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Origem da sociologia da infância, as

diferentes culturas e a educação


Dra. ADRIANA KOIDE
FACULDADE DE AMERICANA - 2017
Philippe Ariès
• 24 /06/1914 – 08/02/1984 (França);
• Historiador contemporâneo no campo de estudo de
comportamento e atitudes humanas;
• Multiplicidade de documentos (fotos, diários, músicas) =
iconografia;
• Principal obra: História social da criança e da família
História social da criança e
da família
• Dois caminhos norteadores: o primeiro é a verificação
de que a carência do sentido de infância, como um
estágio importante no desenvolvimento da pessoa, até
o fim da Idade Média, abre as possibilidades para uma
interpretação das sociedades Ocidentais.
• O segundo caminho: a mesma maneira de definir a
infância como um período diferente da vida adulta
também possibilitou a análise do novo lugar assumido
pela criança e pela família nas sociedades modernas.
A infância historicamente construída
• A infância tomou diferentes conotações dentro do
imaginário do homem em todos os aspectos sociais,
culturais, políticos e econômicos, de acordo com cada
período histórico. Até o século XVII criança seria vista
como substituível, como ser produtivo que tinha uma
função utilitária para a sociedade, pois a partir dos sete
anos de idade era inserida na vida adulta. A criança
tornava-se útil na economia familiar, realizando tarefas e
imitando seus pais e suas mães. Criança: sinônimo de
discriminação, marginalização e exploração.
A mortalidade infantil e o
sentimento de infância
• Séculos de altos índices de mortalidade e de práticas de
infanticídio.
• As crianças eram jogadas fora e substituídas por outras
sem sentimentos, na intenção de conseguir um
espécime melhor, mais saudável, mais forte, que
correspondesse às expectativas dos pais e de uma
sociedade que estava organizada em torno dessa
perspectiva utilitária da infância.
• O sentimento de amor materno não existia. A família era
social e não sentimental.
Fins da idade média
• Marca: ato de mimar e paparicar as crianças, vistas
como meio de entretenimento dos adultos, sobretudo,
nas classes elitizadas. A morte já passa a ser auferida
com dor e sofrimento.
• No século XVII, as perspectivas transitam para o campo
da moral, sob forte influência de um movimento
promovido por Igrejas, leis e pelo Estado, onde a
educação ganha terreno: trata-se de um instrumento
que surge para colocar a criança em seu lugar, assim
como se fez com os loucos, as prostitutas e os pobres.
Embora com uma função disciplinadora.
• Surge a escola.
A escola do século XVII
• Não nasceu com uma definição de idade específica para
o ingresso da criança.
• O foco não era a educação das crianças. A intenção era
para proporcionar conhecimentos técnicos e discursivos.
• A principal função da escola: disciplinar.
• A escola acolhia da mesma forma e indiferentemente as
crianças, os jovens e os adultos, precoces ou atrasados.
• Não havia preocupação com a educação das meninas.
A escola contemporânea
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
TÍTULO I
Da Educação
• Art. 1º A educação abrange os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.
• § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino,
em instituições próprias.
• § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo
do trabalho e à prática social.
A Sociologia da Infância: os
primórdios
• Na década de 30: desenvolve-se cada vez mais no
contexto mundial, justamente por estimular a ideia de
posicionar as crianças, no campo da teoria e da
metodologia, como atores sociais.
• Depois da década de 80: com as mutações
concretizadas no campo infantil, os acadêmicos do
continente europeu e da América do Norte acolhem a
infância enquanto estágio fundamental da existência, e
como um fator essencial na arquitetura social.
• Entre os sociólogos: houve a necessidade de subverter
a mentalidade vigente sobre as crianças, consideradas
até então meros seres biológicos e psíquicos.
• A infância deixou de ser vista como apenas uma
condição natural do desenvolvimento humano.
A Sociologia da Infância hoje
• Permite pensar a criança como sujeito e ator social do
seu processo de socialização, e também como
construtores de sua infância, como atores plenos, e não
apenas como objetos passivos deste processo e de
qualquer outro.
• Novas temáticas são permitidas, bem como a
elaboração de novas metodologias que buscam
entender as crianças como produtoras de culturas, a
partir delas próprias.
A Sociologia da Infância, do
ponto de vista epistemólogico
• Não utiliza expressamente uma teoria, um autor, mas
aproveita de um movimento da sociologia interacionista,
do movimento da fenomenologia, e dos aportes
construcionistas que fornecem os paradigmas teóricos
desta nova construção do objeto.
• Há uma leitura crítica do conceito de socialização e de
suas definições funcionalistas que leva a reconsiderar a
criança como ator social.
Como entender o ponto de
vista das crianças, desde a
mais tenra idade?

