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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

WILLIAN ALVES BEZERRA

FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL

MACAPÁ

2019
WILLIAN ALVES BEZERRA

FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL.

Trabalho apresentado a Universidade


Paulista, como parte das exigências para
a obtenção de nota, da matéria formação
sócio histórica do Brasil, sob orientação
do Professor Natanael Isacksson

MACAPÁ

2019
BIOGRAFIA

Darcy Ribeiro foi um intelectual, educador, escritor, antropólogo, atuou na


política e como é retratado no documentário “Darcy- um brasileiro” era um homem
de causas. Darcy foi um grande personagem brasileiro, que lutava pela educação
como uma questão política, defendia a causa dos índios, lutava pela reforma agrária,
buscava uma reforma nas universidades, o socialismo e a liberdade. Também
colaborou com a criação de instituições importantes, lutando pelo desenvolvimento
do país acima de tudo como um apaixonado pelo Brasil.

Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 26 de outubro de


1922. No livro O Povo Brasileiro, O autor identificou cinco tipos de Brasis, ou seja,
cinco regiões extremamente diferentes, com costumes, tradições e culturas diversas:
“é simplesmente espantoso que esses núcleos tão iguais e tão diferentes se tenham
mantido aglutinados numa só nação” (p. 271).

O Brasil Sertanejo

O povo sertanejo vivia inicialmente no agreste, depois nas enormes


extensões semiáridas das caatingas, posteriormente penetraram o Brasil central. A
vegetação comum é pobre, formada de pastos naturais ralos e de arbustos.
Surgiram associados à produção açucareira, eram fornecedores, principalmente, de
carne e de couro. O sertanejo teve como principal atividade econômica a criação de
gado, na qual a maioria da população branca e mestiça via como esperança de
ascensão social, trabalhar para um fazendeiro e quem sabe um dia ganhar algumas
cabeças de gado para criar e também as melhores condições em relação ao
engenho.

O sertanejo arcaico caracteriza ‐se por sua religiosidade


singela tendente ao messianismo fanático, por seu carrancismo
de hábitos, por seu laconismo e rusticidade, por sua
predisposição ao sacrifício e àviolência. E, ainda, pelas
qualidades morais características das formações pastoris do
mundo inteiro, como o culto da honra pessoal, o brio e a
fidelidade a suas chefaturas. (RIBEIRO, 1995, P.354)
O homem e o gado ocuparam quase todo o sertão, as redes de rebanho
assumiram uma forma menos desigualitária do que o engenho, mas mesmo assim
ainda existia um distanciamento hierárquico. Em outras partes do nordeste a
população se dedicava ao extrativismo como, por exemplo, a exploração de palmais,
a carnaúba, a produção de cera e etc. Em vastas áreas o sertanejo se dedica ao
garimpo.
O gado foi trazido de Cabo Verde pelos portugueses, os primeiros foram para o
agreste pernambucano e para a orla do recôncavo baiano, esse gado deveria ser
criado longe dos engenhos para não estragar os canaviais, por esse motivo as
populações sertanejas, iam se desenvolvendo isoladas da costa, dispersas em
pequenos núcleos, que estavam localizados preferencialmente na margem dos
grandes rios permanentes, principalmente o São Francisco, já que o gado necessita
de muita água para sobreviver, além de também ter a necessidade de
permanecerem próximos aos barreiros naturais, onde o gado satisfazia a sua fome
de sal, esses fatores contribuíram para que as sesmarias, onde o gado era criado,
fossem imensas, com seus currais a dias de viagem uns dos outros.

Com a lavoura comercial esses núcleos (vilarejos) foram ficando


superlotados, sem trabalho para todos começou aquele que talvez seja o primeiro
evento migratório interno do Brasil.

O Brasil Crioulo

Esta parte, do dito "Brasil Velho”, foi local de ferozes embates entre
Pernambucanos e Holandeses (1625-1650) pelo controle da zona açucareira, como
também pelas diversas expedições de bandeirantes movidas contra o quilombo de
Palmares, refúgio de escravos.

