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DOR
● a sensação somática depende demais de nociceptores, que são as terminações nervosas livres,
ramificadas, não mielinizadas que sinalizam lesão ou risco de lesão ao corpo.
● dor é a sensação, ou a percepção, de sensações, como irritação, inflamação, fisgada, ardência, latejo, ou
seja, sensações insuportáveis que surgem de uma parte do corpo. Já nocicepção é o processo sensorial
que fornece as sinalizações que disparam a experiência da dor.
● a transdução dos estímulos dolorosos ocorre nas terminações nervosas livres das fibras não mielinizadas
(C) e nas pobremente mielinizadas (Adelta).
● a maioria dos nociceptores respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos e são chamados,
portanto, de nociceptores polimodais. Contudo, assim como os mecanorreceptores de tato, muitos
nociceptores mostram seletividade nas respostas a estímulos diferentes. Dessa forma, também existem
nociceptores mecânicos (mecanonociceptores), que mostram respostas seletivas à pressão intensa;
nociceptores térmicos (termonociceptores), que respondem seletivamente ao calor queimante ou ao frio
extremo e nociceptores químicos, que respondem de forma seletiva à histamina e a outros agentes
químicos.
● presentes na maioria dos tecidos corporais, como a pele, os ossos, os músculos, a maioria dos órgãos
internos, os vasos sanguíneos e o coração. Estão notadamente ausentes no sistema nervoso em si, porém
presentes nas meninges.
TEMPERATURA
● os termorreceptores são neurônios especialmente sensíveis à temperatura devido a mecanismos
específicos de sua membrana.
● a sensibilidade à temperatura não está distribuída uniformemente por toda a pele. Pequenas áreas da
superfície, de cerca de 1 mm de diâmetro, podem ser sensíveis ao calor ou ao frio, mas não a ambos. O fato
de que a localização para a sensibilidade ao calor ou ao frio seja diferente demonstra que receptores
distintos fazem a transdução dessas sensações. Além disso, pequenas áreas da pele situadas entre os
pontos sensíveis ao calor ou ao frio são relativamente insensíveis à temperatura.
● além da existência de termorreceptores cutâneos, receptores sensíveis à temperatura são encontrados em
outras regiões do organismo, como hipotálamo e medula espinal. Ainda que esses termoceptores sejam de
grande importância na organização de respostas reflexas e comportamentais envolvidas na termorregulação
do organismo, parecem não contribuir para a percepção consciente da temperatura.
DOR
● os nociceptores são ativados por estímulos que têm o potencial para causar lesão nos tecidos. Danos aos
tecidos podem resultar de estimulação mecânica forte, temperaturas extremas, privação de oxigênio
e exposição a certos agentes químicos, entre outras causas. As membranas dos nociceptores contêm
canais iônicos que são ativados por esses tipos de estímulos.
● o simples estiramento ou dobramento da membrana do nociceptor ativa os canais iônicos
mecanossensíveis, que levam à despolarização da célula e ao disparo de potenciais de ação.
● além disso, as células danificadas no local da lesão podem liberar uma série de substâncias que provocam
a abertura de canais iônicos nas membranas dos nociceptores. Como exemplos de substâncias liberadas
estão as proteases (enzimas que digerem proteínas), trifosfato de adenosina (ATP) e K+. As proteases
podem clivar um peptídeo extracelular abundante, chamado de cininogênio, para formar o peptídeo
bradicinina. A bradicinina liga-se a uma molécula receptora específica, que aumenta a condutância iônica de
alguns nociceptores. De modo similar, o ATP causa a despolarização dos nociceptores por meio da ligação
direta a canais iônicos que dependem de ATP para sua ativação. E o aumento de [K+] extracelular
despolariza diretamente as membranas neuronais.
● o calor acima de 43 °C causa queimadura nos tecidos, e os canais iônicos termossensíveis das membranas
dos nociceptores abrem-se nessa temperatura. Porém, sentimos calor de forma não dolorosa quando a pele
é aquecida de 37 a 43°C, já que as sensações de aquecimento e de queimação são mediadas por
mecanismos neurais distintos.
