Você está na página 1de 5

AO JUÍZO DO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL

FEDERAL DA XXª REGIÃO.


IMPETRANTE: XXXXXXXXXX
PACIENTE: XXXXXXXXXXXX
AUTORIDADE COATORA: XXXXXXXXX
Advogado inscrito na OAB/XX, com escritó rio no endereço xxxxxxxxxx, Nº XXX Bairro:
XXXXX Cidade: XXXX/XX vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar,
com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituiçã o Federal e art. 648, IV, do Có digo de
processo Penal a presente açã o de
HABEAS CORPUS, COM PEDIDO DE LIMINAR
Em favor de XXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, Presidente da Câ mara dos
Vereadores, residente e domiciliado no endereço XXXXX Nº XX Bairro: XXXX Cidade:
XXXX/XX, pelas seguintes razõ es de fato e de direito em face contra ato da autoridade
coatora do Meritíssimo Juiz de Direito da XX Vara Criminal da Comarca de Conceiçã o do
Agreste/CE pelas seguintes razõ es de fato e de direito a seguir:
I - DOS FATOS
No dia 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, Dr. Joã o Rajã o, recebeu
em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresá rio, só cio de uma empresa interessada em
participar das contrataçõ es a serem realizadas pela Câ mara de Vereadores.
Imediatamente, o Sr. Paulo relatou ao Delegado que, naquela data, o Vereador Joã o Santos,
o Joã o do Açougue, que exerce, atualmente, a funçã o de Presidente da Comissã o de
Finanças e Contratos da Câ mara de Vereadores do Município de Conceiçã o do Agreste/CE,
junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosá rio, membros da mesma Comissã o,
haviam exigido de Paulo o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua
empresa pudesse participar do referido procedimento licitató rio, que estava agendado
para o dia seguinte.
A vítima estava bastante nervosa e apreensiva com tal exigência, uma vez que sua empresa
preenchia todos os requisitos legais para participar da referida concorrência, que era
fundamental, inclusive, para a manutençã o de seu negó cio. Deste modo, nã o titubeou em
procurar a polícia e relatar todo o ocorrido.
Apó s ouvir atentamente a narrativa de Paulo, o Delegado Joã o, visando prender todos os
envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os
vereadores a entrega da quantia na pró pria sessã o de realizaçã o da licitaçã o, oportunidade
em que uma equipe de policiais disfarçados estaria presente para efetuar a prisã o dos
envolvidos.
Assim, no dia seguinte, no horá rio e local designados para a realizaçã o da concorrência
pú blica, os policiais, que esperavam o ato, realizaram a prisã o em flagrante dos vereadores
Joã o do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosá rio, no momento em que estes
conferiam o valor entregue por Paulo.
Ocorre que, por ironia do destino, seu cliente, Zé da Farmá cia, na qualidade de Presidente
da Câ mara de Vereadores do Município de Conceiçã o do Agreste/CE, resolveu, naquele
exato dia, assistir à Sessã o da Comissã o de Finanças e Contratos da Câ mara para verificar
se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz.
Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava presente
no Plená rio da Câ mara no momento da operaçã o policial e acabou também preso em
flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.
Apresentados ao Delegado Joã o Rajã o, este lavrou o respectivo auto de prisã o em flagrante
delito da forma estabelecida na legislaçã o pá tria (pela prá tica do delito de corrupçã o
passiva, previsto no artigo 317, do Có digo Penal) e o encaminhou ao Juiz competente no
prazo devido.
Comunicada a Autoridade Judiciá ria, esta determinou a apresentaçã o dos presos, em
audiência de custó dia, a ser realizada no dia seguinte à prisã o.
Na data e no horá rio designados, os réus foram representados pelo Procurador da Câ mara
dos Vereadores, que requereu a liberdade deles, com a decretaçã o de medidas cautelares
diversas da prisã o.
Entretanto, o MM. Juiz, acatando o pedido do Ministério Pú blico de conversã o da prisã o em
flagrante em prisã o preventiva, decretou a prisã o preventiva de todos, nos termos do art.
310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pú blica, tendo em
vista a gravidade e a repercussã o do crime.
II – DO DIREITO
II.I - A ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, para corroborar com tal
alegação, seguem abaixo os artigos pertinentes:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:


I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a
realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II.II - O FLAGRANTE PREPARADO para constatar verifica-se abaixo:

De acordo com a súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, “não há crime quando a
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”, ou seja,
não há crime quando o fato é preparado mediante provocação ou induzimento,
direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar ou arranjar o
flagrante.

