Você está na página 1de 41

DELMO GONÇALVES¹

EKKLESÍA LÓGOS

BELO HORIZONTE
2011

__________________________________________________________________
1
Bacharel em Teologia (STEB-HOKEMÃH), Especialista em Docência e Gestão do Ensino Superior (PUC-MINAS)-
Especialista em Psicanálise (NEPP-UNIDA) – Especialista em Ciências da Religião (UNIDA)-Especialista em
psicopatologia psicanalista (CESP)- Mestrado em Teologia Pastoral (FTSA). Mestrando em Cieências da Religião – (PUC
MINAS)
2

SUMÁRIO

PÁGINAS

INTRODUÇÃO 03
I. IGREJA: DEFINIÇÃO DO TERMO 04
II. A NATUREZA DA IGREJA 06
III. O QUE É UMA IGREJA BATISTA 08
IV. - POR QUE A IGREJA EXISTE 10
V- LIDERANÇA NA IGREJA LOCAL 15
VI. ALGUMAS DOUTRINAS DISTINTIVAS DOS BATISTAS 17
VII. A VIDA CRISTÃ 21
VIII. A IGREJA 23
XI. - O GOVERNO DA IGREJA 25
X. DISCIPLINA NA IGREJA 30
XI. PROCESSOS DA DISCIPLINA 39
XII. AS ORDENANÇAS DA IGREJA 32
XIII - A AUTORIDADE DA IGREJA 34
XIV- CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
3

INTRODUÇÃO

Uma das matérias mais significativas para a prática da Fé é a eclesiologia. Entre


tantos aspectos podemos citar o fato de ser a Igreja o centro do seu estudo. Por
este e tantos outros motivos a Eclesiologia é tão importante para a teologia. Diante
deste fato algumas perguntas se fazem necessárias: O que é eclesiologia? Quais
as suas concepções? Qual a sua importância?

Eclesiologia é a ciência que estuda a Igreja em seu dinamismo, mobilização e


vitalidade. Eclesiologia (do grego ekklesia) é a área da teologia cristã que trata da
doutrina da Igreja averiguando seu papel na salvação, origem, disciplina e forma
de relacionar com o mundo. A eclesiologia estuda ainda a igreja em seu papel
social, mudanças ocorridas, crises enfrentadas, doutrinas, formas de governo e
relações denominacionais.
4

I IGREJA: DEFINIÇÃO DO TERMO

A palavra Igreja, em português, deriva do latim ECCLESIA, que, é uma


transliteração, para o latim, da palavra grega EKKLESIA. A palavra EKKLESIA é
composta da preposição EK que rege o genitivo e tem a ideia de emissão para
fora, separação de com o verbo Kaelo, ”chamar, convocar em alta voz.”.

No grego clássico, designava a reunião formal de cidadãos da cidade, uma


assembléia, nunca dá ideia de sair da cidade ou eximir-se da condição de
cidadão. A ideia de democracia, e governo do povo surge neste contexto. Nesse
sentido a palavra só é usada em Atos 19.39.

Na visão dos hebreus, igreja significa a congregação de Israel reunida perante o


Tabernáculo, no deserto, ao som de uma trombeta de prata. Nesse sentido a
palavra se encontra duas vezes no Novo Testamento em Atos 7.38; Hebreus 2.12.
Tanto no grego como no hebraico a palavra significa uma assembléia popular, e
não uma comissão ou concílio (reunião de Bispos e doutores em teologia).

Entre os cristãos primitivos, o conceito de igreja aparece em três sentidos:

Como Instituição: representada na figura de um edifício, e na figura de um


organismo (corpo), essa instituição e aos seus representantes foi confiada à
autoridade de anunciar os termos ou condições pelas quais Deus perdoa o
pecador, Mateus 16.18.

Como Congregação Particular: essa expressão queria dizer que pessoas


regeneradas, num lugar, reunidas voluntariamente, em conformidade com
as leis de Cristo, a fim de estabelecer o seu reino na terra.
5

Como Os Remidos de Todos os Tempos: todos os que desde Adão até


Cristo, foram salvos pela Fé no Messias que havia de vir farão parte dessa
igreja na glória.

Podemos definir então, que o sentido de igreja do Novo testamento é: um grupo


organizado, de crentes batizados, com iguais deveres e privilégios, administrando
os seus negócios sob a direção de Cristo, unidos na Fé que Ele ensinou, ligados
pelo pacto de fazer o que Ele mandou, cooperando com outras igrejas
semelhantes nos empreendimentos do seu reino.

O emprego do termo na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento do hebraico


para o grego por 72 anciãos no terceiro século antes de Cristo) aparece 96 vezes
EKKLESIA traduzindo para o grego a palavra hebraica QAHAL, povo, Israel,
prevalecendo à ideia de assembléia. Nem sempre, porem, Qahal se traduz por
EKKLESIA. 21vezes é traduzido com um propósito definidamente não religioso;
26 vezes, assembléia religiosa; 36 vezes, é a reunião formal do povo de Israel;
sete vezes designa Israel em um sentido espiritual ou ideal; nove vezes refere ao
remanescente. Não esqueça: na Septuaginta, EKKLESIA sempre é tradução de
Qahal, mas só se traduz por EKKLESIA quando se trata da congregação da
aliança, com propósitos religiosos definido.
6

II A NATUREZA DA IGREJA

O Novo Testamento tem uma doutrina muito elevada com relação à Igreja; que a
igreja se encontra no centro do eterno propósito histórico de Deus; e que a igreja
faz parte do evangelho. Além do mais, a igreja está em continuidade direta com o
Israel do Antigo Testamento. A igreja como povo da aliança de Deus, se revela na
promessa feita a Abraão uns 4.000 anos a C. A igreja é chamada de “a comunhão
do espírito” 2º Coríntios 13.14; Efésios. 2.1, e o selo da KOINONIA se manifesta
no recebimento do Espírito.

Quanto à natureza da igreja, uns dizem que ela é essencialmente uma


comunidade visível geográfica, que consiste de todos aqueles que, numa dada
localidade, professa a fé cristã e se chamam de cristãos, podendo também ser
chamada de igreja local. Outros enfatizam que a igreja é uma comunidade
reunida, consistindo apenas daqueles que se consideram nascidos de novo e que
ser chamada de igreja geral, universal ou invisível.

Figuras que descrevem a igreja

Algumas metáforas significativas são usadas para caracterizar a igreja no Novo


Testamento revelando seu propósito e importância dando visibilidade à sua
Missão e compreensão da sua essência.

