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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.

Delegação Regional do Centro


Centro de Emprego e Formação Profissional do Pinhal Interior Norte
Serviço de Emprego e Formação Profissional de Arganil

9638 – Processos de
Comunicação com
crianças e jovens

Formadora: Joana Dias


Objetivos pedagógicos

Objetivos gerais

A unidade de formação visa desenvolver nos formandos conhecimentos de suporte ao


acompanhamento de crianças e jovens.

Objetivos específicos

Em termos específicos, no âmbito do presente manual, pretende-se apoiar os formandos a atingir os


seguintes objetivos:
− Enunciar os principais conceitos, tipos e formas de comunicação.
− Reconhecer a importância da linguagem nos processos de comunicação.
− Reconhecer a prática pedagógica como processo de comunicação com crianças e jovens.
− Identificar as principais competências para uma comunicação eficaz com crianças e jovens.

Conteúdos programáticos

O presente manual, de suporte à unidade de formação, apresenta a seguinte estruturação em termos


de conteúdos programáticos:
- Comunicação - definição e conceitos
o Dinâmica do ato comunicativo
o Elementos do processo de comunicação
• Tipos e formas de comunicação
o Comunicação verbal
o Comunicação não-verbal
• Comunicação e linguagem
o Importância da linguagem
o A linguagem como veículo de comunicação
o Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação
o Componentes da linguagem
- Função, forma e significado
o Contextos da comunicação
• Comunicação na criança e no jovem
o Na interação com os pares
o Na interação adulto/criança
o Na relação pais/filhos e a importância do envolvimento parental na comunicação
o Nos grupos de referência
• Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação
o Assertividade
o Escuta ativa
o Auto-imagem
o Clareza de expressão
o Transparência na comunicação
o Compreensão da mensagem
o Saber lidar com as emoções
• Comunicação e o grupo
• Novas tecnologias de informação e comunicação (TIC)

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Introdução

Todos nós precisamos de nos fazer entender e entendermos os outros, e foi através
desta necessidade que ganhámos o principal fator de vantagem evolutiva. Ao desenvolver a
linguagem seja ela não-verbal ou verbal, a nossa espécie permitiu-nos primitivamente dar a
conhecer os perigos que o mundo oferecia e dessa forma alertar a restante prole para o seu
efeito, e de forma mais evoluída, a criação de grandes ideias inovadoras que permitem
atualmente o conforto de todos os cidadãos.
A comunicação na sua definição consiste num processo que envolve troca de
informações e utiliza sistemas simbólicos como suporte para este fim. Comunicar é parte da
vida sendo através deste processo tão natural que partilhamos o que somos e a forma como
gostaríamos de vir a ser. A comunicação surge no berço e é fruto da educação, e é por meio
dela, que desenvolvemos maior ou menor capacidade de realizar uma ligação que atende
plenamente às necessidades humanas e assim promover uma interação de qualidade com os
semelhantes. Tanto em família como em negócio, não dar importância à comunicação significa
perder oportunidades de construção de um bom relacionamento. E como se sabe, todos
somos seres humanos e, por conseguinte, seres relacionais, logo precisamos de garantir que
conseguimos relacionar-nos de forma positiva e útil.
Na nossa vida pessoal, a comunicação constitui-se como um fator de extrema
importância para que possamos transmitir informações, factos, ideias, desejos, etc., tornando-
se evidente que quem não comunica eficazmente, acaba por ficar fora do círculo que nos
permite sentir parte integrante. No mundo empresarial não é diferente, pois as informações
produzidas e transmitidas causam impactos na vida dos funcionários, cujas consequências se
fazem sentir de variadas maneiras (desde a mais positiva à mais negativa) e por isso é tão
importante conseguir-se realizar uma comunicação eficiente e eficaz.

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1. Comunicação - definição e conceitos

1.1. Dinâmica do ato comunicativo

Do latim "communicare", comunicação significa pôr em comum, conviver. Este "pôr em


comum" implica que transmissor e recetor estejam dentro da mesma linguagem, caso
contrário não se entenderão e não haverá compreensão.
Desde os primórdios da Humanidade, o ser humano, como ser social que é, sentiu
necessidade de comunicar com os seus semelhantes de modo mais profundo do que através
dos processos comunicacionais básicos e rudimentares utilizados pelas outras espécies. O
Homem tem, portanto, uma necessidade crescente de desenvolver, estudar e aperfeiçoar as
técnicas comunicacionais e fenómenos associados. O indivíduo relaciona-se com os seus
semelhantes e adquire a forma de agir e de pensar dominantes na sociedade em que está
inserido. Em média, o ser humano passa ¾ do seu tempo a comunicar com outras pessoas,
podendo ser afirmado que a comunicação humana é uma vertente fundamental no processo
das relações interpessoais. Ao adquirir as regras e normas que regem uma determinada
sociedade, o ser humano vai desenvolvendo as suas capacidades de comunicação. Enquanto
ser cultural, cada indivíduo apreende da sociedade valores que se transmitem de geração em
geração, para melhor se relacionar com os outros.
Comunicação, de uma forma sintética, é a ação, efeito ou meio de entrar em relação com
o outro. Podemos dizer que é o processo que realiza a transmissão interpessoal de ideias,
sentimentos e atitudes entre dois (ou mais) indivíduos ou organizações: para além de permitir
a troca de informação, possibilita e garante a dinâmica de grupo e a dinâmica social. Quando
comunicamos com alguém, devemos, sempre, recordar-nos de que há um sem número de
interpretações em relação a si próprio, de acordo com o número de pessoas em presença.
Observando o esquema abaixo, podemos compreender as diferentes VERSÕES DO EU:

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Os antagonismos entre estas diferentes versões do “eu” geram – ou podem gerar – tensões
e conflitos de difícil gestão, sendo habitual procurarmos adaptar os nossos comportamentos
à imagem que as pessoas desejam ou pensam ter de nós. Devemos cultivar a autoconfiança
e acreditar nas nossas potencialidades de transformação. Passamos grande parte da vida a
partilhar emoções e afetos, trocando ideias, informações, saberes e experiências, trabalhando
lado a lado com outras pessoas. Por isso mesmo, uma das principais chaves para a
comunicação é a capacidade de estabelecer interação com os outros indivíduos, entendendo-
se por interação o processo de ação e reação recíprocas entre pessoas, que se manifesta
através de linguagem verbal ou não verbal. Sempre que à interação se alia a inter-relação –
capacidade de estabelecer elos afetivos – surge a comunicação: INTERACÇÃO + INTER-
RELAÇÃO = COMUNICAÇÃO.
Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade de não
comunicar. O indivíduo que afirma que não comunica porque não fala, apresentando-se
aparentemente passivo perante um determinado episódio comunicacional, está, de facto, e
mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade ou o silêncio possuem um valor de
mensagem, por implicarem atitudes valorativas em relação aos outros. Para além disto, toda
a comunicação implica e define uma relação, que, por sua vez, implica sempre
comportamentos. O comportamento é sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele
próprio, uma forma de comunicar.

1.2. Elementos do processo de comunicação

Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser realizada por meio de:

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-Linguagem falada ou escrita,
-Linguagem de sinais,
-Ideias,
-Comportamentos e atitudes.

No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como um fenômeno isolado, pois
ela somente será efetiva, se outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica.

Os elementos essenciais para que ocorra uma comunicação eficiente são:

Em suma, o processo de comunicação consiste em um emissor fazer chegar uma mensagem


a um recetor através de um canal de comunicação, utilizando um determinado código.
Codificação: capacidade de construir mensagens segundo um código compreendido pelo
emissor e pelo recetor. Descodificação: capacidade de interpretar uma mensagem.
Informação de retorno (feedback): resposta do recetor à mensagem enviada pelo emissor.

