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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Inflamação aguda....................................................... 5
3. Inflamação crônica....................................................18
Referências bibliográficas..........................................26
INFLAMAÇÃO 3

1. INTRODUÇÃO exacerbação de seu processo pode


também eliminar tecidos normais. Isso
A inflamação consiste numa comple-
pode ocorrer em três casos: quando
xa e eficiente ferramenta de eliminação
a reação se torna muito forte (ex.:
de patógenos, como agentes infeccio-
infecção acentuada); quando ela se
sos, e de tecido lesado do organismo,
tornar prolongada (ex.: resistência
o protegendo. Essa resposta envolve
do patógeno a inflamação); ou ina-
uma série de elementos em nosso cor-
propriada (ex.: em casos autoimunes
po, como células do hospedeiro, vasos
onde há reação cruzada).
sanguíneos, mediadores químicos, com
objetivo de destruir a causa da lesão
SE LIGA!! A febre reumática consiste
celular, além de outras células e tecidos numa sequela autoimune pós-estrepto-
necróticos oriundos da lesão original. cócica que pode ocorrer tardiamente em
indivíduos já expostos a Streptococcus
Sem o seu auxílio, as infecções progre-
pyogenes. Sua fisiopatologia consis-
diriam sem controle em nosso sistema te na reação cruzada em que o próprio
e nossas feridas, originadas por conta anticorpo ou células T autorreativas re-
de uma lesão previa, não cicatrizariam. agem destruindo o tecido do próprio
corpo, principalmente o endocárdio, por
Embora seu valor benéfico, a reação confundir uma proteína do tecido cardía-
inflamatória e o processo seguinte de co com a proteína M, patógeno específi-
reparo podem causar danos. co desse tipo de bactéria beta hemolítica
do grupo A. Dessa forma, há a forma-
Dessa forma, além de eliminar micró- ção de um quadro inflamatório no tecido
bios, toxinas e tecidos necróticos, a cardíaco (endocardite infecciosa), que
causa um dos principais sintomas: febre.

Figura 1. Esquema ilustrati-


vo de como ocorre a reação
cruzada na fisiopatologia da
cardite num quadro de febre
reumática FONTE: https://repo-
sitorio.uniceub.br/jspui/bitstre-
am/235/11652/1/21352046.pdf
INFLAMAÇÃO 4

Em relação as características da inflama- ocorrem em nosso corpo durante a


ção, elas podem ser aguda ou crônica: inflamação. Sendo assim, os sinais
CARACTERÍSTICAS AGUDA CRÔNICA
flogísticos são consequências das
Rápido
alterações vasculares e do recruta-
Lenta
Início (dura minutos mento e ativação dos leucócitos.
(dura dias)
ou horas)
Monócitos
Principalmen-
Infiltrado celular
te, neutrófilos
(macrófagos) Etapas da reação inflamatória
e linfócitos
Geralmente é Frequentemen-
A inflamação é induzida por media-
Lesão tecidual
leve te é acentuada dores químicos liberados por nossas
e fibrose
e autolimitada e progressiva células como resposta a identifica-
Podem ser ção de um hospedeiro possivelmente
Sinais locais Bem sutis e são
hostil para nosso organismo. Tal pro-
e sistêmicos proeminentes menos proemi-
nentes cesso ocorre seguindo algumas eta-
Tabela 1. rincipais diferenças entre as inflamações pas, de tal modo que juntos orques-
aguda e crônica trem uma cascata de eventos afim de
promoverem a resposta. São elas:
Externamente, a inflamação pode Identificação de um antígeno pos-
apresentar alguns dos seguintes si- sivelmente hostil (agentes infeccio-
nais cardinais flogísticos, ou seja, que sos ou tecido necrótico) por células do
acompanham o processo da reação in- hospedeiro, como macrófago, células
flamatória. São eles: dor, calor (aque- dendríticas, mastócitos, etc.;
cimento do foco inflamatório), rubor/ Após a identificação, ocorre a secre-
eritema (vermelhidão local), tumor (o ção de mediadores químicos (ex.:
famoso “inchaço”) e perda de função. citocinas), por essas células ou prote-
ínas plasmáticas, regulando a reação
inflamatória;
Com a secreção desses regulado-
res, há uma indução das alterações
hemodinâmicas (vasodilatação dos
pequenos vasos sanguíneos) e, con-
Figura 2. Imagem ilustrativa dos 5 sinais cardi-
sequentemente, recrutamento dos
nais da inflamação. Fonte: http://andreiatorres.com/ leucócitos circulantes (liberação de
blog/2018/3/20/inflamacao-cronica
plasma por conta da dilatação);
Por fim, logo após seu recrutamento,
Essas manifestações são resulta- temos a ativação dos leucócitos e
das das alterações fisiológicas que tentativa de remoção do patógeno.
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Figura 3. Componentes das respostas inflamatórias, aguda e crônica, e suas principais funções.. FONTE: Robbins