Corpo de Cristo: Efésios 4.12


Povo Peculiar: Tito 2.14
Santuário de Deus: 1º Coríntios 3.16
Rebanho de Deus: 1º Pedro 5.2
Casa, Edifício: 1º Coríntios 6.19; Efésios 2.21-22
7

Coluna, firmeza: 1º Timóteo 3.15


Lavoura de Deus: 1º Coríntios 3.9
Lampadários, Castiçais: Apocalípse 1.20
Família da Fé: Gálatas 6.10
Israel de Deus: Gálatas 6.16
Nação Santa: 1º Pedro 2.9.
Sacerdócio Real: 1º Pedro 2.9
Noiva de Cristo: Apocalípse 21.19
Agência do Reino de Deus: Atos 29.25
Multiforme Sabedoria de Deus: Efésios 3.10
Escola de Jesus: Atos 20.20

O reino e a igreja

O termo Reino de Deus se encontra umas 100 vezes no Novo Testamento. Se


examinarmos este termo a luz do Antigo Testamento, veremos que o conceito
implica na intervenção decisiva e soberana de Deus na história.

EKK- Igreja Basiléia- Reino

Temos que pensar em igreja como uma continuidade na esperança a se


concretizar no futuro, há uma aliança a preservar. A igreja (grupo local reunido) é
a interpretação imanente do Reino de Deus, e o Reino de Deus é a interpretação
transcendente da Igreja. O conceito de Igreja e o Reino de Deus, não se
equivalem, pois o Reino é espiritual, universal, eterno, abstrato, enquanto que a
Igreja é um grupo de pessoas físicas, visíveis, local, temporal, concreto.

Impossível, definir, onde termina a Igreja e começa o Reino ou onde termina o


Reino e começa a Igreja. Há uma verdade dinâmica assentada sobre este
fundamento. Devemos nos sentir estabelecidos sobre as duas verdades
8

III O QUE É UMA IGREJA BATISTA

A declaração doutrinária da Conversão Batista Brasileira, artigo VIII, diz: “Igreja é


uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé.
É nesse sentido que a palavra Igreja é empregada na maioria das vezes nos livros
do Novo Testamento”.

Definição jurídica (estatutária) parei aqui

Igreja é uma sociedade civil auto-governativa, de natureza religiosa, constituída de


acordo com as leis do país, sem fins lucrativos, composta de um numero ilimitado
de pessoas sem distinção de sexo, raça, idade ou condição social, convertidas a
Jesus Cristo e batizadas conforme as doutrinas e práticas do Novo testamento,
que tem como finalidades; reunir-se para prestar culto a Deus, estudar a Bíblia
Sagrada, proclamar o Evangelho, promover a obra missionária no mundo inteiro,
praticar a beneficência e administrar os seus próprios negócios.

As características peculiares de uma igreja batista:

 A Soberania de Cristo
Os batistas não se fundamentam em credos, embora reconheçam neles
o seu valor, mas se fundamentam na absoluta autoridade de Cristo.
Nossa base é “Cristo é Senhor” (Filipenses 2.10,11).
 A Autoridade e a Suficiência da Palavra de Deus
Os batistas aceitam as Escrituras como sua única regra de fé e prática.
(Romanos 4.3).
 A Competência de Cada Alma
Crêem os batistas que cada pessoa é competente para aproximar-se de
Deus, não necessitando de intermediários humanos (1º Timóteo 2.5-
Romanos 14.12).
9

 A Igreja se Compõe de Membros Convertidos


O foco é “regeneração” (Atos 2.47)- “... de bom grado aceitavam a
Palavra de Deus...”.
 A Igreja é uma Democracia
Todos os membros de uma igreja batista têm os mesmos privilégios, os
mesmos direitos e as mesmas responsabilidades. A igreja é que julga os
seus atos, estando sujeita a Cristo.
 O Simbolismo das Ordenanças
O Batismo e a Ceia não são sacramentos, mas apenas ordenanças.
Estas ordenanças não conferem atos de graça.
 O Batismo é administrado só a crentes
O batismo só é administra a pessoas que nasceram de novo. A bíblia
ensina que só eram batizados os que criam e confessavam os seus
pecados (Atos 8.12).
 Somente a imersão é batismo
Os batistas são coerentes com o que ensinam as Escrituras. Jesus foi
batizado em água (Mateus 3.16). O Eunuco foi batizado em água (Atos
8.38). Há ainda o argumento do simbolismo. O batismo simboliza morte
e ressurreição (Romanos 6.4,5).
 A Ceia do Senhor
A Ceia é um memorial, de acordo com o que Cristo disse e conforme se
acha em (1º Coríntios 11.25 “... Fazei isso... em memória de mim...”).
 Perseverança e Preservação
Os Batistas crêem que os crentes verdadeiros perseverarão, pois estão
guardados pelo poder do Senhor (2º Timóteo 1.12).
 Absoluta Liberdade Religiosa
Através dos séculos a liberdade tem sido um selo para os batistas.
10

IV POR QUE A IGREJA EXISTE

Toda pessoa que está envolvida com a igreja, que busca crescer, desenvolver um
ministério saudável, firmemente alicerçado, deve saber responder, Por que a
igreja existe?

A tarefa básica de Mateus 28.19-20 é nos mostrar que a igreja existe, portanto,
para cumprir duas funções fundamentais.

1. Evangelização: fazer discípulos


2. Edificação: ensinar-lhes

Essas duas funções possuem em si mesmas, características próprias que


precisam ser conhecidas.

Características da Evangelização

 Declarar
 Falar
 Proclamar
 Pregar
 Testificar

Características da Edificação

 Batizar
 Ensinar
 Incentivar
 Fortalecer
 Relatar
11

A Igreja existe para mostrar e ser referencial num mundo sem referências; por
isso, uma igreja cheia do Espírito Santo, sofre alguns efeitos vitais como podemos
observar em Atos 2.42-47.

Sua referência é ser:

Uma igreja que aprende;


Uma igreja que ama;
Uma igreja que adora;
Uma igreja que evangeliza.

Por que precisamos da igreja

Ricardo Barbosa este assunto com muita coerência e simplicidade dizendo que: A
igreja não é simplesmente uma instituição, um clube, um lugar que escolhemos e
cujas regras determinamos. O princípio do qual surge um clube é o próprio gosto,
mas o principio sobre o qual se funda a igreja é a obediência ao chamado do
Senhor.

