Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
GONZALEZ
ZAIDA M. PÉREZ
I ntrodução à T e o l o g ia C r is t ã
lU S T O L GO NZÁ LEZ
ZAIDA M. PÉREZ
Quan do o livro finalmente foi publicado, srcinalmente em espanhol , nos alegramos
da receptividade que teve. Além disso, logo tivemos a grata surpresa de receber um
pedido para publicá-lo também em inglês, de modo que, agora, é usado em vários
seminários e universidades
saxão. Agora, nos
sua publicação emEstados Unidos
português e em outras partes
vem proporcionar do mundo
mais alegria para anglo-
nós.
r
E sabido de todos que o Brasil é um dos países em que há maior vitalidade,
desenvoltura em quase todas as igrejas, e que essa vitalidade se estende tanto para a
evangelização quanto para a reflexão e o estudo. Por isso, estou seguro de que esse país
cumprirá um papel cada vez mais importante na vida da igreja universal no século
vinte-e-um. Vamos nos alegrar muito se este nosso livro puder contribuir com esse
futuro, nem que seja em um mínimo grau !
Estimado leitor ou leitora que agora tem este livro em suas mãos, receba-o como a
humilde contribuição de dois irmãos que te convidam, não só a aprender teologia, mas
também a fazê-la. E se nesta vida atarefada você encontrar alguns momentos para isso,
eleve uma oração a Deus por nós e por todos os nossos leitores !
Justo L. González
Estados Unid os. Em inente e prolífic o histori ador d a igreja e teólo go , ministro
ordenado metodista.
Z a i d a MALDONADO PÉREZ professora assistente de estudos teológicos no
Asbury Theo logic al Seminary.
VISITE NOSSO SITE:
www.editoraacadcmiacrista.com.br ACADEMIA
CRISTÃ
JUSTO L. GONZALEZ
e
ZAIDA M. PÉREZ
INTRODUÇÃO A
TEOLOGIA CRISTÃ
Tradução:
SiLVANA P e RRELLA B r ITO
2006
ACADEMIA
CRISTÃ
© Editora A cadem ia Cris fã
© AETH
Título srcinal:
Introducción a Ia Teologia Cristiana
Supervisão Editorial:
Luiz Henrique A. Silva
Rogério de Lima Campos
Paulo Cappelletti
Layout, e arte fin al:
Pr. Regino da Silva Nogueira,
Tradução:
Silvana Perrella Brito
Revisão:
Bruna Perrella Brito
Capa:
James Valdana
Assessoria para assuntos relacionados a Biblioteconomia:
Claudio Antonio Gomes
1. Te olo gia 23
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou meio
eletrônico e mecânico, inclusive através de processos xerográficos, sem permissão
expressa da editora (Lei n° 9.610 de 19.2.1998).
E di t or a A ca demi a Cr i st ã Lt d a .
Rua M ari na, 333 - Santo An dré
Cep 090 70-510 - São Paul o, SP - Bras il
Fonefax (II) 4424-1204 / 4421-8170
Email: academiacrista@globo.com
Site: www.editoraacademiacrista.com.br
/ ^ 0Rla«^irtKa
^( a)x SmJíjawxmJCa SucoõuÀa...í$t 9.15.
í n d i c e geral
humanidade ...........................................................138
3. Dimensões da salvação ..............................................141
a ) A sa l va ção e a obr a d o sa l va d or .........................141
b) U m a sa l va ção i n t egr a l ......................................... 144
c) O p r oc esso d a sa l va ção: j u st i f i ca ção e
sa n t i f i ca ção ............................................................147
com serve
que a questão fundamental
e como se faz. do que é teologia, para
A partir daquele dia, visitei muitos seminários,
institutos bíblicos e escolas teológicas em vários
países e continentes, me fazendo a mesmapergun
ta. Com notáveis exceções, o que vi é que, na maio
ria dos casos, confunde-se a teologia com a doutri
na, de modo que um curso sobre “teologia” é, na
verdade, um resumo - e às vezes uma defesa - das
doutrinas da igreja particular que sustenta a ins
tituição docente. Em outros casos - e poderíamos
dizer, em outro extremo - existem cursos em que a
“teologia” parece ser especulação sobre temas reli
giosos,
fé e da como se fosse uma filosofia que se ocupa da
religião.
Em alguns currículos, a teologia é mera apolo
gia, já que consiste em aprender argumentos para
refutar aos que duvidem das doutrinas. Em todos
esses casos, ficava claro que o estudante de teologia
não tinha
mas um chamado
sim para repetir o para seroutros
que os teólogo ou teóloga,
haviam dito.
A “teologia”, mais do que uma atividade, era um
conteúdo que alguém aprendia e, depois, usava
segundo a necessidade do caso - como um médico
que pega de sua maleta o remédio para cada doen
ça em particular.
quemDado esse
a faz, nãoentendimento do que é teologia
era, então, surpreendente que etan
de
tos cursos de teologia, em vez de ensinar os estu
dantes a serem teólogos, se contentassem em
ensiná-los o que outros teólogos haviam dito.
Por isso, quandoaAsociación para la Educación
Teológica
me Hispana
convidou (AETH),
juntamente comnos Estados
a colega Unidos,
Dra. Zaida
Maldonado Pérez para escrevermos um livro rela
tivamente simples de introdução à teologia, não
tive outra alternativa senão aceitar com entusias
mo. O que nos era pedido era um livro que, ao mes
mo tempo que desse aos leitores e leitoras certa
informação básica sobre o que os principais teólo
gos disseram acerca das diversas doutrinas e da
própria teologia, expusesse a eles brevemente uma
variedade de opiniões que os estimulasse a fazer
teologia por si próprios.
E começamos imediatamente a tarefa. Como
uma maneira
diferentes, de facilitar
usamos a leitura em
dois tamanhos de dois níveis
letras, de
modo que é possível ler o livro todo sem parar, ou
também - em um nível mais simplificado - é pos
sível ler seguindo somente as letras de tamanho
maior. Antes de sua publicação, fizemos um
experimento
do comque
a estudantes algumas de suas
as lessem, partes,
e esses pedin
estudan
tes nos fizeram comentários bastante úteis e cor
retos.
Quando o livro finalmente foi publicado, srci
nalmente em espanhol, nos alegramos da recepti
vidade que teve. Além disso, logo tivemos a grata
surpresa dèreceber um pedido para publicá-lo at m
bém em inglês, de modo que, agora, é usado em
vários seminários e universidades nos Estados
Unidos e em outras parte do mundo anglo-saxão.
Agora, sua publicação em português vem propor
cionar mais alegria para nós.
E sabido
em que de todos
há maior que odesenvoltura
vitalidade, Brasil é um dos países
em quase
todas as igrejas, e que essa vitalidade se estende
tanto para a evangelização quanto para a reflexão
e 0 estudo. Por isso, estou seguro deque esse país
cumprirá um papel cada vez mais importante
na vida da igreja universal no século vinte e um.
Vamos nos alegrar muito se este nosso livro puder
contribuir com esse futuro, nem que seja em um
mínimo grau!
Estimado leitor ou leitora que agora tem este
livro em suas mãos, receba-o como a humilde con
tribuição de dois irmãos que te convidam, não só a
aprender teologia, mas também afazê-la. E se nes
ta vida atarefada você encontrar alguns momen
tos para isso, eleve uma oração a Deus por nós e
por todos os nossos leitores!
19 de Fevereiro de 2006
J usto L. G onz al ez
Decatur, G A
C ap í t ul o I
O QUE É A TEOLOGIA?
1. A função da teologia
Através da história, quem tem se dedicado aos
trabalhos teológicos tem concebido sua tarefa de
muitas maneiras diferentes.
em Gênesis
por último 01ser
Deus criou primeiro
humano, enquanto os
queanimais
em Gê e
nesis 2 a ordem é inversa. Se tomarmos as histó
rias do Gênesis como descrições científicas, nos
veremos condenados a dizer que o Gênesis se con
tradiz.
Esse
XIX, foi 0ogrande
contra perigo
qual um da luterano
teólogo teologia no século
dinamar
quês, SoREN Kjerkegaaed, insistiu que o ser hu
mano existente, pelo fato de existir, quer dizer,
de estar no tempo e no espaço, não pode jamais
sistematizar toda a realidade. Disse ele: “Queres
dizer que não há tal sistema? De modo algum.
Toda
nuncaapara
realidade
nós”. é um sistema, para Deus; mas
Vemos um exemplo disso no modo em que o
teólogo calvinista Jerônimo Zanchi, no fim do
século XVI, tentou provar a doutrina da predes
tinação. Segundo Zanchi, visto que Deus é oni
poten te e oniscien te - quer dizer, pode tud o e
sabe t udo - Deus sabe e determina tud o o que
há de acontecer, e não existe tal coisa como
liberdade humana. O que Zanchi fez com tal
argumento é pr etender qu e Deus tem que se ajus
tar a nossa compreensão da onisciência e da oni
potência. Mas o certo é que, se Deus é de verda
de onipotente, Ele não tem o porquê de se ajusta r
aos argumentos de Zanchi nem de qualquer outro
teólogo. Se Deus é verdadeiramente onisciente,
saberá como permitir que exista a liberdade hu m a
na, ainda quando o “sistema” de Zanchi não dê
lugar a ela.
Outro perigo da sistematização excessiva da
teologia é que a mensagem e a obra de Deus
parecem reduzir-se
sistema. Isso aos três
acontece, por ou quatro quando
exemplo, pontos do
reduzimos a mensagem da Bíblia a um “plano de
salvação” em três, quatro, ou doze pontos; e pare
ce que basta conhecer esses pontos, de tal modo
que a Bíblia fica sobrando.
c) A teologia
não como defesa da fé e como ponte até os
crentes
sobre todos
meiro os serese visíveis
Ser, infinito imutável,deve havera um
do qual pri
existên
cia de todos os demais seres é derivada. Unindo
essa antiga afirmação filosófica com a doutrina
cristã, esses antigos teólogos cristãos - persona
gens como Justino, Clemente de Alexandria e Orí
genes - afirmaram que o mesmo Ser a quem os
cristãos chamavam “Deus” ou “Pai” era aquele que
os antigos filósofos haviam chamado de Ser Su
premo, Beleza Suprema, Bondade Suprema, Pri
meiro Motor etc. Desse modo, mostravam que a
fé cristã não era tão irracional como diziam e que
os cristãos, longe de serem “ateus”, adoravam a
um Serpagãos.
deuses que estava acima do todos os supostos
Isto é o que se conhece como a “função apolo
gética” da teologia. Nesse contexto, “apologia” quer
dizer “defesa”. Por isso, aqueles primeiros auto
res, que escreveram obras desse tipo, recebem o
nome de “Apologistas”
sa deles, ou “Apologetas”.
a teologia que E, por
se dedica a esse caude
tipo
tarefa recebe o nome de “Teologia Apologética” ou
simplesmente “Apologética”.
Indubitavelmente, essa tarefa é importante e
valiosa. Por exemplo, se não fosse por causa da
queles primeiros apologistas do segundo século,
e por
ro quem continuou
e quarto, sua tarefa
o cristianismo no século
não poderia ter tercei
entra
do em diálogo com a cultura circundante. Certa
mente, no livro de Atos vemos primeiro a Pedro,
logo a Estev ão e por último a Paulo, todos jud eus ,
defendendo a fé cristã em presença de outros
ju de us que não a acei tavam . No dia de hoje, v ist o
queé existem
tã, tantos
necessário argumentos
refutá-los, se nãocontra a fé cris
essencialmente
para provar a verdade dessa fé, ao menos para
remover os obstáculos falsos que se colocam no
caminho dela. Assim, por exemplo, a teologia em
sua função apologética pode ajudar-nos a refutar
os argumentos dos ateus, que afirmam ser impos
sível
Porcrer em lado,
outro Deus.contudo, a teologia como apolo
gética a prese nta também seu s perig os. Sobr e isso
voltaremos em outro capítulo ao tratar sobre as
“provas” da exis tê n cia de Deus. Em todo caso, par
te do perigo está em que o argumento apologético
é como uma ponte em tráfico, flui nas duas dire
ções: nãomas
crentes, somente serve
também podepara convencer
convencer os não-
os crentes,
torcendo o conteúdo de sua fé.
O exemplo mais claro disso vemos nos argu
mentos dos “apologistas” do segundo século, a
quem já nos referimos, e no modo em que seus
pensamentos têm impactado a doutrina de Deus.
Quando esses apologistas
greco-romana, viram-se naenfrentaram
necessidadeadecultura
defen
der sua fé em um Deus único e invisível, quando
nessa cultura os deuses eram muitos e também
vistos nas estátuas que se colocavam nos tem
plos. Para responder a essas críticas, os apologis
tas recorreram aos escritos de Platão que fala
vam
era odeDeus
um dosSer cristãos.
Supremo,Oegrande
disseram quedeesse
valor tal
argumento estava em conseguir, para a procla
mação da fé, 0 apoio de um dos mais respeitados
pensadores da antiguidade, Platão. O grande
perigo es tav a em que os cristãos ch egas sem a pen
sar - como de fato fizeram - que a maneira qu e
Platão
ta que afala do Serque
maneira Supremo
a Bíbliaé melhor e mais
fala de Deu s. Cexa
omo
conseqüência disso, boa parte da teologia cristã
começou a conceber Deus como um ser impesso
al, impassível, afastado das realidades humanas
e, portanto, muito distinto do Deus de Israel e de
Jesus Cristo, que se envolve na história humana,
sofre com aqueles que sofrem, responde as ora
ções etc.
Outro
é vê-la modo
como umadecrítica
entender a função
da vida da teologia
e da proclamação
da Igreja á luz do Evangelho. A Igreja tem a incum
bência de proclamar o evangelho e de vivê-lo.
É uma tarefa que nós enfrentamos conhecendo nos
sa incapacidade. Como seres humanos e pecado
res, nossas
de ser palavras
a palavra estãoComo
de Deus. sempre muito distantes
instituição huma
na, a igreja leva também o selo da falibilidade e do
pecado humano. É somente pela graça de Deus que
nossas palavras podem levar a palavra Dele. E só
pela graça de Deus que a proclamação da Igreja
pode ser a proclamação da palavra Dele, e que a
organização
do Reino. e as ações da Igreja podem ser sinais
Apesar de nossa falibilidade e de nossa depen
dência da graça de Deus, temos a obrigação de
íazer tudo quanto está ao nosso alcance para que
nossas palavras e nossas ações sejam reflexo da
Palavra
da e dos
teologia propósitos
como de proclamação
crítica da Deus. Essa éeada
função
vida
da Igreja.