● quando os níveis de oxigênio de seus tecidos forem inferiores à demanda de oxigênio, as suas células
utilizarão o metabolismo anaeróbio para gerar ATP. Uma consequência do metabolismo anaeróbio é a
liberação de ácido láctico. O acúmulo de ácido láctico leva a um excesso de H+ no líquido extracelular.
Esses íons ativam canais iônicos dependentes de H+ dos nociceptores. Esse mecanismo está associado à
dor cruciante associada ao exercício muito intenso.
● sua pele e seus tecidos contêm mastócitos, um componente do seu sistema imune. Os mastócitos podem
ser ativados pela exposição a substâncias exógenas, levando-os à liberação de histamina. A histamina pode
ligar-se aos receptores específicos na membrana do nociceptor, causando a despolarização da membrana.
A histamina também aumenta a permeabilidade dos capilares sanguíneos, levando ao edema e ao rubor no
local da lesão. Pomadas contendo fármacos que bloqueiam os receptores histaminérgicos
(anti-histamínicos) podem auxiliar tanto no alívio da dor como na diminuição do edema.
TEMPERATURA
● a sensibilidade de um neurônio sensorial a uma mudança de
temperatura depende dos tipos de canais iônicos que o neurônio
expressa. Assim como o ingrediente ativo das pimentas ardentes
(capsaicina) foi utilizado para identicar a proteína receptora para o
“calor”, denominada TRPV1, o ingrediente ativo da menta (mentol) foi
utilizado para identificar o receptor para “frio”, chamado de TRPM8, o
qual também é ativado por diminuições não dolorosas na temperatura
abaixo de 25°C.
● sabemos, atualmente, que existem seis canais TRP distintos nos termorreceptores, os quais conferem
sensibilidades diferentes de temperatura. Como regra, cada neurônio termorreceptor parece expressar
somente um único tipo de canal, o que explicaria, portanto, como diferentes regiões da pele podem mostrar
sensibilidades distintas à temperatura.
● o SNC não sabe qual tipo de estímulo (frio ou calor) resultou na
ativação do receptor, mas segue interpretando toda a atividade do
receptor.
● as respostas dos termorreceptores adaptam-se durante estímulos
contínuos de longa duração. Isso ocorre devido às diferenças entre a
frequência de respostas dos receptores ao calor e ao frio, que são
maiores durante e logo após as mudanças de temperatura.
● para a termorrecepção, assim como para a maioria dos demais
sistemas sensoriais, é a variação repentina na qualidade de um
estímulo que gera as respostas neurais e perceptivas mais intensas.
● o processo de transdução, mediado pelos termoceptores, é iniciado
por canais iônicos presentes na membrana de terminações nervosas livres.
DOR
● as fibras Adelta e C levam informação ao SNC com velocidades diferentes, em função das diferenças em
suas velocidades de condução dos potenciais de ação. Dessa forma, a ativação de nociceptores cutâneos
produz duas percepções de dor distintas: uma dor primária, rápida e aguda (causada pela ativação de fibras
Adelta), seguida de uma dor secundária, lenta e contínua (causada pela
ativação de fibras C).
● as fibras de pequeno calibre possuem seus corpos celulares nos gânglios
da raiz dorsal segmentar e entram no corno dorsal da medula espinhal. Ao
penetrarem na medula, as fibras logo ramificam-se e percorrem uma curta
distância nos sentidos rostral e caudal na medula, em uma região
chamada de tracto de Lissauer, fazendo, depois, sinapse com neurônios
da parte mais periférica do corno dorsal, em uma região conhecida como
substância gelatinosa.
● o neurotransmissor dos aferentes nociceptivos é o
glutamato; contudo, como foi mencionado
anteriormente, esses neurônios também contêm o
peptídeo substância P.
● os axônios de nociceptores viscerais entram na
medula espinhal pelo mesmo trajeto que os de
nociceptores cutâneos. Na medula espinhal, ocorre
uma mistura substancial de informação dessas duas
fontes de aferências. Essa linha cruzada origina o
fenômeno da dor referida, pelo qual a ativação do
nociceptor visceral é percebida como uma sensação cutânea.