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2. Tipos e formas de comunicação

2.1. Comunicação verbal

As pessoas comunicam de diversas formas ou tipos, mas a comunicação verbal oral, é


a mais comum e refere-se à emissão de palavras e sons que usamos para nos comunicar,
tais como dar instruções, entrevistar ou informar, já a comunicação verbal escrita é o registo
de observações, como pensamentos, interrogações, informações e sentimentos.
Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a palavra continua a ser um dos meios de
comunicação mais eficazes que existem.
Saber comunicar é uma arte, devemos então, aprecia-la, mas não só, também devemos
potenciá-la, porque está será sem dúvida, uma boa condição para o sucesso.
É importante o que se diz numa comunicação, mas mais relevante é a forma como se
diz, por isso é tão essencial a letra como a música e é na conjugação destas duas que surge
um bom comunicador.
Então, comunicação verbal é toda a comunicação que utiliza palavras ou signos. Através da
comunicação verbal, simbólica e abstrata, que se faz por palavras, palavras estas, faladas ou
escritas, o homem compreende e domina o mundo que o rodeia e entende, assim, os outros.
A linguagem verbal possibilita a memorização de mensagens, vencendo assim as barreiras
do tempo. Os sinais escritos substituem os signos vocais expressos nas palavras, a escrita é
a representação dos sons articulados na fala, em forma de sinais gráficos, uma transformação

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da língua natural num código. Língua é um sistema de comunicação verbal herdado,
aprendido e partilhado pelos integrantes de uma mesma comunidade.
Através da comunicação verbal oral, os indivíduos de um mesmo grupo linguístico criam
diversas representações do mundo, interagem, comunicam, trocam experiências e procuram
soluções para seus problemas.

Seis funções da linguagem verbal:

1. Função expressiva ou emotiva

Centrada sobre o sujeito emissor. Uma expressão direta da atitude do sujeito em relação
àquilo de que fala. Tende a dar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou fingida. As
interjeições representam o estrato da língua puramente emotivo, mas a função emotiva é
inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se considere o nível fónico, quer o nível
gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode ser restringida à
informação do tipo cognitivo.

2. Função apelativa

Orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no vocativo e no


imperativo. As frases imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser submetidas a
uma prova de verdade, nem transformadas em frases interrogativas.

3. Função referencial

Também chamada denotativa ou cognitiva, orientada para o referente, para o contexto.

4. Função fática

É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar ou interromper
a comunicação, verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do interlocutor.

5. Função metalinguística

Ocorre quando o emissor e/ou o recetor julgam necessário averiguar se ambos utilizam na
verdade o mesmo código. Quando o discurso está centrado no código, desempenha uma

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função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas investigações
lógicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.

6. Função poética

Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função exclusiva do conjunto
de textos que Jakobson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas da sua função
dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário, embora
muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras funções
(publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função apelativa.

2.2. Comunicação Não verbal

A comunicação não verbal realiza-se através de códigos como os gestos, os


movimentos dos olhos e do rosto ou os tons de voz. Os códigos não são apenas sistemas
para organizar e compreender dados: eles desempenham funções comunicativas e sociais.
Os códigos usados na comunicação verbal são chamados de códigos apresentativos,
enquanto os códigos usados para produzir textos são os códigos representativos:
Códigos apresentativos – São indiciais, porque não podem referir-se a algo
independente deles mesmos e do seu codificador. Estão limitados à comunicação frente a
frente ou à comunicação onde o comunicador está presente.
Têm duas funções:
1. Tratar das informações sobre o orador e a sua situação, através das quais o (s)
recetor (es) ficam a conhecer a sua identidade, emoções, atitudes, etc;
2. Gerir a interação que o codificador quer ter com o outro. Ao usar certos gestos,
posições e tom de voz, o emissor pode tentar dominar os interlocutores, ser conciliador em
relação a eles ou desligar-se deles.
Códigos representativos – São usados para produzir mensagens com uma
existência independente. Um texto representa algo independente de si mesmo e do seu
codificador, sendo composto por símbolos. A linguagem verbal ou a fotografia são exemplos
de códigos representativos.

A Comunicação Corporal

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A Comunicação corporal assume papel de relevo no ato de comunicar: cerca de 65%
das mensagens que se emitem e recebem ao longo do dia são não verbais. O corpo humano
é o principal transmissor de códigos apresentativos, tendo Argyle feito uma lista de dez
desses códigos:

1. Contacto físico

Quem tocamos, onde e quando o fazemos veicula importantes mensagens sobre o


relacionamento. É muito variável entre povos de diferentes culturas;

2. Proximidade

O grau de proximidade com que nos acercamos de alguém pode transmitir uma
mensagem quanto ao relacionamento que temos com essa pessoa. Existem características
que diferenciam significativamente distâncias: Até um metro é íntimo; Mais de dois metros e
meio é semipúblico. Estas distâncias variam de cultura para cultura e de classe social para
classe social;

3. Orientação

O ângulo em que nos colocamos relativamente aos outros é uma forma de emitir
mensagens sobre o relacionamento. Olhar alguém de frente pode ser indicador de intimidade
ou intimidação;

4. Aparência
Este código é dividido em duas partes: os aspetos de controlo voluntário (cabelo,
vestuário, pele) e os menos controláveis (altura, peso). A aparência é utilizada para enviar
mensagens sobre a personalidade e o estatuto social;

5. Movimentos da Cabeça

Estes têm a ver, principalmente, com a gestão da interação. Um assentimento pode


dar licença para se continuar a falar enquanto movimentos rápidos da cabeça podem
significar desejo de falar;

6. Expressão Facial

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Esta pode dividir-se em subcódigos de posição das sobrancelhas, formato dos olhos,
formato da boca e tamanho das narinas. Estes elementos, em diferentes combinações,
determinam a expressão do rosto. A expressão facial revela menos variações inter-culturais
do que a maioria dos códigos apresentativos.

7. Gestos

A mão e o braço são os principais transmissores do gesto, sendo os gestos dos pés e
cabeça também importantes. Estão intimamente relacionados com a fala e complementam a
comunicação verba. O gesto intermitente, enfático, para cima e para baixo, indica
frequentemente uma tentativa de domínio, enquanto gestos mais fluidos, contínuos e
circulares indicam o desejo de explicar ou de conquistar simpatia. Para além destes gestos
indiciais existem gestos simbólicos, de que o sinal V é um exemplo.

8. Posturas

As formas como nos sentamos, deitamos ou levantamos, podem comunicar diferentes


significados. Relacionam-se, muitas vezes, com atitudes interpessoais: a amistosidade, a
hostilidade, a superioridade ou a inferioridade podem ser indicadas pela postura. A postura
pode também indicar um estado emocional, nomeadamente, o grau de tensão ou
descontração. A postura é mais difícil de controlar do que a expressão facial, podendo
denunciar-se na postura um estado de ansiedade não visível no rosto.