Como crítica da proclamação e da Igreja, a teo
logia examina o que a igreja disse, e o julga e cor
rige a luz do Evangelho - não para criticá-lo, no
sentido negativo da palavra, mas para que se ajuste
melhor a esse Evangelho. Assim, por exemplo, a
teologia pode ser um dos critérios que aplicamos
cm nossos sermões, lições e escritos, para assegu
rarmos de que - na medida em que é dada a nós
humanos - nossas palavras sejam fiéis ao Evan
gelho.
minaComo crítica
o que da vida
a Igreja faz da Igreja,sea organiza,
e como teologia exa
e o
julga a luz do Evangelho - não para criticá-lo, mas
|)ara que se ajuste melhor ao que a própria Igreja
|)roclama. Por exemplo, ao preparar o pressuposto
da Igreja ou ao determinar suas estruturas e sis
temas de governo,
mos: “Como é importante
isso reflete quede
o Evangelho nos pergunte
Jesus Cris
to? A função da Teologia, como crítica da vida da
Igreja, é precisamente essa”.
O teólogo do século XX que mais se destacou
por esse entendimento da teologia foi o alemão
K ar l Barth. B art h viveu em um moment o em que
a teologia hav ia se vol tado para um a série de s is
temas intelectuais e doutrinários com grande
valor apologético, e que faziam com que o cristia
nismo aparecesse como algo muito aceitável, mas
diziam pouco sobre a vida e missão da Igreja.
Especialmente quando o nazismo começou a
ganhar força, e muitos cristãos se deixaram levar
por eleoeacomeçaram
quand maior parteada
pregá-lo desde osepúlpito,
Igreja alemã mostroue
incapaz de resistir-lhe, Barth viu a necessidade
de insistir na função da teologia como crítica da
vida e proclamação da Igreja. A Igreja que pro
clamava e sustentava as doutrinas nazistas de
via submeter-se ã crítica da teologia, que lhe
mostrava
proclamar.que não era fiel ao Evangelho que dizia
Em nossos dias, essa função crítica da teolo
gia continua sendo necessária. Por exemplo, q uan
do a Igreja e os cristãos parecem desinteressar-
se dos pobres, ou quando parece dizer que tudo o
que importa é o “êxito” que obtemos nessa vida,
ou
ce que a fé cristã
render-se levadas
diante á “prosperidade”, ou pare
doutrinas da moda, a
teologia tem de chamá-la a uma nova obediência
ao Evangelho.
O ponto fraco da teologia, assim entendida, é
que corre o perigo de tornar-se demasiadamen
te eclesiocêntrica. Se a função da teologia está
em criticar
tem nada o aque
vida e proclamação
dizer a quem não da Igreja,
é parte não
dessa
Igreja? Em suas piores manifestações, esse tipo
de teologia se torna um diálogo entre teólogos
OU se não entre cristãos, como se o restante do
mundo não existisse. Naturalmente, em tais
casos 0 que acontece é que temos esquecido de
que
m oo que
a çã da Iagre
teologia temdiz
ja - quer deer,criticar é a procla-
seu encontro co m
0 restante do mundo. Se a teologia não chama a
Igreja a esse encontro, possivelmente ela mes
ma necessita da mesma crítica que se supõe ser
sua própria função.
existencialismo.
c) O escalonamento entre as duas disciplinas
do Justino Mártir
século II. foi Apologia,
Em sua o principal dos apologistas
impôs-se a tarefa
de mostrar como e porque o cristianismo podia
reclamar para si o melhor da filosofia antiga. Isso
fez com base na doutrina do “logos” ou “Verbo”.
Os filósofos gregos explicavam que se a m ent e hu
mana pode entender o universo, isso se deve por
que há
“logos”. um principio
Tudo comum
quanto os de racionalidade,
humanos sabem, o sabemo
por esse logos, que lhes inspira esse conhecimen
to. Pois bem, visto que o Quarto Evangelho disse
que em Jesus o logos ou Verbo de Deus se fez car
ne, Justino argumenta que tudo quanto qualquer
ser humano tem conhecido, tem-no conhecido por
inspiração doosmesmo
Jesus. Logo, Verbo
cristãos que apropriar-se
podem se encarnou em
de
tudo que os filósofos souberam, que não é senão
revelação do mesmo logos ou Verbo. Mas, visto
que os cristãos têm visto o Verbo encarnado, seu
conhecimento é superior ao dos filósofos.
Esse uso da doutrina do logos ou Verbo tem sido
freqüente entre eteólogos
séculos quarto quinto, de todas as empregou
Agostinho épocas. Nos a
doutrina do Verbo para explicar todo conhecimen
to humano. E século XIII, Boaventura escreveu
um tratado sob o título de Cr i st o m est r e ún i co de
todos no qual declara que “a luz da mente criada
[quer dizer, humana] não bas ta para en ten der coi
sa Tomás
algumade sem a luz viveu
Aquino do Verbo eterno”.
no século XIII, quando
a filosofia aristotélica começava a abrir espaço
na Europa Ocidental. Tomás insiste que a verda
de é uma, e, que, portanto, o conhecimento adqui
rido pela filosofia não pode contradizer ao da teo
logia. Sua postura poderia se diagramar dizendo
que a filosofia,
verdade, enquantoporque
meio
na da razão,
teolog ascende desce
ia a verdade até a
por meio da revelação. Isto quer dizer que a ver
dade teológica é mais segura que a filosófica, e
que, portanto quando ambas parecem se contra
dizerem deve se concluir que a razão filosófica
está errada. Mas também quer dizer que a filoso
fia, porquanto procede
um entendimento da base
da verdade maisda profundo
razão, produz
que
0 da teologia. Tem certas verdades, como a dou
trina da Trindade, que só pode ser conhecida pela
revelação, e que, portanto são incumbências
exclusivas da teologia. Têm outras que não são
necessárias para a salvação, que, portanto não
são reveladas. Mas há outras, como a existência
de Deus, que ainda que possam ser conhecidas
pela razão são necessárias para a salvação. Tais
verdades Deus têm revelado, para que a salvação
das pessoas não dependa de sua intehgência.
tâncias do teólogo,
é conhecer 0 mínimoessas
e compreender que circunstâncias.
esse pode fazer
Além disso, visto que quem escute ou leia tam-
bém 0 fará a partir de suas próprias perspecti-
vas, 0 teólogo tem de compreender essas perspec-
tivas. Logo, precisamente a fim de ser o mais fiel
que lhe for possível, o teólogo tem de avaliar o
que as ciências
respeito sociaisda eIgreja
de si mesmo, humanas lhe dizem a
e da sociedade.
Fala r de “perspe ctivas” nã o implica ca ir em um
relativismo absoluto. Para entendermos isso, po-
demos pen sar em uma paisagem. A pa isagem está
aí, é objetiva. Mas cada observador a vê de sua
própria perspectiva. Quem pretende ver a pciisa
gem eperspectiva
uma descrevêlauniversaJ.,
sem perspengana
ectiva alguma, ou com
a si mesmo f.
engana aos demais. Isto quer dizer que a paisa-
gem não é real? Certamente não. O que se quex'
dizer é que a paisa gem apre senta- se sempre a par
tir de um ponto de vist a. De ig ua l modo, a revela
ção de Deus é real e firme; mas sempre a recebe
mos e a interpretamos de onde estamos.
Em tal situação, para entender a paisagem o
melhor possível, o que temos de fazer é comparti
lhar nossas perspectivas e experiências com
outros observadores. Isso se relaciona com o
caráter comunitário da teologia, sobre o qual vol
taremos mais adiante.
vemos
tradiçãonae tendência de prestar
aos ensinamentos tal autoridade
da Igreja, que a teoà
logia não pode senão repetir o que sempre se tem
dito, não podendo usar as escrituras para corri
gir a Igreja. Já no século V, Vicente de Lerins
declarou que somente há de se crer ou ensinar o
que tem sido crido “sempre, em todas as partes, e
i bu s cr -ed(qu
porn todos”
om i tu od u bi que
m est). , qu od
Além dos em
fatopede
r , qu od abem
que h
pouco tem sido crido tão un iver sal m en te, es sa for
mula limita a teologia à repetição do passado,
sacraliza o que a Igreja declara ser sua tradição,
e, assim, torna-se muito difícil a crítica da vida e
da proclamação da Igreja à luz do Evangelho.
cilioAlgo
de parecido
Trento emdeclarou, no século
seu esforço para XVI, o Con
refutar a
insistência do protestantismo na autoridade das
Escrituras.
Mas não é só entre católicos que encontramos
essa atitude. Também em alguns círculos protes
tantes, ainda que se insista na autoridade das
Escrituras,e quem
pretá-las, somente se admite
discorda um modo
um pouco deinter
de tal inter
pretação se torna pe r so n a no n g r ata. Em tal caso,
ainda sem perceber isso, temos caído em posição
muito sem elha nte ã de Vicente d e Lerins - ainda
que sem a amplitude e a universalidade desse
último.
Resumindo: no trabalho teológico, a relação
entre o indivíduo e a comunidade é dialética ou
circular: O indivíduo oferece um juízo sobre a pro
clamação e a vida da Igreja, com base na sualeitura
do Evangelho, mas sempre como membro e partí
cipe dessa mesma comunidade da fé. A comunida
de
diz.reconhece
Com basea nesse
justiçareconhecimento,
ou falta de justiça do que con
o sujeito se
tinua ou corrige o que diz e pensa. E o círculo con
tinua...
De certo modo, depois de todos os velhos deba
tes sobre a Escritura e a tradição entre católicos e
protestantes, temos de dizer que também a rela
ção entre Escritura e tradição é dialética ou circu
lar. Certamente, o evangelho deu srcem a Igre
ja. Então, foi a Igreja que reconheceu o evangelho
nos livros que hoje formam o Novo Testamento e,
portanto, os incluiu nesse cânon como sua regra
de fé e prática. Mas essas Escrituras são interpre
tadas a partir de uma tradição. E assim o circulo
continua...
7. Os limites da teologia
Nas páginas anteriores, assinalamos alguns
dos perigos
fazer de certos
a teologia. modos deo entender
Não obstante ou de
mais grave de
todos os perigos do qual a teologia se aproxima é o
de não reconhecer seus próprios limites. Vejamos
alguns.
a) Teologia e contexto
O modo mais freqüente pelo qual a teologia se
ultrapassar seus próprios limites é esquecendo-se
que ela sempre existe dentro de um contexto, e que
esse contexto lhe dá uma perspectiva que é sem
pre parcial, concreta e provisional. Com grande fre
qüência,
que 0 queosdizem
teólogos
nãotêm feitodepara
reflete si a ilusão
maneira de
alguma
suas próprias circunstâncias e que, conseqüente
mente, é a pura verdade de Deus. Quando alguém
então vê ou interpreta algo a partir de uma pers
pectiva diferente, parece-lhes que o que está sen
do questionado não é o que os teólogos têm dito,
mas a própria verdade de Deus. Mas o certo é que
toda teologia se faz a partir de uma perspectiva,
dentro de uma situação histórica, com certas per
guntas em mente, portanto nenhuma teologia é
universal e perene - ou seja, igualmente válida
em todos os lugares e todos os tempos.
sagem que
pintor, existe
assim fora da
o teólogo falamente e dos
de uma gostos do
revelação de
Deus que esta ali, como realidade dada, que o teó
logo ou a teóloga não podem mudar.
Ainda que tenhamos colocado a discussão
sobre esse tema sob o encabeçamento dos “limites
da teologia”, o certo é que as variedades de pers
pectiva, a que nos referimos, támbém a enrique
cem. Uma vez que a teologia reconheça os limites
que lhes são impostos por sua contextualidade,
pode começar a escutar o que outras pessoas
dizem a partir de outras perspectivas - o que a
enriquece.
Também isso pode ser ilustrado m edia nte o que
temos dito sobre uma paisage m. A maioria de nós
ao olhar uma paisagem, fazemo-lo com os dois
olhos. Cada um desses olhos vê algo ligeiramente
distinto. Nosso cérebro, com base nessas duas
perspectivas e as diferenças entre elas, nos faz
então perceber
objetos. as distâncias
Se olharmos com umesóa olh
profundidade dos
o, é muito mais
difícil medir a distância e a profundidade. Logo,
0 fato de termos dois olhos, e de cada qual ver
algo ligeiramente distinto, longe de ocultar-nos a
realidade da paisagem, ou de criar confusão, nos
ajuda a compreender a paisagem como nunca
poderíamos fazê-lo com um só olho.
QUEM É DEUS?
1. O conhecimento de Deus
Como é que conhecemos a Deus? Ao tratar
sobre essa questão, o que temos de dizer primeiro
é que a Deus só podemos conhecer quando, de onde
e como ele se revela a nós. O conhecimento de Deus
que podemos ter vem do próprio Deus, e não de
nós e da nossa perspicácia. Isso é o que, em termos
teológicos, se chama a revelação de Deus.
Tradicionalmente, tem-se distinguido entre a
revelação natural e a revelação especial de Deus.
O que essa distinção indica é que há certo conheci
mento de Deus que é derivado da natureza - tanto
humana como física —e certo conhecimento de Deus
que nos vem por meio da tradição bíblica, e, em
particular, por meio de Jesus Cristo.
a) Revelação natural
Através das
cunstâncias, eras, em diversas
a humanidade culturas eque
tem conhecido cir
sobre ela há outra realidade e tem visto manifes
tações dessa realidade nas maravilhas do mundo
físico, assim como, também, na ordem moral. Dis
so dão testemunhos as palavras do salmista “Os
céus manifestam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras de suas mãos” (SI 19.1). Em outro
contexto completamente diferente, o apóstolo Paulo
declara que “o que de Deus se pode conhecer lhes é
manifesto entre eles, porque Deus lhes manifes
tou. Porque os atributos invisíveis de Deus, o seu
eterno poder, como também sua própria divinda
de, claramente se reconhecem desde o princípio do
mundo, sendo percebidos por meio das coisas que
foram criadas” (Rm 1.19-20). Essas passagens e a
experiência toda da humanidade asseveram queé
possível conhecer algo da glória deDeus só por con
templar sua criação.
