Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O desenvolvimento normal do trato genital feminino se O seio urogenital se desenvolve quando a cloaca é
dá através de uma série de eventos precisamente subdividida pelo septo urorretal; ele forma, no final, a
coreografados, envolvendo as células germinativas parte inferior da vagina e o vestíbulo da genitália externa.
primordiais, ductos de Muller (paramesonéfricos), ductos
Normalmente os ductos mesonéfricos regridem nas
de Wolff (mesonéfricos), e selo urogenital.
mulheres, porém vestígios podem persistir na vida adulta
como inclusões epiteliais adjacentes aos ovários, tubas e
útero. No colo uterino e na vagina esses vestígios podem
ser císticos e são chamados de cistos do ducto de Gartner.
Uma grande variedade de organismos pode infectar o migra para os gânglios nervosos lombossacrais regionais,
TGF. As infecções por alguns microrganismos, tais como estabelecendo uma infecção latente. Devido à latência viral,
Candida, Trichomonas e Gardnerella, são extremamente as infecções por HSV persistem indefinidamente, e qualquer
comuns, podendo causar desconforto significativo, mas redução da função imunológica, bem como estresse, o
sem sequelas sérias. Outras, como as infecções por trauma, a radiação ultravioleta e as alterações hormonais,
Neisseria gonorrheae e Chlamydia, são causas pode desencadear a reativação do vírus e recorrência das
importantes de infertilidade feminina, e outras ainda, lesões da pele e mucosa.
como as infecções por Ureplasma urealyticum e
Mycoplasma hominis, estão implicadas em partos pré-
termo. Os vírus, especialmente os vírus de herpes simples
(HSVs) e os papilomavírus humanos (HPVs), também
representam morbidade considerável; os HSVs causam
ulcerações genitais dolorosas, enquanto os HPVs estão
envolvidos na patogenia de cânceres cervicais, vaginais e
vulvares.
A infecção genital pelo vírus do herpes simples é comum, A consequência mais grave da infecção por HSV é a
envolvendo, por ordem de frequência, o colo uterino, a transmissão ao recém-nascido durante o parto. O risco é
vagina e a vulva. Os HSVs são vírus DNA que incluem dois maior se a infecção estiver ativa durante o parto e
sorotipos, o HSV-1 e o HSV-2. O HSV-1, tipicamente, resulta particularmente se constituir uma infecção primaria (inicial)
em infecção orofaríngea, enquanto o HSV-2 geralmente na mãe. Uma incisão cesariana é justificada nesses casos.
envolve a mucosa genital e a pele; contudo, dependendo das Ademais, a infecção pelo HSV-2 facilita a aquisição e
práticas sexuais, o HSV-1 pode ser detectado na região transmissão do HIV-1.
genital e o HSV-2 também pode causar infecções orais.
DIAGNÓSTICO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Este, se baseia nos achados clínicos típicos e na detecção de
As lesões se desenvolvem tipicamente de 3 a 7 dias após a HSV. O exsudato purulento é aspirado das lesões e inoculado
transmissão, e são frequentemente associadas a sintomas em uma cultura do tecido. Após 48 a 72 horas, o efeito
sistêmicos como febre, mal-estar, e linfonodos inguinais citopático viral pode ser observado e o vírus pode então ser
sensíveis. Geralmente, o início das lesões geralmente isolado e ter o sorotipo determinado. Além disso, alguns
consiste em pápulas vermelhas que evoluem para vesículas, laboratórios oferecem testes mais sensíveis como a reação
e então para úlceras coalescentes dolorosas. Essas lesões em cadeia da polimerase, ensaios imunoabsorventes
são facilmente visíveis na pele e mucosa vulvares, enquanto enzimáticos e teste de anticorpos por imunofluorecência
as lesões cervicais ou vaginais apresentam secreção direta para detecção de HSV nas secreções lesionais.