9. Movimentos dos olhos e contacto visual

A ocasião, frequência e duração de um olhar é uma forma de enviar importantes


mensagens sobre o relacionamento, seja de domínio ou de aliança. Estabelecer um contacto
visual no início ou durante a primeira fase de um ato verbal, indica o desejo de dominar o
ouvinte. O contacto visual posterior ou após um ato verbal indica mais uma relação de aliança,
nomeadamente de desejo de obtenção de feed-back.
Através do corpo, forma privilegiada de comunicação não verbal, reforça-se ou nega-
se o que se diz verbalmente. Cada uma das partes do corpo, funcionando isoladamente ou
em conjunto, afirmam ou contradizem o que se expressa verbalmente.
Em síntese:
O OLHAR: Os olhos sustentam a nossa relação com os outros, denunciando-nos e
denunciando. É com o olhar que aferimos da reacção dos interlocutores e eles se apercebem
da autenticidade (ou não) do conteúdo da nossa mensagem.
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O ROSTO: O franzir da testa, o comprimir dos lábios, o rubor repentino… são
inúmeras as manifestações do rosto que representam sinais não verbais perante uma
determinada mensagem.
O GESTO: Batemos palmas, esticamos a mão fechada com o polegar levantado para
cima, mandamos parar ou avançar, agradecemos, tudo com um gesto, notavelmente simples
em muitas das circunstâncias, mas extraordinariamente eficaz e claro para o interlocutor.
A POSTURA DO CORPO: Encolhemos os ombros, cruzamos os braços, viramos o
corpo no sentido oposto ao interlocutor, debruçamo-nos sobre a mesa ou recostamo-nos na
cadeira quando ouvimos uma determinada mensagem, consoante estamos atentos ou
distraídos, mais ou menos interessados, de acordo ou em desacordo com as mensagens
emitidas.
A APARÊNCIA FÍSICA: A forma como vestimos, andamos, cumprimentamos,
despoletam juízos de valor que podem ser perceptíveis através de sinais não verbais, de
assentimento ou discordância.

10. O SORRISO: São vários


os tipos de sorriso, conforme o
classifica Paulo da Trindade
Ferreira, no seu “Guia do Animador na Formação de Adultos”:

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3. Comunicação e Linguagem

3.1. Importância da linguagem

No termo científico, linguagem é a capacidade a que todos os seres humanos, sem


qualquer tipo de anomalia, são dotados. A linguagem designa por isso um sistema organizado
de símbolos, complexo, extenso e com propriedades particulares, desempenhando uma
função de codificação, estruturação e consolidação dos dados sensoriais, transmitindo um
determinado sentido ou significado e permitindo ao homem comunicar as suas experiências e
transmitir os seus saberes. Deste modo, pode dizer-se que a linguagem é um sistema de troca
de informações. Mais ainda, a linguagem desempenha outras funções, entre as quais a
apelativa, expressiva, descritiva, estética, argumentativa e persuasiva e apresenta
componentes como a fonologia, a semântica, morfologia, sintaxe e pragmática.
Em seguida, apresentam-se algumas das características fundamentais da linguagem:

. Transmissível e traduzível noutra linguagem: caracteriza-se pela possibilidade de


transformação (mudança de língua, por exemplo), permitindo a comunicação entre diferentes
pessoas que de outra forma não se poderiam entender.

. Fenómeno social: exprime a relação que uma sociedade estabelece com o mundo
circundante; no fundo, a linguagem é prévia ao indivíduo e impõe-se a ele próprio.

. Organização racional: organização racional na medida em que possui um conjunto de regras,


isto é, com uma determinada sintaxe. São estas regras que, em resultado de um longo esforço
de racionalização, estabelecem as formas de combinar significativamente os símbolos.

. Possibilidade de dar sentido: possibilidade que esta dá de dar sentido/significado às


experiências, noções e pensamentos de cada um.
Sendo a linguagem definida como uma ferramenta de comunicação do ser humano
para interagir com o mundo e consigo próprio através de símbolos verbais e acústicos, a sua
aquisição é essencial no sentido em que: primeiro permite o estabelecimento da comunicação
entre os familiares/ cuidadores e o bebe, para que este possa desenvolver competências de
linguagem e, segundo, o estabelecimento da comunicação entre o bebé e o mundo exterior
de modo a que os seus cuidadores possam perceber as suas necessidades. Deste modo,
temos dois pontos muito relacionados com o desenvolvimento humano, a partir do
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desenvolvimento da linguagem: a estimulação por parte do meio e a compreensão das
necessidades do bebe pelos seus cuidadores.
Na interação com o ser humano, a linguagem representa um papel fundamental. A
linguagem dá oportunidade ao individuo de traduzir o que sente estruturar o seu pensamento
e expressar o que já conhece. Os individuos que têm transtornos específicos de linguagem
têm mais probabilidades de ter dificuldades na sua vida social, o que pode gerar problemas
emocionais, pois estes indivíduos são menos confiantes na comunicação e mais ansiosos.
Através da aquisição da linguagem, podemos expressarmo-nos de diversas formas.
Permitem-nos expressar pensamentos, emoções, sentimentos entre outros. Coisas que, se
não detivéssemos esta capacidade de desenvolver palavras e frases, não seríamos capazes
de exprimir. Tal como Davidson disse: “falar é expressar pensamento”.
Conforme vamos aprendendo a desenvolver as diferentes linguagens, vamos
aprendendo a pensar. Sendo assim, podemos concluir que o processo entre o
desenvolvimento do pensamento e da linguagem relaciona-se.
Para além de ser um meio de comunicação entre a sociedade, a linguagem permite
também a transmissão de valores culturais que caracterizam cada sociedade.

3.2. A linguagem como veículo de comunicação

Qualquer tipo de comunicação é servido por uma determinada linguagem, conceito


entendido, de um modo geral, enquanto comunicação de ideias, experiências e sentimentos.
As linguagens dão inúmeras formas às mensagens, funcionam ao nível da emissão e da
receção, exercem-se por referência a um código social e são o instrumento de adaptação do
indivíduo ao grupo. Devemos adaptar a linguagem às diversas situações sociais com que nos
confrontamos.

3.3. Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação

Desde os anos cinquenta têm surgido várias teorias relativamente à aquisição da


linguagem. Enquanto uns defendem que o bebé a adquire de forma inata, outros dizem que
esta aquisição é realizada por imitação, ou ainda, devido ao contexto social em que está
inserido, como já foi referido anteriormente.
Atualmente sabe-se que a aquisição da linguagem está ligada com fatores
maturacionais isto é: o cérebro em desenvolvimento permite que os recém-nascidos tenham
uma boa sensibilidade em relação ao que tocam, vêm, cheiram, provam e ouvem, ou seja, os