Vale ressaltar que também há possi- (por bactérias, vírus, fungos e para-
bilidade de efeitos colaterais como a sitas); traumas (corte ou penetração)
lesão dos tecidos adjacentes ao local e agentes químicos/físicos (toxinas,
inflamado e/ou disseminação siste- lesão térmica); necrose tecidual (is-
mática deste. quemia, por exemplo); corpo estra-
nho (farpas, suturas, etc.); e reações
imunológicas (conhecida também de
2. INFLAMAÇÃO AGUDA reações de hipersensibilidade).
A inflamação aguda, como já foi Dessa forma, a inflamação aguda,
abordado, consiste numa resposta durante o decorrer de seu processo,
rápida que leva os elementos infla- possui dois principais componentes:
matórios, como leucócitos e proteínas
Alterações vasculares: Consistem
plasmáticas, para a lesão. Uma vez
no aumento do calibre dos capilares
digeridos, se dá início ao processo de
(vasodilatação) e na alteração na con-
limpeza dos tecidos necróticos.
formação da parede dos vasos (au-
Tal resposta pode ser estimulada mento da permeabilidade vascular);
por vários fatores, como: infecções
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Eventos celulares: Consistem na sa- ocorre diante alterações estruturais


ída de leucócitos da microcirculação na microcirculação, permitindo que
para o foco da lesão (recrutamento e proteínas plasmáticas e neutrófilos.
ativação dos leucócitos), tornando-os Essas alterações são reflexas das se-
aptos para a eliminação do patógeno guintes atividades:
agressor. Na inflamação aguda, seus
• Contração das células endote-
principais leucócitos atuantes são os
liais, resultando em espaços inte-
neutrófilos.
rendoteliais aumentados;
• Injúria endotelial, resultando em
Alterações vasculares necrose da célula endotelial e des-
Dentre as alterações vasculares prin- prendimento;
cipais da reação inflamatória aguda, • Injúria vascular mediada por leu-
são destacados o aumento do fluxo cócito;
sanguíneo e aumento da permeabi-
lidade vascular. Ambos os processos • Transcitose de proteínas aumen-
objetivam trazer as células sanguí- tada pela formação de canais de
neas e proteínas séricas para o sítio membrana.
onde a inflamação está ocorrendo.
As alterações no fluxo do sangue Esses dois processos favorecem a
ocorrem após o contato com o pató- saída de líquido rico em proteínas e
geno ou lesão do tecido. Inicialmente, neutrófilos para o tecido extra-vascu-
ocorre uma vasoconstrição transitó- lar. Tal concentração de soluto provo-
ria por segundos, sendo rapidamente ca uma pressão osmótica do líquido
sucedido por uma vasodilatação das intersticial (terceiro espaço), que au-
arteríolas. Tal resposta desencadeia menta o fluxo de plasma para o teci-
no aumento de fluxo sanguíneo no do. Esse acúmulo de líquido rico em
leito capilar. Macroscopicamente, isso proteínas séricas é chamado de exsu-
gera no local vermelhidão (eritema) e dato. Diferente do transudato, resul-
calor. A perda de fluido e o diâmetro tante do aumento de pressão hidros-
do vaso aumentado levam à lentifica- tática quando há redução do retorno
ção do fluxo sanguíneo, concentração venoso, que consiste nesse acúmulo
de hemácias nos pequenos vasos e SEM a presença de proteínas. Vale
viscosidade aumentada do sangue destacar que esse acúmulo no tecido
(estase). inflamado resulta no edema.
Já em relação ao aumento da per-
meabilidade vascular, esse evento
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Figura 4. Formação de exsudatos e transudatos. FONTE: Robbins

SE LIGA! Os vasos linfáticos também


respondem aos processos inflamatórios,
contribuindo com o aumento do fluxo cal da reação e ativá-los logo após sua
linfático, auxiliando a drenagem do fluido
do edema, dos leucócitos e restos celu-
chegada, destruindo agentes infec-
lares intersticiais. Em infecções mais se- ciosos e eliminando tecido necrótico
veras, também atuam como via de dis- e antígenos estranhos. Embora eficaz,
seminação do agente patógeno. Assim, caso seja exagerada, tal resposta pode
a resposta inflamatória exacerbada no
sistema linfático pode ser caracteriza- levar a uma lesão tecidual, prejudican-
da por linfangite (inflamação dos vasos do os tecidos normais do organismo.
linfáticos) e por linfadenite (inflamação
dos linfonodos). Na clínica, tais inflama-
Um exemplo que temos dessa res-
ções são percebidas, respectivamente, posta inflamatória patológica exa-
por presenças de estriações vermelhas cerba é o choque séptico. Ele con-
vizinhas ao sítio inflamatório e por au- siste na redução crítica da perfusão
mento doloroso do linfonodo.
tecidual, que pode ocorrer falência
aguda de múltiplos órgãos resultante
Eventos celulares de uma sepse (resposta desregulada
a infecções). Na emergência, pode-
Como foi dito, um dos objetivos princi-
mos inferir seu diagnóstico clínico a
pais da resposta inflamatória consiste
partir dos seguintes sinais e sintomas:
em transportar os leucócitos até o lo-
febre, hipotensão, oligúria e confusão.
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Junto desse quadro sintomatológico, 3. Agora, já aderidos, isso permite o


