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Universidade Federal do Rio Grande

Escola de Engenharia
Sistemas de Refrigeração e Climatização

Cálculo de Cargas Térmicas


em Câmaras Frigoríficas
Conceito

O cálculo da carga térmica de câmaras frigoríficas para


resfriamento, congelamento e armazenamento de produtos,
além de um correto estabelecimento das condições
climáticas do local e das condições internas da câmara,
devem ser consideradas ainda outros fatores
influenciadores.
Conceito

Outros fatores a ser considerados no cálculo de cargas


térmicas em câmaras frigoríficas:

• Carga térmica decorrente da transmissão de calor pelas


paredes, teto e piso;

• Carga térmica decorrente dos produtos contidos na câmara;

• Carga térmica decorrente da infiltração de ar externo


quando da abertura e fechamento das portas de acesso das
câmaras;

• Carga térmica decorrente das luzes, pessoas e de outras


fontes de calor no interior da câmara.
Condições externas de projeto

Condições externas de projeto  NBR-6401: informações


sobre as condições típicas de verão para diversas cidades.
Condições externas de projeto

NBR-6401: condições típicas de verão para diversas cidades


da região sul
Condições externas de projeto

NBR-16401:2008  Tabelas com dados de projeto - Legenda


Condições externas de projeto
Condições internas de projeto

Para os melhores resultados, cada produto deveria ser


armazenado de acordo com os seus requisitos específicos
de temperatura e umidade relativa, especificados em
manuais. Porém, nem sempre se torna prático construir uma
câmara individual para cada produto manipulado por uma
indústria ou comércio. Assim, os produtos a serem
armazenados são divididos em grupos que requerem
condições de armazenamento semelhantes.
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

A carga térmica devido à transmissão de calor é uma função


do diferencial de temperatura entre o ambiente externo e o
interior da câmara, da condutividade térmica dos elementos
construtivos da câmara (paredes, teto, piso, portas, etc.) e
da área das superfícies expostas ao diferencial de
temperaturas.

Assim, esta carga térmica pode ser calculada por:


Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

A espessura do isolamento a adotar em uma instalação é


normalmente calculada a partir da expressão da resistência
térmica. Assim, para o caso de uma parede plana:

Cálculo aproximado da espessura de isolamento 


considerar apenas a resistência imposta pelo isolamento,
desprezando-se, a favor da segurança, as demais
resistências térmicas (paredes de alvenaria, passagens para
o ar, etc.).
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

O coeficiente superficial de transmissão de calor depende de


vários fatores, como diferença de temperatura, velocidade do
ar, posição e tipo de revestimento superficial.

De forma simplificada, recomendam-se os seguintes valores:

Superfícies Planas:
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

A expressão para o cálculo da espessura do isolante torna-


se então:

ou

A classificação do isolamento obtido é dada em função do


fluxo de calor que penetra na câmara.
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

Classificação de Isolamentos Térmicos de Câmaras


Frigoríficas
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

Com relação ao diferencial de temperatura ∆T não sofrer


efeitos da radiação solar direta  corresponde à diferença
entre a temperatura externa e a temperatura da câmara.

Se a câmara sofre influência da radiação solar direta, o valor


do ∆T deve ser corrigido, em função da orientação da parede
e de sua coloração, sendo seu cálculo efetuado de acordo
com a equação
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor
Carga Térmica devido a Transmissão de Calor

Finalmente, a carga térmica devido à transmissão de calor


pode ser calculada pela equação abaixo, em que Q pode


A
ser adotado de acordo com a qualidade do isolamento, como
mencionado acima, e A é a área de todas as superfícies da
câmara.
Carga Térmica devido aos Produtos

Geralmente corresponde à maior porcentagem da carga


térmica de câmaras de resfriamento e congelamento 
composta, basicamente, das seguintes parcelas:

• Calor sensível antes do congelamento: calor que deve ser


retirado do produto para reduzir sua temperatura desde a
temperatura de entrada na câmara até a temperatura de início
de congelamento ou, no caso em que o produto somente vai
ser resfriado, a sua temperatura final.