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sentidos desenvolvem-se rapidamente nos primeiros meses de vida, à medida que os bebés
se adaptam ao mundo em torno deles.
A audição é um sentido que já se encontra desenvolvido antes do nascimento do bebé,
pois este reage aos sons e parece aprender a reconhecê-los. Numa perspetiva evolutiva, o
primeiro reconhecimento de vozes e linguagem ouvidas no útero pode estabelecer os
fundamentos para a relação com a mãe e mesmo bebes com três dias de vida podem
conseguir distinguir os novos sons das falas. Em suma, a audição é a chave para o
desenvolvimento da linguagem.
Segundo a hipótese inatista, a aquisição da linguagem, o ser humano nasce com uma
capacidade inata no cérebro para adquirir linguagem. A tarefa da criança será a de
desenvolver a sua faculdade em função do ambiente que a rodeia e não apenas a de imitar o
que ouve, pois se assim fosse a criança nunca produziria frases e palavras que nunca ouviu.
Chomsky defende que todas as crianças passam por fases semelhantes de aquisição da
linguagem, independentemente da língua que estão a aprender, no entanto, isto não significa
que todas as crianças passem exatamente pelas mesmas fases. Este processo de aquisição,
uma vez que a criança já possui capacidades inatas para analisar a estrutura da língua, é um
processo rápido e simples, que sucede na fase crítica para a aquisição da linguagem. Este
período ocorre nos primeiros anos de vida, sendo que é importante que haja uma estimulação
para que o cérebro possa amadurecer na altura devida.
Concluindo pode-se dizer que os bebés já nascem predispostos para aprender a falar,
assim, cada criança possui à nascença um conjunto de regras que uma língua pode ter. A sua
tarefa acaba por ser a de observar a forma como é utilizada a língua que é falada no meio em
que ela está inserida.
Será que deve considerar-se o início do processo de linguagem quando a criança
começa a balbuciar, ou quando produz uma frase? Esta questão tem levantado algumas
discussões.
É importante referir que a evolução da criança e o inicio da linguagem acontecem
maioritariamente por volta da mesma altura, sendo que Piaget afirma que o desenvolvimento
intelectual de cada pessoa, desde o nascimento à inteligência, passa por quatro estádios de
desenvolvimento: sensório-motor (0-2 anos), pré-operatório (2-7 anos), operações concretas
(7-11 anos) operações formais (12 anos para cima). Neste trabalho, iremos centrar-nos no
estádio sensório-motor, pois é nesta fase que as crianças iniciam o desenvolvimento da
linguagem.
Quando nasce, a vida mental do bebé manifesta-se por comportamentos inatos,
sensoriais e motores, a partir dos reflexos. Ao longo deste período, há várias fases

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generalizadas, primeiro a criança começa a coordenar as informações vindas dos sentidos,
sendo que é por esta altura que estabelece as suas primeiras referências (4 a 8 meses), como
a cara e a voz da mãe. Contudo se estas desaparecem do seu campo sensorial, deixam de
existir para as crianças, porque ainda não há noção da permanência do objeto. Mais tarde,
dá-se o início do ato intencional e passa a prestar atenção aos resultados das suas ações. Já
por volta dos 11-12 meses, segundo Piaget, há uma “intensa experimentação ativa”, existindo
um desfasamento entre a produção e o reconhecimento linguístico.
Contudo, cada criança progride conforme o seu próprio ritmo, pois as aquisições
seguem mais ou menos a mesma ordem, mas a velocidade dos progressos varia muito. No
estádio pré-operatório, que decorre entre os 2 e 7 anos, a criança já consegue usar a
inteligência e o pensamento. No que toca à linguagem, a partir desta idade dá-se uma
enorme evolução a este nível, adquirindo imensas palavras (com dois anos compreende
entre 200 a 300 palavras aproximadamente, e com cinco anos cerca de 2000). Esta
evolução necessita obviamente de um acompanhamento por parte dos pais ou dos
criadores. As crianças têm de ser estimuladas diariamente. Verificamos este ponto mais à
frente.

3.4. Componentes da linguagem

A linguagem é um dos aspetos fundamentais para a comunicação e socialização no


mundo; é um sistema de símbolos arbitrário e munido de regras para a que se faça a correta
combinação, visa à transmissão de ideias através de código um código comum socialmente
compartilhado, a língua.
A linguagem oral possui regras de comunicação, palavras e frases com significado,
tendo também por parte do interlocutor propósito e intencionalidade. No decorrer do
desenvolvimento vão se adquirindo conhecimentos acerca das estruturas e do código para
que a mensagem possa ser elabora e entendida. A aquisição da linguagem oral é realizada
através de um processo interativo que envolve a manipulação, combinação e integração das
formas linguísticas e das regras que lhe estão subjacentes, permitindo o desenvolvimento de
capacidades de perceber a linguagem (linguagem compreensiva) e capacidades para
formular/produzir linguagem (linguagem expressiva). Este processo é determinado pela
interação entre fatores ambientais, psicossociais, cognitivos e biológicos.
A linguagem oral pode será presentada como sendo uma combinação complexa de
várias componentes, categorizadas a 3 níveis: Forma; Conteúdo e Uso.

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Forma
Nesta componente incluem-se as regras de organização dos sons e as suas combinações
(fonologia); as regras que determinam a organização interna das palavras (morfologia) e as
regras que especificam a forma como as palavras serão ordenadas e a diversidade nos tipos
de frases (sintaxe).

Fonológico
Refere-se aos fonemas, isto é, aos sons que formam as palavras. Dentro deste nível, pode-
se diferenciar a fonética e a fonologia. A fonética estuda os sons enquanto que a fonologia
estuda os fonemas. Ao falar, se realizam e são percebidos um número muito variado de sons,
e por outro lado, existe uma série limitada de regras que formam o sistema expressivo de uma
língua. A disciplina que se ocupa dos sons é a fonética, enquanto que a fonologia se ocupa
das regras e organização do significante ou da forma de uma palavra. A fonética estuda os
sons, e a fonologia opera com abstrações, isto é, com fonemas. Domínio da estrutura dos
sons da língua – capacidade de apreensão e utilização das regras referentes aos sons e suas
respetivas combinações.

Sintaxe
A sintaxe faz referência à gramática ou estrutura da linguagem, isto é, a ordem em que as
diferentes partes da fala se apresentam em uma oração. Sua função primordial é combinar as
palavras de uma determinada língua para formar orações. Na sua forma mais simples, as
orações compõem-se de sujeito, verbo e predicado.

Conteúdo
Esta componente envolve o significado. Este significado poderá ser extraído deforma literal
ou não literal, dependendo de contextos linguísticos ou não linguísticos. O nível semântico é
o que faz referência ao significado do que se diz. Nas unidades deste nível são as palavras e
os morfemas.
Os morfemas são as pequenas partículas incluídas em muitas palavras, que isoladas não
significam nada, mas que unidas a outros segmentos (raiz) fazem que o enunciado
proporcione uma ou outra informação. O vocabulário forma parte do nível semântico da
linguagem.

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3.4.1. Função, forma e significado

Funções da linguagem são as formas como cada indivíduo organiza sua fala
dependendo da mensagem que se quer transmitir. A linguagem pode ser usada para
expressar sentimentos, para informar, para influenciar outras pessoas etc. A transmissão
dessa mensagem pressupõe um emissor, um recetor, um contexto, um código e um canal
entre o emissor e o recetor.
As funções da linguagem são:
1 – Função emotiva ou expressiva – quando a linguagem está centrada no próprio emissor,
revelando seus sentimentos, suas emoções. Ex.: “Solto a voz nas estradas/ Já não posso
parar/ Meu caminho é de pedra/ Como posso sonhar”.

2 – Função apelativa ou conativa – quando o emissor organiza a mensagem com o objetivo


de influenciar o recetor. É muito usada em mensagens publicitárias. Ex.: Não deixe para última
hora! Programe suas férias.

3 – Função referencial ou denotativa – quando a intenção do emissor é falar objetivamente


sobre o contexto real. É a linguagem de caráter informativo. Ex.: Textos de jornal, revistas,
livros didáticos, científicos etc.

4 – Função metalinguística – quando a linguagem fala dela mesma, se destina à explicação


das próprias palavras (códigos). Ex.: Quando digo “alto”, significa “parem”.

5 – Função fática – quando a linguagem é usada para confirmar se de fato o emissor está
sendo ouvido. É um canal de comunicação. Ex.: Você está me entendendo? Certo? Não é
verdade? Etc.

6 – Função poética - quando a linguagem revela um cuidado especial com o ritmo das frases,
com a sonoridade das palavras, com o jogo de ideias. Ex.: Textos literários, provérbios etc.
Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos,
seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Linguística é o nome da
ciência que se dedica ao estudo da linguagem. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso
da linguagem verbal e não-verbal para se comunicar. A linguagem verbal integra a fala e a
escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.). Todos os outros recursos
de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz, etc., fazem
parte da linguagem não-verbal.

