9638 – Processos de
Comunicação com
crianças e jovens
Objetivos gerais
Objetivos específicos
Conteúdos programáticos
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Introdução
Todos nós precisamos de nos fazer entender e entendermos os outros, e foi através
desta necessidade que ganhámos o principal fator de vantagem evolutiva. Ao desenvolver a
linguagem seja ela não-verbal ou verbal, a nossa espécie permitiu-nos primitivamente dar a
conhecer os perigos que o mundo oferecia e dessa forma alertar a restante prole para o seu
efeito, e de forma mais evoluída, a criação de grandes ideias inovadoras que permitem
atualmente o conforto de todos os cidadãos.
A comunicação na sua definição consiste num processo que envolve troca de
informações e utiliza sistemas simbólicos como suporte para este fim. Comunicar é parte da
vida sendo através deste processo tão natural que partilhamos o que somos e a forma como
gostaríamos de vir a ser. A comunicação surge no berço e é fruto da educação, e é por meio
dela, que desenvolvemos maior ou menor capacidade de realizar uma ligação que atende
plenamente às necessidades humanas e assim promover uma interação de qualidade com os
semelhantes. Tanto em família como em negócio, não dar importância à comunicação significa
perder oportunidades de construção de um bom relacionamento. E como se sabe, todos
somos seres humanos e, por conseguinte, seres relacionais, logo precisamos de garantir que
conseguimos relacionar-nos de forma positiva e útil.
Na nossa vida pessoal, a comunicação constitui-se como um fator de extrema
importância para que possamos transmitir informações, factos, ideias, desejos, etc., tornando-
se evidente que quem não comunica eficazmente, acaba por ficar fora do círculo que nos
permite sentir parte integrante. No mundo empresarial não é diferente, pois as informações
produzidas e transmitidas causam impactos na vida dos funcionários, cujas consequências se
fazem sentir de variadas maneiras (desde a mais positiva à mais negativa) e por isso é tão
importante conseguir-se realizar uma comunicação eficiente e eficaz.
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1. Comunicação - definição e conceitos
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Os antagonismos entre estas diferentes versões do “eu” geram – ou podem gerar – tensões
e conflitos de difícil gestão, sendo habitual procurarmos adaptar os nossos comportamentos
à imagem que as pessoas desejam ou pensam ter de nós. Devemos cultivar a autoconfiança
e acreditar nas nossas potencialidades de transformação. Passamos grande parte da vida a
partilhar emoções e afetos, trocando ideias, informações, saberes e experiências, trabalhando
lado a lado com outras pessoas. Por isso mesmo, uma das principais chaves para a
comunicação é a capacidade de estabelecer interação com os outros indivíduos, entendendo-
se por interação o processo de ação e reação recíprocas entre pessoas, que se manifesta
através de linguagem verbal ou não verbal. Sempre que à interação se alia a inter-relação –
capacidade de estabelecer elos afetivos – surge a comunicação: INTERACÇÃO + INTER-
RELAÇÃO = COMUNICAÇÃO.
Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade de não
comunicar. O indivíduo que afirma que não comunica porque não fala, apresentando-se
aparentemente passivo perante um determinado episódio comunicacional, está, de facto, e
mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade ou o silêncio possuem um valor de
mensagem, por implicarem atitudes valorativas em relação aos outros. Para além disto, toda
a comunicação implica e define uma relação, que, por sua vez, implica sempre
comportamentos. O comportamento é sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele
próprio, uma forma de comunicar.
Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser realizada por meio de:
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-Linguagem falada ou escrita,
-Linguagem de sinais,
-Ideias,
-Comportamentos e atitudes.
No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como um fenômeno isolado, pois
ela somente será efetiva, se outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica.
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2. Tipos e formas de comunicação
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da língua natural num código. Língua é um sistema de comunicação verbal herdado,
aprendido e partilhado pelos integrantes de uma mesma comunidade.