deve-se atribuir a presença de uma rolamento dos leucócitos sob o
inflamação local prévia (ex.: osteo- endotélio;
mielite). No entanto, fechamos o diag- 4. Após o rolamento, há uma ligação
nóstico de sepse a partir de um score de integrinas do endotélio com in-
que tria sinais de choque. Tal triagem tegrinas dos leucócitos, permite
corresponde aos critérios qSOFA: uma adesão mais firme. A partir
• Frequência respiratória ≥ 22/min desse momento, os leucócitos pa-
ram de rolar e seus citoesquele-
• Estado mental alterado tos são reorganizados e eles se
• PA sistólica ≤ 100 mm Hg. espalham para fora da superfície
endotelial;

Assim, o recrutamento de leucóci- 5. Assim, ocorre a diapedese dos


tos segue as seguintes etapas, do lú- leucócitos;
men vascular até o espaço intersticial: 6. Tal projeção facilita a migração
1. A partir da estase, ocorre a margi- nos tecidos em direção aos es-
nalização dos leucócitos; tímulos quimiotáticos a partir da
liberação de quimiocinas endó-
2. Dessa forma, o endotélio é ativado genas (ex.: moléculas do sistema
e passa a expressar selectinas, que complemento, ácido araquidônico
interagem com as selectinas dos e citocinas) ou exógenas (ex.: me-
leucócitos, permitindo sua adesão tabólicos bacterianos).
ao endotélio;

Figura 5. Mecanismos de migração dos leucócitos através dos vasos sanguíneos. FONTE:
Robbins
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1. Uma vez recrutados no sítio da in- de organismos cobertos por


flamação aguda, os leucócitos (ex.: complementos ab e lectinas.
neutrófilos) devem ser ativados 1. Ativação leucocitária através de
para realizar suas funções. Sendo vias de sinalização: Com os pro-
assim, as respostas leucocitárias cessos de sinalização iniciados no
seguem os seguintes padrões: citoplasma, há um aumento de cál-
◊ Reconhecimento dos agen- cio intracelular, ativando enzimas
tes agressores através de (proteína quinase C e fosfolipase
mediadores químicos: Aco- A2) que tornam os neutrófilos atu-
plam as moléculas-sinal que antes.
iniciam a ativação leucocitária. 2. Respostas funcionais: A partir
Temos os seguintes tipos de disso, temos uma série de ativida-
receptores: des metabólicas que essas célu-
◊ Receptores tipo Toll-like: las realizam durante a inflamação,
Associado a cinase, reconhe- como: produção de metabólitos
cem os produtos de diferentes do ácido araquidônico (leucotrie-
classes de microrganismos e nos, tromboxanos e prostaglandi-
são responsáveis pela amplifi- nas); degranulação e secreção de
cação da resposta inflamatória enzimas lisossomais e ativação
e pela morte de micróbios do surto oxidativo; secreção de
◊ Receptores ligados a pro- citocinas produzidas pelos ma-
teína G: Induzem como res- crófagos; modulação das molé-
posta celular mudanças do culas de adesão leucocitária; e
citoesqueleto e transdução fagocitose.
do sinal por quimiotaxia, sen-
do responsáveis pela adesão Vale relembrarmos galera: A fagocito-
leucocitária ao endotélio e sua se é o processo de ingestão e degra-
migração para o tecido infla- dação de partículas sólidas englo-
mado; badas por uma célula. Ela é uma das
◊ Receptores de citocina: Mes- formas principais na qual o neutrófilo
ma funções do receptor Toll-li- e macrófago atuam para combater os
ke, mas seu reconhecimento é patógenos durante a inflamação. Ela
por citocinas, como IFN-γ (in- consiste nas seguintes etapas:
terferon gama);
• Primeiro, ocorrem ligação e reco-
◊ Receptores fagocítico: Res- nhecimento da partícula que será
ponsável pela opsonização ingerida, a partir da ativação de re-
ceptores de manose, de recepto-
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res para opsoninas e de receptores • Esse fagossomo se funde com o


limpadores; lisossomo formando o fagolisos-
somo;
• Feito isso, há o englobamento a
partir de pseudópodes que permi- • Sendo assim, ocorre a destruição
tem a formação do fagossomo; do microrganismo a partir da ação
de espécies reativas de oxigênio
antes presentes no lisossomo.