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A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, pois determinados
movimentos corporais podem transmitir mensagens e intenções. Dentro dessa categoria
existe a linguagem gestual, um sistema de gestos e movimentos cujo significado se fixa por
convenção, e é usada na comunicação de pessoas com deficiências na fala e/ou audição.
Linguagem mista é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Por
exemplo, uma história em quadrinhos integra, simultaneamente, imagens, símbolos e
diálogos.
Dependendo do contexto social em que a linguagem é produzida, o falante pode usar
a linguagem formal (produzida em situações que exigem o uso da linguagem padrão, por
exemplo, salas de aula ou reuniões de trabalho) ou informal (usada quando existe intimidade
entre os falantes, recorrendo a expressões coloquiais).
As linguagens artificiais (que são criadas para servirem a um fim específico, por exemplo,
a lógica matemática ou a informática) também são designadas por linguagens formais. A
linguagem de programação de computadores é uma linguagem formal que consiste na criação
de códigos e regras específicas que processam instruções para computadores.

3.5. Contextos da comunicação

Os contextos de comunicação são organizados de quatro formas distintas, são elas


a: comunicação Interpessoal, comunicação grupal, comunicação organizacional e
comunicação de massas. Estes níveis de comunicação são todos eles com bastante
importância para obter uma comunicação eficaz e nunca devemos considerar cada um deles
como se fosse um ato isolado dos outros, é importante compreender que todos os níveis estão
interligados entre si e estão ligados hierarquicamente , em que cada um engloba o anterior
acrescentando-lhe qualidades e características. Vou fazer um breve resumo sobre os vários
níveis de comunicação, visto ser uma área de estudo muito abrangente.
Comunicação Interpessoal – que ocorre em contextos face-a-face, em eventos de
comunicação oral, em que devem existir duas ou mais pessoas em proximidade física e que
percebam a presença uma da outra. Na comunicação Interpessoal existe uma
interdependência comunicativa em que a atitude e comportamento de uma pessoa é causa e
consequência da outra, este tipo de comunicação é relativamente carente de estrutura é
normalmente marcada pela informalidade e pela flexibilidade. a comunicação Interpessoal
envolve a troca de mensagens verbais e não-verbais.
Comunicação grupal – é toda a comunicação que se desenvolve em pequenos
grupos, é muito semelhante á comunicação interpessoal, diferenciando-se desta apenas em
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alguns aspetos, só pelo simples facto de que as pessoas em grupo se manifestam de forma
diferente.
Comunicação Organizacional é o tipo ou processo de comunicação que ocorre no
contexto de uma organização, seja esta pública ou privada. Fazem parte da Comunicação
Organizacional o conhecimento e o estudo dos grupos de interesse de uma instituição
(públicos), o planejamento de práticas de comunicação nos âmbitos interno (comunicação
interna) e externo (comunicação externa), aí compreendidos a escolha e os usos de medias
empregadas, sua implementação e sua contínua avaliação
Comunicação de massas - Podemos citar os meios de comunicação de massa mais
comuns, que são: Televisão, Rádio, Jornal, Revistas, Internet.
Todos eles têm como principal função informar, educar e entreter de diferentes formas,
com conteúdos selecionados e desenvolvidos para seus determinados públicos. Os meios de
comunicação de massa podem ser usados tanto para fornecer informações úteis e
importantes para a população, como para alienar, determinar um modo de pensar, induzindo
certos comportamentos e aquisição de certos produtos, por exemplo. Cabe aos órgãos
responsáveis fiscalizarem que tipo de informação esta sendo veículada por esses meios,
como ao recetor das informações ter criticidade para selecionar e internalizar as informações
que considerar úteis para si, denunciado os abusos aos órgãos competentes.

4. Comunicação na criança e no jovem

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4.1. Na interação com os pares

Relações entre pares na primeira infância são essenciais para a adaptação psicossocial
presente e futura. Vividas em atividades em grupo ou em amizades unipessoais, elas
desempenham um papel importante no desenvolvimento das crianças, ajudando-as a dominar
novas habilidades sociais e familiarizar-se com as normas e processos sociais envolvidos nas
relações interpessoais. Este tema apresenta particular interesse na atualidade, uma vez que
cada vez mais as crianças são expostas a outros pares mesmo antes do ingresso na escola,
pela frequência a creches e porque a maioria das crianças interage com irmãos de idades
aproximadas no contexto da família.
Até os quatro anos, ou mais tardar, a maioria das crianças é capaz de ter um melhor
amigo e de conhecer os parceiros de quem gosta ou de quem não gosta. No entanto, entre
5% e 10% das crianças experimentam dificuldades crônicas nas relações com pares, tais
como rejeição ou hostilização. Problemas precoces com pares podem ter um impacto negativo
no desenvolvimento social e emocional posterior. Contudo, intervenções em relação a essas
dificuldades parecem ser particularmente efetivas quando são realizadas mais cedo na vida.
Há uma série de habilidades emocionais, cognitivas e comportamentais que se
desenvolvem nos dois primeiros anos de vida que ajudam a promover relações positivas entre
pares. Entre elas, lidar com a atenção conjunta, regular emoções, inibir impulsos, imitar as
ações de outra criança, compreender relações causa-efeito, e desenvolver habilidades de
linguagem. Alguns fatores externos, tais como as relações das crianças com os membros da
família e sua bagagem cultural ou socioeconômica, e fatores individuais, como incapacidades
físicas, intelectuais de desenvolvimento ou comportamentais, também podem influenciar as
experiências de crianças com seus pares.

4.2. Na interação adulto/criança

Na visão da população em geral, o vínculo com adultos aparece apenas em quarto


lugar entre os itens importantes ao desenvolvimento da criança de até 3 anos. Antes dele,
estão as ações relativas aos cuidados físicos (levar ao pediatra, amamentar e alimentar).
Também é recorrente a visão da sociedade de que a criança é um ser passivo, cuja
atuação se resume a absorver, como uma esponja, e a refletir, como um espelho, os exemplos
oferecidos pelos adultos. Além disso, o amplo acesso às novas tecnologias é visto pelo público
brasileiro como algo positivo. Assistir a desenhos ou programas infantis na TV é apontado por
55% das mães como a principal ação utilizada para estimular o desenvolvimento do filho de
até 1 ano de idade.
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A criança aprende por meio da interação e de relacionamentos significativos, nos quais
ela recebe afeto e estabelece vínculo com outra criança, com outro adulto e consigo mesma.
A interação com os pais ou responsáveis, avós, irmãos mais velhos, professores e
outras crianças é fundamental e sua importância é comprovada pela ciência. Esse é, segundo
especialistas, um dos melhores estímulos que a criança pode receber.
O contato com a natureza e a experimentação de novas texturas, sabores e sons
também devem ser priorizados. A televisão e outros dispositivos eletrónicos, como
computador, tablet, videojogos e smartphone, são atraentes para as crianças pois oferecem
estímulos visuais, musicais e rítmicos. Porém, não há qualquer evidência científica de que
tragam benefícios ao desenvolvimento infantil.
Há recomendações a respeito da idade mínima e da exposição máxima diária às telas
em geral. A Academia Americana de Pediatria (AAP) aconselha aos pais que evitem por
completo a exposição de crianças de até 2 anos à televisão. [45] A Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP) segue essa recomendação e orienta que o tempo máximo de exposição de
crianças com mais de 2 anos a uma tela (incluindo computador, tablet, videogame e
smartphone, além da televisão) seja de duas horas diárias. Para crianças maiores, a
recomendação é de que os pais definam estratégias concretas para gerenciar o uso dos
média: assistindo ao conteúdo junto com ela; não instalando uma televisão no quarto das
crianças; e controlando o próprio uso dos média, de modo a não comprometer o tempo de
interação com os filhos.
Atividades como brincar, passear, conversar, cantar e contar histórias são importantes
ao desenvolvimento pleno da criança.
Os adultos devem ficar atentos não apenas à falta de estímulos, mas também ao
excesso. A criança precisa de tempo para descansar e para brincar, bem como para atividades
não assistidas, ou seja, sem o direcionamento e a interação com um adulto. O
desenvolvimento da criança também se dá por meio das próprias descobertas, ou seja, ela
deve ser ativa nesse processo, para se tornar capaz de aprender a aprender.

