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Inteligência Emocional no

ambiente prevencionista e
organizacional
Tipos de inteligência
Para entender a Inteligência Emocional é necessário partir do princípio do
que é inteligência propriamente dita, hoje sabemos que existe três formas
de inteligência no nosso cotidiano, a inteligência intelectual, a inteligência
artificial e a inteligência emocional.

A inteligência intelectual ou QI é aquela nata, ou adquirida de forma


acadêmica, uma pessoa com um alto QI por exemplo, tem grande facilidade
para aprender e pode se destacar em alguma área seja ela de exatas,
humanas ou biológica.

A inteligência artificial é aquela gerada artificialmente, de forma mecânica


mas altamente eficiente, são os aplicativos, redes sociais, e tudo que facilita
ou interage com nosso dia a dia.

Mas vamos falar aqui de uma outra inteligência, que tem tomado um
grande espaço atualmente em todas as áreas de nossa vida, seja ela
profissional ou pessoal:

A Inteligência Emocional
Muito em alta nos dias atuais, a inteligência emocional é a base de
qualquer relacionamento ou situação. Mas o que, na verdade, ela
significa?

Ela está diretamente ligada as nossas emoções e como respondemos


diante de situações e conflitos.

A inteligência emocional vem se adaptando e cada vez mais presente em


todas as áreas, seja ela pessoal ou profissional.

Não precisamos ir muito longe. Pense comigo: como era o ambiente


corporativo trinta anos atrás? Composto por patrões, chefes, funcionários,
secretárias, faxineiros. Todos tinham suas funções muito bem claras e,
dificilmente, algum deles questionava suas condições.

Eis, então, que a revolução digital chegou com tudo e passamos a ter
acesso a informações sobre todos os assuntos e em qualquer lugar do
mundo. Ficamos, sim, mais inteligentes, mas ficamos também mais
ansiosos e mais questionadores. O que nos deixava felizes antes, hoje já
não nos preenche mais. E as empresas? Essas tiveram que se adaptar aos
novos tempos, desde seus espaços físicos até seus computadores e mão
de obra qualificada para operar modernas máquinas.

Tudo isso aconteceu de forma muito rápida! Quem não acompanhou essa
evolução, acabou prejudicado, seja tendo sido dispensados de suas
funções ou simplesmente as vendo desaparecer.

O chefe virou líder, o funcionário virou colaborador. As hierarquias se


aproximaram. Antes, havia quem mandasse e quem obedecia. Hoje, há
quem peça e quem execute. Por mais que mandar e obedecer seja um
tanto autoritário e retrógrado, é fácil, já os atos de pedir e executar não
são tão simples.

Existem inúmeras formas de se pedir uma tarefa, bem como inúmeras


formas de executá-las. Tudo vai depender da empresa, dos resultados
esperados, dos valores da organização e, acima de tudo, do ambiente
corporativo. E é aí que entra a famosa inteligência emocional, que significa
saber se relacionar, conversar, ouvir o outro, colocar-se em seu lugar, ter
sensibilidade para entender o que se passa e se despir de velhos
conceitos. Esse caminho de ideias e atitudes faz toda a diferença.

Nos dias de hoje um QI altíssimo não vale tanto se você não conseguir se
relacionar. Um currículo maravilhoso não impressiona mais se você não
conseguir passar seu conhecimento. Isso não quer dizer que você não
precise se aperfeiçoar intelectualmente, muito pelo contrário, a
concorrência nunca foi tão acirrada e, aqueles que não estudam, ficam
para trás.

O que quero dizer é que hoje em dia, além de ter que saber tudo sobre
sua função (e muitas vezes até sobre a função do colega), você precisa
saber se relacionar e dominar suas emoções. Difícil, não é? Mas, fique
tranquilo! Hoje vamos juntos, decifrar este enigma

Todo profissional de segurança pode dizer com propriedade o quanto é


difícil fazer com que alguns colaboradores usem os EPIs adequadamente,
seja por rebeldia ou por desconhecimento dos riscos, alguns muitas vezes
se recusam, ou tentam usar de artimanhas para burlar as regras de
segurança.
Há algum tempo atrás, enquanto eu palestrava em uma grande empresa
metalúrgica, um senhor, disse que no tempo dele é que existiam
trabalhadores de verdade, com garra, sem frescuras, que pegavam no
pesado e davam conta do serviço, aproveitei a oportunidade e pedi que me
contasse um pouco mais, e ele continuou dizendo que hoje, mesmo com
todos os equipamentos de segurança modernos, tem gente jovem, forte, que
se acidenta, e que na época dele nem tinha tudo isso e ele nunca se
acidentou.