Através da comunicação verbal oral, os indivíduos de um mesmo grupo linguístico criam
diversas representações do mundo, interagem, comunicam, trocam experiências e procuram
soluções para seus problemas.
Centrada sobre o sujeito emissor. Uma expressão direta da atitude do sujeito em relação
àquilo de que fala. Tende a dar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou fingida. As
interjeições representam o estrato da língua puramente emotivo, mas a função emotiva é
inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se considere o nível fónico, quer o nível
gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode ser restringida à
informação do tipo cognitivo.
2. Função apelativa
3. Função referencial
4. Função fática
É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper
a comunicação, verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do interlocutor.
5. Função metalinguística
Ocorre quando o emissor e/ou o recetor julgam necessário averiguar se ambos utilizam na
verdade o mesmo código. Quando o discurso está centrado no código, desempenha uma
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função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas investigações
lógicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.
6. Função poética
Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função exclusiva do conjunto
de textos que Jakobson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas da sua função
dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário, embora
muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras funções
(publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função apelativa.
A Comunicação Corporal
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A Comunicação corporal assume papel de relevo no ato de comunicar: cerca de 65%
das mensagens que se emitem e recebem ao longo do dia são não verbais. O corpo humano
é o principal transmissor de códigos apresentativos, tendo Argyle feito uma lista de dez
desses códigos:
1. Contacto físico
2. Proximidade
O grau de proximidade com que nos acercamos de alguém pode transmitir uma
mensagem quanto ao relacionamento que temos com essa pessoa. Existem características
que diferenciam significativamente distâncias: Até um metro é íntimo; Mais de dois metros e
meio é semipúblico. Estas distâncias variam de cultura para cultura e de classe social para
classe social;
3. Orientação
O ângulo em que nos colocamos relativamente aos outros é uma forma de emitir
mensagens sobre o relacionamento. Olhar alguém de frente pode ser indicador de intimidade
ou intimidação;
4. Aparência
Este código é dividido em duas partes: os aspetos de controlo voluntário (cabelo,
vestuário, pele) e os menos controláveis (altura, peso). A aparência é utilizada para enviar
mensagens sobre a personalidade e o estatuto social;
5. Movimentos da Cabeça
6. Expressão Facial
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Esta pode dividir-se em subcódigos de posição das sobrancelhas, formato dos olhos,
formato da boca e tamanho das narinas. Estes elementos, em diferentes combinações,
determinam a expressão do rosto. A expressão facial revela menos variações inter-culturais
do que a maioria dos códigos apresentativos.
7. Gestos
A mão e o braço são os principais transmissores do gesto, sendo os gestos dos pés e
cabeça também importantes. Estão intimamente relacionados com a fala e complementam a
comunicação verba. O gesto intermitente, enfático, para cima e para baixo, indica
frequentemente uma tentativa de domínio, enquanto gestos mais fluidos, contínuos e
circulares indicam o desejo de explicar ou de conquistar simpatia. Para além destes gestos
indiciais existem gestos simbólicos, de que o sinal V é um exemplo.
8. Posturas
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3. Comunicação e Linguagem
. Fenómeno social: exprime a relação que uma sociedade estabelece com o mundo
circundante; no fundo, a linguagem é prévia ao indivíduo e impõe-se a ele próprio.
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sentidos desenvolvem-se rapidamente nos primeiros meses de vida, à medida que os bebés
se adaptam ao mundo em torno deles.
A audição é um sentido que já se encontra desenvolvido antes do nascimento do bebé,
pois este reage aos sons e parece aprender a reconhecê-los. Numa perspetiva evolutiva, o
primeiro reconhecimento de vozes e linguagem ouvidas no útero pode estabelecer os
fundamentos para a relação com a mãe e mesmo bebes com três dias de vida podem
conseguir distinguir os novos sons das falas. Em suma, a audição é a chave para o
desenvolvimento da linguagem.