A súmula, portanto, incide no momento em que a autoridade policial, provoca a


execução do delito, surpreendendo o indivíduo em flagrante, interferindo,
consequentemente na sua consumação, resultando, como entendimento de nossa
corte suprema, o crime impossível e o flagrante nulo.

Portanto, tratando-se de verdadeiro crime de ensaio, configura-se forma irregular de


prisão, não tendo valor como peça coercitiva da liberdade.

Ou seja, o flagrante preparado é ilegal e se denomina como crime impossível, baseado na


espécie de crime impossível por obra do agente provocador, onde verificamos o
comportamento instigador da polícia, evitando desta forma a consumaçã o do crime,
excluindo por consequente sua tipicidade.
Há , pois, provocaçã o sempre que a polícia intervier, direta ou indiretamente, no pró prio
iter criminis, uma açã o que leve o suspeito a cometer um determinado crime que nã o
cometeria se nã o fosse a atuaçã o policial.
Por hora, cumpre ressaltar, que, com a intervenção policial, estes, agem para que o resultado
seja evitado. Estamos diante do fato de que, o meio utilizado para configuraçã o do crime,
seja absolutamente ineficaz à consumaçã o impedindo o resultado advindo da conduta.
LOPES JR. esclarece que referido flagrante nã o passa de uma cilada, uma encenaçã o teatral,
tendo em vista que o agente é induzido à prá tica de um delito por um agente provocador,
geralmente um policial ou alguém a seu serviço
II.III - CABIMENTO DA MEDIDA LIMINAR
Periculum In Mora verifica-se o receio que a demora da decisã o judicial cause um dano
grave ou de difícil reparaçã o ao bem tutelado.
Isso frustraria por completo a apreciaçã o ou execuçã o da açã o principal.
Portanto, juntamente com o fumus boni iuris, o periculum in mora é requisito indispensá vel
para a proposiçã o de medidas com cará ter urgente (medidas cautelares, antecipaçã o de
tutela).
Fumus Boni Iuris verifica-se um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe.
Nã o há , portanto, a necessidade de provar a existência do direito, bastando a mera
suposiçã o de verossimilhança.
Esse conceito ganha sentido especial nas medidas de cará ter urgente, juntamente com o
periculum in mora.
A configuraçã o do periculum in mora exige a demonstraçã o de existência ou da
possibilidade de ocorrer um dano jurídico ao direito da parte de obter uma tutela
jurisdicional eficaz na açã o principal.
III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja concedida a ordem de habeas corpus, liminarmente, em
favor do paciente, uma vez que presentes a probabilidade de dano irrepará vel e a fumaça
do bom direito, a fim de que seja relaxada a prisã o em flagrante ou concedida a liberdade
provisó ria com ou sem medidas cautelares e com ou sem fiança, no que for mais favorá vel
ao paciente e expedido o competente alvará de soltura.
Requer a concessã o da presente ordem de habeas corpus com a consequente expediçã o de
alvará de soltura, concessã o da liminar, regular prosseguimento do feito e no mérito a
concessã o definitiva do presente writ.
Requer ainda o regular prosseguimento do feito com a ratificaçã o da liminar concedida,
decretando-se a liberdade provisó ria ao paciente.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
Local, data.
Nome do advogado.
OAB do Advogado.
______________________________________________________
**Leia mais:
• Assédio moral: existe ou é desculpa de funcionário que não quer trabalhar?
• Golpe do boleto falso: alguém cai nesse golpe
• 9 casos práticos trabalhistas: em parceria com o Dr. Kayo Melo
• Estelionato sentimental: existe ou será só um desgaste emocional e psicológico?
• 6 Pilares essenciais para ser um ser humano inestimável, bem como um
profissional excelente
• Meios alternativos de solução de conflitos - Mediação, Conciliação e Arbitragem
• Auxílio Doença: 13 informações importantes
• 10 Passos para acionar o Reembolso de Despesas Médicas (DAMS) -DPVAT
__________________________________________________
Espero que eu tenha colaborado!
Quer contribuir com alguma opinião ou sugestão?
Deixe aqui nos comentários!
Obrigada pela leitura e até a próxima!

Fique à vontade para me seguir nas redes sociais:


• Instagram: https://www.instagram.com/priscyllasouzajuridico/
• Facebook: https://www.facebook.com/home.php?ref=wizard
• Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCNWysrI_ZmPz0_frUVrXt8A
• Blog: https://previdenciariocompriscyllasouza.wordpress.com/?ref=spelling

Você também pode gostar