-> A VIA DA DOR ESPINOTALÂMICA
● a informação sobre a dor corporal,
como também a temperatura, é
conduzida da medula espinhal ao
encéfalo pela via espinotalâmica.
● os axônios dos neurônios secundários
decussam no mesmo nível da medula
espinhal em que ocorreu a sinapse e
ascendem pelo tracto espinotalâmico
ao longo da superfície ventral da
medula espinhal.
● as fibras espinotalâmicas projetam-se
da medula espinhal, passando pelo
bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo,
sem fazer sinapse, até alcançar o
tálamo. À medida que os axônios
espinotalâmicos percorrem o tronco
encefálico, eles posicionam-se ao longo
do lemnisco medial, mas permanecem
como um grupo axonal distinto da via
mecanossensorial.
● as informações nociceptivas e as
térmicas ascendem contralateralmente. Essa organização pode
levar a um curioso, ainda que previsível, tipo de déficit em
situações de danos ao sistema nervoso. Por exemplo, se um
lado da medula espinhal sofrer lesão, certos déficits de
mecanossensibilidade ocorrem no mesmo lado da lesão
espinhal: insensibilidade ao tato leve, às vibrações de um
diapasão sobre a pele e à posição de um membro. Por outro
lado, déficits de sensibilidade à dor e à temperatura ocorrerão no
lado do corpo oposto ao da lesão medular. Outros sinais, como a
deficiência motora e o mapeamento exato dos déficits sensoriais,
fornecem informações adicionais acerca do local da lesão
medular. Por exemplo, os movimentos ficarão dificultados no
lado ipsolateral. O conjunto de sintomas sensoriais e motores
que se segue a uma lesão unilateral na medula espinhal é
chamado de síndrome Brown-Séquard.
-> A VIA DA DOR TRIGEMINAL
● a informação da dor e da temperatura da face e do terço anterior da cabeça segue por uma via ao tálamo,
análoga à via espinhal.
● as fibras de pequeno diâmetro do nervo trigêmeo fazem a primeira sinapse com os neurônios sensoriais
secundários no núcleo espinhal do trigêmeo no tronco encefálico. Os axônios desses neurônios decussam e
ascendem ao tálamo pelo lemnisco trigeminal.
● além das vias espinotalâmica e trigeminotalâmica, outras vias relacionadas à dor e à temperatura enviam
axônios para uma variedade de estruturas, em todos os níveis do tronco encefálico, antes de alcançarem o
tálamo. Algumas dessas vias são especialmente importantes para fornecer sensações de dor lenta, de
queimação e agonizante, ao passo que outras desencadeiam um estado geral de comportamento de alerta.
-> O TÁLAMO E O CÓRTEX
● o tracto espinotalâmico e os axônios do lemnisco trigeminal fazem sinapse em uma região mais extensa do
tálamo do que os axônios do lemnisco medial.
● alguns dos axônios terminam no núcleo VP (ventral posterior), porém outros axônios espinotalâmicos
terminam nos pequenos núcleos intralaminares do tálamo.
● a partir do tálamo, as informações sobre dor e temperatura projetam-se para várias áreas do córtex
cerebral.
TEMPERATURA
● a organização da via da temperatura é praticamente idêntica à da via da dor, já descrita.
● os receptores para o frio estão ligados às fibras Adelta e C, ao passo que os receptores para o calor estão
ligados apenas às fibras C.
● os axônios de diâmetro menor fazem sinapse na substância gelatinosa do corno dorsal.
● os axônios dos neurônios secundários decussam imediatamente após a sinapse e ascendem pelo tracto
espinotalâmico contralateral. Dessa forma, se a medula espinhal for seccionada unilateralmente, haverá
uma perda da sensibilidade à temperatura (bem como à dor) do lado oposto do corpo, especificamente
daquelas regiões da pele inervadas pelos segmentos espinhais que estão abaixo do nível da secção.