Segundo a hipótese inatista, a aquisição da linguagem, o ser humano nasce com uma
capacidade inata no cérebro para adquirir linguagem. A tarefa da criança será a de
desenvolver a sua faculdade em função do ambiente que a rodeia e não apenas a de imitar o
que ouve, pois se assim fosse a criança nunca produziria frases e palavras que nunca ouviu.
Chomsky defende que todas as crianças passam por fases semelhantes de aquisição da
linguagem, independentemente da língua que estão a aprender, no entanto, isto não significa
que todas as crianças passem exatamente pelas mesmas fases. Este processo de aquisição,
uma vez que a criança já possui capacidades inatas para analisar a estrutura da língua, é um
processo rápido e simples, que sucede na fase crítica para a aquisição da linguagem. Este
período ocorre nos primeiros anos de vida, sendo que é importante que haja uma estimulação
para que o cérebro possa amadurecer na altura devida.
Concluindo pode-se dizer que os bebés já nascem predispostos para aprender a falar,
assim, cada criança possui à nascença um conjunto de regras que uma língua pode ter. A sua
tarefa acaba por ser a de observar a forma como é utilizada a língua que é falada no meio em
que ela está inserida.
Será que deve considerar-se o início do processo de linguagem quando a criança
começa a balbuciar, ou quando produz uma frase? Esta questão tem levantado algumas
discussões.
É importante referir que a evolução da criança e o inicio da linguagem acontecem
maioritariamente por volta da mesma altura, sendo que Piaget afirma que o desenvolvimento
intelectual de cada pessoa, desde o nascimento à inteligência, passa por quatro estádios de
desenvolvimento: sensório-motor (0-2 anos), pré-operatório (2-7 anos), operações concretas
(7-11 anos) operações formais (12 anos para cima). Neste trabalho, iremos centrar-nos no
estádio sensório-motor, pois é nesta fase que as crianças iniciam o desenvolvimento da
linguagem.
Quando nasce, a vida mental do bebé manifesta-se por comportamentos inatos,
sensoriais e motores, a partir dos reflexos. Ao longo deste período, há várias fases
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generalizadas, primeiro a criança começa a coordenar as informações vindas dos sentidos,
sendo que é por esta altura que estabelece as suas primeiras referências (4 a 8 meses), como
a cara e a voz da mãe. Contudo se estas desaparecem do seu campo sensorial, deixam de
existir para as crianças, porque ainda não há noção da permanência do objeto. Mais tarde,
dá-se o início do ato intencional e passa a prestar atenção aos resultados das suas ações. Já
por volta dos 11-12 meses, segundo Piaget, há uma “intensa experimentação ativa”, existindo
um desfasamento entre a produção e o reconhecimento linguístico.
Contudo, cada criança progride conforme o seu próprio ritmo, pois as aquisições
seguem mais ou menos a mesma ordem, mas a velocidade dos progressos varia muito. No
estádio pré-operatório, que decorre entre os 2 e 7 anos, a criança já consegue usar a
inteligência e o pensamento. No que toca à linguagem, a partir desta idade dá-se uma
enorme evolução a este nível, adquirindo imensas palavras (com dois anos compreende
entre 200 a 300 palavras aproximadamente, e com cinco anos cerca de 2000). Esta
evolução necessita obviamente de um acompanhamento por parte dos pais ou dos
criadores. As crianças têm de ser estimuladas diariamente. Verificamos este ponto mais à
frente.
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Forma
Nesta componente incluem-se as regras de organização dos sons e as suas combinações
(fonologia); as regras que determinam a organização interna das palavras (morfologia) e as
regras que especificam a forma como as palavras serão ordenadas e a diversidade nos tipos
de frases (sintaxe).