4.3. Na interação pais/filhos e a importância do desenvolvimento parental na


comunicação

O exercício da parentalidade representa um modelo de funcionamento familiar


caracterizado pela experiência emocional e por funções executivas específicas. A
comunicação torna-se, assim, um conceito essencial para a compreensão das dinâmicas
relacionais que se processam ao nível do exercício da parentalidade.

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O ciclo vital da família representa a co-evolução dos membros que compõem um
sistema familiar num contínuo caracterizado por várias mudanças, nomeadamente ao nível
dos hábitos, das atitudes, dos comportamentos e dos rituais. Esta co-evolução constitui-se por
exigências comunicacionais e funcionais inerentes ao exercício da parentalidade. Para uma
melhor compreensão, analisarse-ão duas etapas do ciclo vital consideradas na classificação
proposta por Relvas (1996): Família com Filhos na Escola e Família com Filhos Adolescentes.
Em cada uma destas fases serão abordados os desafios específicos da parentalidade ao nível
do exercício da autoridade, da promoção da socialização e individualização, do cuidado afetivo
e, finalmente, da comunicação estabelecida, dimensão que assume um carácter transversal
relativamente às anteriores tarefas. Família com Filhos em Idade Escolar.
A entrada dos filhos na escola assinala um ponto de viragem importante para a família
nuclear de uma forma direta e para a família alargada e comunidade de forma indireta (Relvas,
1996). De um momento para outro, o sistema familiar vê-se confrontado com uma nova
realidade que precipita a autonomização dos filhos. O exercício da autoridade passa a ser
partilhado com o contexto escolar e a promoção da socialização acontece de forma quase
acidental, já que se trata de um acontecimento inerente à entrada dos filhos na escola. Fora
do contexto familiar, os pares influenciam e contribuem para a formação das crianças
colocando à prova a imagem que a família promove ao exterior. O contacto com novos amigos
conduz a um progressivo afastamento físico facilitando um distanciamento emocional que
promoverá o processo de autonomia (Relvas, 1996). O cuidado afetivo continua a ser
essencialmente prestado no contexto familiar (Relvas, 1996), embora a triangulação com o
sistema escolar seja inevitável (Alarcão, 2006). A dimensão comunicacional está, nesta etapa,
muito associada às discrepâncias entre o sistema escolar e familiar. É através da criança que
as mensagens circulam entre os sistemas, marcando a entrada destas no mundo dos adultos.
Vários estudos centram a sua análise na comunicação, ao nível da parentalidade,
constatando-se que: por vezes, a comunicação parento-filial não é tão frequente quanto o
desejável na perceção dos filhos; os pais parecem comunicar de forma mais aberta com as
filhas do que com os filhos; a 392 comunicação suportada na desqualificação parece estar na
base da dificuldade do desenvolvimento das competências sociais, em crianças em idade
escolar.
A descrição da adolescência tende a ser feita em termos exagerados, tanto pelas
famílias, como pela sociedade ocidental em geral. No entanto, alguns autores referem que
este período constitui “um campo psicológico privilegiado para o estudo da mudança”. Assim,
as dinâmicas familiares são um dos alvos de mudança e transformação, processando-se de

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forma mais ou menos conflituosa (Relvas, 1996). Por este motivo, a flexibilidade tem um papel
chave na superação dos desafios familiares (Preto, 1989/1995).
Centrado nas relações estabelecidas entre pais e adolescentes, encontram-se, com
frequência, referências relativas à relação entre a comunicação e o exercício da autoridade.
Eckstein (2004) estudou a violência filio-parental, concluindo que os filhos tendem a
percepcionar a postura comunicacional dos pais como sendo desafiante, precipitando uma
interacção negativa. Este estudo, tal como outros, vem corroborar a necessidade de
estabelecer limites e fronteiras claras entre os subsistemas filial e parental, especialmente em
circunstâncias de conflito eminente (Relvas, 1996). Por outro lado, Ochoa, Lopez e Emler
(2008) constataram que o auto-conceito familiar positivo depende do nível de abertura
comunicacional entre o adolescente e as figuras parentais, à semelhança da conclusão
retirada pelo estudo de Jackson, Bijstra, Oostra e Bosma (1998), indicando que quando a
comunicação é aberta/livre de problemas os jovens experienciam sentimentos positivos e
menor conflitualidade. Efetivamente, a comunicação parento-filial parece assumir um papel de
grande relevância a longo prazo, enquadrando alguns comportamentos problemáticos
(Relvas, 1996) e promovendo, por vezes, o desenvolvimento de psicopatologias. A
investigação longitudinal efetuada por Overbeek, reforça os efeitos negativos de uma
comunicação de baixa qualidade, entre o adolescente e a figura parental, para o
desenvolvimento sócio-emocional na idade adulta. Outros estudos demonstram ainda que a
comunicação do adolescente é preferencialmente mantida com o progenitor do sexo feminino
e, geralmente, as figuras parentais tendem a percecionar uma boa comunicação com os filhos
contrariamente ao que é percecionado por estes. A adolescência parece funcionar enquanto
estádio pináculo da socialização e promoção da individualização. Os grupos de pares são
fulcrais para a resolução desta tarefa pois favorecem a descentralização emocional/relacional
do adolescente com o sistema familiar. Além disto, assumem, também, o papel de cuidadores
afetivos, sobretudo pelo facto de gerirem as tensões emocionais que surgem no contexto
familiar (Alarcão, 2006).

4.4. Nos grupos de referência

No âmbito da sociologia e das ciências sociais em geral, a expressão Grupo de Referência


(por vezes também designado por Grupo Modelo) designa um grupo com o qual um indivíduo
se identifica e no qual procura as normas e os valores e do qual deseja adotar o estilo de vida.

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Desta forma, os valores, as atitudes e os comportamentos serão condicionados pelo seu grupo
de referência.

