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Texto da aula Aulas do curso

A Divina Eucaristia e seus Milagres

Uma instituição divina


Ao subir aos céus, Jesus deixou de estar presente no mundo como estivera com os  Apóstolos e seus discípulos,
e para não privar de sua presença divino-humana os que haviam de crer sem ter visto, confiou à Igreja o
sacramento de seu corpo e sangue, que há de existir até a sua vinda gloriosa.

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Vimos na aula passada que existem diversas formas de presença de Deus, entre as quais se
conta, como a mais íntima e inefável, a união hipostática. Em virtude dela, o Verbo divino está
presente em uma natureza humana unida a si substancialmente. Vimos também que o Filho
encarnado, para perpetuar pelos séculos sua presença entre os homens não só quanto à
divindade, mas também quanto à humanidade, instituiu a santíssima Eucaristia.

De fato, a Encarnação, realizada tão-logo a Virgem Maria disse sim às palavras do anjo, e a
passagem de Cristo em carne visível nos seus dias sobre a terra (Hb 5,7) foram acontecimentos
históricos irrepetíveis. Ao subir aos céus, Jesus deixou de estar presente no mundo como
estivera com os Apóstolos e seus discípulos, e para não privar de sua presença divino-humana
os que haviam de crer sem ter visto (cf. Jo 17,20), confiou à Igreja o sacramento de seu corpo e
sangue, que há de existir até a vinda gloriosa do Senhor.

Não se trata, como talvez pensem alguns, de uma “invenção herética” do catolicismo, mas de
uma invenção salvífica do próprio Redentor, nascida de suas entranhas de misericórdia. Ora,
que ele possa estar realmente presente na Eucaristia, mantidas as aparências de pão e vinho,
não deveria ser problema para quem crê na divindade de Jesus e, por conseguinte, em sua
onipotência, capaz de maravilhas que ultrapassam nosso pobre entendimento.

O propósito desta aula será mostrar justamente que essa possibilidade é fato consumado: na
Última Ceia, Nosso Senhor Jesus Cristo pôs-se real e sacramentalmente sob as sagradas
espécies, em antecipação de seu sacrifício na cruz, e ao mesmo tempo conferiu aos Apóstolos
o poder de repetir aquele ato em sua memória.

É verdade que, para o católico, provas bíblicas não são em si mesmas necessárias, pois basta-
lhe a voz autorizada do magistério eclesiástico, garantidor infalível da verdade revelada. O
Concílio de Trento, por exemplo, ensinou de forma solene o dogma da presença real, o que é
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suficiente para o fiel dar a tal doutrina um assentimento de fé divina. Mas para que se veja
melhor como a Igreja Católica não contradiz em nada a Sagrada Escritura, senão que a guarda
e expõe fielmente, ouçamos o que nos diz a Palavra escrita de Deus a esse respeito.

Na Escritura, encontramos quatro relatos da instituição: três nos sinóticos, Mateus (cf. 26,26ss),
Marcos (cf. 14,22) e Lucas (cf. 22,15ss), e um em São Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios
(cf. 11,23ss). João, como é sabido, não narra a instituição da Eucaristia, mas ensina a doutrina
católica no famoso discurso do pão da vida (cf. Jo 6). Pois bem, tanto nos sinóticos quanto em
São Paulo, está mais do que claro que as palavras e gestos de Cristo na Última Ceia não foram
puramente simbólicos ou proféticos, mas verdadeiramente produtivos daquilo que
significavam.

Iremos limitar-nos aqui ao exame da carta de Paulo, e isso por uma razão bastante simples:
trata-se do texto mais antigo e, portanto, de um documento de primeira importância para saber
no que criam os primeiros cristãos. Sabemos que ela foi escrita em Éfeso, ou seja, não antes de
54 d.C, como o próprio Paulo afirma no último capítulo: Todavia ficarei em Éfeso até
Pentecostes (1Cor 16, 8), do que também se pode inferir que ela foi escrita provavelmente ao
final de sua estadia na cidade, isto é, até no máximo 57 d.C.

Estamos portanto a somente vinte anos da ascensão de Nosso Senhor. Não havia Bíblia, pois
nem o cânon do Antigo Testamento fora definido nem os livros que hoje compõem o Novo
tinham sido escritos. Além da Primeira Epístola aos Coríntios, só havia a Primeira e a Segunda
aos Tessalonicenses. Ora, se não tinham a Bíblia à sua disposição, como os fiéis sabiam em
que crer e como prestar culto à Santíssima Trindade? Graças à Tradição divino-apostólica, isto
é, à pregação oral dos Apóstolos, os quais, antes de pôr qualquer coisa por escrito, transmitiram
oralmente tudo o que aprenderam de Cristo e lhes foi comunicado pelo Espírito da Verdade.