Fonológico
Refere-se aos fonemas, isto é, aos sons que formam as palavras. Dentro deste nível, pode-
se diferenciar a fonética e a fonologia. A fonética estuda os sons enquanto que a fonologia
estuda os fonemas. Ao falar, se realizam e são percebidos um número muito variado de sons,
e por outro lado, existe uma série limitada de regras que formam o sistema expressivo de uma
língua. A disciplina que se ocupa dos sons é a fonética, enquanto que a fonologia se ocupa
das regras e organização do significante ou da forma de uma palavra. A fonética estuda os
sons, e a fonologia opera com abstrações, isto é, com fonemas. Domínio da estrutura dos
sons da língua – capacidade de apreensão e utilização das regras referentes aos sons e suas
respetivas combinações.
Sintaxe
A sintaxe faz referência à gramática ou estrutura da linguagem, isto é, a ordem em que as
diferentes partes da fala se apresentam em uma oração. Sua função primordial é combinar as
palavras de uma determinada língua para formar orações. Na sua forma mais simples, as
orações compõem-se de sujeito, verbo e predicado.
Conteúdo
Esta componente envolve o significado. Este significado poderá ser extraído deforma literal
ou não literal, dependendo de contextos linguísticos ou não linguísticos. O nível semântico é
o que faz referência ao significado do que se diz. Nas unidades deste nível são as palavras e
os morfemas.
Os morfemas são as pequenas partículas incluídas em muitas palavras, que isoladas não
significam nada, mas que unidas a outros segmentos (raiz) fazem que o enunciado
proporcione uma ou outra informação. O vocabulário forma parte do nível semântico da
linguagem.
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3.4.1. Função, forma e significado
Funções da linguagem são as formas como cada indivíduo organiza sua fala
dependendo da mensagem que se quer transmitir. A linguagem pode ser usada para
expressar sentimentos, para informar, para influenciar outras pessoas etc. A transmissão
dessa mensagem pressupõe um emissor, um recetor, um contexto, um código e um canal
entre o emissor e o recetor.
As funções da linguagem são:
1 – Função emotiva ou expressiva – quando a linguagem está centrada no próprio emissor,
revelando seus sentimentos, suas emoções. Ex.: “Solto a voz nas estradas/ Já não posso
parar/ Meu caminho é de pedra/ Como posso sonhar”.
5 – Função fática – quando a linguagem é usada para confirmar se de fato o emissor está
sendo ouvido. É um canal de comunicação. Ex.: Você está me entendendo? Certo? Não é
verdade? Etc.
6 – Função poética - quando a linguagem revela um cuidado especial com o ritmo das frases,
com a sonoridade das palavras, com o jogo de ideias. Ex.: Textos literários, provérbios etc.
Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos,
seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Linguística é o nome da
ciência que se dedica ao estudo da linguagem. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso
da linguagem verbal e não-verbal para se comunicar. A linguagem verbal integra a fala e a
escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.). Todos os outros recursos
de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz, etc., fazem
parte da linguagem não-verbal.
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A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, pois determinados
movimentos corporais podem transmitir mensagens e intenções. Dentro dessa categoria
existe a linguagem gestual, um sistema de gestos e movimentos cujo significado se fixa por
convenção, e é usada na comunicação de pessoas com deficiências na fala e/ou audição.
Linguagem mista é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Por
exemplo, uma história em quadrinhos integra, simultaneamente, imagens, símbolos e
diálogos.
Dependendo do contexto social em que a linguagem é produzida, o falante pode usar
a linguagem formal (produzida em situações que exigem o uso da linguagem padrão, por
exemplo, salas de aula ou reuniões de trabalho) ou informal (usada quando existe intimidade
entre os falantes, recorrendo a expressões coloquiais).
As linguagens artificiais (que são criadas para servirem a um fim específico, por exemplo,
a lógica matemática ou a informática) também são designadas por linguagens formais. A
linguagem de programação de computadores é uma linguagem formal que consiste na criação
de códigos e regras específicas que processam instruções para computadores.