Figura 6. Etapas do processo de fagocitose, desde o reconhecimento e ligação do patógeno + englobamento (opsoni-
zação) e morte + degeneração do patógeno. FONTE: Robbins

SE LIGA! Essas respostas celulares e te-


ciduais durante uma inflamação aguda, a
depender da etiologia do patógeno e do
sítio inflamatório, repercutem em sinto-
mas e sinais distintos. Por exemplo, caso
o paciente apresente tosse com catarro
amarelado/esverdeado, dor torácica ao
tossir, febre alta, dispneia, podemos sus-
Figura 7. Na imagem da esquerda, vemos que apenas o
peitar de uma pneumonia bacteriana. lobo médio do pulmão D foi acometido. Já na da direita,
Para confirmar o diagnóstico desse pro- todo o pulmão E estará radiopaco.7. FONTES: https://bit.
cesso inflamatório, podemos pedir uma ly/2U0Y3YV
radiografia de tórax em PA, onde en-
contraremos uma área radiopaca nos lo-
bos acometidos por essa inflamação.
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Padrões morfologicos tidade de pus ou exsudato purulento


consistindo em neutrófilos, necrose
Esses processos da inflamação aguda
liquefativa e fluido de edema. É causa
são refletidos macroscopicamente na
por infecções de bactérias piogênicas.
aparência morfológica do tecido afe-
tado. Sendo que tal aparência depen- Por fim, temos a úlcera, que consis-
de de variáveis como gravidade da te num defeito local, ou escavação, da
inflamação, sua etiologia e o tipo do superfície de um órgão ou tecido, que
tecido lesionado. Assim, é importante é produzida por perda do tecido necró-
termos conhecimentos dos padrões tico inflamado. É valido sabermos que,
morfológicos, para podermos corre- no estágio agudo, existe um intenso
laciona-los com o raciocínio clínico. infiltrado polimorfonuclear e dilata-
ção vascular. Mas com a cronicidade,
A inflamação serosa apresenta
as margens e as bases da úlcera de-
um padrão de exsudado de aspec-
senvolvem proliferação fibroblástica,
to aquoso, límpido e pobre em ele-
cicatrização, e acúmulo de linfócitos,
mentos celulares e proteínas, se ori-
macrófagos e células do plasma.
ginando do plasma sanguíneo ou de
secreções de células mesoteliais que
revestem cavidades peritoneal, peri-
cárdica, pleural. Ocorre, por exemplo,
numa queimadura de segundo grau
ou infecção viral, através de bolhas
cutâneas.
Já a inflamação fibrinosa, apresenta
um exsudato fibrinoso e com alta ce-
lularidade que origina placas esbran-
Figura 8. Imagem de uma úlcera duodenal crônica.
quiçadas sobre as mucosas e serosas Fonte: Robbins
no espaço extracelular, sendo carac-
terísticos de locais de revestimentos
corporais, como meninges, pericárdio
e pleura. Vale ressaltar que, caso não
seja retirado toda a fibrina durante o
reparo da inflamação, pode levar a um
processo de cicatrização com cresci-
mento de fibroblastos e angiogêneses.
Diferente das demais, a inflamação
supurativa ou purulenta é caracteri- Figura 9. Drenagem de uma abcesso resultante da
zada pela formação de grande quan- inflamação purulenta da maxila. Fonte: FOUSP
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res da inflamação aguda, além do pa-


drão morfológico que elas podem se
manifestar em nosso organismo. Por
fim, resta entendermos quais sãos
os principais mediadores químicos,
moléculas responsáveis por esses
processos inflamatórios.
Então, os mediadores são produzi-
Figura 10. Pericardite fibrinosa (depósitos de fibrina no
dos tanto no local da inflamação pe-
pericárdio). Fonte: Robbins las células defensoras ou por proteí-
nas plasmáticas lançadas na corrente
sanguínea. Uma vez ativados, essas
substâncias atuam por um curto es-
paço de tempo, diante a sua pequena
meia-vida, podendo ativar a estimu-
lação de outro mediador. Além disso,
essas moléculas atuam a fim de in-
duzir efeitos inflamatórios por meio
de suas ligações a receptores especí-
ficos, como já abordamos acima.
Dentre os tipos de mediadores quí-
micos, temos como principais: ami-
Figura 11. Bolha cutânea numa queimadura de 2º nas vasoativas; metabólitos do ácido
grau. Fonte: Brodell RT, MD. Dunbar M, MS. Elms SE,
MD. Approach to the Diagnosis of Skin Disease. SAM araquidônico (eicosanoides); fator ati-
vador de plaquetas (PAF); óxido nítri-
co (NO); citocinas; quimiocinas; com-
Mediadores químicos plemento; cininas; e proteases.
Já estudamos como funcionam as al-
terações vasculares e eventos celula-
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Figura 12. Mediadores da inflamação. Os principais mediadores derivados de células e de proteínas plasmáticas são
mostrados. CE, células endoteliais. Fonte: Robbins