Vamos, enfim, ao texto em questão. O Apóstolo, antes de expor o rito da consagração, diz qual é
a fonte e o valor de seu ensinamento: De fato, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti
(1Cor 11,23). Em grego, lê-se: Ἐγὼ γὰρ παρέλαβον, que quer dizer, “Eu, na verdade, recebi” não
como invento ou tradição humana, mas ἀπὸ τοῦ κυρίου, imediatamente “do Senhor”, por
iluminação sobrenatural ou mesmo por visões extraordinárias (cf. Gl 1,12), ὃ καὶ παρέδωκα ὑμῖν,
“o que eu vos transmiti” (em latim, tradidi) não por escrito, mas de viva voz. Essa tradição ou
entrega, se tem por fonte primária a Cristo mesmo (do Senhor) e seu divino Espírito, tem como
canal autorizado de comunicação a pregação apostólica. 

Em seguida, Paulo começa a relatar o altíssimo mistério para o qual deviam estar muito bem
preparados os fiéis de Corinto: O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e,
dando graças, o partiu e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto
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em memória de mim… Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto em memória de
mim (1Cor 11,23s). 

Em ambas as consagrações, o que vem em primeiro lugar é uma proposição declarativa, com a
qual se afirma a identidade real (“é”) entre o corpo e o sangue de Cristo e o que Ele tem em
mãos (as espécies de pão e de vinho): τοῦτό μού ἐστιν τὸ σῶμα, Isto é o meu corpo; τὸ ὑπὲρ
ὑμῶν, que é dado ou entregue por vós; τοῦτο τὸ ποτήριον ἡ καινὴ διαθήκη ἐστίν, Este é o cálice
da nova aliança etc. A conclusão vem expressa nos dois casos por um mesmo mandado: οῦτο
ποιεῖτε εἰς τὴν ἐμὴν ἀνάμνησιν, ou seja: Fazei isto que acabo de fazer, convertendo o pão em
minha carne e o vinho em meu sangue, em memória de mim, não só como recordação de
minha morte e de vossa libertação, mas em atualização incruenta desta nova e definitiva
Páscoa (ἀνάμνησιν, aqui, tem a força de zikaron em hebraico = tornar o passado presente).

Por estas palavras, οῦτο ποιεῖτε, Fazei isto, Jesus não só instituiu o sacramento da Eucaristia
como ordenou os Apóstolos sacerdotes, uma vez que não poderiam oferecer seu corpo e
sangue se não recebessem poder para tanto. Com efeito, as santíssimas palavras da
consagração são factivas da coisa significada, pois Jesus Cristo, sendo Deus todo-poderoso,
pode só com a voz produzir realmente o que significa por ela (criar a luz, curar corpos,
exorcizar demônios, perdoar pecados, acalmar tempestades etc.). Os Apóstolos, porém, tinham
de receber uma participação deste poder, e é por isso que o sacerdote na Missa age in persona
Christi — na pessoa de Cristo, enquanto ministro dele, atuando por sua força e autoridade,
fazendo o que Ele mesmo fez.

Se nada disso fosse verdade, de duas uma: ou Jesus enganou os Apóstolos, deixando-os crer
ingenuamente que o que parecia pão era na verdade o seu corpo, ou então os Apóstolos
tomaram realmente a carne do Senhor sob a aparência de pão. Ora, como Deus não pode
enganar-se nem nos enganar, é evidente que Jesus, tanto pelo teor das palavras como pelo
contexto, tão sacro e solene, não se pronunciou em sentido simbólico ou profético, mas próprio
e natural, produzindo ao mesmo tempo o que as palavras denotavam diretamente: Isto é o meu
corpo, e não mais pão; este é cálice do meu sangue, e não mais vinho; fazei isto, como vos
mando e com o poder que vos dou, em memória de mim.

É verdade que São Paulo não faz mais do que citar as palavras da instituição sem explicar o
que querem dizer, mas isto porque o supõe como algo claro e já conhecido; daí que passe a falar
em seguida da gravidade da comunhão sacrílega. Tal gravidade, observa o cardeal Franzelin,
funda-se objetivamente na coisa que é indignamente recebida e, portanto, injuriosamente
tratada; ora, como esta coisa não é senão o corpo e o sangue de Cristo, como se depreende das
palavras antes citadas, quem o recebe indignamente torna-se culpado de injúria contra o corpo
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e sangue do Senhor (1Cor 11,27).

Subjetivamente, a gravidade do sacrilégio se funda no fato de o homem não distinguir na


prática nem estimar pelo ato aquele a quem recebe, tratando-o não pelo que é, o corpo do
Senhor, mas pelo que parece, um pedaço de pão comum (cf. 1Cor 11,27.29). Ora, esta conclusão
— a de que o homem, considerada a coisa recebida, é réu do corpo e do sangue do Senhor e,
considerado seu modo de agir, não estima nem considera tal coisa por aquilo que ela é, o corpo
do Senhor — mostra evidentemente que Paulo supõe como algo claro e conhecido que, pelas
palavras eucarísticas, o corpo e o sangue estão presentes como a coisa que ali é manducada e
bebida.

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