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Lei De Introdução às Normas de

Direito Brasileiro - LINDB: Métodos


De Interpretação Da Lei
COMPREENDER O CONTEÚDO E A IMPORTÂNCIA DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO

BRASILEIRO, BEM COMO RECONHECER OS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI.

AUTOR(A): PROF. ANDERSON NOGUEIRA OLIVEIRA

O estudo da Lei de Introdução às normas de Direito Brasileiro – LINDB é muito importante na medida em

que: a) se aplica a qualquer ramo do direito no Brasil; b) apresenta critérios de solução de conflito de leis

no tempo e no espaço; c) apresenta métodos de preenchimento de eventuais lacunas na ordem jurídica e d)

oferece instrumentos de interpretação da lei a partir de princípios fundamentais da ordem jurídica.

Métodos de Interpretação Da Lei

1. LINDB - Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela
2. LINDB - Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

No direito pátrio, aplica-se o "Princípio da Obrigatoriedade da Norma" em que ninguém pode deixar de

cumprir a lei alegando não conhece-la. Contudo, sua interpretação não é algo simples, mas a doutrina

estabelece critérios para fazê-la. 

Ressalta-se que a integração da lei não se confunde com interpretação. São fenômenos diversos. A
integração da lei pressupõe que a lei não exista e que, portanto, precisa ser criada para ser aplicada. Na

interpretação, a lei existe e precisa ser compreendida para ser aplicada.

A lei é uma descrição abstrata e genérica de uma hipótese. A lei se torna um comando concreto,

disciplinando dada situação, quando ela é aplicada ao caso real, trazido ao Judiciário para ser decidido. Se o

caso concreto coincide com a hipótese descrita na lei, ocorre o fenômeno da subsunção, que consiste nisso,

na coincidência do fato com a lei.

No entanto, os fatos da vida real são bem mais complexos dos aqueles descritos hipoteticamente pela lei,

circunstância que leva o juiz a investigar a ordem jurídica para encontrar a norma a ser aplicada ao caso

concreto. Se não a encontra, precisa integrar a lacuna; se a encontrar, precisa saber se ela se aplica àquela
situação concreta para poder realizar a subsunção, investigando o sentido da norma.

Pois bem, investigar o sentido da norma corresponde ao ato de interpretar para descobrir o seu alcance, o

que a norma quer dizer, o que ela quer disciplinar. A interpretação da lei é objeto de uma ciência específica

chamada de hermenêutica, que se define como a ciência que estuda os métodos e processos de

interpretação da lei.

A interpretação da lei pode ser  classificada de acordo com a fonte de onde se origina, ou seja, tendo em

vista quem é o autor da interpretação, ela pode ser: a) autêntica; b) jurisprudencial e c) doutrinária.

A interpretação será autêntica, quando feita pelo próprio legislador por meio da edição de uma lei que

interpreta outra lei. De outro lado, será jurisprudencial ou judicial, quando realizada pelos Tribunais, sendo

doutrinária, quando realizada pelos estudiosos do direito ou comentadores da lei.

De acordo com os métodos empregados, a interpretação pode ser: a) gramatical; b) lógico-racional; c)

sistemática; d) histórica e e) sociológica ou teleológica.

A interpretação será gramatical é o exame do texto normativo de sua perspectiva linguística. Trata-se da

primeira fase do processo hermenêutico e não se esgotando nesse método todo o processo que deve derivar

para outros métodos mais científicos.

O método lógico-racional é que o procura interpretações possíveis, excluindo as absurdas e contraditórias

com todo o sistema, que pode levar, por sua insuficiência, ao método sistemático, cujo pressuposto é tomar

a lei como parte integrante de um sistema, o que significa que ela deve ser interpretada em conjunto com as

outras leis.

A interpretação de acordo com método histórico, consiste em pesquisar os antecedentes da norma, os

documentos do processo legislativo a fim de se descobrir o significado do texto legislativo.