As aminas vasoativas são armaze-


nadas como moléculas pré-formadas SE LIGA! A histamina consiste num
nas células. São em número de duas mediador produzido pelo nosso orga-
nismo em resposta a presença de alér-
principais: geno, ou seja, patógeno responsável
Histamina: É liberada a partir da de- por induzir uma reação de hipersensi-
bilidade (reação alérgica). Dessa for-
granulação de mastócitos em res- ma, nas pessoas expostas ao alérgeno,
posta a uma variedade de estímulos. elas começam a desenvolver sintomas
Ela causa vasodilatação e aumenta a de intolerância histamina, como: cóli-
cas abdominais, dor de estômago, diar-
permeabilidade vascular;
reia, flatulência, cefaleia, urticária, asma,
Serotonina: Está presente nas pla- dispneia, coriza, prurido ocular, taqui-
quetas e células neuroendócrinas. Ela cardia, tonturas. Todo esse quadro de-
corre através de produção exacerbada
é liberada a partir da agregação pla- de histaminas, através dos mastócitos
quetária, que é o componente-chave estimulados pelo anticorpo IgE, cau-
da coagulação. sando respostas autoimune em nosso
organismo, como prurido, constrição das
vias áreas, vasodilatação e aumento da
secreção gástrica.
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• Lipoxinas: Atua na inibição do re-


crutamento de neutrófilos no epité-
lio e da quimiotática dos mesmos;
• Prostaciclinas: Produzida por
mastócitos, macrófagos e células
endoteliais, atua tanto na inibição
da agregação plaquetária e na va-
sodilatação, além de participar da
indução de dor e febre;
• Tromboxanos: Produzido por pla-
quetas, essas moléculas estimu-
lam a agregação plaquetária e na
Figura 13. Esquema ilustrado de como ocorre a produ-
vasoconstrição.
ção de histamina e como tal mediador atua na reação
de hipersensibilidade. Fonte: https://www.greenme.
com.br/viver/saude-e-bem-estar/5166-histamina-sin-
tomas-remedios/#O_que_e_a_histamina_afinal
O estudo dessa cascata inflamatório
é de extrema importância para a des-
coberta dos anti-inflamatórios, que
Os eicosanoides são moleculares agem de forma a inibirem, retardarem
criadas a partir da metabolização do ou bloquearem o processo inflamató-
ácido aracdônico, em que estímulos rio, a partir do bloqueio ou inativação da
químicos ou físicos (lesão) fazem com produção dos eicosanoides. Existe duas
que a enzima fosfolipase A2 trans- vias de atuação desses fármacos:
forme os fosfolipídios da membra-
• Esteroidal: inibe a transcrição gê-
na celular nesse ácido. Por sua vez,
nica da fosfolipase A2;
esse ácido ainda é degradado por
dois tipos enzimáticos: lipoxigenase • Não esteroidal (AINE): inibem a
e cicloxigenase (COX), formando, ação da COX:
respectivamente, leucotrienos (que ◊ Seletivo – inibe COX2
podem se tornar ou não lipoxinas) e
prostaglandinas (divididas em pros- ◊ Não seletivo – inibe COX1 e
taciclina e tromboxano). COX2

• Leucotrienos: Consiste numa po-


tente molécula quimiotática, que Vale relembrar que: COX1 é consti-
atua no aumento da permeabilida- tutiva e tem como funções: home-
de vascular, na produção de citoci- ostasia vascular (produção pla-
nas e estimulando agregação pla- quetária), manutenção do fluxo
quetária; sanguíneo renal e gastrointestinal
INFLAMAÇÃO 15

e produção da mucosa gástrica; já temperatura, dor, transdução de


a COX2 é induzível e tem como fun- estímulos dolorosos e adaptação
ções provocar: febre, aumento da renal a estresses.