• Calor latente de congelamento: calor retirado do produto


para promover seu congelamento.
Carga Térmica devido aos Produtos

• Calor sensível após o congelamento: calor que deve ser


retirado do produto para reduzir sua temperatura desde a
temperatura de congelamento até a temperatura final.
Carga Térmica devido aos Produtos

• Calor de respiração: calor liberado na câmara devido ao


processo de respiração de frutas frescas e vegetais. A
liberação deste calor de respiração, também conhecido como
calor vital, varia com a temperatura.
Carga Térmica devido aos Produtos
Carga Térmica devido à infiltração do ar externo

A carga térmica devido à infiltração de ar está relacionada


com a entrada de ar quente (ar externo) e com a saída de
ar frio da câmara frigorífica, através de portas ou quaisquer
outras aberturas. Cada vez que uma porta da câmara é
aberta, uma determinada quantidade de ar externo penetra
na mesma, a qual deverá ser resfriada pelo sistema
frigorífico da câmara, aumentando a carga térmica.
Carga Térmica devido à infiltração do ar externo

Assim, a quantidade de ar que entra em câmara pode ser


estimada, entre outras formas, a partir do fator de troca de
ar (FTA) de uma câmara, sendo este, por sua vez,
dependente do volume e tipo da câmara. O FTA expressa o
número de trocas de ar por dia (trocas/dia) da câmara.
Carga Térmica devido à infiltração do ar externo
Carga Térmica devido à infiltração do ar externo

Uma vez que se conhece o volume de ar externo que entra


na câmara por dia, pode-se determinar a carga de infiltração
pela equação

onde Vcam é o volume da câmara em m³ e ∆H´ refere-se ao


calor cedido por metro cúbico de ar que entra na câmara.
Carga Térmica devido à infiltração do ar externo

Tabela de calor cedido


pelo ar externo ao
entrar na câmara

( ∆H´- kcal/m³ )
Carga Térmica devido à Cargas diversas

Todos os equipamentos elétricos instalados no interior da


câmara frigorífica (lâmpadas, motores, etc.) dissipam calor 
devem ser incluídos no cálculo da carga térmica.

O calor dissipado pelo sistema de iluminação depende da


potência das lâmpadas instaladas e do seu tempo de
utilização, podendo se considerar que a potência dissipada
pelo sistema de iluminação é de aproximadamente 10 W/m².

Onde A é a área da câmara em m² e Ƭ o tempo de utilização


do sistema de iluminação em horas por dia.
Carga Térmica devido à Cargas diversas

A carga térmica decorrente da presença de pessoas no


interior das câmaras frigoríficas depende da atividade que
estas pessoas estão exercendo, do tipo de vestimenta e,
sobretudo, da temperatura da câmara. Uma forma de estimar
a carga térmica decorrente das pessoas e por meio da
equação
Carga Térmica devido à Cargas diversas

Outra fonte de calor que está presente no interior das


câmaras frigoríficas são os motores dos ventiladores dos
evaporadores  é possível determinar a potência dissipada
por estes ventiladores  consulta ao catálogo do respectivo
fabricante.

Assim, a carga térmica destes equipamentos pode ser dada


diretamente pela equação
Carga Térmica devido à Cargas diversas
Capacidade Frigorífica

• Uma vez determinadas todas as parcelas da carga térmica,


o passo seguinte será determinar a capacidade frigorífica do
sistema (evaporadores e compressores).

• As parcelas da carga térmica foram determinadas para um


dia em kcal/dia. Porém, o compressor (e os evaporadores) do
sistema frigorífico não deve operar 24 horas por dia, o que
exige uma fixação do seu tempo de operação para a
determinação de sua capacidade frigorífica.

• O tempo de operação dos compressores, normalmente


varia de 16 a 20 h/dia, de acordo com o tipo de instalação e a
temperatura da câmara.
Capacidade Frigorífica
Capacidade Frigorífica

Após a definição do tempo de operação dos compressores, a


capacidade frigorífica de projeto será dada pela equação
Referências

ASHRAE, Handbook Refrigeration. Atlanta: ASHRAE, 2005.

COSTA, Ennio Cruz da. Física Industrial – Refrigeração. Ed. PUC – Porto
alegre, 1976.

ELETROBRÁS. Eficiência Energética em Sistemas de Refrigeração


Industrial e Comercial. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2005.

NBR 6401. Instalações Centrais de ar condicionado para conforto –


Parâmetros básicos de projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 1980.

NBR 16401-1. Instalações de Ar condicionado - Sistemas Centrais e


Unitários. Parte 1: Projeto de Instalações. ABNT. Rio de Janeiro: 2008.

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