çãoNão há dúvida
podem que os sinaisdedediversos
ser interpretados Deus namodos.
cria
Assim, por exemplo, muitos povos têm baseado
suas crenças politeístas nos conflitos e tensões
que se observam na criação. Se há na natureza
combate e conflito, isso se deve aos combates e
conflitos entre os muitos deu ses - cada um dos
quaiscaso
Um regetípico
uma parte damuitas
é o das natureza, mas não toda.
religiões que tra
tam de explicar os ciclos da fertilidade mediante
mitos acerca dos deuses. Assim, por exemplo,
vários povos, em partes distintas do mundo, têm
pensado que a razão pela qual a natureza parece
morrer no inverno e ressuscitar na primavera é
que o deus
migos, da fertilidade
e ressuscita foi morto
a cada ano. por seusreliini
Em algumas
giões indo-americanas antigas, pensava-se que
o sol sa ng ra va ao ocaso, ví tim a de se us ini mi- /'
gos, e que, para dar-lhe nova vida, era necessá
rio ofere cer-l he sacri fícios de sang ue - às vezes
humano.
A revelação
—e serve também deaos
Deus na história
cristãos servepara
- de chave a Israel
dis
cernir sua revelação na natureza. Graças ao que
conhecemos do caráter de Deus por suas atuações
na história, podemos julgar os fenômenos da na
tureza, e ver de onde e como Deus se revela neles.
meÉnteimportante
h á cr istãosdeclarar isso, qu
que pensam porque
e o mefreqüente
lhor modo
de enaltecer Deus é insistir na distância que o
separa do ser humano. Certamente, há um a enor
me distância e diferença entre ambos. Tem razão
o profeta ao declarar; “Meus pensamentos não são
os vossos pensamentos, nem vossos caminhos os
meus os
como caminhos,
céus são diz
maiso altos
SENHOR,
do queporque,
a terra, assim
assim
são os meus caminhos mais altos que os vossos
caminhos, e os meus pensamentos, mais altos que
0 vosso pensamento” (Is 55.8-9). Mas essa distân
cia não é tão grande que o amor de Deus não pos
sa cruzá-la. Quem sabe poderíamos dizer que, da
mesma forma que os caminhos de Deus são mais
altos que nossos caminhos, assim também seu
amor é maior que o nosso amor, de tal modo que
0 que para nós parece impossível, não é para o
amor divino. Como veremos no capítulo em que
trataremos sobre Jesus Cristo, a insistência
excessiva na distância entre Deus e o ser huma
no tem tornado difícil, para muitos cristãos, acei
tar a realidade de que em Jesus Cristo vemos o
Deus feito homem. Deus é muito diferente do ser
humano; sim, Deus éinfinitamente superior ao
que podemos imaginar. Porém, com tudo isso, o
melhor modo de conhecer a Deus é vêlo em um
carpinteiro da Galiléia, crucificado pelas autori-
dades romanas.
dj A. revelação nas Escrituras
Como
dade todos sabem,
das Escrituras essedos
foi um princípio da Refor-
pilares da autori-
ma Protestante. Visto que muito do que diziam
os protestantes contradizia o que parecia ser a
tradição da igreja, e os católicos defendiam suas
posições com base nessa tradição, logo o debate
se expressou em termos do contraste entre Escri
tura e tradição.umas
to, convocado Entre poucas
católicos, o Concilio
décadas de Tren
depois do
começo da Reforma, declarou q u e tanto a Bíblia
como a tradição devem ser utilizadas como fonte
para os ensinamentos e práticas da Igreja.”
Entre os protestantes, no tempo em que todos
sublinhavam a autoridade única das Escrituras,
nem todos estavam de acordo com respeito ao uso
devido da tradição. Lutero, por exemplo, não cria
que fosse necessário desprender-se das práticas
tradicionais da igreja, sempre e quando essas não
contradissessem os ensinamentos claros das
Escrituras. A postura de Calvino era semelhan
te, ainda que parecesse ser necessário rechaçar
algumas
grup das extremados,
os mais coisas que Lutero aceitou.
chegou-se Em alguns
a pensar que,
no culto, não era legítimo cantar hinos que não
fossem bíblicos nem utilizar instru mento s que não
fossem mencionados na Bíblia. Em tais círculos,
0 que se cantava nos cultos eram os Salmos, qua
se sempre sem acompanhamento musical. Todos
os outros instrumentos ou hinos compostos mais
recentemente pareciam-lhes ser parte dessa tra
dição a qual eles pretendiam rechaçar.
Ao contrário, a Igreja Católica, em seu afã de
proteger a tradição contra tais ataques, começou
a limitar o acesso do povo a Bíblia. Era, precisa
mente, a época em que a imprensa começava a
tornar possíve l a distribuição em m ass a de livros,
que antes não eram acessíveis às pessoas com
recursos médios. Com medo dos “excessos” dos
protestantes, segui-se uma política de dificultar
o acesso às E scritur as - até que, no século XX,
sobretudo como resultado do Concilio do Vatica
no II, essa política foi mudada.
No capítulo
Zanchi e muitosanterior,
outros nosreferimos
têm ao modo
tratado de provarque
a
predestinação com base na onisciência e na onipo
tência de Deus. Como temos dito, o erro de tais
argumentos está em imaginarmos que compreen
demos verdadeiramente o que é a onisciência de
Deus e em ajustarmos essa onisciência ao modo
pelo qual nossa razão limitada pode concebê-la.
Tanto 0 valor quanto os limites do uso da
razão, na teologia, podem ser vistos claramente ao
considerar as provas que tradicionalmente são ofe
recidas para demonstrar que Deus existe. Portan
to passamos agora a uma breve consideração des
sas provas.
pensatem
não quenenhuma
o conhecimento
relação mais segurosentidos.
com esses é o que
Hoje mesmo, há quem diga “se não vejo, não
creio”; mas, frente a isso, há quem insista que
nada é tão seguro como o conhecimento pura
mente intelectual de que dois e dois são qua
tro. Os primeiros querem o conhecimento base
ado nos sentidos e comprovado por eles; os
segundos querem o conhecimento que não de
penda dos sentidos que, no final das contas, po
dem nos enganar. Os primeiros querem provar
a existência de Deus com base no mundo cria
do; os segundos preferiram prová-las com base
no próprio pensamento, de tal modo que seja
incontestável por mais que os sentidos nos en
ganem.
3. A Palavra de Deus
A Deus só é possível conhecer mediante a sua
palavra. Isso é o mesmo que foi dito anteriormen
te: para conhecer Deus, é necessário que ele se
revele. Um princípio fundamental do modo pelo
qual a tradição hebraico-cristã entende a Deus é
que Deus fala; que há palavra de Deus. Vejamos
algo sobre essa palavra de Deus.
4. O Deus Trino
O uso dos
trinitário, temtermos “Pai” ehistória
uma grande “Filho”,
nano contexto
tradição
cristã, baseado em antigas fórmulas batismais;
mas, em todo caso, nunca deve ser entendido com
uma indicação de que Deus seja de gênero mas-
cuhno. Refere-se, antes, a relação intratrinitaria
em que a Primeira Pessoa gera ou dá srcem a
Segunda. Algumasosvezes,
gos, utihzaram-se desde
termos de tempos
“Fonte” anti
e “Origem”
para a Primeira Pessoa, e “Verbo” ou “Palavra”
para a Segunda.
Santoquais
pelas na são senão
Deus três máscaras
se manifesta - daí oou “maneiras”
nome de “mo
dalismo”.
A forma mais com um dessa doutri na - ba s
tante difund ida em algumas igre jas - sugere qu e
Deus é Pai no Antigo Testamento, Filho no Novo
eunidade
EspíritodeSanto
Deus,agora. Essaé fórmula
mas não mantém a
fiel ao testemunho
bíblico, onde, por exemplo, o Espírito Santo apa
rece tanto no Antigo Testamento como no Novo, e
onde Jesus se refere ao Pai como outro que não
ele mesmo. Além disso, tal doutrina mantém a
distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo,
mas como nomes ou papéis que Deus assume em
diversas circunstâncias.
c) A doutrina da Trindade
enriquece-nos.
C ap í t u l o I I I
O QUE É O MUNDO?
QUEM SOMOS?
Deus criou o mundo e seus habitantes? Em
tal caso, como e com que propósito? Como, nós
humanos, nos relacionamos com essa criação e
com
comoDeus?
é que E se Deus
existe tantocriou
mal etudo quanto em
sofrimento existe,
sua
criação?
Nosso propósito neste capítulo será conside
rar a doutrina da criação à luz dessas perguntas.
Por isso, uma breve recapitulação das controvér
sias na
mar Igreja antiga,
a doutrina as quais
da criação em aseus
levaram a afir
credos, nos
ajudará a ver porque a Igreja pensou que essa
doutrina era importante,e quem era os que a ne
gavam ou pareciam amenizá-la. Além disso, tere
mos que considerar como os novos métodos cientí
ficos e críticos
responder têm
a essas levado a diversos
antiqüíssimas modos
e perenes de
pergun
tas sobre a srcem do universo e o propósito de
nossa existênciW
1. A doutrina da criação
Desde seu próprio inicio, a igreja cristã tem
afirmado
verso suahabitantes.
e seus crença em Deus como criador
As Escrituras do uni
antigas que
a Igreja tomou da tradição judaica - as que agora
chamamos de Antigo Testamento - começam afir
mando a atividade criadora de Deus, que dá ori
gem a tudo quanto há. As Escrituras que a Igreja
produziu em seus primórdios - o Novo Testamen
to - mostra que tanto os apóstolos quanto à comu
nidade cristã primitiva reafirmaram essa crença
em Deus como criador (Mt 10.6; At 17.24-26; Rm
1.25; 2 Co 5.5; Hb 3.4; 1 Pe 4.19; Ap 14.7). E o
mesmo afirma os mais antigos escritos cristãos, os
primeiros credos e concílios, e os hinos e outros
materiais litúrgicos que se têm conservado. Tal
vez o exemplo mais conhecido seja o do Credo Apos
tólico, que muitas igrejas recitam todo domingo e
que começa afirmando: “Creio em Deus todo pode
roso, criador do céu e da terra”.
O Deusé Supremo,
trário, um Deus Pai de Jesus
amoroso Cristo, pelo
e perdoador con
e nunca
poderia ter feito um mundo material, pois a ma
téria é inferior e má. Portanto tudo o que se rela
ciona com 0 corpo, inclusive a procriação, é mau e
asqueroso, e tem que ser evitado até que o Deus
misericordioso de Jesus Cristo nos liberte dessa
prisão que Yahveh nos colocou. Naturalmente,
visto que a matéria é má, Jesus não veio em cor
po físico nem nasceu de Maria, mas apareceu já
maduro com um corpo que era só aparência de
matéria.
É des nece ssár io dizer que a igreja rechaçou tai s
doutrinas, que não só negavam a criação, mas
também a continuidade entre os dois testamen
tos, e até a encarnação de Deus em Jesus Cristo,
sobre o qual voltaremos no próximo capítulo.
alguns
som enteacréscimos.
no ocide nte,Visto que se emprega,
mas também nas igrejasnãoori
enta is - a greg a, a russa, a da Etiópia etc. - é o de
uso mais universal.
O credo - seja o Apostólico ou o Niceno - era
empregado no batismo, de modo que quem se
batizava tinha que afirmá-lo. Por isso, nas clas
ses preparatórias
comentava o credopara
que oosbatismo ensinava-se
batizandos e
teriam que
afirmar. A partir de então, a repetição no culto
recordava-lhes o que haviam aprendido em sua
preparação para o batismo. Logo, as palavras do
credo tinham forte impacto na formação e na fé
dos crentes.
2. Criação e ciência
As controvérsias entre cristãos sobre a criação
do mundo e seus habitantes não terminaram com
a formulação dos antigos credos. Ainda quando se
afirme que Deus é “criador do céu e da terra, e de
todas as coisas
interpretado de visíveis
diversase maneiras.
invisíveis”, isto pode ser
Sol giravapropuseram
e Galileu em torno daumaterra. Quando
visão Copérnico
diferente, hou
ve autoridades ecles iástica s que con denaram suas
teorias, sobre a base de que Josué havia detido o
curso do Sol (Js 10.12-13). Da mesma forma, hou
ve quem ins isti sse que a terra não podia se r esfé
rica, pois a Bíblia fala “dos confins da terra”, e
uma esfera não tem fim.
Com respeito a tais questões, existe uma gran
de variedade de opiniões entre os cristãos. Alguns
tratam de reconciliar as teorias evolucionistas com
a Bíblia, dizendo que os seis dias são metafóricos e
que se referem cada um a uma etapa do processo
criador. Outros insistem em que não há contradi
ção alguma, se esclarece que o importante que o
Gênesis diz não é como Deus fez o mundo, mas o
fato de que tudo quanto existe tem sido criado por
Deus, que sustenta todas as coisas na existência.
Em tal caso, se Deus fez o mundo em seis dias, ou
se essa criação
milhões é um
e milhões deprocesso
anos nãoevolutivo
tem maiorqueimpor
levou
tância. Outros sustentam que as histórias de Gê
nesis 1 e 2 devem ser tomadas literalmente e que
Deus fez o mundo em seis dias. Para esses últi
mos, qualquer posição que aceite uma descrição
das srcens,
teoria diferentes
da evolução ouda do Gênesis
a teoria - quer
de que seja a
o universo
começou com uma grande explosão - ameaça a
autoridade das Escrituras. Uma vez que se põe em
dúvida essa autoridade, dizem essas pessoas:o que
nos impede de destruir tudo quanto a Bíblia diz,
inclusive do advento, morte e ressurreição de
Jesus Cristo?