Este grupo pode ter um âmbito restrito (grupo de pares ou subgrupo particular) ou ter um
âmbito mais alargado (grupo social, comunidade). Em ambos os casos, o grupo de referência
coincide geralmente com o grupo ao qual o indivíduo pertence mas pode também acontecer
ser um grupo diferente deste último.
As atitudes, os comportamentos e os valores do indivíduo são condicionados pelo
respetivo grupo de pertença (a família, o grupo de amigos, etc.), que, desta forma, assume-se
também como grupo de referência (grupo-modelo). No entanto, existem situações onde tal
relação aparece "distorcida" - é o caso, por exemplo, dos membros das classes altas com
ideologias mais radicais.
Assim, é essencial recorrer ao grupo de referência do indivíduo (que pode ser um grupo
ou um indivíduo), que não só funciona como fonte de normas, de valores e de atitudes (grupo
de referência normativo, que pode ser positivo ou negativo, de acordo com a sua
(des)valorização), como também permite estabelecer comparações (grupo de referência
comparativo, perante o qual o indivíduo percebe o seu grau de privação relativa).
O conflito entre o grupo de pertença e o grupo de referência revela-se, entre outros,
nas experiências de mobilidade social, onde o indivíduo, enquanto mantém relações com o
grupo de pertença, aceita, simultânea e voluntariamente, as normas e os valores do grupo de
referência (muitas vezes em relativa oposição com os do grupo de pertença), adotando-os
como seus através de um processo de socialização antecipada. De salientar que a seleção
de grupo de referência exige um conhecimento, entre outros, das normas e da posição do
mesmo por parte do indivíduo, cuja identificação, por ser percebida, pode ser confusa ou
errónea.

5. Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação

Comunicar é uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos
interacionais. Mas não só. O tempo, o espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o

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corpo, os fatores históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo em presença, as
expectativas e os sistemas de conhecimento que moldam a estrutura cognitiva de cada ator
social condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos. Assim, podemos
equacionar uma estrutura de variáveis interacionais que, nos processos de comunicação
humana, tanto podem facilitar como barrar ou constituir fontes de ruído às relações face-a-
face.

5.1. Assertividade

Pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos e interesses e de exprimir


os seus sentimentos, os seus pensamentos e as suas necessidades de forma aberta, direta e
honesta. A pessoa afirmativa tem respeito por si própria e pelos outros, está aberta ao
compromisso e à negociação. Aceita que os outros pensem de forma diferente da sua: respeita
as diferenças e não as rejeita.
Como é fácil constatar, o comportamento assertivo é o mais eficaz e saudável nas
relações interpessoais. Este tipo de comportamento não nasce connosco, é apreendido. Este
estilo de comunicação é mais recomendado na relação face a face e com o público, porque
implica um indivíduo confiante em si próprio, que não teme a relação com os outros,
expressando diretamente as suas opiniões e convicções, sentimentos, desejos e
necessidades. Concentrando a nossa atenção neste tipo de estilo comunicacional,
observemos um método pragmático, desenvolvido por Bower (1976), que permite o
desenvolvimento da atitude de auto-afirmação. Este método pressupõe a negociação como
base do entendimento e permite reduzir as tensões entre as pessoas.
Esta técnica de auto-afirmação é denominada de D.E.E.C.:
D – Descrever
E – Expressar
E – Especificar
C – Consequência.
Esta atitude assertiva é útil, nomeadamente quando:
É preciso dizer algo desagradável a alguém;
Se pretende pedir qualquer coisa de invulgar;
É necessário dizer não àquilo que alguém pede;
Se é criticado;
Se pretende desmascarar uma manipulação.

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O indivíduo que age de forma afirmativa mantém o seu equilíbrio psicológico e favorece
o bom clima. Esta autenticidade do sujeito que se auto-afirma, implica, na sua vida social,
abster-se de julgar e fazer juízos de valor apressados sobre os outros; não utilizar linguagem
corporal ou entoações de voz opostas ao que diz por palavras; descrever as suas reações
mais que as reações dos outros; facilitar a expressão dos sentimentos dos outros, não os
bloqueando.

5.2. Escuta ativa

Ser um bom ouvinte é uma das melhores formas de bem comunicar. Ninguém gosta de
falar com alguém se só se preocupa em falar dos seus assuntos sem ouvir o que a outra parte
tem para dizer. Opte sempre por praticar uma escuta ativa, que envolve prestar atenção ao
que a outra pessoa diz, fazer questões de esclarecimento e reforçar o que a outra pessoas
referiu para certificar-se que está tudo bem definido.

5.3. Auto-imagem

A linguagem corporal, o contacto visual, os gestos das mãos e o tom afetam a


mensagem que está a tentar transmitir. Uma posição mais relaxada e um tom amigável farão
com que pareça uma pessoa mais acessível e encorajará as outras pessoas a falar de forma
mais aberta. O contacto visual é igualmente importante: deve olhar a outra pessoa nos olhos
para demonstrar que está focado na conversa. No entanto, esteja atento para não fixar
demasiado de forma a ser desconfortável. Com um tom amigável, uma pergunta mais pessoal
ou simplesmente com um sorriso, conseguirá encorajar as outras pessoas a ter uma conversa
mais honesta consigo. Este ponto não se aplica apenas a conversas frente-a-frente. Sempre
que possível, personalizar os seus e-mails: um simples “espero que o fim-de-semana tenha
sido fantástico” pode ser suficiente para que o destinatário se sinta apreciado.

5.4. Clareza de expressão

Tente transmitir a sua mensagem em poucas palavras. Diga aquilo que pretende de
forma clara e direta, esteja a conversas pessoalmente, por telefone ou via e-mail. Se começar
a divagar, o ouvinte irá dispersar ou ficará com dúvidas sobre aquilo que realmente pretende.
Pense com antecedência naquilo que pretende dizer e evite falar excessivamente e de forma
confusa.

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5.5. Transparência na comunicação

Falar de transparência na comunicação, não é falar apenas de clareza nas informações,


mas estar aberto ao diálogo, saber ouvir e considerar as demandas vindas dos interlocutores.
Ou seja, o objetivo é obter um bom fluxo de comunicação entre os intervenientes.

5.6. Compreensão da mensagem

Os elementos essenciais para que ocorra uma comunicação eficiente são:


Emissor = É aquele que dá início ao processo comunicativo, pois transmite a mensagem.
Receptor = É o alvo do emissor, sendo quem recebe a mensagem.
Mensagem = Pode ser um fato, ideias ou até mesmo, emoções, ou seja, é o conteúdo contido
na comunicação.
Canal = É o meio pelo qual a mensagem é enviada do emissor para o receptor.

Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das palavras no
processo de comunicação. É preciso focalizar também os gestos, as expressões e atitudes.
Ao mesmo tempo, ressalta-se que o mais importante é ter capacidade de uma escuta atenta
ao que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o feedback de todo o investimento
realizado em sua direção.
O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar a comunicação. Isso
quer dizer ter certeza de que a mensagem emitida foi corretamente recebida e interpretada
pelo público-alvo.
É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para colocar as palavras
certas em função da comunicação certa.

5.7. Saber lidar com as emoções

As nossas emoções foram desenvolvidas naturalmente através de milhões de anos de


evolução. Como resultado, as nossas emoções possuem o potencial de nos servir como um
sofisticado e delicado sistema interno de orientação. Alertam-nos quando as necessidades
humanas naturais não são encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos receosos, a
nossa necessidade é de segurança. Quando nos sentimos rejeitados, a nossa necessidade é
de aceitação.

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As nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. As nossas expressões
faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar,
podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente hábeis,
juntamente com as nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor expressar
as nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para ouvir e
compreender, empaticamente, os problemas dos outros.
As nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros
da espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto,
apesar das emoções serem "universais".
Daniel Goleman considera que, além de uma inteligência "intelectual" nós possuímos
também uma inteligência "emocional", tão ou mais importante que a outra para o sucesso da
vida. Goleman fala até mesmo num QE (Quociente Emocional), que complementaria o QI
(Quociente Intelectual). A base de uma boa e forte liderança assenta primeiro nas emoções.
Quando os gestores criam estratégias ou mobilizam equipas para a ação, ou seja em tudo o
que fazem, o sucesso depende da forma como o fazem. Os líderes funcionam como guias
emocionais dos grupos, isto é, encaminham as emoções coletivas para direções positivas.
Emoções dirigidas com entusiasmo geram desempenhos cada vez melhores e emoções
dirigidas com rancor e ansiedade geram desorientação e paralisação. Os trabalhadores
procuram empatia junto do líder, pois este funciona como um apoio emocional, e esta relação
está para além da tarefa meramente desempenhada.