Achei bem interessante essa narrativa porque a mentalidade de não se


acidentar estava inconscientemente na cabeça dele, associada a ideia de
pegar no pesado “sem frescura”, e acredito que esse pensamento mesmo
depois de tanta evolução e tecnologia ainda perdure no pensamento de
muito colaborador.

Então como nos aprofundarmos para entender como a inteligência


emocional pode ajudar dentro do ambiente corporativo e em especial
dentro da segurança do trabalho?

O uso dos EPIs e o fator


comportamental
O uso dos Equipamentos de proteção individual, teve seu maior destaque a
partir do ano de 1930, quando se criou o ministério do trabalho.

Desde então, os aparatos de segurança vem se modernizando a cada ano.

Mas, tem um fator que não acompanhou toda essa evolução, o fator
comportamental.

O uso dos EPIs, muitas vezes é visto somente como uma obrigatoriedade
imposta pela empresa, o que torna o seu uso muitas vezes um fardo.

E então que entra o fator comportamental, a estratégia de se mostrar o que


está por trás de se usar corretamente e todos os dias esses equipamentos,
que antes de existir ali um trabalhador existe uma pessoa, muitas vezes com
uma família que depende dele e que o espera em casa, e que essa pessoa
também tem problemas pessoais, problemas emocionais, que podem afetar
direta e indiretamente seu desempenho no trabalho.
Saber ouvir o trabalhador e entender realmente suas dores, é um passo
gigante para que ele confie na empresa e se dedique a ela, e um dos
resultados dessa dedicação é usar os EPIs.

Um líder consciente e moderno sabe perceber quando tem alguém na


equipe que não está bem, ou quando tem dentro da equipe aquele que
influencia negativamente todo o grupo a ponto de alguns deixarem de usar
os equipamentos necessários por achar que “nunca” vai acontecer nenhum
acidente ou incidente com ele.

Se analisarmos cuidadosamente, cada EPI tem sua funcionalidade de


prevenção de acidentes de trabalho, e de consequências emocionais, sejam
elas positivas ou negativas.

Como podemos argumentar para


convencer o colaborador a usar os
EPIs?
O protetor auricular- Todos sabem que ajuda a prevenir contra a perda
da audição, ok, ele realmente tem essa função, mas não é somente isso, a
exposição a ruídos altos e constantes pode ocasionar stress, nervosismo,
ansiedade, depressão, e até mesmo impotência, podendo ocasionar em
graus elevados a busca por alivio no álcool e até drogas. Quando tudo isso
é apontado para o colaborador na forma de palestras, treinamentos, DDS,
vídeos, depoimentos, estaremos usando a inteligência emocional, pois vai
ser mostrado para o colaborador que não é só uma coisa que está em jogo e
sim uma série de coisas que podem afetar o rendimento na empresa e
consequentemente um futuro afastamento.

As luvas: Elas não protegem somente de cortes e perfurações, pois a mão


é a parte do corpo mais importante para o trabalhador, se por acaso, ele
sofrer algum acidente e tiver algum dedo ou mão decepada, as chances de
ele conseguir um outro emprego vão cair drasticamente, e que sendo assim,
ele vai ser prejudicado e as pessoas que dependem dele também, como a
família, por exemplo, ou seja, estamos mostrando assim que o uso das
luvas vai afetar ele emocionalmente, mais uma vez a inteligência
emocional entrando em ação.

Os óculos de proteção: Vai evitar que machuque os olhos, mas vai evitar
também, que o colaborador não corra o risco de não VER os filhos
crescerem, de não enxergar as cores, de perder tanta coisa de bonito que
merece ser visto, e vai evitar também que caso ele se machuque, passe a
depender de alguém para sempre, percebe a inteligência emocional agindo
novamente?

A teoria é importante, mas usar em conjunto com técnicas lúdicas,


dinâmicas, muitas conversa, repetição, atenção e real preocupação com o
colaborador é muito mais eficaz.

Mostrar que aquele trabalhador é importante e essencial para o progresso


da empresa, que ele não é mais um, destacar suas qualidades e evidenciar
aquele que segue as normas e regras da equipe.

É um pouco parecido quando temos de lidar com aquele


filho rebelde, que gosta de enfrentar e se rebela, mas
que no fundo o que ele quer, é só atenção e carinho...