A participação na igreja implica em deixar do lado de fora meus pensamentos e


caminhos, para me converter e aceitar os caminhos e pensamentos de Cristo. A
partir deste conceito, reafirmamos que a igreja de fato, não é uma instituição,
muito embora também reconheçamos que ela precisa de uma para a sua
sobrevivência sociológica.

A igreja não sendo uma instituição ou clube, pode ser definida apenas como um
jeito de ser, um modo de viver. O jeito de ser ou modo de viver da igreja está
profundamente vinculado ao ser de Deus que, por sua vez, afeta profundamente
nosso ser a nossa relação com o mundo.
12

Alguns pastores e teólogos como Inácio de Antioquia, Irineu e depois Atanásio


procuraram se aproximar desta questão, não sob a influência gnóstica, que
apresentava um deus distante e separado do mundo e dos homens, mas através
da experiência comunitária. Essa experiência mostrou para eles que o ser de
Deus só pode ser conhecido através de relacionamentos pessoais e do amor
pessoal. Ser significa vida e vida significa “comunhão.” O ser de Deus é um ser
em relação, permanente comunhão.

A Bíblia nos revela como uma trindade, três pessoas distintas, Pai, Filho e Espírito
Santo. São distintos não apenas porque cada um é revelado dentro de um
propósito definido no processo de salvação (Criador, Redentor e santificador), mas
porque em sua absoluta liberdade e pessoalidade, amam e se entregam na
comunhão. O verdadeiro ser é uma pessoa livre, uma pessoa que livremente ama
que livremente afirma sua identidade numa comunhão com outra pessoa. Sendo
deus uma comunidade de pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), a igreja só pode
existir como uma realidade comunitária.

A partir da compreensão do significado superficial da doutrina da trindade,


podemos responder a pergunta anterior: Por que precisamos da igreja?

Em primeiro lugar, precisamos da igreja porque a partir da doutrina da trindade e


do ministério da comunhão é que vemos que a vida cristã é basicamente
relacional, é a conversão do individuo em pessoas diante de Deus.

Para compreendermos melhor esta questão, precisamos entender que o individuo


é uma pessoa considerada isoladamente em relação a uma coletividade. Que se
realiza a partir de suas próprias conquistas que interpreta a liberdade como
autônoma. Já a pessoa é considerada quanto ser moral, que se realiza na
comunhão, que se alegra com a co-dependência, aprende a confiar e aceitar a
paternidade de Deus.
13

A conversão cristã não é apenas uma conversão de convicções e


comportamentos, mas uma conversão do ser é a transformação do egoísmo na
generosidade, da magia no perdão, da alienação na comunhão.

Em segundo lugar, precisamos da igreja porque é a comunhão que nos permite ter
um conhecimento mais real e objetivo sobre nós mesmos.

Não há conhecimento verdadeiro fora dos relacionamentos. Penso que a


dificuldade que muitos encontram para viver em comunhão é porque ela revela
nossas feridas, medos, pecados, ansiedade e toda sorte de ambigüidades. È na
comunhão com Deus, família e igreja que entro em contato com a realidade de
quem sou.

O ser nova criatura em Cristo é provar o poder de uma nova humanidade que se
realiza na experiência da comunhão.

Filiação à igreja

Enquanto nascemos de novo dentro da “Igreja Universal”, somos batizados na


“Igreja local”.

Para que uma pessoa se torne membro da igreja são necessário alguns desses
processos como:

Batismo, exclusivamente por imersão;


Carta de Transferência de outras denominações que professam o nome do
Senhor Jesus como único Salvador;
Por Aclamação.

 O batismo compõe o processo natural daquele que nasce de novo no seio


do ministério.
14

 A Carta de Transferência é o passo a ser dado por aquele que vem de outro
ministério e deve ser recebida com critérios que respeitem a ética e o amor
cristão.
 O recebimento por Aclamação deve ser feito com uma postura que
preserve a igreja e atente para a realidade e veracidade dos fatos trazidos
pelos candidatos à membros na igreja.

V- LIDERANÇA NA IGREJA LOCAL

Precisamos entender que o líder é toda pessoa que exerce a função de


influenciar, motivar e administrar outros a seguirem determinados objetivos. É
importante uma boa liderança para que alguém tome a iniciativa de fazer alguma
coisa. É fundamental que aprendamos alguns fatores importantíssimos para a
compressão da liderança local.

1. A Igreja precisa de líderes: a necessidade de liderança se deve ao fato de


que o povo como tal não pode desenvolver atitudes e procedimentos que
não lhe sejam ensinados e exemplificados. Este pensamento por si só seria
suficiente para nos ensinar muitas lições. Muitos líderes, constantemente
de púlpito desafiam a igreja a evangelizar, a ser honesta em transgressões
comerciais, a exercer com fidelidade os seus próprios dons espirituais e
tantas outras coisas mais. Todavia, se pergunta: alguém já os ensinou
principalmente na prática, por experimento próprio, como fazer isso? Eles
sabem que devem, mas não sabem como!

A igreja precisa de líderes para fazer com que seus liderados descubram e use o
potencial que têm em prol do objetivo estipulado, sabendo exatamente o que fazer
para alcançá-lo.

2. A Igreja precisa de líderes bem preparados: nesse aspecto poderemos


usar alguns critérios de qualificação descritos em 1º Timóteo 3 e Tito 1.
15

Características do Líder no Novo Testamento


 Temperante
 Irrepreensível
 Piedoso
 Sóbrio
 Cordato
 Apegado à Palavra
 Modesto
 Inimigo de contendas
 Amigo do Bem
 Bom mordomo
 Justo
 Não ser: Avarento, Arrogante, Irascível, Cobiçoso, Ganancioso, Dado a
muito vinho, violento, Neófito (precoce), Dominado pelo orgulho para não
ser vencido pelo diabo.

Características Ministeriais

Como modelo: Como Mestre: Como Administrador:


 Perante os de fora Apto para ensinar, exorta Saiba presidir.
 Perante a Igreja Convencer Não seja dominador

Com respeito a líderes bem preparados, poderíamos fazer a seguinte


pergunta: Qual é a diferença de líderes de igrejas e líderes de igrejas que
crescem?

Os líderes de igrejas concentram os seus esforços em captar outras pessoas para


o ministério. Líderes ajudam cada cristão a chegar à medida de plenitude
intencionada por Deus para cada um. Eles capacitam apóiam, motivam,
acompanham a todos individualmente para que se tornem aquilo que Deus tem
16

em mente, se vêm como instrumentos para capacitar outros cristãos e levá-los à


maturidade espiritual.