purulenta intensa e dor pélvica. Além disso, as lesões ao
PREVENÇÃO
redor da uretra podem causar micção dolorosa e retenção
urinária. Uma vez que um paciente é diagnosticado com infecção
genital por HSV, o aconselhamento também deve incluir a
As lesões de mucosa e de pele cicatrizam espontaneamente
prevenção da transmissão ao(s) parceiro(s). Os pacientes
em 1 a 3 semanas; porém, durante a infecção aguda, o vírus
precisam ser informados de que o HSV pode ser transmitido
Impresso por Aline Morais Fontenele Barboza De Souza, CPF 008.431.252-17 para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 18/02/2022 22:27:21
Beatriz Loureiro
mesmo quando os sintomas ou lesões genitais estão As infecções são comuns em crianças entre 2 a 12 anos de
ausentes, devido à disseminação viral. O contato direto com idade e são transmitidas por contato direto ou objetos
as membranas mucosas ou pele pode levar à transmissão compartilhados (p.ex., toalhas). O molusco pode afetar
viral, mesmo na ausência de relação sexual. qualquer área da pele, porém é mais comum no tronco,
braços e pernas. Em adultos, as infecções por molusco
O uso consistente de preservativos pode diminuir o risco de tipicamente têm transmissão sexual e afetam os genitais, a
transmissão do HSV-2 a um parceiro não infectado em até porção inferior do abdome, as nádegas e a parte interna das
96% e é mais eficaz na prevenção da transmissão de homens coxas.
para mulheres. No entanto, os pacientes devem ser
informados de que a transmissão do HSV-2 ainda é uma
possibilidade, mesmo com o uso consistente de
preservativo, devido à liberação de vírus da mucosa não
protegida por preservativos, ou do HSV-1 por contato oral-
genital desprotegido.
TRATAMENTO
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Não existe um tratamento eficaz para HSV latente; contudo,
agentes antivirais como aciclovir ou fanciclovir podem Corresponde a 6 semanas.
reduzir a duração da fase sintomática inicial e recorrente. A
solução definitiva seria uma vacina efetiva. DIAGNÓSTICO
INFECÇÕES FÚNGICAS
É um protozoário ovoide flagelado de grande tamanho, As pacientes tipicamente apresentam uma secreção vaginal
geralmente transmitido pelo contato sexual, que se fina, verde-acinzentada, com odor desagradável (de peixe).
desenvolve de 4 dias a 4 semanas. Os esfregaços de Papanicolau revelam células escamosas
superficiais e intermediárias recobertas por cocobacilos com
aspecto piloso. As culturas bacterianas nesses casos revelam
G. vaginalis e outras bactérias, incluindo peptoestreptococos
anaeróbicos e estreptococos α-hemolíticos aeróbicos.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
É um bacilo gram-negativo que está associado como a Com o gonococo, as alterações inflamatórias começam a
principal causa de vaginose bacteriana (vaginite). aparecer aproximadamente 2 a 7 dias após a inoculação. A
infecção inicial envolve mais comumente a mucosa
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Impresso por Aline Morais Fontenele Barboza De Souza, CPF 008.431.252-17 para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 18/02/2022 22:27:21
Beatriz Loureiro
endocervical, mas ela também pode começar na glândula de o meato uretral, introito vaginal, hímen, glândulas
Bartholin e em outras glândulas vestibulares ou periuretrais. parauretrais ou vestibulares menores ou de Skene e
A partir de qualquer um desses lugares, os organismos glândulas vestibulares maiores ou de Bartholin) e o clitóris.
podem se disseminar para cima e envolver as tubas uterinas
e a região tubo-ovariana. As infecções bacterianas não A vulva também pode ser chamada de pudendo feminino, e,
gonocócicas que seguem um aborto induzido, dilatação e em condições normais, protege a vagina, assim como
curetagem do útero, e outros procedimentos cirúrgicos se protege o meato uretral da entrada de materiais estranhos.
disseminam a partir do útero para cima, pelos canais Também tem função de orientar o fluxo de urina. Esta região
linfáticos ou venosos, e não pela superfície mucosa. possui muitas terminações nervosas sensoriais táteis, como
Portanto, essas infecções tendem a produzir mais corpúsculos de Meissner e Pacini que contribuem para a
inflamação dentro das camadas mais profundas dos órgãos fisiologia do estímulo sexual.
do que as infecções gonocócicas.