O Processo de formação sócio histórica, se da originalmente de uma matriz


africana e a partir disso foram se aculturando a uma nova etnia brasileira. No Brasil
Crioulo vemos basicamente as três matrizes: o indígena, a africana e o europeu.
Povo transplantado - 100 milhões de negros durante quatro séculos foram
removidos da África, 12 milhões vieram para o Brasil, 6 milhões sobreviveram.
Segundo Darcy Ribeiro é necessário trazer uma breve reflexão sobre o
descobrimento do Brasil, a partir da formação dos aspectos: sociais, econômicos e
culturais, dos quais se dão basicamente pelo processo de colonização.

Naquele momento o mundo vivenciava um processo de transição econômica


que a Europa pré-capitalista, mercantilista passa para uma economia capitalista
industrial, onde duas potências Espanha e Portugal, disputavam a hegemonia
marítima. O que determinava o poder nesse contexto eram os metais preciosos e
ouro. Assim, ocorreu um desinteresse econômico pelo Brasil, pois naquele momento
a única atividade de lucro era a extração do pau-brasil.
Mas, não foram o pau-brasil a atividade econômica brasileira que gerou lucro e
interesse da coroa, e sim os engenhos de açúcar. A feição crioula nasce em torno
da economia açucareira a atividade cresceu do Rio Grande do Norte a Bahia, assim
se concebendo a formação social histórica e política em torno desse sistema agrária
mercantil escravista.

Chamamos área cultural crioula à configuração histórico ‐


cultural resultante da implantação da economia açucareira e de
seus complementos e anexos na faixa litorânea do Nordeste
brasileiro, que vai do Rio Grande do Norte à Bahia. Entre seus
complementos se conta a fabricação de aguardente e de
rapadura, que era a produção principal dos pequenos
engenhos, destinada ao mercado interno. (RIBEIRO, 1995,
P.275)

O Brasil Caboclo

O Brasil caboclo ocorre na Amazônia, com a tentativa de explorar seus


recursos naturais, como a madeira, o ouro, as pedras preciosas, e especialmente os
seringais. O autor explica que “mesmo nas zonas de maior densidade, os seringais
cobrem enormes extensões, impedindo que a população se organize em núcleos
consideráveis” (p. 323). Além disso, ocorreu a introdução de novas culturas, como a
criação de gado e o plantio de lavouras, tudo isto feito de forma desordenada, e sem
consciência ecológica, empurrando o índio “mata a dentro” cada vez mais,
dificultando o processo de tentar convertê-los ao catolicismo. Neste contexto, alguns
indígenas foram escravizados, na tentativa de utilizar de suas técnicas na floresta
para realizar o extrativismo das chamadas “drogas da mata”, especiarias como
cacau, cravo, canela, baunilha, sementes, entre outras.

O Brasil Caipira

Na primeira parte do processo de colonização do Brasil, a economia era


voltada basicamente aos núcleos açucareiros da costa nordestina. Neste período o
Brasil Caipira vivia numa “economia de pobreza”.
Darcy Ribeiro coloca o processo de “sedentarização” do bandeirante e a
conformação do caipira. Tido como o “povo da roça”, ele foi constituído pela
miscigenação, em princípio, das matrizes portuguesas e indígenas, um “povo novo”.
A influência indígena é muito latente. Se hoje podemos observar a presença dessa
matriz mais facilmente nos nomes dados a rios, municípios, bairros da região
sudeste, sobretudo de São Paulo, com uma observação mais melindrosa
localizamos muita semelhança das tribos indígenas com os primeiros caipiras que
povoaram essa extensão territorial.

A língua falada era o Tupi, tinha-se a prática da pesca, da caça e até mesmo
da coleta. Um costume arraigado aqui era o do descanso. Entre o tempo das
colheitas, ou entre uma bandeirada e outra (que gradativamente foram entrando em
declínio), os sertanejos tinham o tempo do ócio, muito semelhante aos indígenas, e
isso lhe rendeu fama de vagabundo, preguiçoso.
Darcy ainda coloca que a principal “mercadoria” nesse processo inicial de formação
do caipira era o índio. As bandeiradas atacavam as missões jesuíticas,
principalmente as espanholas, tanto para ocupar e colonizar os territórios, como
também para saquear artigos valiosos e “roubar” os índios, que já aculturados e
disciplinados pelas missões, seriam vendidos para o nordeste como escravos.