3. A igreja precisa investir em seus líderes: Cabe à igreja buscar condições


de treinamento para líderes. E, num sentido mais especifico o pastor com
seu líder.

VI- ALGUMAS DOUTRINAS DISTINTIVAS DOS BATISTAS

A Autoridade

Cristo como senhor

A fonte suprema da autoridade cristã é o Senhor Jesus Cristo. Sua soberania


emana de eterna divindade e poder, como Unigênito filho de Deus Supremo, de
sua redenção vicária e ressurreição vitoriosa. Sua autoridade é a expressão de
amor justo, sabedoria infinita e santidade divina, e se aplica à totalidade da vida.
Dela procede a integridade do propósito cristão, o poder da dedicação cristã. Ela
exige obediência aos mandamentos de Cristã, dedicação ao serviço, fidelidade ao
seu Reino e a máxima devoção á sua pessoa, como Senhor vivo.
A suprema fonte de autoridade é o Senhor Jesus Cristo, e toda a esfera da vida
estão sujeita à sua soberania.

As Escrituras

A Bíblia fala com autoridade porque é a Palavra de Deus. É suprema regra de fé e


prática porque é testemunha fidedigna e inspirada dos atos maravilhosos de Deus
através da revelação de si mesmo e da redenção, sendo tudo patenteado na vida,
nos ensinamentos e na obra salvadora de Jesus Cristo. As Escrituras revelam a
mente de Cristo e ensinam o significado do seu domínio. Na sua singular e una
17

revelação da vontade divina para a humanidade, a Bíblia é a autoridade final que


atrai as pessoas a aceitar a responsabilidade de estudar a bíblia, com a mente
aberta e com atitude reverente, procurando o significado de sua mensagem
através de pesquisa e oração, orientando a vida debaixo de sua disciplina e
instrução.

A Bíblia, como revelação inspirada da vontade divina, cumprida e completada na


vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, é nossa regra autorizada de fé e prática.

O Espírito Santo

O Espírito Santo é presença ativa de Deus no mundo e, particularmente, na


experiência humana. É Deus revelando sua pessoa e vontade ao homem. O
Espírito é a voz da autoridade divina. É o Espírito de Cristo, e sua autoridade é
vontade de Cristo. Visto que as Escrituras são produto de homens que, inspirados
pelo Espírito, compreendida pela iluminação do mesmo. Ele convence os homens
do pecado, da justiça e do juízo, tomando assim efetiva a salvação individual,
através da obra salvadora de Cristo, Ele habita no coração do crente, como
advogado perante Deus é intérprete para o homem. Ele atrai o fie! Para a fé e a
obediência e, assim, produzem na sua vida os frutos da santidade e do amor.

O Espírito Santo procura a vontade e propósito divino entre os homens. Ele á aos
cristãos poder e autoridade para o trabalho do reino e santifica e preserva os
remidos, para o louvor de Cristo; exige uma submissão livre e dinâmica à
autoridade de Cristo, e uma obediência criativa e fiel à palavra de Deus.
18

O Indivíduo

1. Seu valor

A bíblia revela que cada ser humano é criado à imagem de Deus; é único precioso
e insubstituível. Criado ser racional, cada pessoa é moralmente responsável
perante Deus e o próximo. O homem, como individuo, é distinto de todas as outras
pessoas. Como pessoa, ele é aos outros no fluxo da vida, pois ninguém vive nem
morre por si mesmo.

A bíblia revela que Jesus morreu por todos os homens.

O fato de ser o homem criado à imagem de Deus, e de que Jesus Cristo morreu
para salvá-lo, é a fonte da dignidade e do valor humano. Ele tem direito
outorgados por Deus, de ser reconhecido e aceito como individuo, sem distinção
de raça, credo, ou cultura; de ser parte digna e respeitável da comunidade, de ter
a plena oportunidade de alcançar o seu potencial. Cada indivíduo foi criado á
imagem de Deus, e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa
de valor e dignidade.

2. Competência

O individuo, porque é criado à imagem de Deus, torna-se responsável por suas


decisões morais e religiosas. Ele é competente, sob orientação do Espírito Santo,
para formular a própria resposta à chamada divina ao evangelho de Cristo, para a
comunhão com Deus, para crescer na graça e no conhecimento do nosso senhor.
Estreitamente ligada a essa competência está à responsabilidade de procurar a
verdade e, encontrando-a, agir conforme essa descoberta, e partilhar a verdade
com os outros.
19

Embora não se admita coação no terreno religioso, o cristão não tem liberdade de
ser neutro em questão de consciência e convicção. Cada pessoa é competente e
responsável perante deus, nas próprias decisões e questões morais e religiosas.

3- Sua liberdade

Os batistas consideram como inalienável a Liberdade de consciência, a plena


liberdade de religião de todas as pessoas.

O homem é livre para aceitar ou rejeitar a religião; escolher ou mudar sua crença;
propagar e ensinar a verdade como a entenda sempre respeitando os direitos e
convicções alheios; cultuar tanto a sós quanto publicamente; convidar outras
pessoas a participarem nos cultos e noutras atividades de sua religião; possuir
propriedade e quaisquer outros bens necessários á propagação de sua fé. Tal
liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado,
nem pelo estado nem por qualquer outro grupo religioso, é um direito outorgado
por Deus.

Cada pessoa é livre perante Deus, em todas as questões de consciência, e tem o


direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como de testemunhar de sua fé
religiosa, respeitando os direitos dos outros.
20

VII- A VIDA CRISTÃ

1. Salvação pela Graça

A graça é a provisão misericordiosa de Deus para a condição do homem perdido.


O homem, no seu estado natural, é egoísta e orgulhoso; ele está na escravidão de
Satanás e espiritualmente morto em transgressões e pecados. Devido a sua
natureza pecaminosa, o homem não pode salvar-se a si mesmo. Deus tem uma
atitude benevolente em relação a todos, apesar da corrupção moral e da rebelião.

A salvação não é resultado dos méritos humanos, antes emana de propósitos e


iniciativa divinos. Não vem através de meditação sacramental, nem de treinamento
moral, mas como resultado da misericórdia e poder divinos. A salvação do pecado
é a dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pelo
arrependimento em relação a Deus, pela fé em Jesus Cristo, e pela entrega
incondicional a Ele como Senhor.

A salvação, que vem através da graça, pela fé, coloca o indivíduo em união vital e
transformadora com Cristo, e se caracteriza por uma vida de santidade e boas
obras. A mesma graça, por meio da qual a pessoa alcança a salvação, dá certeza
e a segurança do perdão contínuo de Deus e de seu auxilio na vida cristã.