ANATOMIA DA VULVA
MORFOLOGIA
Como dito, várias estruturas compõem a vulva:
A infecção gonocócica é caracterizada pela inflamação aguda
acentuada das superfícies das mucosas envolvidas,
MONTE DO PÚBIS
revelando, no esfregado do exsudato, diplococos gram-
negativos fagocitados por neutrófilos. Com a evolução, em O monte do púbis é um coxim de tecido adiposo recoberto
geral, o endométrio é poupado, mas as tubas não, ocorrendo de pelos, situado sobre a sínfise púbica. O tecido adiposo
uma salpingite supurativa aguda. Nesta, a mucosa se torna aumenta durante a puberdade, assim como o aparecimento
congestionada e infiltrada por neutrófilos, plasmócitos e de pelos ocorre nesse mesmo período.
linfócitos, e, consequentemente, ocorre lesão epitelial e
descamação das pregas, de modo que a luz das tubas fique
preenchidas por exsudato purulento que pode vazar pelas GRANDES LÁBIOS
fímbrias da extremidade do órgão. A infecção pode se
Os grandes lábios são constituídos de pregas arredondadas
agravar até o ovário.
de tecido adiposo proeminentes que proporcionam
proteção indireta para o clitóris e para os óstios da uretra e
da vagina. Seguem em sentido ínfero-posterior do monte
púbis em direção ao ânus.
VULVA CLITÓRIS
A vulva corresponde à genitália externa do sistema O clitóris é um órgão erétil localizado no ponto de encontro
reprodutor feminino. Inclui o conjunto de órgãos genitais dos lábios menores do pudendo anteriormente. Consiste em
femininos externos e visíveis: o monte de vênus, os grandes uma raiz e um pequeno corpo cilíndrico, formados por dois
e os pequenos lábios, o vestíbulo (no qual estão localizados ramos, dois corpos cavernosos e a glande do clitóris. Possui
Impresso por Aline Morais Fontenele Barboza De Souza, CPF 008.431.252-17 para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 18/02/2022 22:27:21
Beatriz Loureiro
CLÍNICA – leucoplasia.
à Dermatoses inflamatórias;
A seguir, será descrito brevemente as principais causas da As células elevadas (exofíticas) ou verrucosas da vulva
leucoplasia – o líquen escleroso e a hiperplasia das células podem ser causadas por uma infecção ou condições reativas
escamosas. de etiologia desconhecida. O condiloma acuminado, uma
Impresso por Aline Morais Fontenele Barboza De Souza, CPF 008.431.252-17 para uso pessoal e privado. Este material pode ser
protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 18/02/2022 22:27:21
Beatriz Loureiro
lesão induzida pelo papilomavírus, também chamado de masculino com múltiplas parceiras sexuais. A NIV
verruga genital, e o condiloma plano sifilítico são frequentemente é multicêntrica, e 10% a 30% das pacientes
consequências de infecções sexualmente transmitidas. com NIV também apresentam lesões vaginais ou cervicais
relacionadas ao HPV. O risco de progressão para carcinoma
CONDILOMA ACUMINADO invasor é mais alto em mulheres com mais de 45 anos de
idade ou em mulheres imunossuprimidas. O pico de idade
São verrugas genitais benignas causadas por HPVs de baixo
para o câncer vulvar basaloide e verrucoso encontra-se na 6ª
risco de ocasionar o câncer, como o tipo 6 e o tipo 11. Em
década de vida.