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4.1. Na interação com os pares
Relações entre pares na primeira infância são essenciais para a adaptação psicossocial
presente e futura. Vividas em atividades em grupo ou em amizades unipessoais, elas
desempenham um papel importante no desenvolvimento das crianças, ajudando-as a dominar
novas habilidades sociais e familiarizar-se com as normas e processos sociais envolvidos nas
relações interpessoais. Este tema apresenta particular interesse na atualidade, uma vez que
cada vez mais as crianças são expostas a outros pares mesmo antes do ingresso na escola,
pela frequência a creches e porque a maioria das crianças interage com irmãos de idades
aproximadas no contexto da família.
Até os quatro anos, ou mais tardar, a maioria das crianças é capaz de ter um melhor
amigo e de conhecer os parceiros de quem gosta ou de quem não gosta. No entanto, entre
5% e 10% das crianças experimentam dificuldades crônicas nas relações com pares, tais
como rejeição ou hostilização. Problemas precoces com pares podem ter um impacto negativo
no desenvolvimento social e emocional posterior. Contudo, intervenções em relação a essas
dificuldades parecem ser particularmente efetivas quando são realizadas mais cedo na vida.
Há uma série de habilidades emocionais, cognitivas e comportamentais que se
desenvolvem nos dois primeiros anos de vida que ajudam a promover relações positivas entre
pares. Entre elas, lidar com a atenção conjunta, regular emoções, inibir impulsos, imitar as
ações de outra criança, compreender relações causa-efeito, e desenvolver habilidades de
linguagem. Alguns fatores externos, tais como as relações das crianças com os membros da
família e sua bagagem cultural ou socioeconômica, e fatores individuais, como incapacidades
físicas, intelectuais de desenvolvimento ou comportamentais, também podem influenciar as
experiências de crianças com seus pares.
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O ciclo vital da família representa a co-evolução dos membros que compõem um
sistema familiar num contínuo caracterizado por várias mudanças, nomeadamente ao nível
dos hábitos, das atitudes, dos comportamentos e dos rituais. Esta co-evolução constitui-se por
exigências comunicacionais e funcionais inerentes ao exercício da parentalidade. Para uma
melhor compreensão, analisarse-ão duas etapas do ciclo vital consideradas na classificação
proposta por Relvas (1996): Família com Filhos na Escola e Família com Filhos Adolescentes.
Em cada uma destas fases serão abordados os desafios específicos da parentalidade ao nível
do exercício da autoridade, da promoção da socialização e individualização, do cuidado afetivo
e, finalmente, da comunicação estabelecida, dimensão que assume um carácter transversal
relativamente às anteriores tarefas. Família com Filhos em Idade Escolar.
A entrada dos filhos na escola assinala um ponto de viragem importante para a família
nuclear de uma forma direta e para a família alargada e comunidade de forma indireta (Relvas,
1996). De um momento para outro, o sistema familiar vê-se confrontado com uma nova
realidade que precipita a autonomização dos filhos. O exercício da autoridade passa a ser
partilhado com o contexto escolar e a promoção da socialização acontece de forma quase
acidental, já que se trata de um acontecimento inerente à entrada dos filhos na escola. Fora
do contexto familiar, os pares influenciam e contribuem para a formação das crianças
colocando à prova a imagem que a família promove ao exterior. O contacto com novos amigos
conduz a um progressivo afastamento físico facilitando um distanciamento emocional que
promoverá o processo de autonomia (Relvas, 1996). O cuidado afetivo continua a ser
essencialmente prestado no contexto familiar (Relvas, 1996), embora a triangulação com o
sistema escolar seja inevitável (Alarcão, 2006). A dimensão comunicacional está, nesta etapa,
muito associada às discrepâncias entre o sistema escolar e familiar. É através da criança que
as mensagens circulam entre os sistemas, marcando a entrada destas no mundo dos adultos.