A salvação é dádiva de Deus através de Jesus Cristo, condicionada, apenas, pela


fé em Cristo e rendição à sombra divina.

2. O sacerdócio do Crente

Cada homem pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do


arrependimento e da fé. Ele não necessita para isso de nenhum outro individuo,
21

nem mesmo da igreja, Há um só medidor entre Deus e os homens, Jesus. Depois


de tornar-se crente, a pessoa tem acesso direto a Deus, através de Jesus Cristo.
Ela entra no sacerdócio real que lhe outorga o privilégio de servir à humanidade
em nome de Cristo. Deverá partilhar com os homens a fé que acalenta e servi-los
em nome e no espírito de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que
todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da igreja local.

3. O Cristão como Cidadão

O cristão é cidadão de dois mundos, o reino de Deus e o estado político, e deve


obedecer à lei de sua pátria terrena, tanto quanto à lei suprema. No caso de ser
necessária uma escolha, o cristão deve obedecer a Deus antes que ao homem.
Deve mostrar respeito para com aqueles que interpretam a lei e a põem em vigor,
e participar ativamente na vida social, econômica e política com o espírito e os
princípios cristãos. A mordomia cristã da vida inclui tais responsabilidades como o
voto, o pagamento de impostos e o apoio à legislação digna.

O cristão deve orar pelas autoridades e incentivar outros cristãos a aceitarem a


responsabilidade cívica, como um serviço de deus à humanidade. O cristão é
cidadão de dois mundos, o reino de Deus e o estado, e deve ser obediente a lei do
seu país, tanto à lei suprema de Deus.
22

VIII- A IGREJA

1- Sua Natureza

No Novo Testamento o termo igreja é usado para designar o povo de Deus na sua
totalidade, ou só uma assembléia local, a igreja é uma comunidade fraterna das
pessoas redimidas por Cristo Jesus, divinamente chamadas, divinamente criadas,
e feitas uma só debaixo do governo soberano de Deus, A igreja, como uma
entidade local, um organismo presidido pelo Espírito, é uma fraternidade de crente
em Jesus Cristo que se batizaram e voluntariamente se uniram para o culto, o
estudo, a disciplina mútua, o serviço e a propagação do evangelho, no local da
igreja e até os confins da terra.

A igreja no sentido lato é a comunidade fraterna de pessoas redimidas por Cristo e


tornadas uma só na família de Deus. A igreja, no sentido local, é a companhia
fraterna de crentes batizados, voluntariamente unidos para o culto, tendo um
desenvolvimento espiritual e servindo.

2. Suas Ordenanças

O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja, são símbolos,


mas sua observância envolve fé, exame de consciência, discernimento, confissão,
gratidão, comunhão e culto. O batismo é administrado pela igreja, sob autoridade
do Deus triúno e, sua forma é a imersão daquele que, pela fé, já recebeu a Jesus
Cristo como Salvador e Senhor. Por esse ato o crente a sua morte e a sua
ressurreição para uma vida nova.

A ceia do Senhor, observada através dos símbolos do pão e vinho, é um profundo


esquadrinhamento do coração, uma grata lembrança de Jesus Cristo e sua morte
23

vicária na cruz, uma abençoada segurança de sua volta jubilosa comunhão com
Cristo vivo e seu povo.

3. Sua Relação Para com o Mundo

Jesus Cristo veio ao mundo, mas não era do mundo. Ele orou não para que seu
povo fosse tirado do mundo, mas que fosse liberto do mal. Sua igreja tem a
responsabilidade de permanecer no mundo, sem ser do mundo. A igreja e o
cristão, individualmente, têm a obrigação de opor-se ao mal e trabalhar para
iluminação de tudo que corrompa e degrade a vida humana.

A igreja deve tomar posição definida em relação à justiça e trabalhar


fervorosamente pelo respeito mútuo, a fraternidade, a retidão, a paz, em todas as
relações entre os homens, raças e nações. Ela trabalha confiante no cumprimento
final do propósito divino no mundo.

A igreja tem uma posição de responsabilidade no mundo; na sua missão é para


com o mundo; mas seu caráter e ministério são espirituais.
24

IX- O GOVERNO DA IGREJA

As formas de governo eclesiástico não surgem por acaso, não são escolhidas
aleatoriamente pelos fundadores das igrejas. Toda a forma de governo
eclesiástico obedece a imposições mais ou menos freqüentes, quais sejam:

Razões doutrinárias;
Razões socioculturais;
Razões Históricas;
Razões Estratégicas.

A formulação da estrutura do governo eclesiástico de uma igreja cristã deve


obedecer a alguns princípios normativos inquestionáveis:
Alguns princípios normativos fundamentada;

Deve projetar, na forma, o seu conteúdo;


Deve ser eficaz;
Deve ser dinâmica e flexível.

Formas de Governo
As formas de governo eclesiásticas mais conhecidas são:

1 - Governo Monárquico ou Ditatorial

Uma única pessoa detém o poder em caráter vitalício, não há delegação de


poderes de membresia. O soberano é o déspota, senhor absoluto. A fonte do
poder monárquico pode ser:

Eleições por um colegiado. É caso da Igreja católica, onde é o sumo pontífice,


eleito em caráter vitalício pelo colégio de cardeais, via de regra, mediante o
anúncio de uma Revelação ou unção particular.
25

2 - Governo Episcopal

Cada bispo exerce autoridade sobre uma região ou país. Um dos bispos exerce
poder sobre os demais, existem algumas variantes do governo episcopal:

O bispo, em algumas igrejas, é eleito por tempo indeterminado;


O bispo tem poderes absolutos;
O bispo tem poderes relativos
O bispo pode governar sozinho ou coadjuvado (auxiliado) por um concílio
ou presbitério.

Ex. Igrejas Metodistas, anglicanas, Episcopais.

3-Governo Conciliar ou Presbítero

Um concílio ou presbítero, eleito pela igreja local, exerce o governo da igreja por
tempo determinado, mediante delegação de poderes. Representantes eleitos com
delegação de poderes pelo concílio local foi um concílio geral, supremo concílio ou
sínodo, de caráter regional ou nacional.

Ex. Igrejas Presbiterianas.

4-Governo Democrático Congregacional

Na jurisdição da igreja local, o governo é democrático, ou seja, todos os membros


têm iguais deveres e direitos e cada igreja local é autônoma em relação a todas as
demais igrejas.