Quem é o
sujeito
“criança”?

Qual sua
autonomia?

Qual é o lugar do
desejo na
“Sociologia da
Infância”?
A partir da Sociologia da
Infância

Tem em vista que os


diferentes espaços estruturais
diferenciam as crianças. • Consagra à criança o
• A criança não é essencial, papel de sujeito e
universal e alheia à • Considera a protagonista da história, e
história. heterogeneidade (classe dos processos de
social, gênero, etnia, raça, socialização.
• Recusa uma concepção
uniforme da infância. religião etc). • Entende a criança como
• Considera a criança “ator social”.
como ser social e
histórico. Compreende a criança como
sujeito social capaz de se
Problematiza a abordagem atribuir significados, sentidos
psicológica e biológica de e cultura própria e inusitada.
compreensão da criança
O sentido da infância
• A criança não é só o presente que ela inscreve em si, ela
traz o passado, isto é um presente no qual os adultos
jamais poderiam ter tido, anunciam também e são
portadoras de um futuro, do devir, mas também são a
fissura, o corte e a descontinuidade. A infância é um
encontro entre os tempos e as gerações, e as
descontinuidades. Ela é o encontro de um tempo
cronológico e do tempo intempestivo. Pensar a criança e
sua infância é pensar a contemporaneidade que, segundo
Agamben (2009), é a luz e a sombra de uma determinada
época. Ou seja, o que a criança fala, diz e age, a maneira
pela qual ela subjetiva o mundo, nos diz de um presente
que conhecemos e podemos decifrar, mas também nos é
obscuro, por isto contemporâneo.
Sociologias da Infância
diferentes, para sociedades
diferentes.
Respeito às diferenças
• Não há possibilidade de se fazer Sociologia da Infância da
mesma maneira, com os mesmos aportes teóricos e
metodológicos em sociedades tão distintas.

Ator social
• O que tem sido o processo de socialização das crianças?
• O que vem a ser “cultura da infância”?

Uma outra infância


• É preciso pensar novas formas de socialização para a
produção de novas crianças e outras infâncias no sentido
de pensar uma outra forma de educação com crianças
pequenas.
O Referencial Curricular para
a Educação Infantil
Proposta Pedagógica e Diversidade

DIRETRIZES CURRICULARES

As propostas pedagógicas das instituições de Educação


Infantil deverão prever condições para o trabalho
coletivo e para a organização de materiais, espaços e
tempos que assegurem:
• O reconhecimento, a valorização, o respeito e a
interação das crianças com as histórias e as culturas
africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao
racismo e à discriminação;
• A dignidade da criança como pessoa humana e a
proteção contra qualquer forma de violência – física ou
simbólica – e negligência no interior da instituição ou
praticadas pela família, prevendo os encaminhamentos
de violações para instâncias competentes.
REFERÊNCIAS
• ABRAMOWICS, Anete. OLIVEIRA, Fabiana. A Sociologia da Infância
no Brasil: uma área em construção. Revista Educação, Santa Maria,
v. 35, n. 1, p. 39-52, jan./abr. 2010.

• ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed.


Tradução de Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981.
RESENHA.
• Constituição Brasileira de 1988 – Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm -
Acesso em 07/05/2017.
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) –
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
Acesso em 07/05/2017.
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) –
Disponível em: http://ndi.ufsc.br/files/2012/02/Diretrizes-Curriculares-
para-a-E-I.pdf - Acesso em 07/05/2017.

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