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6. Comunicação e o grupo
A boa comunicação é primordial para a eficácia de qualquer organização ou grupo.
Pesquisas demonstram que as falhas de comunicação são as principais fontes mencionadas
como motivo para conflitos interpessoais. Mas para ter um bom relacionamento com as
pessoas é desejável desenvolver algumas competências assim como auto- estima (considerar
que você um ser único com idéias próprias e digno de respeito); autoconhecimento (conhecer
a si próprio); autocontrole (controlar impulsos e emoções); motivação (determinação para
alcançar seus os objetivos); empatia ( saber se colocar no lugar do outro) e habilidades sociais
( agir cordialmente com as pessoas). A partir do desenvolvimento destas competências
podemos direcionar nossa atenção para atitudes que poderão tornar as relações pessoais
mais positivas. Entre elas estão às atitudes de conhecer a si mesmo, contrabalançar razão e
emoção, compreender e respeitar a visão diferente que cada pessoa tem das coisas,
instituírem relações de confiança e dar e receber feedback.
A comunicação abrange além do que apenas palavras. Assim as palavras acabam por
representar apenas uma pequena parte de nossa forma de se expressar. Pesquisas apontam
que em uma apresentação diante de um grupo 55% do impacto é determinado por nossa
linguagem corporal (postura, gestos e contato visual), 38% é determinado pelo tom de nossa
voz, isto é os sons e apenas 7% desse impacto tem a ver com o conteúdo de nossa
apresentação, ou seja, as palavras.
Segundo Lima (2007) como integrante de um determinado grupo jamais podemos dar
a impressão que derrotamos um participante de nosso grupo, pois ela jamais perdoará uma
derrota em público. Não podemos esquecer que dentro de um grupo o importante não é vencer
e sim cooperar. Todos integrantes são responsáveis pelo êxito do grupo assim não busque se
sentir o único responsável, ou seja, não procure carregar o grupo nas costas. Fuja do papel
de dominador que se justifica sua atitude alegando que ninguém queria trabalhar e do papel
de tímido que justifica sua atitude alegando que o dominador não deixava ninguém participar.
Para o autor pessoas imaturas precisam de alguém que direcione as atividades já as pessoas
maduras sugerem regras de cooperação então a atitude dentro de um grupo não é de
obedecer a regras e sim cooperação. Não comporte como um parasita que usurpa o grupo
sem dar nada em troca, pois você é uma pessoa única o grupo precisa de você então coopere.
Não espere ninguém te convidar para participar no grupo reivindique seu lugar. Procure ser
claro e conciso evitando ser prolixo. Falar demais ou falar de menos pode ser comprometedor,
portanto escolha criteriosamente a medida de sua participação, pois às vezes o silencio pode
ser muito eloquente. O autor afirma que ser responsável é exercer um papel e que participação
em grupo gera responsabilidade e se você não se sentir responsável você não parte deste

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grupo. È importante ser desportivo ou ser espirituoso, pois todo o individuo perspicaz sabe rir.
Recuse frases feitas seja prontamente criativo. Adote a reciprocidade só respeite quem o
respeitar. Evite um comportamento robótico sem afetividade transmita calor humano e as suas
ideias. O mundo esta em constante transformação aceite as mudanças procure modificar o
grupo, mas também se deixe modificar pelo grupo. Para autor a premissa para existir um
diálogo é aceitar mesmo que provisoriamente o ponto de vista do outro, pois do contrário será
um monólogo paralelo. Reivindique que os integrantes de seu grupo critiquem, pois, a
consciência critica resulta de interiorização das críticas que são aceitas.

7. Novas tecnologias de informação e comunicação


Com uma velocidade sem precedentes as redes de comunicação impuseram-se no
nosso quotidiano, revolucionando a maneira como vivemos e fornecendo a base que permitiu
o desenvolvimento de ferramentas e aplicações que possibilitam a aproximação ao conceito
de “aldeia global”. O conceito de "aldeia global" foi criado por um sociólogo canadiano
chamado Marshall McLuhan. Foi o primeiro filósofo das transformações sociais provocadas
pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações. Como paradigma da
aldeia global, McLuhan (1967) elegeu a televisão, um meio de comunicação de massas a nível
internacional, que começava a ser integrado via satélite. Esqueceu-se, no entanto, que as
formas de comunicação da aldeia são essencialmente bidireccionais e entre dois indivíduos.
Somente agora, com o telemóvel e a Internet é que o conceito se começa a concretizar. O
princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações
económicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e
das incompreensões entre as pessoas e promotoras da emergência de uma consciência
global interplanetária, pelo menos em teoria.
Essa profunda interligação entre todas as regiões do planeta originaria uma poderosa
teia de dependências mútuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e a luta pelos
mesmos ideais, ao nível, por exemplo da ecologia e da economia, em prol do desenvolvimento
sustentável da Terra, superfície e habitat desta "aldeia global". Na verdade, trata-se mais de
um conceito filosófico e utópico do que real. O mundo está longe de viver numa "aldeia" e
muito menos global: o conceito de aproximação das pessoas numa aldeia, em que todos se
conhecem e participam na vida e nas decisões comunitárias não se coaduna com a ideia de
sociedade contemporânea. Além disso, partindo da ideia que o mundo está, de facto,
interligado, não deixa de ser verdade que, nesta aldeia, de nome tão utópico e optimista,
muitos são os excluídos (basta lembrar o número de habitantes ligados à Internet em algumas
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regiões africanas). Para termos uma ideia deste conceito, é preciso, pois, lembrarmos a sua
ambivalência: por um lado, saber que parte do pressuposto de uma maior aproximação entre
as pessoas e da consequente necessidade de uma responsabilidade e responsabilização
global; por outro, saber que é um conceito exclusivo e, como tal, excludente. Estes avanços
estão vivenciados por grande parte da população, sendo tratados como peças fundamentais
da maneira de viver e comunicar.

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Conclusão

Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade de não


comunicar. O indivíduo que afirma que não comunica porque não fala, apresentando-se
aparentemente passivo perante um determinado episódio comunicacional, está, de facto, e
mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade ou o silêncio possuem um valor de
mensagem, por implicarem atitudes valorativas em relação aos outros. Para além disto, toda
a comunicação implica e define uma relação, que, por sua vez, implica sempre
comportamentos. O comportamento é sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele
próprio, uma forma de comunicar. Neste módulo, foram abordados os processos de
comunicação e os seus elementos; estratégias para melhoria da comunicação; atitudes que
facilitam ou dificultam a comunicação dentro de um grupo. Ficou assim a perceber-se a
importância dos processos da comunicação com crianças e jovens.

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Bibliografia

− ALARCÃO, M. (3 2006). (Des) Equilíbrios familiares: uma revisão sistémica Coimbra:


Quarteto.
− Bower, Sharon & Bower, Gordon (1976), Asserting yourself. Beverly, MA: Perseus
Books.
− Lima, Lauro de Oliveira. Dinâmicas de grupos nas empresa, no lar e na
escola.Petrólis,RJ: Vozes, 2007
− RELVAS, A. P. (1996). O ciclo vital da família, perspectiva sistémica, Porto:
Afrontamento.
− WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 3°. ed. Lisboa: Presença, 1994.

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