Vários estudos centram a sua análise na comunicação, ao nível da parentalidade,
constatando-se que: por vezes, a comunicação parento-filial não é tão frequente quanto o
desejável na perceção dos filhos; os pais parecem comunicar de forma mais aberta com as
filhas do que com os filhos; a 392 comunicação suportada na desqualificação parece estar na
base da dificuldade do desenvolvimento das competências sociais, em crianças em idade
escolar.
A descrição da adolescência tende a ser feita em termos exagerados, tanto pelas
famílias, como pela sociedade ocidental em geral. No entanto, alguns autores referem que
este período constitui “um campo psicológico privilegiado para o estudo da mudança”. Assim,
as dinâmicas familiares são um dos alvos de mudança e transformação, processando-se de
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forma mais ou menos conflituosa (Relvas, 1996). Por este motivo, a flexibilidade tem um papel
chave na superação dos desafios familiares (Preto, 1989/1995).
Centrado nas relações estabelecidas entre pais e adolescentes, encontram-se, com
frequência, referências relativas à relação entre a comunicação e o exercício da autoridade.
Eckstein (2004) estudou a violência filio-parental, concluindo que os filhos tendem a
percepcionar a postura comunicacional dos pais como sendo desafiante, precipitando uma
interacção negativa. Este estudo, tal como outros, vem corroborar a necessidade de
estabelecer limites e fronteiras claras entre os subsistemas filial e parental, especialmente em
circunstâncias de conflito eminente (Relvas, 1996). Por outro lado, Ochoa, Lopez e Emler
(2008) constataram que o auto-conceito familiar positivo depende do nível de abertura
comunicacional entre o adolescente e as figuras parentais, à semelhança da conclusão
retirada pelo estudo de Jackson, Bijstra, Oostra e Bosma (1998), indicando que quando a
comunicação é aberta/livre de problemas os jovens experienciam sentimentos positivos e
menor conflitualidade. Efetivamente, a comunicação parento-filial parece assumir um papel de
grande relevância a longo prazo, enquadrando alguns comportamentos problemáticos
(Relvas, 1996) e promovendo, por vezes, o desenvolvimento de psicopatologias. A
investigação longitudinal efetuada por Overbeek, reforça os efeitos negativos de uma
comunicação de baixa qualidade, entre o adolescente e a figura parental, para o
desenvolvimento sócio-emocional na idade adulta. Outros estudos demonstram ainda que a
comunicação do adolescente é preferencialmente mantida com o progenitor do sexo feminino
e, geralmente, as figuras parentais tendem a percecionar uma boa comunicação com os filhos
contrariamente ao que é percecionado por estes. A adolescência parece funcionar enquanto
estádio pináculo da socialização e promoção da individualização. Os grupos de pares são
fulcrais para a resolução desta tarefa pois favorecem a descentralização emocional/relacional
do adolescente com o sistema familiar. Além disto, assumem, também, o papel de cuidadores
afetivos, sobretudo pelo facto de gerirem as tensões emocionais que surgem no contexto
familiar (Alarcão, 2006).
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Desta forma, os valores, as atitudes e os comportamentos serão condicionados pelo seu grupo
de referência.
Este grupo pode ter um âmbito restrito (grupo de pares ou subgrupo particular) ou ter um
âmbito mais alargado (grupo social, comunidade). Em ambos os casos, o grupo de referência
coincide geralmente com o grupo ao qual o indivíduo pertence mas pode também acontecer
ser um grupo diferente deste último.
As atitudes, os comportamentos e os valores do indivíduo são condicionados pelo
respetivo grupo de pertença (a família, o grupo de amigos, etc.), que, desta forma, assume-se
também como grupo de referência (grupo-modelo). No entanto, existem situações onde tal
relação aparece "distorcida" - é o caso, por exemplo, dos membros das classes altas com
ideologias mais radicais.
Assim, é essencial recorrer ao grupo de referência do indivíduo (que pode ser um grupo
ou um indivíduo), que não só funciona como fonte de normas, de valores e de atitudes (grupo
de referência normativo, que pode ser positivo ou negativo, de acordo com a sua
(des)valorização), como também permite estabelecer comparações (grupo de referência
comparativo, perante o qual o indivíduo percebe o seu grau de privação relativa).