Os arraiais eram muito pequenos, com uma economia de subsistência, o


pouco excedente da plantação era voltado à troca de artigos essenciais com outros
pequenos produtores. As famílias eram muito miscigenadas, nessas pequenas vilas
encontravam-se muitos índios que tiveram suas aldeias destruídas que viviam junto
com os “brancos”, que também já eram mestiços.
Apesar desse primitivismo, Darcy Ribeiro salienta que São Paulo do século XVI era
um implante da civilização europeia ocidental. Era uma colonização com claros
objetivos de ocupação do território e, também de procura de riquezas naturais, como
os metais preciosos já muito explorados na colônia espanhola.

A busca por riquezas naturais teve como financiador a Coroa Portuguesa.


Essa busca obteve resultado no alvorecer do século XVIII, onde foi achado ouro nos
sertões de Taubaté,e posteriormente nas morrarias de Minas Gerais e em Mato
Grosso. Tal descoberta deu início à chamada corrida do ouro, fazendo com que
multidões de todo o Brasil, Portugal, Europa, e escravos africanos viessem para a
zona aurífera, tornando a região mais densamente povoada de toda a América.
A exploração nas primeiras décadas foi intensa, o ouro brotava a flor da terra.
Inicialmente não era necessária nenhuma técnica de exploração, o que facilitava o
trabalho da grande massa populacional. À medida que esse ouro fácil foi se
exterminando, passou-se a explorar o ouro de aluvião, após o ouro de grupiara e o
ouro das minas. Cada vez mais era necessárias novas técnicas de exploração por
parte dos mineradores.

O autor nos mostra que a grande quantidade de pessoas provenientes de


todo o mundo fez com que a população dessas áreas mineradoras fosse bastante
peculiar, ocasionando uma miscigenação cultural. Todos esses povos se
estabilizavam em pousos, que foram as bases do complexo sistema urbano
existente na atualidade, pois além dos mineradores, comerciantes, agricultores, e
políticos (formando a classe média), atraídos pela riqueza da região vieram
sustentar a grande classe de exploração das terras. Vários pousos foram surgindo à
medida que novas áreas iam sendo exploradas.

Brasis sulinos: gaúchos, matutos e gringos.

A coexistência e integração dos três complexos agem operando na tentativa


de homogeneizá-los mas existe uma distância entre os patrimônios culturais e
principalmente nos sistemas de produção agrícola:
Matuto: lavoura de modelo arcaico, Gaúcho: pastoreio e Gringos: pequena
propriedade explorada.

O Brasil sulino surge à civilização pelos jesuítas espanhóis que visavam


objetivos próprios; criaram modelos de reorganização intencional da vida social
caracterizado pelo alto sentido de responsabilidade social diante da população
indígena; modelo com eficácia destribalizadora; eficácia econômica na produção de
artigos econômicos para o mercado regional e externo.
As missões despertaram interesses dos mamelucos devido aos índios serem
preáveis.

E contribuíram com o depósito de escravos sub julgáveis ou exportáveis e


favoreceram a apropriação por brasileiros das terras e gado do território das missões
e assimilação compulsória de grande parte da gente que nelas vivia.
O motor fundamental da formação do Brasil sulino foi a empresa colonial portuguesa
com o propósito de levar hegemonia até o Rio da Prata, iniciado pela operação
bandeirante ( conversão do índio em mercadoria escrava- circuito mercantil trans
brasileiro).
No outro século o projeto português se vê ameaçado porque a exploração do gado
selvagem (couro e sebo) estava sob controle dos colonos nas áreas de dominação
espanhola. Essa ameaça foi superada com o surgimento do novo e rico mercado da
região mineira para o gado em pé, bois de carga, para cavalos de montaria e para
muares de tração e carga.