Por outro lado, temos que reconhecer que
quem defende uma interpretação “literal” do
Gênesis, não defende, na realidade, tal interpre
tação, mas antes uma compaginação e seleção
de duas histórias diferentes, cujos detalhes são
irreconciliáveis entre si e, portanto, as duas não
podem ser entendidas literariamen te. Assim, por
exemplo, enquanto em Gênesis 1.20-27 De us cria
todos os animais e por último o ser humano, ho
mem e mulher de uma vez; em Gênesis 2.15-22
Deus criou primeiro o varão, depois os animais,
e por último, da costela do varão, a mulher. Isso
parece dar força
que Gênesis aos argumentos
não pretende dizer exatde
amquem
ent e codiz
mo
Deus fez o universo, mas simplesmente que Ele
0 fez.
emOGênesis,
próprioénome de Adão,
um jogo que é dado
de palavras ao homem
que assinala
sua srcem do pó, pois em hebraico a.dam signifi
ca ser humano (e em vários lug ares do Antigo Tes
tamento é empregado para referir-se não a um
individuo, mas a toda a raça humana), enquanto
adamá significa terra.
a) A queda
são As conseqüências
desastrosas desseem
e resultam atouma
de desobediência
série de situa
ções que não são parte do propósito de Deus na
criação. A mulher sofre dores de parto e fica sujei
ta a seu marido. 0 homem tem que suar e lutar
contra a natureza que agora ficou indócil, pois até
a própria terra foi amaldiçoada pelo pecado hu
mano e produz espinhos e cardos. Mais adiante,
apareceram o fratricídio, quando Caim mata Abel,
e mil outros males.
É assim que a Bíblia afirma o que a experiên
cia cotidiana confirma: que o mal existe, que é
poderoso, que corrompe a boa criação de Deus.
Entre
te e a acriação
criaçãotalcomo
comoDeus
é, sea interpõe
desejou srcinalmen
o pecado.
A questão da srcem do mal tem perturbado
as mentes filosóficas por séculos, o problema
está na dificuldade em afirmar três pontos que
parecem contraditórios: (1) Deus é bom; (2) Deus
é todo poderoso; (3) o mal existe. Todas as solu
ções que têm sido pr oposta s atrav és da história
simplesmente se desfazem em um desses três
pontos. Assim, por exemplo, os ateus utilizam
a existência do mal para negar a existência de
um D eu s bom e poder oso. A “ciên cia cr ist ã” neg a
a existência do mal, atribuindo-o a nossa ima
ginação. O mesmo faz os filósofos que dizem que
0 que parece mal a partir de nossa perspectiva,
na realidade não o é da perspectiva de Deus.
Alguns limitam o poder de Deus dizendo, por
exemplo, que Deus teria que criar seres huma
nos livres, e que isso o obrigava a permitir o
pecado.
Ainda que nos agradasse muito poder dizer o
contrário, o certo é que a Bíblia não oferece uma
solução para esse problema. Se dissermos que a
explicação está no ser humano, que introduziu o
pecado, fica sempre a questão da serpente e de
sua srcem. Se dissermos, como afirma a maior
parte da tradição cristã, que a serpente é Lúci-
fer, e que este é um anjo caído, tudo o que temos
feito é post ergar a questão, pois, to davia, cabe per
guntar-nos se Deus não podia ter feito anjos inca
pazes de cair. O que a Bíblia oferece, então, não é
uma explicação da srcem do mal que satisfaça
nossa curiosidade intelectual, mas uma afirma
ção de que o mal é real, e que esse mal separa
tanto os humanos como a criação toda dos propó
sitos iniciais de Deus.
Por outro lado, o fato de que nem os filósofos,
nem os teólogos, nem a própria Bíblia nos ofere
çam uma explicação satisfatória não deveria ser
estranho. O mal é mal precisamente porque
interrompe a ordem, porque quebra a harmonia,
porque não tem razão nem explicação, se pudés
semos explicá-lo já não s eria tão mal, já não s eria
0 poderoso e assustador mistério de iniqüidade
que na realidade é.
b) O alcance e poder do pecado
Paulo
pados e asdisse que Cristo
potestades, "despojando
publicamente os os princi
expôs ao
desprezo, triunfandodeles na cruz” (Cl 2.15). Em
Efésios 6.12, lemos que “porque a nossa luta não
é contra o sangue e a carne, e sim contra os prin
cipados e potestades, contra os dominadores des
te mundo tenebroso, contra as forças espirituais
do Esse
mal, tema
nas regiões celestes”.
do caráter estrutural do pecado foi
tomado no século XIX pelos defensores da teolo
gia do evangelho social, para ressaltam que boa
parte dos problemas da sociedade não ocorre
devido a quem sofre sob eles, mas as estruturas
pecaminosas. Assim, por exemplo, se há desem
prego, isso não se
desempregadas, masdeve às pessoas
ao sistema que estão
econômico que
produz esse desemprego. Algo parecido começa
ram a fazer, na segunda metade do século XX,
as diversas teologias da libertação, assinalando
e condenando as estru tura s sociais que produzem
opressão e sofrimento.
vistoEm décadas
o dano querecentes, e cada vez
a humanidade estámais, temos
fazendo ao
restante da criação. Todo ano desaparecem espé
cies animais e vegetais que nunca mais serão vis
tos sobre a terra, e boa parte disso se deve a conta
minação do meio ambiente e a destruição dos
lugaresrios
tanos, em etc.
que Em
as espécies
muitas vivem - bosques,
de nossas cidades,pân
o ar
está tão contaminado que é prejudicial respirá-lo.
Há fortes indícios de que o uso excessivo de com
bustíveis está produzindo mudanças atmosféricas
e climatológicas, como o aumento da temperatura
global e 0 crescimento dos desertos. Tudo isso, e
mais, nos dizem tanto os cientistas como os jor
nais.
Mas não basta o conhecimento para agir como
é devido. Significativamente, os países onde há a
maior consciência do processo de contaminação
do meio ambiente são os que mais continuam pro
duzindo essa
dizem crer quecontaminação. AtédeosDeus,
a criação é obra cristãos, que
são par
tes desse processo e cometem injúrias contra
a criação em troca de um pouco mais de comodi
dade.
O triste desse caso é o fato de que os países
tradicionalmente “cristãos”,
cristãos têm sido mais ou onde
numerosos porao menos
mais os
tempo,
têm produzido muitos dos produtos, maquinarias,
procedimentos etc. que mais contaminam o meio
ambiente. E mais triste ainda é o fato de que se
pode traçar uma linha de contato entre certa teo
logia da criação e essas conseqüências funestas.
De fato, foi com base no texto bíblico que afirma
que 0 ser humano há ter “poder” ou “domínio” (Gn
1.26) sobre a criação, que a civilização ocidental
lançou-se a dominar essa criação mediante a tec
nologia. Nessa busca de “domínio”, essa civiliza
ção colonizou e destruiu outras, e até o presente
não sabemos
terão todasambiente.
para o meio as conseqüênci
as que suas ações
Segundo essa interpretação, quando Deus deu
ao homem “poder” sobre o resto da criação, deu-
lhe liberdade total para fazer com a criação o que
quisesse ou o que melhor lhe conviesse. Logo, se
uma montanha
dores, atrapalha
simplesmente meusSe
a destruo. planos urbaniza-
um bosque tem
boa madeira, tenho absoluta liberdade para cortá-
lo. Se um rio pode servir de fossa onde verta os
desperdícios químicos de minha industria, para
isso Deus o pôs ali, e me pôs para exercer domínio
sobre ele.
O que não vemos em tais casos é que o “poder”
ou “domínio” que Deus dá ao ser humano em
Gênesis é poder a imagem e semelhança de Deus.
O domínio de Deus, sobre a humanidade e sobre a
criação toda, não é caprichoso, explorador ou egoís
ta, mas é domínio em amor. É domínio em um amor
tal que, posteriormente,
ne para sofrer na cruz. o próprio Deus se fez car
Se, como também afirma o testemunho bíbli
co, nós somos “mordomos” ou administradores em
nome de Deus, nosso domínio sobre a criação há
de ser parte dessa mordomia. Se nós temos poder
sobre a natureza, esse poder nos tem sido dado para
que o usemos
segundo nossoem benefício de toda a criação, e não
beneplácito.
Assim é a doutrina cristã sobre a criação e nos
so lugar nela. Visto que não basta crer em tais coi
sas, mas se deve praticá-las, com razão Tiago nos
lembra que “a fé sem obras é morta” (Tg 2.20).
E, talvez,
fazer, a primeira
nós que obrateologia,
estudamos que tenhamos que
que pregamos
e ensinamos, é recordar a igreja que sua fé em
Deus, criador de tudo quanto existe, exige que nos
comportemos no mundo como quem de verdade crê
em tais coisas.
Isso sesobre
anterior relaciona com o que
a criação, vimos no
no sentido decapítulo
que os
gnósticos e Marcião criam que o Deus que en
viou Jesus Cristo não era o mesmo que havia
feito este mundo e que se havia revelado ao povo
de Israel. Com base nessa crença, as mesmas
pessoas negavam que Deus houvesse preparado
a história
rio, até essepara o advento
advento toda adehistória
Jesus. esteve
Pelo contrá
sob o
contro le do mal, e Jes us se ap resen tou ne la como
um mensageiro estrangeiro, e não como quem
vem “para os seus”.
elementos
çam de tal- modo
a morte e aambos
que ressurreição - se entrela
são vitória, e Jesus
triunfa na cruz (Cl 2.15). Além disso, chegado o
cumprimento do tempo, Jesus há de vir de novo
em glória e juízo (Mt 25.31-32).
Todos esses são elementos essenciais do, que
pouco aé pouco,
Jesus divino viria a ser ae cristologia
e humano, da Igreja:
essa humanidade e
divindade se entrelaçam de tal modo que é impos
sível separá-las.
h) Jesus na experiência da fé
Nestório
mestres foi mais que
antioquinos, famoso
comoe Patriarca
controvertido dos
de Con
stantinopla pregou uma série de sermões da
Natividade, declarando que não se devia dizer que
Maria deu a luz a Deu s, mas que deu a luz a Cris
to. Segundo Nestório e seus seguidores, em Cris
to há “duas naturezas e duas pessoas”; uma na
tureza
duas see unem
pessoanão
humana, e outra
como uma divina. Essas
só realidade, mas
me dia nte um a “união da von tade ” - ou seja, que
ambas desejam o mesmo. (Pelo menos, é assim
que geralmente Nestório tem sido interpretado,
ainda que haja muitos pontos sobre isso que os
historiadores não concordam). Ainda que, para
os protestantes
sermões modernos,
de Nestório possa aparecer
e a oposição que os
esses sermões
fossem questão de mariologia., o que estava em
jogo não era a honra de vida a Maria, m as em que
sentido Cristo é Deus. Se não é possível dizer que
Deus nasceu de Maria, não se pode dizer tão pou
co que caminhou na Galiléia, ou que foi pendura
do
queem uma cruz.
sentido E, seespecial
ou valor não se têm
podeadizer tal coisa,
encarnação e
a cruz? Por es sa s considerações - além de toda
uma série de circunstâncias políticas que não é
possív el discu tir aqui - o Terceiro Concílio Ecu
mênico, reunido em Éfeso no ano 431, rechaçou
as doutrinas de Nestório e declarou que Maria é
“Mãe [literalmente, parideira] de Deus”.
é0 certo é queque
mostrado nega o testemunho
Jesus é humano bíblico,
porque onde nos
é tenta
do, sofre e chora como qualquer ser humano. Em
todo caso, essas doutrinas foram recusadas pelo
Segundo Concílio Ecumênico, reunido em Con
stantinopla no ano 381.
Outras pessoas, de tendência semelhante,
começaram
acima sobre aa sugerir
gota deovinagre
que mencionamos maisé
no mar: Jesus
humano, sim; mas essa humanidade fica eclipsa
da diante da glória e da imensidade de sua
divindade. Por isso, ainda que se possa dizer que
Je su s é “de duas n at ur eza s” - como o mar e o
vinagre são “de duas na tur eza s” - não se deve
dizer que Jesus
a humana existe “em
foi absorvida peladuas naturezas”,
divina. Visto quepois
em
grego a palav ra “f i si s” quer dizer “natur eza”, quem
susteve essa doutrina foi chamado de “monofisi-
ta”. Essa posição foi rechaçada no Quarto Concí
lio Ecumênico, reunido em Calcedônia no ano de
431, pois contradizia também o testemunho
bíblico, além de que,
via na divindade, se a humanidade
perdia-se se dissol
todo o sentido da
encarnação.
plica
no queeminjuriou
uma dívida por parte
o Deus do essa
infinito, pecador huma
dívida é
impagável, pois a injúria é infinita, e o humano
não 0 é.
É sobre ess a ba se que Anselmo explica por que
Deus se fez humano. O pecado, como dívida hu
mana, teria que ser pago por um humano. Como
dívida
mento contra
infinito.o Logo,
Deus infinito,
a única requeria
maneira um paga
de conse
guir um pagamento adequado para a dívida con
traída foi a de 0 próprio Deus tornar-se humano,
de modo que o pagamento ou “satisfação” para
com a dívida fosse, ao mesmo tempo, humano e
infinito.
humana.
b) Jesus Cristo como exemplo salvador
ção A principal
desse modo dificuldade
se encontrapara entender
em nosso a reden
individualis
mo moderno, que não nos permite entender como
toda uma quantidade de pessoas individuais
podem ser um só corpo com uma só cabeça,ou como
a ressurreição e vitória dessa cabeça podem ser o
começo da ressurreição e vitória de todo o corpo.
3. Dimensões da salvação
madoAtravés
Jesus dos séculos,
Cristo nós, cristãos,
de “nosso temos
Salvador”, cha
quer
dizer, quem nos dá a salvação. Mas, muitas vezes,
não nos temos detido para esclarecer o que enten
demos por “salvação”. Também nesse caso, como
na obra redentora de Cristo, existem diversas ên
fases ou perspectivas que devem ser esclarecidos.
1) O mais comum é ver a salvação como o pe
dão dos pecados, de tal modo que possamos entrar
no céu. Normalmente, tal entendimento da salva
ção junta-se a uma das duas primeiras teorias da
redenção que acabamos de estudar, a “jurídica” e
a “subjetiva”. Quem pensa que a obra de Cristo
consiste em pagar por nossos pecados (a teoria “ju
rídica”) vê a salvação como o fato de que, graças a
esse pagamento por parte de Jesus, temos o cami
nho, para a vida eterna, aberto. Quem pensa que
a obra de Jesus Cristo é principalmente “subjeti
va”,
vir eouseguir
seja, que consiste
a Deus, em inspirar-nos
pensa que isso nospara ser
permite
amar a Deus de tal modo que possamos entrar no
céu. Nos dois casos, a salvação consiste na entra
da para a vida eterna.