Nesse caso, o estudo da exposição de motivos, da justificativa da lei, das atas das comissões que a

discutiram podem apresentar elementos suficientes que permitam identificar o sentido da norma.
A interpretação sociológica ou teleológica é aquela que tem por objetivo adaptar o sentido da lei às

modificações de ordem social, econômica, política para satisfazer as necessidades de realização de justiça.
Essa é a recomendação hermenêutica do artigo 5º, de que deriva as seguintes conclusões: a) repulsa à

interpretação exclusivamente gramatical, formal e literal da lei; b) repulsa à aplicação mecânica da lei; c)
predomínio dos valores político-sociais do momento da aplicação da lei e d) superação do individualismo

em favor dos interesses sociais e coletivos.


No Estado Social e Democrático de Direito, o fim social da lei assim como do Estado é a construção de uma

sociedade justa, fraterna, solidária, com redução da pobreza e da desigualdade, fundada na livre iniciativa,
na liberdade, no respeito aos direitos fundamentais e humanos de todo cidadão, na segurança, no combate

ao preconceito.
O fim social da lei é a busca da felicidade, aliás, essa é a promessa constitucional estampada no Preâmbulo

e nos Arts. 1º e 3º, da Constituição da República.


O bem comum, por sua vez, implica na superação dos interesses individuais e o deslocamento do olhar para
os interesses coletivos com a realização de justiça distributiva, de modo que a lei ao ser aplicada coordene

os interesses individuais com os interesses da coletividade, segundo uma perspectiva ética.


De acordo com o resultado produzido pelo processo hermenêutico, a interpretação pode ser: a) declarativa;

b) extensiva ou c) restritiva. Será declarativa a interpretação cujo resultado aponta que a lei corresponde ao
pensamento do legislador.

É extensiva a interpretação, cujo processo hermenêutico declara que a lei disse menos do que queria dizer
e, portanto, o seu alcance é mais amplo. A interpretação restritiva é, ao converso, aquela cujo resultado

indica que a lei disse mais do que deveria dizer, sendo necessário restringir seu alcance.
O processo hermenêutico é complexo e não se define pela escolha de um ou outro método investigativo,

especialmente por conta do artigo 5º, que ao atrelar a interpretação da lei à realização das finalidades
sociais e ao bem comum, impõe a integração sequenciada de todos os métodos: gramatical, lógico-racional,

sistemático, histórico para que ao final se concretize no método teleológico.


Vale ressaltar que a possibilidade de solução ou não quanto a interpretação para solucionar o conflito entre

normas surge a seguinte classificação:


a) Antinomia Aparente: trata-se de uma situação em que pode ser resolvida de acordo com os metacritérios

citados anteriormente.
b) Antinomia Real: situação que não pode ser resolvida de acordo com os metacritérios antes expostos.

Neste último caso, tendo em vista que o magistrado não pode deixar o caso sem uma solução, Flávio
Tartuce afirma que "dois caminhos de solução podem ser dados no caso da antinomia real, um pelo

legislativo e outro pelo judiciário" (TARTUCE, 2013, p. 41).


Desta forma, cabe ao legislador a edição de uma terceira norma informando qual das duas normas em

conflito devem ser aplicadas. Caso contrário, cabe ao judiciário solucionar ao caso prático baseado no
"princípio máximo da justiça" aplicando uma das duas leis que seja mais garantidora à dignidade da pessoa

humana.

ATIVIDADE FINAL

A interpretação segundo a qual o juiz procura alcançar o sentido da lei

em consonância com as demais normas que inspiram determinado ramo


de direito é denominada.

A. Histórica.

B. Lógica.
C. Sistemática.

D. Teleológica.
REFERÊNCIA
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, v.1.
GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Mancuso. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2009,
v.1.

GOMES, Orlando. Introdução do direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. GONÇALVES, Carlos Roberto.
Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2009, v.1. RODRIGUES, Silvio. Direito civil. São Paulo: Saraiva,
2007, v. 1.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil I: lei de introdução e parte geral. São Paulo: Método, 2013.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2009.

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