geral, são multifocais e podem estar na vulva, no períneo ou
no ânus, além da vagina e do colo. MORFOLOGIA: a NIV clássica é uma lesão branca discreta ou
levemente elevada e pigmentada. Na microscopia, há
HISTOLOGIA – eixo conjuntivo arborescente, exofítico,
espessamento da epiderme, atipia nuclear, aumento das
papilar, coberto por epitélio escamoso espessado. No
figuras de mitose e falta de maturação celular. Os
epitélio superficial, há atipia coilocitótica (aumento nuclear,
carcinomas invasores decorrentes da NIV clássica, como a
hipercromasia e halo plasmático perinuclear.
imagem abaixo, podem ser exofíticos ou endurecidos,
OBSERVAÇÃO – os condilomas acuminados não são podendo ter ulceração/necrose central, como é o caso da
considerados lesões pré-cancerosas. imagem vista abaixo:
BASALOIDE
Isso é prejudicial, visto que, uma vez que esse carcinoma mostrado na imagem abaixo. Além disso, as células
invasor se desenvolve, o risco de metástases é maior, expressam citoqueratina 7. As células de Paget exibem
variando de acordo com o tamanho e profundidade do diferenciação apócrina, écrina e de queratinócitos e
tumor, além dos casos que envolvem os vasos linfáticos. supostamente surgem a partir de células multipotentes
encontradas nos ductos de glândulas similares às da mama
Em primeiro lugar, o carcinoma invasor vai em direção aos encontradas na pelve vulvar.
linfonodos inguinais, pélvicos, ilíacos e periaórticos,
chegando à via linfo-hematogênica, indo logo para os
principais órgãos: pulmões e fígado, entre outros.
VAGINA
Também chamado de sarcoma botrioide, este tumor uterino o faz altamente suscetível a infecções com HPV, a
incomum composto de rabdomioblastos embrionários principal causa de câncer do colo uterino. As células
malignos, ocorre mais frequentemente em bebês e crianças epiteliais metaplásticas escamosas imaturas na zona de
menores que 5 anos. Esse tumor cresce como uma massa transformação são mais suscetíveis à infecção por HPV, e
polipoide, arredondada e volumosa, com consistência de como resultado disso, é onde se desenvolvem as lesões e
cachos de uva. Frequentemente, são confundidos como os cânceres precursores cervicais.
pólipos inflamatórios benignos, o que é prejudicial para o
paciente, pois, esses tumores são capazes de invadir e causar
a morte por penetração na cavidade peritoneal ou por
obstrução do trato urinário.
COLO UTERINO
INFLAMAÇÕES
Anatomicamente, o colo uterino compreende a porção
CERVICITES AGUDA E CRÔNICA
vaginal externa (ectocérvice) e o canal endocervical. A
ectocérvice é visível no exame vaginal e é coberta por um No início da menarca, a produção de estrogênios pelo ovário
epitélio escamoso contínuo com a parede vaginal. O epitélio estimula a maturação da mucosa cervical e vaginal e a
escamoso converge centralmente em uma pequena formação de vacúolos de glicogênio intracelular nas células
abertura chamada de orifício externo, que se continua com escamosas. À medida que essas células descamam, o
o canal endocervical. A endocérvice é revestida por um glicogênio fornece um substrato para microrganismos
epitélio colunar secretor de muco. O ponto onde o epitélio vaginais endógenos aeróbios e anaeróbios, mas
escamoso e colunar se encontram é chamado de junção particularmente para os lactobacilos, que são a espécie
escamocolunar, podendo ser visto na imagem a seguir: microbiana dominante na vagina normal. Quando ocorre a
descamação, o glicogênio vira um substrato para
microrganismos, sobretudo os lactobacilos normais do
corpo, mantendo o pH baixo, o que impede o crescimento
de microrganismos patogênicos.