Dissemos
corpo querelacionado
não está produziamcom
confusão, pois apre
a salvação, se o
sentam-se duas alternativas óbvias, ambas peri
gosas.
A primeira alternativa, e a mais comum, con
clui que, visto que o corpo não participa da salva
ção e pode até ser um obstáculo a ela, devemos
reprimi-lo e castigá-lo.
feriu com açoites, e quemAssim, houve
exagerou quem se
jejuando até
0 ponto de prejudicar a saúde. Além do mais, vis
to que 0 corpo não está relacionado com a salva
ção, é justiíicável castigá-lo e até destruir o corpo
das outras pessoas a fim de alcançar a salvação.
Foi esse raciocínio que foi usado para as torturas
da Inqu isição. Em casos menos extremos, h á cris
tãos que debatem se os famintos devem ser ali
mentados e os enfermos curados ainda que não
se convertam, a rgumentan do que o que temos que
buscar é a salvação de suas almas, e que a única
razão parta alimentá-los ou curá-los é procurar
que se convertam.
Se A0 corpo
segunda
nãoconseqüência
se relaciona écom
contrária a essa.
a salvação, por
que não deixar que faça o que deseje? Por estra
nho que pareça, houve gnósticos que sust en tar am
tal doutrina até o ponto de praticar a libertina
gem. E há cristãos que, talvez sem chegar a tais
extremos, baseiam-se no mesmo raciocínio para
ju sti fic ar su as ações.
Se o ser humano é integralmente criatura de
Deus, e Deus o ama em sua totalidade, a salvação
tem de incluir a pessoa toda, corpo e alma. É por
isso que o Credo apostólico afirma “a ressurreição
do corpo” - ou, como se diz no srcinal, “da carne”.
paraPorém,
que sehácumpram
mais. Se aossalvação é a ação
propósitos de Deus
de sua cria
ção, então não pode limitar-se unicamente aos
seres humanos. Em um sentido mais amplo, a sal
vação de Deus culmina na restauração de toda a
criação - tanto do céu como da terra. Voltaremos a
tratar sobre isso no último capítulo.
aatribui
famosaa justiça
frase dee Lutero,
a retidãoque deoJesus
crenteCristo. Daí
em Jesus
Cristo é si m u l j u st u s e t pe c c ator simultanea
m en te ju sto e pecador. O que nos ju stif ica não é a
ausência de pecado, mas a graça de Deus que nos
declara justos.
tuitaPor outro
pode lado, essa
levar-nos ênfase naoutro
a esquecer justificação
aspectogra
im
portante da salvação, a santificação. É assim que,
freqüentemente, escutamos em nossas igrejas que
tudo o que temos que fazer para sermos salvos é
crer em Jesus Cristo. Isso é tomado então no sen
tido de que basta havê-lo aceitado uma vez, e já
somos salvos - o que bem pode ser certo se a salva
ção consiste somente na justificação. Mas não é
de todo certo se a salvação inclui todo o processo
mediante o qual chegamos a ser o que Deus deseja
que sejamos - ou seja, se a santificação é parte da
salvação.
O QUE É A IGREJA?
Essa imagem,
epístolas paulinas,que
é a aparece repetidamente
mais comum nas
do Novo Tes
tamento. (É tão comum, que a própria palavra
“membro”, que hoje utilizamos para quem pertence
à Igreja, deriva-se dela, pois se refere a ser “mem
bro” desse corpo que é a Igreja). Algumas vezes,
como em Efésios
citamente, como eum
Colossenses, é utilizada,
modo de entender expli
a Igreja.
E em outras, como em Romanos 12 e 1 Coríntios
12, é utilizada para tirar dela conseqüênciassobre
0 modo em que os membros da Igreja têm de rela
cionar-se entre si.
Em Efésios e em Colossenses, a imagem do
“corpo”
“para serestá intimamente
o cabeça unida
sobre todas as acousas,
da “cabeça”:
deu-o a
Igreja, a qual é o seucorpo,” (Ef 1.22-23); “Ele é a
cabeça do corpo, que é a Igreja” (Cl 1.18); “como
também Cristo é o cabeça da Igreja, sendo este
mesmo o salvador do corpo” E ( f 5.23); “ e não reten
cabeça,
do aIsso da qual
indica todo odas
que uma corpo...” (Cl 2.19)
principais ênfases
dessa imagem é a estreita relação, tanto de unida
de como de sujeição, que existe entre Cristo e a
Igreja. Cristo não é unicamente o Fundador da
Igreja, como quem funda uma escola filosófica ou
um clube social. Cristo écabeça da Igreja, e como
cabeça se manifesta na vida do corpo, de tal modo
que 0 corpo sem ele não tem vida.
Em segundo lugar, essa imagem do corpo é
utilizada no Novo Testamento para sublinhar a
estreita relação que há de existir entre os cristãos,
ainda que tenham diferentes dons ou funções. Esse
tema aparece tanto em Romanos como em 1 Co
ríntios. Na passagem de Romanos 12.4-8, onde
Paulo discute a diversidade dos dons, a frase cha
ve é “assim também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns dos outros”
(Rm 12.5).
Note-se que aqui Paulo não diz somente que
os cristãos são membros do corpo de Cristo, mas
também que são membros uns dos outros. A inter
dependência dos diversos membros de um corpo
não se limita a seu relacionamento com a cabeça,
mas é também direta. Cada membro depende de
todos os demais.
Deus... vós,povo
agora sois sim,deque antes não éreis povo, mas
Deus”.
Um dos principais valores dessa imagem é que
sublinha a continuidade entre o Antigo e o Novo
Testamento. Nos dois casos, o tema é a relação de
Deus com seu povo - Israel no Antigo Testamento,
e a Igreja no Novo. Isso se vê, particularmente, na
citação de 1 Pedro, onde se aplicam a Igreja outras
características que antes eram atribuídas exclu
sivamente a Israel; linhagem escolhida, sacerdó
cio real, nação santa. É precisamente em virtude
dessa continuidade, entre o povo de Deus em am
bos os testamentos, que a Igreja pode ver no Anti
go Testamento
Outro valora dessa
Palavra de Deus
imagem paraseela.
é que opõe a
outras visões mais hierárquicasou estruturais. Isso
tem sido particularmente importante para o cato
licismo romano onde se chegou a confundir “a Igre
ja” com sua hierarquia, e onde, portanto, a nova
teologia
da Igrejadocomo
Concilio
povoVaticano
de Deus.II Isso,
prefere
pora sua
imagem
vez,
tem dado lugar a uma maior democratização e mais
ênfase nos ministérios laicos.
Por último, a imagem da Igreja como povo de
Deus tem o valor de recordar-nos que se trata de
um povo peregrino. Esse tema, que é fundamental
nos primeiros livros do Antigo Testamento, tam
bém o é nos últimos do Novo, em que nos é apre
sentada a Igreja como um povo peregrino (1 Pe
2.11), e onde tanto Israel como a Igreja marcham
em busca de uma pátria melhor (Hb 11.14-16).
Por outro lado, essa imagem corre o risco de
nos levar Deus
de Deus, a pensar que, agoraseu
tem rejeitado que a igreja
antigo é povo
povo, Israel.
Paulo 0 nega firmemente (Rm 11.1-5). Contudo,
através dos séculos tem havido cristãos que têm
cometido atrocidades contra os judeus, argumen
tando que agora que a Igreja é o novo Israel, o
velho Israel é maldito. Isso é um erro, do qual deve
se tomar cuidado!
c) Outras imagens da Igreja
a) A Igreja é una
Naquele
se na sistema
comunhão, antigo,
segundo a unidadedocentrava-
as palavras apóstolo
Paulo: “Porventura, o cálice de benção que aben
çoamos não é a comunhão do sangue de Cristo?
O pão que partimos não é a comunhão do corpo de
Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unica
mente um pão, um só corpo; porque todos partici
pamos de um único pão” (1 Co 10.16-17). Logo, sem
pre que as igrejas, em diversos lugares, se
reconhecessem mutuamente participando da mes
ma comunhão, de modo que no culto se orava umas
pelas outras, e os membros de uma podiam comun
gar nas outras, considerava-se que a unidade da
igreja não havia se quebrado.
2) Na Idade Média, a unidade era vista com
sujeição à mesma hierarquia. Isso teve lugar so
bretudo na Europa ocidental, onde o desapareci
mento do antigo Império Romano deixou um vazio
que, em muitos sentidos, a igreja veio a ocupar.
O resultado foi um processo centralizador,de modo
que, mais tarde, chegou-se a pensar que a unida
de da Igreja consistia na sujeição ao Papa.
Ainda que a Igreja Romana se esforçasse por
fazer valer sua autoridade sobre as antigas igre
ja s orien tais, es ta s nu nc a a aceitara m. Por fim, o
cisma
de falaentre
gregao seOcidente deno
produziu fala
anolatina e o Oriente
de 1054, quando
os rep res en tan tes do Papa romperam a comunhão
com 0 Patriarca de Constan tinopla e, portanto com
toda igreja oriental. Ainda que parte do que se
debatia era a autoridade do Papa, todavia se con
siderava que 0 principal sina l da unida de da Igreja
era a aceitação
indubitável mútua era
da ruptura da comunhão, e o sinal
a mútua exclusão da
comunhão.
Talvez
tenha essa seja
de resolver a principal protestante
a eclesiologia dificuldade que
no
século XXL
divisões
sando emsão sinalobediência.
nossa do pecado e que estamos fracas
século,dofoi
autor estabelecido
Pastor, que susem Roma,
ten tav a quepor Hermes,
atrás do pero
dão inicial do batismo só era possível outro per
dão, depois disso os pecados graves só podiam ser
apagados mediante o “segundo batismo” em san
gue, ou seja, 0 martírio. Não se sabe quão cedo
apareceu o costume de requerer que os crentes
arrependidos
em de pecados
público, diante graves os econfessassem
da congregação, que lhes fos
se restaurada a comunhão com a Igreja depois de
um pe ríodo de penitên cia e excomunhão - que
poderia durar vários anos. No século III, tanto
em Roma como em outros lugares, alguns come
çaram a sustentar que os crentes que se torna
ram culpados
sia não podiamdeser
fomicação,
perdoados homicídio
jamais. ou apostao
Quando
bispo Calisto, em Roma permitiu a alguns cren
tes culpados de fornicação seguir o processo nor
mal de confissão pública e de restauração, Hipó-
lito separou-se da Igreja e criou seu grupo aparte.
No norte da África, também no século III, Nova
ciano
se separou-se
mostrava do resto
disposta da Igreja
a perdoar porque
aqueles esta
que ha
viam caído em apostasia durante a perseguição.
A mesma questão voltou a ser colocada, também
no norte da África, nos tempos de Cipriano; e
outra vez mais nos tempos de Agostinho, quando
os donatistas se separaram do restante da Igreja
por razões parecidas.
Esta opção parece efetiva porquanto condena
o pecado daqueles que se chamam Igreja, e chama
para a santidade. Mas se torna deficiente por duas
razões. A primeira delas é o fato empírico de que
pronta a nova Igreja, fundada sobre a exigência
da santidade, não se tornou suficientemente san
ta para alguns, que se sentem então chamados a
abandoná-la, de modo que o ciclo continua, e as
divisões se multiplicam perpetuamente. A segun
da é que tal atitude nega duas das características
fundamentais da Igreja: sua unidade e sua men
sagem
pois de amor. imediato
0 resultado Que se nega a unidade
é que ficadivide.
a Igreja se óbvio>
A mensagem de amor é negada porque a Igreja,
em lugar de ser uma comunidade que chama os
pecadores ao arrependimento, que levanta e sus
tenta os caídos, torna-se uma comunidade de juízo
e de condenação.
decidoscumprido.
havia por todosOsos conselhos
cristãos, edeo perfeição,
jovem ricoem
os
contraste, são som ente para aqueles que desejam
ser perfeitos. Esses conselhos são, principalmen
te, para a pobreza (com base no texto citado) e
para o celibato (com ba se em 1 Co 7.38, onde Paulo
parece dizer que é bom casar-se, mas que o celi
bato é melhor).monásticas
comunidades O resultado
nasfoiquais
uma se
multidão
buscavade
viver um nível de vida cristã superior ao normal
das pessoas. Era ali que, supostamente, alcança
va-se a mais alta santidade, e era em parte por
que tais comunidades compreendiam que a Igre
j a era santa .
O pietismo
século foi umprotestantes.
XVIII, entre movimento Seu
que principal
surgiu no
fundador, Spener, esperava reformar e revitali
zar a Igreja, criando dentro dela pequenos gru
pos que seriam “escolas de piedade” ou “peque
nas igrejas dentro da Igreja”. Esses grupos se
dedicaram ao estudo bíblico, a oração e as obras
de caridade,
tes pareciamfazendo assim
não estar o que os
fazendo, demais cren
recuperando,
desse modo, a santidade da Igreja. Na Inglater
ra, 0 metodismo seguiu regras parecidas.
Tais movimentos reformadores, ainda que,
geralmente, tenh am um impacto positivo na vida
da Igreja, não resolvem o dilema do pecado den
tro de uma Igreja
posteriormente que se com
acontece diz “santa”. Além disso,
eles o mesmo que
acontece com as Igrejas que se separam para
serem mais santas: o movimento perde o seu
impacto inicial, e surgem outros movimentos que
se separam dele para serem mais santos.
nho, no séculoSeu
seus perigos. IV.principal
Tem seusvalor
valores e também
é que evita
a excessiva sacralização da Igreja institucional,
admitindo a possibilidade de que alguns de seus
aparentes membros não sejam da Igreja invisí
vel, e que alguns que aparentam estar fora da
Igreja, na realidade, pertença ela. Seu principal
perigoque
ginar es táapIgreja
recisam ente
não no extremo
necessita oposrealida
de uma to; i m a
de institucional, ou que se pode estar unido a
Cristo e a sua Igreja sem pertencer a uma comu
nidade de fiéis, organizada como corpo social.