Por que as Igrejas Batistas Optaram por um Governo Democrático


Congregacional?
26

Há assegurado indícios de uma vasta democracia nas igrejas do Novo


Testamento, como por exemplo, o voto democrático da igreja é tomado:

Na escolha de líderes. Atos 4.32-33;


Na solução de divergências internas. Atos 15.22;
Na solução de problemas administrativos. Atos 6.5.

No estudo de bases para a escolha do tipo de governo das igrejas batistas, foram
levados em conta cinco princípios:

a) A aceitação voluntária do Evangelho

A fé não pode ser imposta, a voluntariedade na aceitação da graça de Cristo leva


a voluntariedade em particular.

b) A soberania de Cristo

Jesus Cristo é o cabeça da igreja e unicamente a ele, por sua vontade expressa
nas Escrituras, deve a igreja estar subordinada. Restando á bíblia um papel
meramente coadjuvante em matéria de fé e normas de conduta.

c) A liberdade Pessoal

Fomos totalmente livres por meio de Cristo. Nenhum poder eclesiástico se


coaduna melhor com o principio da liberdade individual do que o governo
democrático.

d) O Sacerdócio Universal dos salvos


Cada cristão tem acesso pessoal direto a Cristo, sem a necessidade de qualquer
intermediação humana.
27

e) A igualdade de todos os seres humanos diante de Deus

Todos os membros da igreja foram resgatados pelo mesmo preço: o sangue de


Cristo.

Todos receberam o mesmo Espírito: o Espírito Santo. Todos se destinam à


mesma glória: a glória do céu, onde não haverá hierarquia humana ou qualquer
tipo de privilégio ou diferenciação pessoal.

O que significa a Forma de Governo-Democrático Congregacional

Todos os membros da igreja têm iguais direitos e responsabilidades, que nunca


poderão ser negados pelo poder eclesiástico, a nenhum pretexto. Todos os líderes
da igreja são eleitos e mantidos pelo voto ou externa.

A assembléia da igreja é o seu poder máximo, não estando sujeito a nenhuma


outra instância interna ou externa.

Cada igreja é autônoma em relação a todas as demais igrejas e a organismos de


cooperação em termos de doutrinas, administrações, ministérios e patrimônio.
28

X- DISCIPLINA NA IGREJA

O conceito moderno de liberdade pessoal praticamente abandona o individuo á


solidão, no que se referem as suas decisões morais, com os resultados pessoais e
sociais conhecidos. Esse espírito individualista que predomina na sociedade
secular chegou a prevalecer nas igrejas, também entre muitos cristãos,
permanecem lembranças do exercito autoritário e legalista da disciplina que, em
vez de restaurar as pessoas desalentadas, acabava por destruí-las, mediante
ações punitivas.

Disciplina no Novo Testamento

Termos gregos relacionados com o conceito de disciplina eclesiástica irá nos


ajudar a compreender o seu significado bíblico.

1. Paideia. Hebreus 12.5-8 “... e estais esquecidos da exortação que, como a


filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem
do Senhor, nem desmaies quando for ele és reprovado; porque o Senhor
corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina
que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é O Filho a quem o pai
não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado
participantes, sois então bastardos, e não filhos.”

“Correção” processo formativo do caráter e não à disciplina corretiva ou punitiva,


no judaísmo o pai tinha a obrigação de prover a instrução de seus filhos e filhas, e
ensiná-los o bom comportamento.

2. Paraklesis. Hebreus 4.15 “Por que s não temos um sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porem um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” E 1º Timóteo 4.13 “ até que eu
29

vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino.” O termo significa “


consolação encorajamento”. A disciplina cristã traz consolação e paz,
segurança para a consciência, confiança.

3. Orthpodeo. Gálatas 2.14 “Mas, quando vi que não andavam retamente


conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos: Se tu,
sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus, como é que
obrigas os gentios a viverem como judeus? O termo neste texto significa
“caminhar direito sobre os próprios pés, andar direito,” andar retamente
conforme a verdade do evangelho, sem ambigüidade.

4. Nouthesia. 1º Coríntios 10.11 “ ora, tudo isto lhes acontecia como exemplo,
e foi escrito para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos
séculos.” O termo significa, “ admoestação, advertência, aviso,” tendo o
sentido de andar como Cristo andou, admoestação objetiva e especifica.

5. Epidiorthuo. Titos 1.5 “Por esta causa te deixei em Cresta, para que
pudesses em boa ordem o que ainda o está, e que em cada cidade
estabelecesses anciãos, como já te mandei” „ordenar, por em boa ordem, ‟
significando o estabelecer e manter a ordem. Um estilo de vida na terra
ordenado.

6. Táxis. 1º Coríntios 14.40 “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem”.


ordem, Paulo sugere a ideia de membros da igreja fazendo as coisas no
seu tempo certo, e não todos de uma vez.
30

7. Katartizo. Gálatas 14.40 “Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido


em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de
mansidão; e olha por ti esmo, para que também tu não sejas tentado.” O
tempo possui o significado de recolocar um membro, osso ou músculo no
seu lugar com perícia profissional, de maneira a não causar maior dano.

A disciplina cristã não se mais eficaz quando aplicada com violência e


brutalidade nos seus termos. A admoestação é feita em termos tão
contundentes que causa maior dano do que a falta cometida.

Exortar com serenidade, sinceridade e amor, é o do Espírito. Cada cristão


deve ser o parakletos do seu irmão e a igreja a, qual, possui uma formação
terapêutica.

8. Apokoptp. Marcos 9.43-45 “E se a tua mão te fizer tropeçar, corte-a;


melhor é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o
inferno, para o fogo que nunca se apaga. Ou se teu pé te fizer tropeçar,
corte-o; melhor é entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres
lançado no inferno” (Gálatas 5.12). “Oxalá se mutilassem aqueles que vos
andam inquietos.” O termo “significa cortar, amputar, mutilar.” Paulo
recomenda que sejam amputados os membros que inquietam a igreja. Em
nossa linguagem usamos “eliminar, excluir ou cortar” do rol de membros.

Objetivos da disciplina:
Instruir o discípulo;
Equipar os salvos;
Preservar a identidade;
Traçar claramente a fronteira;
Preparar a igreja para a volta de Cristo.
31

XI- PROCESSOS DA DISCIPLINA

1-Disciplina Preventiva

O novo convertido entra para a igreja, imaturo, sem conhecimento, inexperiente. E


para crescer, amadurecer, conhecer a ética, o estilo de vida, eles recebem a
disciplina preventiva ou formativa, através de estudos, pregação, convivência co
outros cristãos. Esta disciplina tem como finalidade formar caráter do cristão e
consciência do mesmo. Um exemplo desses estudos e pregação seria a instrução
no amor fraternal, no Senhorio de Cristo, na pessoa do espírito Santo, nos dons
espirituais, na santificação, da suficiência das escrituras, no discipulado cristão, da
volta de Cristão.