Índios escravos do século XVII e gado do século XVII são mercadorias


(condições do sul que criaram vínculos com o Norte e centro do Brasil).
Com o esgotamento das minas o Brasil sulino ou se voltava para uma regressão
pré- mercantil ou encontrava formas extra brasileira de viabilização econômica. É
quando os cearenses introduzem técnicas do fabrico de charque (carne seca).
A integração econômica do sul se dá com sucessivos vínculos mercantis e forças de
unificação: política portuguesa: em busca de uma hegemonia( manutenção da
colônia do sacramento, colonização da área com imigrantes açorianos e
negociações para fixar fronteiras).
Postura portuguesa: fixando uma identificação étnica.
Foram utilizadas armas para manter o Brasil sulino atado ao Brasil porque
tinham muitas tensões entre portugueses e castelhanos (Brasil envolvido nas
guerras platinas). Esses conflitos se davam pela expansão, unificação e expansão
de fronteiras.

Também existiram outros movimentos aspirantes e que o Poder Central teve


que intervir. Os fatos que se conjugaram para ativar essas tendências separatistas
foram: a região possuir interesses próprios; região ser apartada do resto do Brasil e
ser influenciada intelectualmente e politicamente, por exemplo, por Montevidéu e
Buenos Aires. A condição de fronteira do Brasil sulino conferiu poderio ao Rio
Grande do Sul

Os ingressos de imigrantes centro europeus, promovidos depois da


independência, exerceram um papel importante no abrasileiramento do extremo sul.
Outra Configuração histórica cultural constitui- se no Brasil sulino formada pela
população transladada dos açores.

O objetivo da colonização foi a implantação do núcleo de ocupação lusitana


permanente para justificar a apropriação da área em face do governo espanhol e
para agir como retaguarda das lutas nas fronteiras.
Para essa população eram prometidas terras, mantimentos, espingarda, etc, que
para a situação paupérrima em que se encontravam pareciam asseguram riqueza.
Elas estabeleceram-se na faixa litorânea, nas terras marginais do rio Guaíba e
outros no litoral de Santa Catarina.

O terceiro grupo, o dos gringos, de origem germânica e italiana


principalmente, diferencia-se do restante da população por seu bilingüismo, seus
hábitos europeus, seu nível educacional mais elevado e um modo de vida confinado
em pequenas propriedades, com uma produção diversificada, com base em bovinos,
plantio, vinho, entre outras culturas. Imigrantes europeus foram obrigados a
aprender o idioma português e a alistar-se nas forças armadas brasileiras. Os três
componentes sociais do Brasil sulino são o nativo de origem açoriana, o gaúcho
(mestiço do espanhol ou do português com o indígena guarani) e o gringo
(descendente do imigrante).
No Brasil sulino ocorreu ainda a distribuição de terras de forma legal, as
chamadas sesmarias, na região de Rio Grande, Pelotas, Viamão e Missões. Os
estancieiros viram caudilhos e mais tarde se tornam patrões e em tempos menos
distantes, tornam-se proprietários de frigoríficos e matadouros. Ribeiro lembra que
“as gerações seguintes, beneficiárias dos resultados desses sacrifícios pioneiros,
encontraram condições mais propícias” (p.438).

CONCLUSÃO

O livro é o resultado e a síntese de tudo o que já havia escrito, e assim se


sente à vontade para teorizar sobre a formação étnica do povo brasileiro e sobre a
estrutura social do país, fazendo uma reviravolta nas ideias até aqui aceitas.
Discorre ainda sobre as classes sociais aqui existentes e suas lutas, bem como
sobre a revolução que está por vir e será democrática e pacífica.
REFERÊNCIAS

GLOBAL EDITORA. Darcy Ribeiro. Disponível em:


<https://globaleditora.com.br/autores/biografia/?id=4269 >. Acesso em 06 de Abril de
2019.

RIBEIRO, Darcy; BRASILEIRO, O Povo A formação e o sentido do Brasil. São


Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Disponivel em <https://www.webartigos.com/artigos/darcy-ribeiro-o-povo-brasileiro-

cap-iv-os-brasis-na-historia/87508 >. Acesso em 6 de Abril de 2019.

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