Comecemos pelos números, citados por
Fábio Konder Comparato (2015, p.225):

Calcula-se que 60 milhões de pessoas foram mortas durante a Segunda


Guerra Mundial, a maior parte deles civis, ou seja, seis vezes mais do que
o conflito no início do século, em que as vítimas, em sua quase totalidade,
eram militares. Além disso, enquanto a guerra no início do século provocou
o surgimento de cerca de 4 milhões de refugiados, com a cessação das
hostilidades na Europa, em maio de 1945, contava-se mais de 40 milhões
de pessoas deslocadas, de modo forçado ou voluntário, dos países onde
viviam em meados de 1939.

O sistema global de proteção dos direitos humanos inicia uma


nova fase após a Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Plataforma Deduca (2020)

Mais uma vez, a violação em massa, as atrocidades praticadas pelo nazismo,


os milhões de pessoas mortas, submetidas à tortura e a condições degradantes
deixaram clara a total ruptura do respeito aos direitos humanos.

O sistema de proteção aos direitos humanos, criado após a 1ª Guerra, não foi
efetivo face ao surgimento de Estados totalitários. Foi necessária uma efetiva
delimitação da soberania estatal e a criação de um novo sistema de órgão e normas

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no qual o indivíduo fosse sujeito de direito internacional e que houvesse uma


responsabilização do Estado, face às violações sistemáticas de direitos humanos.

Podemos afirmar que, neste momento, com a reconstrução dos direitos humanos,
surgiu o movimento de internacionalização da proteção dos direitos humanos.

Importante notar a diferença entre o papel da Liga das Nações e da futura


Organização das Nações Unidas (ONU).

A Organização das Nações Unidas


(ONU)
Conforme dito anteriormente, a Liga das Nações teve seu fim com o advento
da criação das Organizações das Nações Unidas. Não podemos tratar da ONU
sem mencionar a Carta do Atlântico. Considerada precursora das ideias con-
sagradas pela Declaração de 1948 e pela ONU, tal documento resultou do en-
contro do Presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, com o Primeiro Ministro
britânicoBritânico, Winston Churchill, em agosto de 1941.

A declaração das Nações Unidas foi assinada em 1º de janeiro de 1942.

Fonte: Plataforma Deduca (2020)

Dois importantes documentos merecem destaque. A Declaração das Nações Unidas


foi assinada em 1º de janeiro de 1942 e refletia o desejo dos aliados em não firmar
acordos de forma separada. A Carta das Nações Unidas, por sua vez, foi assinada
em 26 de junho e entrou em vigor em 24 de outubro do mesmo ano. Lembramos que

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a Conferência de San Francisco foi a primeira assembleia internacional da história


moderna que não transcorreu sob o domínio de nações europeias.

A organização não se propôs a constituir um "superestado" ou um governo mundial,


mas a criar um sistema de segurança coletiva pela cooperação voluntária de seus
membros. A soberania dos Estados-membros é respeitada e a jurisdição interna
dos estados é mantida. Confira o organograma da ONU na figura a seguir.

Estrutura da ONU

ONU

Corte Conselho
Assembleia Conselho de Conselho de
Internacional Econômico Secretariado
Geral Segurança Tutela
de Justiça Social

Fonte: autor

Fechamento
Nesta unidade, você, estudante, analisou o caminho percorrido pelos Direitos
Humanos dentro da sociedade contemporânea, ou seja, sua função e importância
na busca por proteger direitos e garantir a cidadaniade e a dignidade das pessoas.

A soberania estatal é relativizada devido à construção de um sistema global e


regional, onde estes passam a ser os atores sociais, na busca de garantia da
dignidade humana e cidadania, onde a ONU compõe o sistema global de direitos
humanos com esta finalidade.

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Referências
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 10. ed. São Paulo:
Saraiva, 2015.

PIOVESAN, F. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2013.

______. Direitos Humanos e a Justiça Internacional: um estudo comparativo dos


sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2015a.

______. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 6. ed. São Paulo:


Saraiva, 2015b.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. História da OIT. [2017]. Disponível


em: https://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/hist%C3%B3ria/lang--pt/index.htm.
Acesso em 15 jun. 2018.

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