O conflito entre o grupo de pertença e o grupo de referência revela-se, entre outros,
nas experiências de mobilidade social, onde o indivíduo, enquanto mantém relações com o
grupo de pertença, aceita, simultânea e voluntariamente, as normas e os valores do grupo de
referência (muitas vezes em relativa oposição com os do grupo de pertença), adotando-os
como seus através de um processo de socialização antecipada. De salientar que a seleção
de grupo de referência exige um conhecimento, entre outros, das normas e da posição do
mesmo por parte do indivíduo, cuja identificação, por ser percebida, pode ser confusa ou
errónea.
Comunicar é uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos
interacionais. Mas não só. O tempo, o espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o
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corpo, os fatores históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo em presença, as
expectativas e os sistemas de conhecimento que moldam a estrutura cognitiva de cada ator
social condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos. Assim, podemos
equacionar uma estrutura de variáveis interacionais que, nos processos de comunicação
humana, tanto podem facilitar como barrar ou constituir fontes de ruído às relações face-a-
face.
5.1. Assertividade
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O indivíduo que age de forma afirmativa mantém o seu equilíbrio psicológico e favorece
o bom clima. Esta autenticidade do sujeito que se auto-afirma, implica, na sua vida social,
abster-se de julgar e fazer juízos de valor apressados sobre os outros; não utilizar linguagem
corporal ou entoações de voz opostas ao que diz por palavras; descrever as suas reações
mais que as reações dos outros; facilitar a expressão dos sentimentos dos outros, não os
bloqueando.
Ser um bom ouvinte é uma das melhores formas de bem comunicar. Ninguém gosta de
falar com alguém se só se preocupa em falar dos seus assuntos sem ouvir o que a outra parte
tem para dizer. Opte sempre por praticar uma escuta ativa, que envolve prestar atenção ao
que a outra pessoa diz, fazer questões de esclarecimento e reforçar o que a outra pessoas
referiu para certificar-se que está tudo bem definido.
5.3. Auto-imagem
Tente transmitir a sua mensagem em poucas palavras. Diga aquilo que pretende de
forma clara e direta, esteja a conversas pessoalmente, por telefone ou via e-mail. Se começar
a divagar, o ouvinte irá dispersar ou ficará com dúvidas sobre aquilo que realmente pretende.
Pense com antecedência naquilo que pretende dizer e evite falar excessivamente e de forma
confusa.
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5.5. Transparência na comunicação
Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das palavras no
processo de comunicação. É preciso focalizar também os gestos, as expressões e atitudes.
Ao mesmo tempo, ressalta-se que o mais importante é ter capacidade de uma escuta atenta
ao que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o feedback de todo o investimento
realizado em sua direção.
O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar a comunicação. Isso
quer dizer ter certeza de que a mensagem emitida foi corretamente recebida e interpretada
pelo público-alvo.
É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para colocar as palavras
certas em função da comunicação certa.
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As nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. As nossas expressões
faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar,
podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente hábeis,
juntamente com as nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor expressar
as nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para ouvir e
compreender, empaticamente, os problemas dos outros.
As nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros
da espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto,
apesar das emoções serem "universais".
Daniel Goleman considera que, além de uma inteligência "intelectual" nós possuímos
também uma inteligência "emocional", tão ou mais importante que a outra para o sucesso da
vida. Goleman fala até mesmo num QE (Quociente Emocional), que complementaria o QI
(Quociente Intelectual). A base de uma boa e forte liderança assenta primeiro nas emoções.
Quando os gestores criam estratégias ou mobilizam equipas para a ação, ou seja em tudo o
que fazem, o sucesso depende da forma como o fazem. Os líderes funcionam como guias
emocionais dos grupos, isto é, encaminham as emoções coletivas para direções positivas.