Através da história, um desse s extremos tem apa
recido com mais fi-eqüência nas Igrejas mais tra
dicionais - sobre tudo as que têm uma posiç ão
dominante dentro da sociedade - e o outro tem
sido mais comum entre elementos reformadores
- sobretudo os que sublinham a experiência pe s
soal e a presença do Espírito.
ça de Deus
Deus, - mais
que por issoespecificamente, do Espírito
se chama “Santo”. Em termosde
estritos, só há Um “santo”, e esse é Deus. A terra
em que Moisés pisa é santa, porque Deus se revela
ali. O mesmo acontece com a arca, a terra, a cida
de de Jerusalém etc.
E, antes de tudo, nesse sentido que a Igreja é
“santa” - não no sentido de que sua conduta seja
sempre pura, mas no sentido de que o Espírito
Santo de Deus atuanela. Pretender tomá-la “santa”
mediante nossa própria boa conduta é usurpar o
que pertence só a Deus.
Por outro lado, a santidade da Igreja, precisa
mente porparte
duta por ser presença
de seusdemembros.
Deus, requer
Nãocerta con
podemos
dizer, visto que a santidade da Igreja não é obra
nossa, que nossa própria obediência e pureza não
importam. Pelo contrário: é precisamente porque
0 Deus somente Santo está presente na Igreja,que
nós, seus membros, temos de viver em santidade.
c) A Igreja é católica
tornando
mos que aumIgreja
idioma universal. Logo,
é “universal”, quando
estamos dize
dizendo
que se encontra em todas as partes do mundo e
que todas elas são amesma. Em tal sentido, a Igre
ja nunca foi universal, e é somente em tempos
relativamente recentes que apenas se aproxima
disso. Portanto não foi nesse sentido que os anti
gos credos se referiam a Igreja como “católica”.
Durante os primeiros séculos de sua existên
cia, a Igreja estev e pres ente som ente em uma fai
xa de terreno que se estendia desde as ilhas Bri
tânicas até a Eti ópia - do norte ao sul - e desd e a
Pen ínsu la Ibérica até a índ ia - do Oriente a o Oci
dente. Chegou à China até o século VII e logo
desapareceu por algum tempo. À América, ao
Japão e às Filipinas, não chegou senão no século
XVI. E a algumas regiões da África e as ilhas do
Pacífico, no século XIX.
O significado
se refere tanto a srcinal do termono
universalidade “católico”
sentido não
de
extensão uniforme como a inclusão. A Igreja é “ca
tólica” não porque está em todas as partes, mas
porque inclui todos os crentes. Nesse sentido, qual
quer Igreja que pretenda ser a única, excluindo os
que não concordam com ela em todos os detalhes,
por maisverdadeiramente
ca seria que pudesse chegar a ser universal, nun
católica.
verdadeira, o testemunho
meio de falsidades, e houveda fé nosem
tempos chegou por
que Jesus
Cristo ficou sem testemunhas no mundo.
Isso nos leva outra vez aos pontos menciona
dos mais acima. 0 primeiro é que a Igreja é una,
ainda que seja difícil vê-lo de fato. Nossa Igreja,
se é a Igreja de Jesus Cristo, é a mesma Igreja de
Agostinho, de Francisco
Lutero, de João Wesley ede
dasAssis, de Martinho
multidões de cren
tes anônimos dos séculos passados. O segundo
ponto é que temos que recordar a distância que
separa a nossa doutrina e nossa teologia da reali
dade de Deus. Nossas doutrinas, ainda quando
são certas, não são exatas e finais, mas parciais e
provisionais,
nos até oem
seja revelada diasua
em plenitude.
que a verdade de Deus
d) A Igreja é apostólica
podiam
tolos. Nomostr ar a su aisso
princípio, conexão dire ta co
não queria m os que
dizer após
todos os bispos legítimos podiam reclamar tal
sucessão. Bastava que sua doutrina fosse a mes
ma dos bispos que podi am reclamá-la - os de
Antioquia, Éfeso, Corinto, Roma etc. (Em datas
relativamente recentes, muitas daquelas antigas
tradiçõese sobre
Igrejas, a fundação
sobretudo de várias
a da sucessão daquelas
ininterrupta
de bispos, têm sido colocadas em dúvida por
alguns historiadores. Mas, no segundo século,
quando o argumento da sucessão apostólica
começou a ser empregado, tais tradições eram,
geralmente, aceitas).
Pouco apostólica
sucessão a pouco, 0foimodo como se
mudando. entendia
Quando, ema
uma cidade, a igreja se dividia, o bispo que podia
reclamar ser o sucessor do bispo anterior utiliza
va 0 princípio da sucessão apostólica para defen
der sua legitimidade diante de seu adversário.
Assim, chegou-se a pensar que, para ser o bispo
ou para
via-se ser parte
fazer ministro
dessadevidamente ordenado,
suposta linha de
ininterrupta
de bispos, que haviam sucedido uns aos outros
desde os tempos dos apóstolos.
Esse é 0 modo pelo qual, hoje, entende a
sucessão apostólica a maioria dos que mais insis
tem nela: para ser Igrej a Apostólica, deve ter bi s
pos que dos
através sejam parteOutros
séculos. dessa cadeia ininterrupta
têm sustentado teo
rias semelhantes acerca da sucessão apostólica,
ainda que sem fazê-la dependente dos bispos.
Assim, por exemplo, em boa parte da tradição
reformada - quer dizer, a que procede de Calvino
e Zuínglio - entende-se que a sucessão vem po r
meio da linha ininterrupta de ministros. João
Wesley, base ando-se em que, na Igreja antiga, um
bispo e um presbítero eram o mesmo, declarou-se
capaz de transmitir a sucessão apos tólica - ain
da que ele mesmo não fosse bispo, mas presbíte
ro - ordenando a outros.
O segundo
da igreja modo
se baseia na de entender
doutr ina e naaprática.
apostolicidade
Em tal
caso, diz-se que a Igreja é “apostólica” porque suas
doutrinas e sua prática são as mesmas dos apósto
los. A Igreja é “apostólica” porque crê o mesmo que
os apóstolos, porque adora como eles adoraram,
porque está organizada como eles se organizavam
etc. Esse modo de entender a apostolicidade da
Igreja existiu desde os tempos antigos, paralela
mente à ênfase na sucessão apostólica que acaba
mos de discutir. Mas tem sido entre os protestan
tes, e especialmente entre os grupos surgidos bem
depois da Reforma do século XVI, que mais se tem
insistido em tal interpretação da apostolicidade.
Por outro lado, a revisão mais sumária da his
tória nos mostra que esse segundo modo de enten
der a apostolicidade da Igreja não é de todo factí
vel . Tanto as práticas como as doutrinas de todas
as igrejas têm evoluído, de modo que nenhuma é
estritamente “apostólica” nesse sentido.
É importante notar que ainda há muitas igre
ja s pr ot es ta nt es que recla mam ta l apostolicida-
de, cada uma delas insiste em elementos diferen
te s do que consideram ser “apostólico”. As sim , por
exemplo, algumas se declaram apostólicas por
que
8.16;batizam unicamente
10.48; 19.5). Outrasnosenome de Jesus
declaram (At
apostóli
cas porque praticam a comunhão de ben s (At 2.4 4
45; 4.32-35). Outras porque sempre oram de joe
lhos (At 9.40; 20.36; 21.5), porque as mulheres
cobrem a cabeça (1 Co 11.5-6), ou por qualquer
outra razão. Muitas simplesmente dizem que são
apostólicas
rituais porque seu
estabelecidos, ou culto
porqueé espontâneo, sem
o centro do culto
é a pregação.
A mesma variedade de tais reivindicações
mostra a impossibilidade de que uma Igreja seja
verdadeiramente “apostólica” nesse sentido.
Quem não viveu nos tempos dos apóstolos não
pode viver
plo, nas comodos
igrejas os apóstolos
apóstolos. não
Assim, poro Novo
se lia exem
Testamento, pois ainda não existia. Quer isso
dizer que, para sermos “apostólicos”, temos de dei
xar de ler o Novo Testamento? Certamente que
não! Logo, a apostolicidade no sentido de identi
dade absoluta entre nossas doutrinas e práticas
e as dos apóstolos não é possível, e freqüentemen
te nos leva a uma visão simplista da igreja apos
tólica e da história.
a) Os sacramentos em geral
zaschamado
te do mar etc.
de “O próprio
selo da fé”,batismo,
tam bémfreqüentemen
te m sido com
parado a circuncisão, que era o selo que Deus
impôs aos filhos de Israel como membros do povo
de Deus. Logo, ao celebrarmos esse rito, fazemo-
nos participantes de toda essa história em que
Deus tem utilizado a água como sinal de sua sal
vação, e em
Abrão desse povo a quem Deus chamou em
Jacó.
A comunhão tem sido interpretada sempre à
luz da cena pascoal, e o que ela celebra. A Páscoa
é 0 dia em que o anjo do Senhor feriu os primogê
nitos do Egito, e com isso alcançou a libertação
de Israel. Isso era o que celebravam Jesus e seus
discípulos
comunhão na (MtCeia em 14.12;
26.19; que Jesus instituiuAtravés
Lc 22.7-8). a
de toda sua história, Israel tem celebrado essa
ceia em memória de su a libertação d o Egito. Atra
vés de toda sua história, a Igreja tem celebrado
essa ceia em memória de sua libertação median
te a morte e ressurreição de Jesus.
b) O batismo
ver
que 00batismo
batismocomo
lavavauma lavação
todos levou anteriores,
os pecados à crença de
porém deixou aberta a questão de o que fazer com
os pecados cometidos depois do batismo. Isso, por
sua vez, levou ao desenvolvimento de todo o siste
ma penitencial da Igreja Católica Romana. Se o
que 0 batismo faz é nos lavar, qualquer mancha
poste rioraterá
se caso, que serelava
confissão da por outrou,
a penitência o meio - ne s
na Igreja
antiga, o “segundo batismo” no sangue do martí
rio. Por outro lado, se o batismo é um enxerto, é
válido e efetivo para toda a vida. Quando um sar
mento é enxerta do na videira - ou, na medicina
moderna, quando um membro é enxertado no cor
pcom
o - ess e sarmento
a videira, vive que
da seiva de sua
fluiconstante con exda
de suas raízes ão
qual ele se alimenta. Da mesma forma, se o batis
mo constitui um enxerto no corpo de Cristo, conti
nua sempre sendo válido, graças a esse enxerto,
que a vida de Cristo flua em nós.
comer. Isso de
nir o corpo é, com o dizer
Cristo”, querdedizer,
Paulo, “não discer
esquecer-se de
que quem está presente é o corpo de Cristo, e
todos os membros.
Muito certo, contudo, a comunhão limitou-se
ao que sempre havia sido seus elementos essen
ciais: 0 pão e 0 vinho. Isso foi devido a uma série
de considerações
brar práticas
toda uma ceia e a dificuldade
comum, sobretudo emde cele
meio
às perseguições e conforme a Igreja crescia.
(É interessante notar que tanto no caso do batis
mo como no da comunhão houve essa tendência a
reduzir as coisas ao mínimo: no batismo, batizan
do só a cabeça; e na comunhão, limitando-a a um
bocado de pão
Durante e um pouco
os primeiros de vinho).
séculos, a comunhão era
principalmente uma celebração. Ainda que nela
se recordasse a paixão de Jesus, também se
recordava e se celebrava a sua ressurreição e o
seu retorno. É por isso que se celebra o domingo,
dia da ressurreição do Senhor, e não a sexta-fei
ra, dia daMédia
da Idade sua morte. Foi nos primeiros
que a comunhão séculos
foi tomando tons
cada vez m ais fúnebres, os quais em algumas igre
ja s perduram até hoje. (Ainda que, na seg un da
metade do século XX, começasse um movimento
de renovação litúrgica, baseado nas liturgias
antigas dos séculos II e III, que começaram a
devolver
Atravésa dos
comunhão
séculos,seu
temcaráter
havido celebratório).
muitas contro
vérsias em torno da comunhão. A principal delas,
que prevalece até o dia de hoje, relaciona-se com a
presença de Cristo na comunhão. Sobre isso, vol
taremos mais adiante nesse capítulo. Mas, pelo
menos, outras duas merecem ser mencionadas.
Uma delas surgiu do costume de dar aos lai
cos somente o pão e reservar o cálice só para os
clérigos. Esse costume, surgido na Europa Oci
dental durante a Idade Média, provavelmente se
baseava em um profundo sentido de espanto
diante da presença de Cristo no pão e no vinho, e
no temor de derramar o vinho. Em todo caso, ch e
gou a ser a prática geralmente aceita em toda a
igreja ocidental. Contra ela, protestaram os se
guidores de J o ã o H u s s a quem se deu o nome de
“ut ra qu ista s”, que quer dizer que ins is tia m na ad
ministração do sacramento “em ambas {utraque)
espécies”. O mesmo fez os protestantes do século
XVI. Posteriormente, como conseqüência do
Segundo Concilio Vaticano, a Igreja Católica
Romana regressou também a prática antiga da
comunhão nas duas espécies.
Outra controvérsia, esta entre as igrejas orien
tais e as ocidentais, teve a ver com o pão que se
utilizava na comunhão. Na igreja ocidental, pou
co a pouco se impôs a prática de se celebrar a
comunhão com pão sem levedura (como é a hós
tia tradicional no catolicismo romano). Para os
orientais, isso era confundir a celebração cristã
com a páscoa judaica, na qual se comia pão sem
levedura. Por algum tempo, isso foi motivo de
amargas contendas. Hoje, pelo menos no Ociden
te, poucas pessoa s prestam grande aten ção à qu es
tão de se 0 pão tem levedura ou não.
A comunhão, que deveria ser o laço de união
entre todos os crentes, é, infelizmente,um dos prin-
cipais pontos de discórdia entre as diversas tradi
ções cristãs. Ainda que haja outras questões
envolvidas, o ponto principal em discussão tem sido
a presença
modo dessadepresença,
Cristo no pois
sacramento - ou melhor,
todos concordam queo
Cristo está presente. Com respeito a isso, há toda
uma gama de opiniões, desde a doutrina da tran
substanciação, da Igreja Católica Romana, até o
outro extremo, dos que declaram que a comunhão
é só um ato memorial no qual Cristo está presente
porque o recordamos, ou que nos ajuda a recordar
que Cristo está presente.