FLUXOGRAMA DA CASCATA INFLAMATÓRIA DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICOS

Injuria
tecidual

Fosfolipase A2

Ácido araquidônico

COX-1 COX-2
(constitutiva) (induzida)
Estímulos fisiológicos Estímulo inflamatório

X AINES não seletivo


X
X AINES seletivo

Prostaglandinas Prostaglandinas

Efeitos Efeitos inflamatórios:


homeostáticos:
• ↑ da temperatura
• Proteção gástrica • Dor
• Homeostasia renal • Rubor
• Função plaquetária • Edema

LEGENDA: Representação esquemática da cascata do ácido araquidônico desencadeada por estímulo


fisiológico ou inflamatório pela ação da COX 1 e COX 2 e originando a formação de prostaglandinas,
prostaciclinas e tromboxanos.
INFLAMAÇÃO 16

O PAF, liberado por plaquetas, basófi- Por fim, as quimiocinas, produzidas


los, mastócitos, macrófagos e células por leucócitos e macrófagos ativados,
endoteliais, atua na vasoconstrição, atuam na quimiotaxia e na ativação
broncoconstrição, aumento da ade- leucocitária já abordada.
são leucocitária, quimiotaxia e síntese Já como mediadores inflamatórios
de outros mediadores na inflamação. produzidos no fígado, estando pre-
Já o NO, produzido pelas células en- sentes no plasma sanguíneo, temos:
doteliais e por macrófagos, consiste
• Complemento: Atua na ativação e
num mediador que provoca vasodi-
quimiotaxia leucocitária, opsoniza-
latação, sendo um mecanismo en-
ção através do MAC (formando o
dógeno no controle da resposta in-
complexo de ataque a membrana)
flamatória.
e na vasodilatação por estímulos
As citocinas, produzidas por macró- de mastócitos;
fagos, endotélios e mastócitos, atua
tanto de forma local, ativando o tecido • Cininas: Aumentam a permeabi-
endotelial por aumentar a expressão lidade vascular, realizam a contra-
gênica de moléculas de adesão, como ção do músculo liso, vasodilatação
de forma sistêmica, induzindo febre, e provocam dor;
anormalidades metabólicas e hipo- • Proteases: Ativadas durante a co-
tensão. Suas formas principais na in- agulação, esses mediadores atu-
flamação aguda são TNF, IL-1 e IL-6. am ativando o endotélio e recru-
tando os leucócitos adjacentes.
INFLAMAÇÃO 17

FLUXOGRAMA DE INFLAMAÇÃO AGUDA

Alterações vasculares

Aumento da Alterações no fluxo


permeabilidade vascular sanguíneo (vasodilatação)
Inflamação
aguda
Formação de
Contração endotelial Injúria endotelial Injúria vascular ↑ Transcitose proteica
exsudato

Eventos celulares

Recrutamento
Ativação dos neutrófilos
dos neutrófilos

Reconhecimento Ativação via Respostas Marginalização Adesão ao Rolamento do Migração


Diapedese
com receptores sinalização funcionais dos neutrófilos endotélio neutrófilo ao local

Ativação do Modulação
Receptor tipo Receptor da Receptor de Receptor Enzimas Produção de Secreção de
surto de moléculas Fagocitose
Toll-like proteína G citocina fagocítico lisossomais metabólitos citocimas
oxidativo de adesão
INFLAMAÇÃO 18

3. INFLAMAÇÃO CRÔNICA macrófagos são ativados a partir de


duas vias principais com estímulos
Participação dos macrófagos
distintos: a clássica e a alternativa.
Antes de estudarmos o que é a in- A via clássica ocorre a partir do re-
flamação crônica, vamos retomar a ceptor do tipo Toll e tem como mo-
aquela tabela 2 que vimos no come- lécula sinal para sua ativação o IN-
ço do capítulo. Nela, temos as carac- F-gama. Sua função é de formar
terísticas básicas que nos ajudam a macrófago pró-inflamatório, que
entender sobre a inflamação crônica, atua provocando a inflamação pato-
sendo uma das principais consiste na lógica e ações microbicidas, como fa-
presença de infiltrado celular formado gocitose e morte de fungos e bacté-
principalmente por macrófagos. Dito rias. Isso ocorre através da produção
isso, o macrófago atua como o joga- dos seguintes mediadores: protea-
dor celular predominante nessa infla- ses, citocinas e quimiocinas, fatores
mação. de coagulação, espécies reativas de
Eles surgem a partir de um precursor oxigênio e nitrogênio.
na medula óssea, que dá origem aos Já a via alternativa, ocorre a partir
monócitos. No sangue, os monóci- das moléculas IL-14 e IL-4, produ-
tos (que possuem meia vida = 1 dia) zindo efeitos anti-inflamatórios,
migram para vários tecidos e se dife- como reparo tecidual e fibrose, atra-
renciam em macrófagos (prolongan- vés dos seguintes mediadores: fato-
do sua meia vida em meses ou anos). res de crescimento; colágeno; fatores
Esse processo de maturação do mo- angiogênicos; citocinas fibrinogêni-
nócito em macrófago ocorre de forma cas, a fim de promover reorganização
parecida com o recrutamento de neu- tecidual.
rófilos na inflamação aguda.
Sendo assim, quando ativo, o macró-
Chegando no local da inflamação, os fago adquire as seguintes característi-
INFLAMAÇÃO 19