2-Disciplina Corretiva

A disciplina corretiva deve ser aplicada com amor, com misericórdia, espírito de
Gálatas. 6.1, “recuperai (tal pessoa) com toda perícia, no espírito de mansidão.” O
membro fraturado ou músculo deslocado não pode ficar sem a devida correção,
pois isso fatalmente causaria dano a outros membros, alem de trazer sofrimento a
todo corpo. Não tratada a lesão pode chegar a ser irreversível.

Muitas vezes o caos da disciplina eclesiástica dá ensejo a sentimentos de


vingança, retaliação familiar, partidarismo, sem falar da complicada engrenagem
das projeções dos sentimentos de culpa. Muitas vezes, nos apressamos em punir
nos irmãos as nossas próprias falhas.

A disciplina corretiva tem como finalidade o desejo de recuperar o membro faltoso


para alegria da salvação.
32

3-Disciplina Cirúrgica/ Exclusão

É um direito da igreja. Caso a recuperação de um membro faltoso se torne inviável


ou impossível, ou ainda quando toda a ajuda de amor for rejeitada, considerada
como gentio e publicano Mateus 18.15-17.

Os médicos amputam as partes do corpo que o estão prejudicando. E melhor


perdê-las do que destruir todo o corpo.

A exclusão não é disciplina pedagógica ou punitiva, mas um gesto de amor e


prevenção em favor da igreja.

Os membros nessas condições são aconselhados a pedir desligamento da igreja,


caso esses não aceitem, a igreja dá a carta compulsória (transferência não
solicitada, imposta pela igreja).

A ovelha fora do aprisco não pertence menos ao pastor do que estão seguras no
redil. Jesus é dono daquela ovelha, ainda que ela tenha perdido a consciência de
lhe pertencer.

Os membros desligados devem ser assistidos de vez em quando, para manifestar


o seu amor e zelo espiritual.
33

XII- AS ORDENANÇAS DA IGREJA

O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja. São símbolos,


mas sua observação envolve fé, exame de consciência, discernimento, confissão,
gratidão, comunhão e culto.

A Ordenança do Batismo

É uma ordem de Cristã para o convertido (Mateus 28.19)


Simboliza a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (Romanos 6.1-5)
É o testemunho da noiva do crente (Romanos 6.4)
É o ato de ingresso na igreja local (Atos 2.37-41)
O batismo não salva (Romanos 5.1; Efésios 2.8; Lucas 7.9)
Não é para criancinhas (Marcos 16.16; Mateus 19.14)
Significa mergulho, imersão (Mateus 3.16; Mateus 19.14).

A Ordenança da Ceia do Senhor

Existem pelo menos quatro tipos de ministração da Ceia do Senhor:

1. Transubstanciação

É a posição da igreja católica e significa que o pão e o vinho se tornam o corpo e o


sangue de Cristo após a consagração do sacerdote. É a transformação do pão e
do vinho no corpo e sangue de Cristo.

2. Consubstanciação

Lutero reinterpretou o pensamento católico ensinando que o corpo e o sangue de


Cristo estão presentes, são os elementos da Ceia.
34

3. Graça Inerente/ Presença Mística

Calvino defende essa ideia. Há uma presença espiritual benéfica de Cristo no pão
abençoado da ceia. Há uma benção inerente na Santa Ceia, que de outro modo
não receberiam. O pão permanece inalterado, mas ao comê-lo o participante
recebe uma benção espiritual. Essa forma de entender o significado da ceia é
encontrada na maioria das igrejas evangélicas e pentecostais.

4. Simbolismo/ Símbolo Memorial

Posição defendida por Zwinglio. Os batistas que a ceia do senhor é um símbolo. O


pão e vinho representam o corpo e o sangue de cristo. Símbolo para memória do
corpo e do sangue de Jesus.

Abrangência da Participação na ceia do Senhor

Ceia Universal;
Ceia livre;
Ceia restrita.
35

XIII- A AUTORIDADE DA IGREJA

“Teoricamente, todos os cristãos confessam que “Jesus Cristo é Senhor,”, pois


depois de sua ressurreição ele de que toda autoridade lhe foi dada nos céus e na
terra” haviam sido delegadas a Ele. O Novo Testamento toma por certo que a
igreja está sob a autoridade do Senhor Jesus ressurreto.

Como o Senhor Jesus exerce sua autoridade e governa sua igreja hoje? Dentre as
respostas dadas a esta pergunta, vejamos as quatro principais:

Os evangélicos dizem que Cristo governa sua igreja por intermédio das Escrituras.
A bíblia é certa com a qual reina o rei Jesus. A tradição é importante, pois abrange
os ensinamentos de conselhos e credos antigos. Nós, evangélicos, deveríamos
cultivar um respeito maior pela tradição, pois ela é a interpretação da Escritura
Sagrada no decorrer dos séculos, da forma como o Espírito a iluminou. É claro
que nem toda tradição interpreta corretamente as Escrituras. Mas ignora-las de
todo é agir como se achássemos que o Espírito Santo começou seu ministério de
ensino, ou mesmo que veio a existir, apenas quando nós entramos em cena! No
entanto, o próprio Jesus subordina a tradição ás Escrituras, chamando aquela de
tradição de homens estas de a palavra de Deus. E nós devemos fazer o mesmo,
atribuindo à tradição dos anciãos evangélicos, um posto secundário.

A Igreja, O Mundo e sua Missão

A igreja possui uma missão holística. Os cristãos evangélicos têm uma mensagem
duplamente relevante para a crise social... Pois eles conhecem o Deus da justiça e
da justificação... Sempre que o cristianismo é forte na vida de uma nação, ela
demonstra interesse tanto na lei como no evangelho, tanto no estado como na
igreja, na jurisprudência assim como na evangelização.
36

O Pacto de Lausanne (1974), com suas francas declarações sobre: “a natureza da


evangelização” e A responsabilidade social cristã, foram muito bem aceitas. Esta
última inclui a afirmação de que a evangelização e o envolvimento sócio-político
são ambos as parcelas do nosso dever cristão.