Segundo
quando o pão ae odoutrina daconsagrados
vinho são transubstanciação,
desapare
ce sua substância de pão e vinho, cujo lugar é ocu
pado pela substância do corpo e do sangue de Cris
to. Visto que o que se transforma é a substâncias,
e não os acidentes, o pão continua sendo pão, chei
rando a pão; mas, na realidade, transformou-se no
corpo de Cristo.
Essa doutrina foi rechaçada pelos reformado
res protestantes do século XVI, ainda que nem
todos concordassem com relação ao modo em que
Cristo está presente na comunhão. Entre os prin
cipais reformadores, Lutero sustentava que o cor
po de
nos Jesus estava
elementos, aindareal
que eestes
fisicamente presente
não deixassem de
ser 0 que haviam sido. Isso é o que alguns cha
mam de a doutrina da “consubstanciação”, ainda
que Lutero nunca lhe desse esse nome. No outro
extremo, alguns dos anabatistas afirmavam que
0 sacramento não era senão um símbolo de algo
devolvido a comunhão
como celebração, não doseu caráteroucomunitário,
indivíduo para a devo
ção privada, mas da comunidade.
uma
Cada série de setedispensações
uma dessas períodos ouse“dispensações”.
caracteriza por
uma revelação específica de Deus, a qual a hu
manidade não responde em obediência, e então
Deu s a julg a e castiga. Ainda q ue, através da h is
tória da Igreja, o tema das “dispensações” tenha
aparecido repetidamente, isso não tem levado a
todo umsobre
gações esqueoma da históri
futuro. Foi noa humana,
século XXnem
queaopre
dis
pensacionalismo moderno apareceu na obra de
J o h n N elson D aeby , que o sistematizou todo em
um esque ma que c ulmin ava com o “arreb atamen
to”, e no qual se dizia que estamos agora em uma
espécie de parêntese ou dispensação chamada de
“a idade da Igreja”. Tudo isso un iu D arby com su a
posição “pré-milenista”.
A doutrina do “milênio” fundamenta-se quase
que exclusivamente no capítulo 20 de Apocalip
se, em cujos primeiros versículos se fala, repeti
damente, sobre os “mil anos”. Com base nesses
versículos, quem os toma literalmente debate se
“arrebatamento”
0desse da Igreja há ou
milênio (“pré-milenismo”) de depois
ocorrerdoantes
mi
lênio (“pós-milenismo”).
Segundo o esquema de D arby , estamos agora
na dispensação da Igreja, que também se chama
“da graça”, que começou com a ressurreição de
Cristo e culminará com a “grande tribulação”.
(Para
Depoisodessa
qual grande
se baseia em Mt 24.21
tribulação, virá oeretorno
Ap 7.14).
de
Cristo, 0 milê nio, a confrontação fin al en tre o bem
e 0 mal, o Armagedom e o juízo final. Por tudo
isso, 0 esquema de D arby se chama “dispensacio-
nalismo pré-milenista”.
Esse dispensacionalismo se tornou popular
graças à Bíblia
Essa Bíblia, de Scofíield,
combinando publicada
versículos em 1909.
de partes dis
tintas, oferece um esquema das diferentes “dis-
pensações”. Tornou-se muito popular porque faz
uma leitura de t oda a Bíbli a - especialmente do
livro de Daniel e do livro do Apocalipse - como um
grande mistério ou quebra-cabeças que não pode
ser entendido,
Visto senão
que isso se com asmuito
aproxima notasdodemodo
Scofíield.
como
os livros do ocultismo ou da cabala são lidos, tem
sido muito atraente em uma época em que tais
doutrinas oc ultista s são tão populares. Quem tem
uma Bíblia co m tais notas im agin a que des cobriu
um mistério escondido através dos séculos, e que
agora Scoffield Ihç deu a chave.
Esse
rança, é oaguardar
caráter dapacientemente, mas com
fé - e sem esperança espe
é impos
sível ter fé.
Ao dizermos que nossa esperança é Jesus Cris
to, estamos declarando que o que esperamos não é
algo desconhecido. Ainda quando tanto a morte
individual como a consumação final da história
tenha, todavia, seus mistérios que não consigamos
compreender, esses mistérios não nos causam te
mor, porque sabemos que do outro lado deles nos
aguada quem já esteve conosco, quem conhecemos
e servimos por obra do Espírito Santo: Jesus o ven
cedor da morte e Senhor da história. Aquele que
virá é o mesmo
é o mesmo que
que já já veio, aquele
conhecemos. Logo,que esperamos
a nossa espe
rança cristã não só nos ajuda a viver hoje, mas nos
ajuda a viver como quem não tem o amanhã - como
quem sabe que, atrás do umbral da morte, nos
espera a própria Vida, Jesus nosso Senhor e Sal
vador.
No entanto, enquanto aguardamos Jesus
Cristo, não estamos sós. O próprio Jesus prome
teu que, durante sua ausência, estaria conosco o
Consolador, o Espírito Santo. E Paulo repetida
mente se refere ao Espírito como o “penhor”, quer
dizer, a antecipação, a garantia - da promessa.
(Veja:
rito 2 Co da
Santo 1.22; 5.5. Também
promessa Ef 1.13-14:
; o qual “o Espí
é o penhor da
nossa herança”).
2. O Reino de Deus
Se a resposta a nossa pergunta, “quem é nos
sa esperança?”, é Jesus Cristo, a resposta à outra
pergunta, “como descrevemos nossa esperança?”,
é “o reino de Deus”.
O reino de Deus é mencionado, repetidamen
te, nas Escrituras, onde por várias vezes é decla
rado que esse Reino é o conteúdo da pregação de
Jesus
como ae da
do evangelho. Tanto são
Igreja apostólica a pregação de Jesus
“o evangelho do
Reino de Deus” (Mc 1.14; Lc 4.43; 8.1; 9.2-11, At
1.3; 8.12; 19.8; 20.25; 28.23, 31). Somente no evan
gelho de Lucas, a frase “reino de Deus” aparece
trinta e duas vezes. Repetidamente, como intro
dução a suas parábolas, Jesus diz, “a que compa
rareis 0 Reino de Deus?” o que quer dizer que
essas parábolas não são sobre a vida comum - nem
sequer sobre a vida religiosa - mas sobre o Reino
de Deus (Mt 11.6; Lc 13.18,20).
fazia-se o possível
retamente, como umaparaform^de
não se referir
obedecerà Deus di
ao man
damento de não tomar o nome de Deus em vão.
Portanto, em vez de dizer “Deus”, se dizia “o tro
no” ou “os céus”. (É por isso que, às vezes, o Apo
calipse, em lugar de dizer “Deus”, diz “o que esta
va sentado sobre o trono”). Portanto o que Mateus
querque
mo dizer com dos
o resto a frase “Reino dos
evangelhos céus”
indica é o mes
ao falar do
“Reino de Deus”.
“lá de cima”,
promessa no “mais distante”, e não como uma
futura.
Ainda que mais adiante, ao tratar sobre “o
alcance do Reino”, voltaremos sobre esse ponto,
devemos realçar aqui que da mesma forma que o
Reino não se caracteriza por estar “mais distan
te”, tampouco se caracteriza por ser puramente
espiritual.
an tiga - poEm
r eboa parteosdaescritos
xemplo, literatura
decristã
Irineumais
no
século I I - assim como no Novo Testam ento, a
esperança cristã tem um a dimensão terr ena, pois
se fala da abundância material e contentamento
físico. Foi só posteriormente que essa dimensão
terrena foi abandonada, e começou a se falar de
b) O alcançe do Reino
c) O caráter do Reino
novaIsso implica
ordem, que adaautoridade
diferente cristã
atual. A ordem é de uma
presente -
ou, como freqüentemente diz o Novo Testamento,
“este século” (Mt 13.22,40; Mc 4.19; 16.8; Rm 12.2;
1 Co 1.20; 2.6,8; 2 Co 4.4; G11.4; Ef 1.21; 6.12; etc.)
- caracteriza-se pelo abuso do poder, pela mesqui
nharia, pelo interesse próprio etc. Em contraste, a
ordem do Reino se caracteriza pelo amor aos rejei
tados, aos oprimidos, aos desvalidos e atoda pessoa
em necessidade. O próprio Jesus descreve esse con
traste assim: “Sabeis que os que são considerados
governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e
sobre eles os seusmaiorais exercem autoridade.Mas
entre vós grande
tornar-se não é assim;
entre pelo contrário,
vós, será esse oquem quiser
que vos sir
va; e quem quiser ser o primeiro entre vós será ser
vo de todos. Pois o próprio Füho doHomem não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate por muito.” (Mc 10.42-45).
que Portanto
constitui aa primeira
esperançacaracterística do Reino,
cristã, é o serviço aos
demais, enquanto que a característica dos reinos
“deste século” é o interesse próprio. Além do mais.
boa parte da teoria política contemporânea funda
menta-se no interesse próprio, argumentando -
provavelmente com razão - que aquilo que dá uni
dade a uma sociedade qualquer é um contrato
social que funciona (ou pretende funcionar) em
benefício de seus participantes.
Esse serviço, todavia, tem lugar em uma
ordem de justiça. “Neste século”, o serviço muitas
vezes é uma desculpa para a exploração, pois os
poderosos esperam Na
sentido contrário. serviço dos do
ordem fracos, masem
Reino, nãocon
em
traste, não há exploração, mas justiça e eqüi
dade.
A esperança da justiça é tema central em toda
a Bíblia. A promessa que o salmista canta é que
“Da terra brota a verdade, dos céus a justiça bai
xa o seu olhar... A justiça irá adiante dele, cujas
pegadas ela transforma em caminhos” (SI
85.11,13). O profeta Isaías, ao falar de que “um
menino nos nasceu, um filho se nos deus; o go
verno está sobre os seus ombros.” (Is 9.6), diz que
esse menino sentará sobre o trono de Davi, “Para
0
estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justi
ça, desde agora e para sempre” (Is 9.7). E, mais
adiante, referindo-se a “pedra” que Deus pôs como
fundamento em Sião, diz: “Farei do juízo a régua
e da justiça, o prumo” (Is 28.17, veja também Is
32.16; 42.1,6-7; 51.5-6; etc). Da mesma forma, o
temademais
nos da justiça como(veja,
profetas promessa de Deus aparece
por exemplo, Jr 23.5;
33.15). No Novo Testamento, Jesus diz a seus dis
cípulos : “Bem aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque serão saciados” (Mt 5.6), e ao
falar da tarefa de seus discípulos, diz que essa
deve ser a de buscar “o Reino de Deus e sua justi
ça” (Mt 6.33).
Além disso, essa justiça não consiste única e
principalmente em castigar os maus e premiar os
bons, mas sobretudo no estabelecimento de uma
nova ordem na qual todos gozarão por igual os
benefícios da criação. Por isso, o profeta Miquéias,
ao descrever
tar-se-á “osum
a cada últimos dias”,
debaixo de declara que “assen-
sua videira e debai
xo de sua figueira” (Mq 4.4). Com palavras seme
lhantes, Zacarias declara que “Naquele dia, diz o
Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará
ao seu próximo para debaixo da vide e para debai
xo da figueira” (Zc 3.10).
Junto a essa distribuição eqüitativa dos bens,
o Reino de Deus se caracteriza também pela paz.
“Neste século”, os esforços para estabelecer a jus
tiça freqüentementevêm acompanhados de violên
cia e destruição. Mas o que a esperança cristã pro
mete é um Reino de justiça com paz. Já citamos a
visão do “reino pacífico” de Isaias 11, na qual “ha
bitará o lobo com o cordeiro”. O próprio Isaías diz,
em outro lugar (32.17), que “O efeito dajustiça será
a paz; e o fruto da justiça, repouso e segurança
para sempre”. E o salmista canta o dia da salva
ção de Deus como o tempo em que a “a justiça e a
paz Parte
se beijarão” (SI 85.10).
dessa paz é o consolo e o fim dos sofri
mentos. Paulo diz que tanto a criação como “nós
mesmos” estamos sofrendo dores de parto, espe
rando o dia da nossa libertação de tais dores. Apo
calipse promete que Deus “lhes enxugará dos olhos
toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não
haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as pri
meiras cousas passaram” (Ap 21.4).
d) Cidadãos do Reino
ça Infelizmente, comsido
escatológica tem muita freqüência
utilizada comoa desculpa
esperan
para escapar das decisões difíceis da vida e, prin
cipalmente, para não enfrentar as injustiças da
ordem presen te. Tal tem sido o caso esp ecia lme nte
quando se p en sa que o Reino de De us é um “alé m”
onde moram as almas dos salvos, que não tem
relação alguma com o restante da criação ou com
a ordem social e econômica. É dito para nós, en
tão, que se há fome ou opressão agora, não
temos que nos preocupar, pois no céu haverá
abundância e liberdade. Também nos é dito que,
visto que o que há de salvar-se é unicamente a
alma, o que aconteça aos corpos é de importância
secundária. Baseados no que vimos sobre o
alcance do Reino, percebemos que isso é um erro,
pois 0 Reino inclui toda a criação, e que mais do
que 0 além o Reino é uma ordem distinta.
3. A vida etema
Até aqui nos ocupamos daquilo que para mui
tos é o centro da escatologia, a vida eterna. A vida
depois da morte, o céu e o inferno têm cativado a
imaginação das pessoas através dos séculos. Pin
tores, poetas e pregadores
dros sobrecarregados nosnotêm
da vida céuoferecido qua
e no inferno,
de modo que, em qualquer museu e em muitas
igrejas, encontramos quadros nos quais anjos
magníficos voam em torno das nuvens, às vezes
em companhia dos santos, louvando a Deus com
harpas e com trombetas.
dros assustadores E vemos
nos quais também quae
seres demoníacos
deformados torturam as almas dos condenados
ao inferno. Ainda que hoje estudemos tais qua
dros como parte da história da arte, quem os pin
tou não tinha o propósito puramente estético. Pro
punham-se, antes recordar-nos que a morte se
aproxima, e que temos de pensar no que virá de
pois. Portanto, ao mesmo tempo em que se convi
dava as pessoas a imaginar o tormento do inferno
OUos prazeres do céu, elas eram chamadas a vi
verem a vida presente tendo em vista a vida fu
tura.
isso Na
queBíblia, a intenção
no jardim do ÉdendeseDeus é a vida.
encontra, alémPor
da
árvore do conhecimento do bem e do mal, a árvore
da vida. É depois do pecado que Deus fecha para a
humanidade o caminho da árvore davida (Gn 3.22
24). Porém a árvore que se proíbe em Gênesis é
prometida em Apocalipse, onde aparece no meio
da nova Jerusalém, e cujas folhas são para a sal
vação das nações (Ap 22.2). E visto que a intenção
de Deus não é a morte, mas a vida, a Bíblia afirma
também a “esperança da vida eterna que o Deus
que não pode mentir prometeu antes dos tempos
eternos” (Tt 1.2). Certamente, parte da esperança
cristã - dessa esperança que não é um mero an
seio, mas sim uma segurança fundamentada nas
promessas de Deus - é a continuação da vida na
eternidade, ainda além da morte.