E assim, os argumentos podem ser usados, a todo instante, de forma


inteligente e fazendo com que o trabalhador sinta necessidade de usar o
EPI, não porque ele é obrigado, mas porque ele tem consciência que por
trás de um acidente, tem fatores muito mais fortes do que o acidente em si.

Mostrar que o conceito de corajoso, valente, descolado, popular, está


atualmente ligado a equilíbrio emocional, resiliência, senso de equipe, e
também ao uso dos EPIs, pois preservar a vida e ajudar a preservar a vida
do colega é sem dúvida uma grande gentileza com ele próprio e com o
outro.

Tudo que é imposto, tudo que é obrigado, tem que ter uma explicação para
tal, pois nos dias de hoje, não basta somente explicar superficialmente, as
pessoas não se contentam mais em somente obedecer

Existem muitos métodos comportamentais que podem ser aplicados na


equipe, pirâmide de Frank Bird, pirâmide de Moslow, Swot, e tantos outros
que podem ser adaptados de acordo com as necessidades do grupo. As
transformações que pude presenciar quando se muda o comportamento é
impressionante, tanto a nível de qualidade de vida como de diminuição
considerável no número de acidentes e incidentes.

A modernização deve ser verbal também, esse é o segredo de empresas que


tem colaboradores felizes engajados e que realmente vestem a camisa,
ops... os equipamentos!
Reprogramando seu mindset
Para se conseguir resultados muito bons com a inteligência emocional é
preciso primeiramente reprogramar o seu MINDSET

Mas o que é MINDSET?

Mindset quer dizer a grosso modo, mentalidade ou configuração da mente

É como se nossa mente possuísse um cartão de memória e que nesse cartão


houvesse toda a história de sua vida desde a infância até agora.

Desde a forma como você foi criado, até seus valores, crenças, modo de
pensar, agir e interagir com o mundo.

Quando vemos ou ouvimos algo, nosso mindset sinaliza se devemos ou não


absorver esse algo, se devemos ou não aceitar, compreender ou interagir de
acordo com o que acreditamos e achamos certo para nós.

A mídia, a sociedade e as pessoas que convivemos tem uma influência


enorme na forma como desenvolvemos nosso mindset, que pode ser
positivamente ou negativamente.

No mundo corporativo nos deparamos constantemente com formas


diferentes de pensar, agir e se relacionar, e se nosso mindset não estiver
aberto para novas ideias, os conflitos se instalam e começam as
desarmonias

Cada departamento tem sua própria dinâmica, mas quero destacar um em


especial que tem uma influência muito grande na segurança de todos dentro
da empresa, e, de acordo com o mindset dos profissionais envolvidos, esse
departamento pode ou não ter força dentro da empresa:

O departamento da Segurança do Trabalho


Se formos comparar a cultura de segurança de 30 anos atrás vamos nos
surpreender com a grande evolução tanto no uso dos EPIs como na forma
de pensar do colaborador.

Porém, existe um fato que não tem como passar batido, que é a cultura de
cada um dentro da operação.
Todos usam os mesmo EPIs, todos tem de usar da mesma forma, todos tem
as mesmas regras a serem seguidas.

Mas acontece que cada um tem um jeito de


compreender essas regras, cada um tem seu próprio
mindset

E então como fazer com que haja uma uniformidade na cultura de


segurança da empresa?

Tem que haver uma disponibilidade para reconfigurar, reprogramar a forma


como o colaborador enxerga a cultura prevencionista.

Mas para isso não é preciso abrir mão dos seus princípios ou cultura, basta
se adaptar as regras e compreende-las.

Se esse colaborador não acredita de verdade que o EPI e as regras de


segurança podem salvar a vida e a vida de seu colega, então não creio que
ele será um bom colaborador.

Reprogramar seu mindset na cultura prevencionista é se adaptar as


mudanças e consequentemente usar a inteligência emocional, ser pró ativo,
compreender o real significado de cada equipamento e suas consequências
se não usá-los.

O mindset fechado ou não evoluído, é aquele que acha que se arriscar é


viver perigosamente, que ser descolado é burlar as regras de segurança e
que ser “safo” é nunca ter se acidentado mesmo não usando todos os
equipamentos.

No mundo de hoje, quem consegue reprogramar seu


mindset positivamente e construtivamente, seja em
qualquer profissão, está um passo a frente.

A inteligência emocional pode ser uma grande aliada, só basta ser


compreendida e adaptada.