Emoções dirigidas com entusiasmo geram desempenhos cada vez melhores e emoções
dirigidas com rancor e ansiedade geram desorientação e paralisação. Os trabalhadores
procuram empatia junto do líder, pois este funciona como um apoio emocional, e esta relação
está para além da tarefa meramente desempenhada.
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6. Comunicação e o grupo
A boa comunicação é primordial para a eficácia de qualquer organização ou grupo.
Pesquisas demonstram que as falhas de comunicação são as principais fontes mencionadas
como motivo para conflitos interpessoais. Mas para ter um bom relacionamento com as
pessoas é desejável desenvolver algumas competências assim como auto- estima (considerar
que você um ser único com idéias próprias e digno de respeito); autoconhecimento (conhecer
a si próprio); autocontrole (controlar impulsos e emoções); motivação (determinação para
alcançar seus os objetivos); empatia ( saber se colocar no lugar do outro) e habilidades sociais
( agir cordialmente com as pessoas). A partir do desenvolvimento destas competências
podemos direcionar nossa atenção para atitudes que poderão tornar as relações pessoais
mais positivas. Entre elas estão às atitudes de conhecer a si mesmo, contrabalançar razão e
emoção, compreender e respeitar a visão diferente que cada pessoa tem das coisas,
instituírem relações de confiança e dar e receber feedback.
A comunicação abrange além do que apenas palavras. Assim as palavras acabam por
representar apenas uma pequena parte de nossa forma de se expressar. Pesquisas apontam
que em uma apresentação diante de um grupo 55% do impacto é determinado por nossa
linguagem corporal (postura, gestos e contato visual), 38% é determinado pelo tom de nossa
voz, isto é os sons e apenas 7% desse impacto tem a ver com o conteúdo de nossa
apresentação, ou seja, as palavras.
Segundo Lima (2007) como integrante de um determinado grupo jamais podemos dar
a impressão que derrotamos um participante de nosso grupo, pois ela jamais perdoará uma
derrota em público. Não podemos esquecer que dentro de um grupo o importante não é vencer
e sim cooperar. Todos integrantes são responsáveis pelo êxito do grupo assim não busque se
sentir o único responsável, ou seja, não procure carregar o grupo nas costas. Fuja do papel
de dominador que se justifica sua atitude alegando que ninguém queria trabalhar e do papel
de tímido que justifica sua atitude alegando que o dominador não deixava ninguém participar.
Para o autor pessoas imaturas precisam de alguém que direcione as atividades já as pessoas
maduras sugerem regras de cooperação então a atitude dentro de um grupo não é de
obedecer a regras e sim cooperação. Não comporte como um parasita que usurpa o grupo
sem dar nada em troca, pois você é uma pessoa única o grupo precisa de você então coopere.
Não espere ninguém te convidar para participar no grupo reivindique seu lugar. Procure ser
claro e conciso evitando ser prolixo. Falar demais ou falar de menos pode ser comprometedor,
portanto escolha criteriosamente a medida de sua participação, pois às vezes o silencio pode
ser muito eloquente. O autor afirma que ser responsável é exercer um papel e que participação
em grupo gera responsabilidade e se você não se sentir responsável você não parte deste
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grupo. È importante ser desportivo ou ser espirituoso, pois todo o individuo perspicaz sabe rir.
Recuse frases feitas seja prontamente criativo. Adote a reciprocidade só respeite quem o
respeitar. Evite um comportamento robótico sem afetividade transmita calor humano e as suas
ideias. O mundo esta em constante transformação aceite as mudanças procure modificar o
grupo, mas também se deixe modificar pelo grupo. Para autor a premissa para existir um
diálogo é aceitar mesmo que provisoriamente o ponto de vista do outro, pois do contrário será
um monólogo paralelo. Reivindique que os integrantes de seu grupo critiquem, pois, a
consciência critica resulta de interiorização das críticas que são aceitas.
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Conclusão
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Bibliografia
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