Porém a promessa e a realidade da vida eter
na não se limitam a idéia da continuação por um
tempo indefinido,
que a Bíblia chamamas incluem
de ‘Vida um modo
abundante” (Jode viver
10.10).
Tal vida não começa com amorte, mas começa com
o nosso novo nascimento em Cristo e culmina com
nossa presença com Ele em glória. A primeira Epís
tola de João 0 expressa assim: “Deus nos deu a
vida etema; e esta vida está no seu Filho. Aquele
que tem o filho, tem a vida; aquele que não tem
o Filho de Deus, não tem a vida” (1 Jo 5.11-12).
Paulo 0 afirma em outras palavras, declarando que
quem é cristão já morreu para a velha vida: “por
que morreste, e a vossa vida está ocultajuntamente
com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nos
sa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória” (Cl 3.3-4).
Trata-se então de uma qualidade de vida fun
damentada no conhecimento e na experiência do
amor e da fidelidade de Deus - manifestados, defi
nitivamente, na encarnação, morte e ressurreição
de
porJesus
quem Cristo. Consiste
é o único emAmor.
e perfeito amar e ser amado
Dito de outro modo, a vida etema da qual goza
mos desde agora é uma antecipação da vida do
Reino e é, portanto, a vida de amor, de paz, de ser
viço e de justiça. Viver “em Cristo” é viver como
quem sabe que sua verdadeira vida está escondi
da com Cristo, esperando a manifestação gloriosa
de Cristo e de seu Reino.
Parte dessa vida consiste na vitória sobre a
morte. Não porque a alma seja imortal por natu
reza - que não o é - mas porque Deus é Deus de
vida. Isso tem se manifestado, completamente, na
vitória de Jesus Cristo sobre a morte, que é a pri-
mícia de nossa própria ressurreição, e é por isso
que podemos dizer, como Paulo: “Onde está, ómor
te, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu agui
lhão? ... Graças a Deus, que nos dá a vitória por
intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co
15.55,57).
Como se di sse anteriormente, a esperança cris
tã da vida após a morte se expressa não em ter-
mos da imortalidade da aima, mas em termes da
ressurreição do corpo. Isso é o que afirma o Credo
Apostólico, onde declaramos que cremos “na res
surreição do corpo e na vida eterna”. A “vida eter
na” é vida que culmina após “a ressurreição do
corpo”.
A diferença entre a teoria da imortalidade da
aima e a doutrina cristã da ressurreição do corpo
é importante pelo menos por duas razões. A pri
meira delas é que, desse modo, afirmamos que
nossa esperança de vida não se baseia em nós
mesmos, ou em nossa própria natureza suposta
mente imortal, senão que se baseia na ressurrei
ção de Jesus Cristo. É por sua vitória sobre
a morte que nos unimos a Ele como membros
de seu corpo, sabendo que vamos viver com Ele.
A segunda é que, dessa maneira, afirmamos que
os propósitos de Deus incluem não só as almas e
as realidades “espirituais”, mas também toda a
nossa realidade “terrestre”. Deus nos ama e nos
promete vid a não como almas d esenca rnada s, ma s
como seres humanos completos.
N ão m e m ove , m eu D eu s a qu er er t e
O cé
u qu e m e t en s p r om et i d o,
N em m e l eva o i nf er n o tão te m i d o
A d ei xa r p or i sso de ofe n de r te .
T u m e m ove s, Se n h or , m ove m e o ve r t e
Cr a vad o em u m a c r uz e escar n eci do;
M ov em e ve r t eu co r po tão f er i d o;
M ove m m e tu as afr on ta s e tu a m or te .
M ove m e, e n fi m , te u am or , de tal m an ei r a
Q u e m esm o se n ão h ou v esse cé
u , eu t e a m a r i a
E a i n d a q u e n ão h ou ve sse i nf er n o, t em er t ei a
N ão m e t en s qu e d a r por qu e te que r o,
P oi s a i n d a qu e o qu e esp er o n ão esp er a sse
Qu er er t ei a a ssi m co m o qu e te qu er o.
AUTORES MENCIONADOS
A n se lm o de C a n te r b u ry (C a n tu á r ia )
(1033-1109). Filósofo e teólogo do século XI, consi
derado o pai da teologia escolástica, a qual foi pre
dominante nas escolas e universidades durante a
Idade Média.
Apolinário (310-390). Bispo da cidade de Lao-
dicéia, na Síria. Expoente do tipo de teologia que,
freqüentemente, associa-se a cidade deAlexandria.
Basílio
cidade, de Cesaréia
também conhecido(330-379). Bispoo dessa
como “Basílio Gran
de”. Teólogo que se destacou por sua defesa da dou
trina trinitaria e, principalmente, por sua obraDe
Spiritu Sancto [sobre o Espírito Santo].Fundador
do monasticismo oriental.
Da r wi n (1809-1882). Proponente da
, C harles
teoria da evolução sobre a srcem das espécies.
A princípio, foi um homem religioso e promotor das
missões cristãs. Mas, com o passar do tempo e,
sobretudo, em vista das controvérsias levantadas
por suas obras, foi se inclinando na direção do gnos-
ticismo.
Francisco de Assis (1181-1226). Fundador
da ordem dos franciscanos. Destacou-se por sua
insistência na pobreza voluntária, por sua simpli
cidade e por seu amor a todos.
Galileu (1564-1642). Astrônomo e matemáti
co italiano. Seu apoio às teorias de Copérnico fez
com que se chocasse com a Inquisição, que lhe con
denou a prisão.
Irineu
se por (século II).
seus escritos Bispo
contra de Lyon. Destacou-
os gnósticos. Suas duas
grandes obras são uma de nossas melhores fon
tes para conhecer a teologia cristã do século se
gundo.
Marcíão
traste (século
absoluto entreII): Propôs
o Deus doaAntigo
teoria deum con
Testamen
to e O do Novo - o primeiro, vingativo; o segundo,
amigo e perdoador. Segundo ele, somente Paulo
entendeu, verdadeiramente, o evangelho da gra
ça. Seu Novo Testamento era formado pelo Evan
gelho de Lucas e pelas Cartas de Paulo - ainda
que lhes tirando tudo o que houvesse de citações
do Antigo Testamento.
Teresa
Mística de Ávila
espanhola, (Santa Teresa,
reformadora 1515-1582):
da ordem das car
melitas e poetisa. A Igreja Católica Romana a con
sidera “Doutora da Igreja”.
Zanchi,
testante Jerônimo
italiano, (1516-1590):
professor Teólogo epro
em Estrasburgo em
Heidelberg. Foi ardente defensor da mais rígida
predestinação, que defendeu em sua obraA Dou
trina da Predestinação Absoluta.
A
Abelardo - 133
Agostinho - 30, 106, 110, 111, 154, 173, 176, 181, 193,
194, 195, 199, 212
Albrecht Ritschl - 133
Anselmo - 70, 71, 131
Anselmo de Cantuária - 69, 130, 133
Apolinário - 127
Ário - 79, 80
Aristóteles - 92, 236
Averróis - 92
B
Boaventura - 30, 92
C
Calisto - 173
Charles Darwin - 93
Cipriano - 154, 159, 173, 200
Clemente de Alexandria - 20, 110
Copérnico - 94 F
Francisco de Assis - 181
Frei Luís de Léon - 162
G
Galileu - 15, 16, 94
Gregório de Nissa - 117
Gregório Nazianzo - 26, 39
Gustav Aulén - 135
H
Hegel - 29, 31
Hermas - 62
Hipólito - 173, 206
Hugo de São Vítor - 195
J
Jerônimo Zanchi - 18
João Calvino - 42, 61, 111, 149, 167, 168, 169, 184, 194,
202, 214, 215
João Huss - 211
João Wesley - 42, 149, 178, 181, 184
John Nelson Darby - 222, 223
Juão Escoto Erígena - 29
Justino Mártir
Justino - 20, 30,- 65, 197 193
29, 64,
K
Karl Barth - 24, 28, 75
Kempis - 39
Marcião - 28, 87, 122 M
Martinho Lutero - 41, 60, 112, 129, 148, 181, 202, 214
Melanchthon - 129
N
Nestório - 126, 127, 128
Novaciano - 173
O
Orígenes - 17, 20, 29, 250
P
Pedro Lombardo - 196
Platão - 20, 22, 86, 231, 244
R
Rudolf Bultmann - 29
s
Sócrates - 244
Soren Kierkegaard - 18
Spener - 175
T
Tertuliano - 28
Tomás de Aquino - 29, 30, 39, 68, 87, 92
u
Ulrich Zuínglio - 39, 184, 214
V
Vicente de Lerins - 43
Z
Zanchi
Zorrilla- -66
47
INDICE DE TEXTOS BÍBLICOS
VELHO TESTAMENTO
Gênesis
1 17, 101
le 2 94
1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24 73
1.11-12 54
1.20-27 95
1.26 115
1.26-27 101
2 17, 99, 100, 101
2.7 103
2.7 98
2 .1 5 197
2.15-22 95
2 .1 8 100
2.19 99
2.23 101
3 106
3.16 100
3.17 99
3.19 99
3.20 100
3.22-24 245
3.26 100
32.9 53
Êxodo
3.6, 15-16 53
14.13 143
20.2 53
22.21-23 35
23.9 35
Levítico
19.9-10 35
23.22 35
26 54
26.3-4 54
Deuteronômio
5.15
11.17-19 56
35
14.29 35
16.12 56
24.17-22 35
24.22 56
27.19 35
Josué
10.12-13 94
10.13 16
Juizes
15.18 143
1 Samuel
8.5-22 57
10.19 57
2 Samuel
22.3 143
Salmos
10.14, 18 35
19.1 50
68.5-6 35
85.10 239
85.11,13 238
136.13, 14 56
139.8 251
146.5 227
Isaías
1.17 35
9.6 238
9.7 238
11 239
11.6 234
238
28.17
32.16 238
32.17 239
42.1,6-7 238
51.5-6 238
55.11 73
55.8-9 59
Jeremias
7.6 35
17.13 227
22.3 35
23.5 238
33.15 238
Ezequiel
4.5 53
18.4,20 244
22.7,29 35
Amós
9.7 56
Miquéias
4.4 239
Zacarias
3.10 239
7.10 35
Malaquias
3.5 35
NOVO TESTAMENTO
Mateus
4.17 233
4.4 190
5.6 239
6.33 239
8.12
9.36 249
163
10.6 84
10.28 104
10.28 244
11.6 229
13.22,40 237
13.24-30
13.42,50 176
249
14.12 198
16.18 251
19.21 175
20.28 104
22.13 249
22.32 53
24.21 223
24.51 249
25.30 249
25.31-32 123
25.34-40 219
25.41 248
26.19 198
26.29 199
26.31 163
28.19 203
Marcos
1.14 229
4.19 237
10.42-45 237
12.26 53
12.40 35
14.25 199
16.8 237
Lucas
2.40
2.7
122
122
4.4 190
4.43 229
8.1 229
9.2-11 229
13.18,20 229
13.28
17.21 249
233
20.37 53
20.47 35
274
22.7-8 198
22.16 199
João
1.1 74
1.3 73
1.11 91, 121
1.14 74
5.17, 30, 36 77
10.10 245
10.11 104
10.16 162, 163
10.30 77, 121
13.1-17 195
14.6 77
14.9 58
17.21 171
Atos
1.3 229
1.7 226
2.44-45 185
3.13 53
4.32-35 185
5.1-11 163
7.32
8.12 53
229
8.16 185
9.40 185
10.48 185
16.33 206
17.24-26 84
19.5
19.8 185
229
20.25 229
20.28-29 163
20.36 185
21.5 185
28.23, 31 229
Romanos
1.19-20 51
I.25 84
2.15 51
3.23 109
5.1-5 226
5-8 159
5.10-11 227
5.12 109
5.18 250
6.4 198
8.21 252
8.21-23 235
8.24-26 228
II.1-5 161
12 155
12.2 237
12.4-8 156
12.5 156
15.13 227
1 Coríntios
I.20 237
2.6,8 237
7.38 175
10.16-17 166
11.5-6 185
II.26 199
11.29
12 158
155, 157
12.12 157
12.14 157
276
12.22-25 158
13.13 226
15.22 109, 138^
15.45
15.55,57 214368
2 Coríntios
1.22 229
4.4 58, 237
5.5 84, 229
13.13 76
Gálatas
1.4 237
5.5 227
Efésios
1.10
1.13-14 212399
1.21 237
1.22-23 156
2.19 162
4.8-9 137
5.23 156
5.23-27
6.12 1113,
61 237
Filipenses
2.10 249
3.20 240
Colossenses
1.15 58
1.18 156
1.22 227
1.27 227
2.12 198
2.15 113, 123
2.19
3.3-4 1150,
56 246
3.10 76
1 Tessalonicenses
5.23 104
11.1Timóteo 226
Hebreus
3.4 84
6 227
6.18-19 225
6.18-20
11.13-16 22
2470
11.14-16 161
13.30 163
Tiago
2.20 116
5.20 244
1 Pedro
1.2 77
1.3 225
2.4-5 162
2.9-10 160
2.11
2.25 116613
3.15 225, 240
4.19 84
278
1 João
5.11-12 245
Tito
1.2 245
Apocalipse
7.14 223
14.7 84
19.7 161
20 223
20.12-15 248
20.14 249
21.1 235
21.2-9 161
21.3 234
21.4 240
21.22 240
22.1 198
22.2 245
22.17 161