O próprio fato da responsabilidade social cristã pressupõe a ideia das igrejas, faz
uma combinação de escriturístico, prático e histórico do governo da Igreja.

1. O Primeiro século

Todos os grandes historiadores são unânimes a autonomia das igrejas nesse


período. Morsheim, famoso historiador luterano, diz a respeito do primeiro século:

“Naqueles tempos primitivos, cada igreja era composta do povo, dos oficiais
presidentes e dos assistentes ou diáconos. A voz principal pertencia ao povo, ou
seja, a todo o grupo de cristãos “A respeito do segundo século, ele acrescenta:”
grande parte desse século as igrejas continuavam, como no principio,
independentes, governando-se por suas próprias leis, baixando ou pelo menos
sancionadas pelo povo.”

2. De Inácio até Constantino (106-325 d.C)

A característica principal deste período foi o aumento da autoridade do bispo. No


inicio, o bispo era líder entre iguais. Ficava no mesmo pé de igualdade com os
outros membros. No fim do período ele já decide quem pode tornar-se membro da
igreja.

A ideia de uma igreja universal tomou forma no decorrer deste período. O conceito
de igreja como católica (universal) começou a apagar a ideia da igreja local.
37

Tertuliano, da áfrica, foi um forte expoente dessa ideia. A definição mais ex; Ata se
deve a Cipriano, no ano 251 d.C.

Os Sínodos e concílios do séc. III concretizaram de uma igreja apenas no mundo.


A necessidade de cooperação resultou na convocação de sínodos, que evoluíram,
transformando-se em conselhos poderosos.

O Edito de Milão, em 313 d.C. fim da perseguição à Igreja pelo Estado. Laços
estreitos se desenvolveram entre a Igreja e o Estado num prazo de dez anos.
Assim, o Estado começou a ter grande influência sobre a igreja, ao ponto do
Imperador Constantino convocar e presidir o primeiro concílio ecumênico, o de
Nicéia, em 325 d.C. foi um concílio de bispos.

3. Do Concílio de Nicéia a Gregório 1 ( 325- 590 d. C.)

O assunto principal de Nicéia foi a Cristologia, mas o concílio estabeleceu certas


regras para o governo das igrejas. Foi estabelecido o princípio de um grupo
pequeno legislar por todos os membros das igrejas.

O patriarcado surgiu nesse período e se tornou poderoso. Os bispos de igrejas em


cidade menores tornaram a si o título de bispos metropolitanos. Havia quatro
cidadãos de suma importância por serem as quatro capitais das quatro províncias
do império romano. Eram Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Roma,
Jerusalém foi incluída por causa dos lugares sagrados.

4. De Gregório1 a Gregório VII (590- 1054)

Durante essa época de trevas conseguiu aumentar sua autoridade. Isso se deve,
em primeiro lugar, á expansão territorial. Igreja fez muitos novos adeptos. Não é
que houvesse conversões, mas submissão, à ideia de Roma. Povos inteiros, como
bárbaros e britânicos, foram simplesmente anexados à igreja.
38

O segundo fator a expansão política. A igreja conseguiu restabelecer o santo


império romano através dos fracos. Começando com Pepino, o Breve e Carlos
magno, o conceito Igreja- Estado alcançou novas perspectivas.

Hidelbrando (Gregório Vil) toma para si poderes da igreja e do estado. O papa


possui poderes iguais a dos poderes civis e superiores a qualquer eclesiástico.

Foi durante este período que a igreja oriental separou-se de Roma. Não
concordando com a posição Papai. Esta divisão criou duas igrejas católicas, cada
uma insistindo ser a única igreja católica e apostólica.

5. De Gregório VII até a reforma

O apogeu ocorreu neste período. O papa se considerava superior a toda


autoridade do mundo, houve uma identificação absoluta com o papa. É possível
neste período descrever a historia da igreja romana, descrevendo seus papas.

As ordens monásticas contribuíram para o poderio do papa. No inicio, seu zelo e


piedade os tomaram missionários. Infelizmente, seus votos os ligaram ao papa,
prejudicando seu trabalho.

Nesse período também se multiplicaram os grupos que se revelaram contra as


heresias romanas e a política papal.

Em 1517 o monge Martinho Lutero pregou, na porta da igreja de Wittemberg, suas


95 teses contam às indulgências, nascera à reforma Protestante.
39

6. O desenvolvimento da Reforma Protestante

A igreja romana lançou o movimento da contra-reforma, valendo-se da ordem dos


Jesuítas da Inquisição e do Concílio de Trento, para combater a Reforma. O
concílio de Trento confirmou tradição e a autoridade do Papa.

Quatro formas de política ou governo de igreja aparecem nesta época. São elas:

Luterana
Presbiteriana
Anglicana
Congregacional.
40

IV Conclusão

A Igreja é agente missionária do Senhor. A missão da igreja é pregar o Evangelho


de Cristo, proclamando a salvação, oferecendo libertação pelo poder do nome de
Jesus com curas e manifestações de milagres. Através da igreja o Senhor
proclama o seu Reino com as marcas da sua benevolência. A igreja como Serva
do Senhor deve desempenhar o seu papel de proclamadora das virtudes do
Senhor Jesus Cristo, testemunhando acerca de Cristo com integridade e com os
princípios do Senhor da Seara.

Diante do privilégio de servir ao nosso Deus cabe-nos como sua igreja ser
autênticos e sinceros na fé, responsabilidade e amor. Como igreja somos o corpo
e fazemos exatamente aquilo que o Senhor deseja, com discernimento da sua
vontade e submissão do seu único querer.

Pastor Delmo Gonçalves


41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DANA, H.E. Manual de Eclesiologia USA: Casa Batista de Publicaciones 1987

FERREIRA, Soares Ebenézer. Manual da Igreja e do Obreiro. Ed. Juerp. Rio de


Janeiro. 1981.

KITTEL, Gerhard. A Igreja no Novo Testamento. Editora Aste, São Paulo 1965.

MACDANIEL, George, W. As Igrejas do Novo Testamento. 5. Rio de janeiro:


JUERP 1989.

SHELLEY, L. Bruce. A Igreja: O povo de Deus. Edições Vida Nova. São Paulo.
1978.

STEUERNAGEL, R. Valdir. A Missão da Igreja. Missão Editora. Belo Horizonte.


1994.

STEDMAN, C. Ray. A Igreja Corpo Vivo de Cristo. Ed. Mundo Cristão. São
Paulo. 1974.
TOGNINI, Enéas. Eclesiologia Brasília: Convenção Batista Nacional, 1988.

Você também pode gostar