Figura 14: Vias de ativação do macrófago na inflamação crônica. FONTE: Robbins

cas: tamanho maior; cromatina menos Após sua ativação (que permitiu a esse
densa; aumento da síntese proteica; tipo celular a aquisição da conforma-
aumento dos níveis de enzimas lisos- ção e funcionalidade), os macrófagos
somais; maior capacidade e fagocitar e iniciam seu processo de proliferação,
destruir; ativação metabólica. aumentando a produção de citocinas e
Após assumir essa conformação di- lipídios oxidados que estimulam mais
ferenciada, o macrófago começa a e mais essa atividade.
assumir as seguintes funções: inges- Embora o macrófago seja a estrela da
tão e eliminação de microrganismos e inflamação crônica, seu infiltrado celu-
tecidos mortos; iniciam o processo de lar também é composto de linfócitos T
reparo tecidual; secretam mediadores que, quando ativados, tem uma impor-
químicos da inflamação; apresenta- tante função na modulação do macró-
ção de antígenos aos linfócitos T; e fago por meio de um feedback entre
resposta aos sinais linfocitários. esses tipos leucocitários. Ou seja:
O linfócito T ativado, ao secretar qui-
INFLAMAÇÃO 20

miocinas, TNF e interleucina 17 (IL- fagos pela liberação de INF-gama;


17), recrutam leucócitos, dentre os Por fim, esse macrófago ativado tam-
quais, temos o macrófago; bém atua estimulando as células T ao
Além disso, outra função do linfócito apresentarem o antígeno por via cito-
T já abordada é ativação dos macró- cinas, como a IL-12.

Figura 15:Proliferação do macrófago na inflamação crônica. FONTE: Robbins

Mas o que é a inflamação crônica? por conta do uso de infiltrados mo-


A inflamação crônica é um processo nonucleares como macrófagos e
inflamatório de longa duração (semanas linfócitos (o primeiro apresenta o pa-
a meses), em que a inflamação, des- tógeno específico de uma inflamação
truição tecidual, tentativa de reparo, X para a outra célula).
angiogênese e fibrose coexistem em OBS.: Embora os neutrófilos sejam ca-
variadas combinações. Ela pode ser racterísticos da inflamação aguda, muitas
inflamações crônicas continuam a apre-
precedida de uma inflamação aguda, ou sentar elevados índices de neutrófilos;
pode se iniciar insidiosamente.
Em relação a suas características,
ela desencadeia resposta específica, Nela, como foi dito, há destruição te-
cidual induzida pela persistência do
INFLAMAÇÃO 21

agente nocivo ou pelas células in- tológicas, ou seja, reúnem conjunto


flamatórias, repercutindo num repa- de sinais e sintomas que acometam
ro tecidual, fibrose e angiogênese, articulações, principalmente, além de
na tentativa de habituar o tecido lesa- músculos e ossos. As dores e restri-
do a exposição do patógeno. ções de movimento são de extrema
Da mesma forma que a aguda, tam- importância para fundamentação de
bém há produção de mediadores tais quadro clínicos:
químicos, participando da modula-
ção/feedback entre seus elementos Artrite reumatoide
do infiltrado celular.
• Consiste numa doença autoimu-
ne inflamatória crônica originada
por uma sinovite proliferativa não
purulenta que progride a destrói a
cartilagem articular e tecido ósseo
adjacente;
• Seu quadro clínico possui ma-
nifestações locais, como dor,
edema, eritema, deformidade,
Figura 16. Na primeira imagem temos uma foto da mão
movimentação limitada; e mani-
E de uma paciente com artrite reumatoide. Na segunda, festações sistêmicas, como febre,
temos uma radiografia de mão D da mesma paciente.
FONTE: ROBBINS fraqueza e mal-estar.
• Na radiografia de mão em pacien-
tes com tal patologia, encontramos
Esse processo inflamatório surge nas
como achados: osteopenia difusa,
seguintes situações: infecções per-
perda acentuada dos espaços das
sistentes por bactérias, fungos, ví-
articulações do carpo, metacarpo,
rus, parasitas, doenças autoimunes,
falange e interfalange (anquilo-
exposição prolongada a agentes po-
se), erosões de osso periarticular e
tencialmente tóxicos, como sílica e li-
deslocamento ulnar dos dedos.
pídios tóxicos do plasma. Ocorre, por
exemplo, na tuberculose, asma, sífilis,
hanseníase, aterosclerose, doença de Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
chagas, artrite reumatoide, lúpus eri-
tematoso sistêmico. • Embora tenha uma fisiopatologia
ainda misteriosa, ela está relacio-
As duas últimas patologias partici-
nada à anormalidade imunológicas
pam do grupo das síndromes reuma-
e à produção de autoanticorpos
INFLAMAÇÃO 22

antinucleares que acabam se jun- Inflamação crônica granulomatosa


tando aos seus antígenos especí-
A inflamação granulomatosa é um
ficos, formando imunocomplexos
padrão distinto de inflamação crô-
que podem se depositar ao longo
nica, caracterizado pela presença um
de qualquer segmento do nosso
granuloma.
organismo.
Essa adaptação histológica se apre-
• Os sintomas sinais principais do senta como esforço celular para con-
LES são: Febre, cansaço, mal-es- ter um agente agressor que é difícil de
tar, perda de peso; artrite; pleuri- erradicar. Está presente na tuberculo-
sia, pericardite; vasculite; inflama- se, sífilis, lepra, sarcoidose, doença de
ção dos gânglios linfáticos; dores e Crohn, doença da arranhadura do gato.
inflamações musculares; mancha O granuloma pode ser classificado:
avermelhada em forma de borbo-
leta no rosto (eritema malar); e úl- • Imunológico: A partir de reação
ceras na boca, faringe e nariz; imune mediada por células, de-
penda da ação do linfócito T;
• Portanto, esse doença possui ca-
ráter multissistêmico. • Do tipo corpo estranho: A partir da
presença de material estranho não
digerível, independente de linfócito T.

Figura 18. Na foto da esquerda, temos uma tuba ute-


rina que apresenta um espessamento da parede, com
aderências na serosa e áreas de necrose ccaracterística
de inflamação crônica imunológica. Na da direita, pode-
mos ver, na autópsia, o material inerte que corresponde
a uma gaze (seta preta) e a fibrose diante da reação
granulomatosa (seta cinza). Fonte: ANATPAT

O constituinte principal e obrigatório


dos granulomas é a célula epiteli-
Figura 17: Sinais e sintomas principais em pacientes
com LES. Fonte: Wikipedia
óide: é um macrófago aumentado
INFLAMAÇÃO 23

de volume, com núcleo alongado, de


cromatina frouxa, lembrando o de um
fibroblasto. Porém, ao contrário dos
fibroblastos, tem citoplasma abun-
dante e róseo, embora de limites im-
precisos. Outro componente muito
comum, embora não obrigatório, dos
granulomas é a célula gigante ou gi-
gantócito. Trata-se de um macrófago
volumoso com dezenas de núcleos.
Figura 19: Corte histológico de um pulmão infectado
por tuberculose, onde Podemos ver uma inflamação
crônca padrão granulomatose. Fonte: ANATPAT
INFLAMAÇÃO 24

FLUXOGRAMA DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA

Inflamação
crônica

Participação dos macrófagos Componentes Inflamação granulomatosa

Destruição Tentativa Componentes


Maturação Ativação Angiogênese Fibrose Classificação
tecidual de reparo do granuloma

Via clássica Via alternativa Do tipo corpo Célula


Imunológico Gigantócitos
(INF-gama) (IL-14 e IL-4) estranho epitelióide

Ação Ação anti-


Inflamação Reparo tecidual Fibrose
microbicida inflamatória
INFLAMAÇÃO 25

MAPA MENTAL INFLAMAÇÃO

Identificação de patógeno Aguda


• Resposta rápido
Secreção de mediadores • Infiltrado de neutrófilos
• Lesão tecidual e fibrose leve e
auto limitda
Alterações hemodinâmicas Etapas Classificação • Sinais bem proeminentes
INFLAMAÇÃO

Recrutamento dos leucócitos Crônica


• Resposta lenta
Ativação leucocitária • Infiltrado de macrófago e linfócito
• Lesão tecidual e fibrose acentuada
e progressiva
• Sinais sutis
Componentes

Inflamação Inflamação Padrão específico


Alterações vasculares
aguda crônica (histológico)

Eventos celulares
Ganulomatoso

Padrões morfológicos Mediadores químicos


Componentes
Serosa
Produzidos no local Produzidos no fígado e
Fibrinosa da inflamação lançado no sangue Destruição tecidual

Tentativa de reparo
Purulenta Aminas NO Complemento
vasoativas
Angiogênese
Ulcerativa
Eicosanoides Citocinas Cininas
Fibrose
PAF Quimiocinas Proteases
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Robbins, Patologia Básica. Rio de Janeiro. Ed Elsevier, 9 ed. 2013.
MONTENEGRO M.R. & FRANCO M. Patologia: processos gerais. 4. ed. São Paulo: Atheneu,
1999.
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