10 regras básicas para utilizar a inteligência emocional


dentro da empresa
1- Capacitando o profissional humano ao invés do profissional
número
2- Respeitar as diferenças de cada colaborador indiferente de
credo, raça, sexo ou cultura, pois quando o trabalhador se
sente aceito, a chance do mesmo aceitar as normas da
empresa crescem na mesma proporção.

3- Nunca, em hipótese alguma subestimar a capacidade de


entendimento de um colaborador, você pode se
surpreender.

4- Mostrar que a definição de “esperto” hoje em dia tem mais a


ver com segurança, respeito e resiliência, do que com força
física e agressividade.

5- Explicar que se “safar” de um acidente de trabalho não é


sinônimo de agilidade e sim de irresponsabilidade.

6- Que por trás de cada EPI tem uma funcionalidade específica


e que entender cada um deles mostra o quanto inteligente e
exigente é consigo mesmo.

7- Que praticar bullying com o colega é quase como uma forma


de leva-lo pela mão para se acidentar.

8- Que absolutamente nenhuma indenização “paga” uma


invalidez permanente.
9- E que aprender a controlar as emoções não é modinha e
nem frescura, e sim, sinal de evolução e inteligência.

10- Capacete, óculos, colete, luvas e botas não protegem só


cabeça, olhos, tronco, mãos e pés, mas também memórias,
visão do mundo, seu alicerce, força de trabalho e seu meio
de locomoção.

A maior parte dos acidentes de trabalho são


causados por comportamentos inseguros, seja por
distração, stress, sono, fome, uso inadequado do
celular, uso inadequado dos EPIs ou EPCs,

Sempre quando começo uma palestra de segurança, começo perguntando


quais os comportamentos inadequados que causam acidentes de trabalho, e
após essa pergunta começo realmente a palestra.

Faço isso com o objetivo de já de início levar o raciocínio para o lado


comportamental.

Mas o que está por trás de uma pessoa que sofre um acidente ocasionado
por stress por exemplo? Pode ser problemas pessoais, problemas familiares,
uma situação estressante com um colega de trabalho ou com o supervisor,
enfim, pode ser inúmeras coisas.

E acidente ocasionado por sono ou cansaço? Qual o motivo? Será que está
enfrentando dupla jornada? Será que está com algum problema que o
impeça de dormir?

Reparou que sempre por trás de um motivo pode existir uma infinidade de
outros motivos? A Inteligência Emocional entra nessa hora também, porque
estuda o controle das emoções, a empatia, aprender a se colocar no lugar do
outro, as relações interpessoais e intrapessoais.
Quando o colaborador se ajusta emocionalmente e aprende a controlar suas
emoções, ele vai para o ambiente de trabalho mais consciente e
consequentemente sofre menos acidentes.

Mas tem fatores que o colaborador não tem controle, como o sono e a fome
por exemplo, nesse momento a presença de um líder sensível é
fundamental para tentar descobrir a causa desse problema.

Um colaborador tranquilo e feliz, que sente prazer em vestir a camisa da


empresa, que entende as regras da empresa, que sabe se relacionar, e usa os
equipamentos adequadamente, consequentemente está menos exposto a
riscos.

Não adianta investir em tecnologia, robôs ultra- modernos, se o


emocional não caminhar na mesma velocidade.

Inteligência Emocional X Qualidade


de Vida na empresa
Em todos esses anos palestrando em ambientes corporativos, pude
analisar, entender, questionar e até discordar em vários aspectos seja no
quesito gestão ou no quesito relacionamento interpessoal e intrapessoal,
pois cada empresa tem uma cultura, uma dinâmica, um jeito de ser.
Porem tem alguns comportamentos que são unânimes em qualquer
ambiente: a felicidade de estar naquela empresa ou a necessidade de
estar naquela empresa.
Hoje sabemos que conseguir manter um emprego nem sempre é tarefa
fácil, um emprego consiste em saber muito do seu oficio e muitas vezes do
oficio do colega, ser pró ativo, saber se relacionar, saber a hora de se
impor e a hora de escutar, ou seja, estar em um ambiente corporativo,
exige muito mais do que só executar seu trabalho, é uma série de coisas
que precisam ser administradas tanto intelectualmente como
psicologicamente.
Portanto tem que haver um fator que ajude a pessoa a conseguir ficar em
uma empresa, muitas vezes por anos.
Esse fator é o gostar!
Não acredito em empresas que sejam perfeitas a tal ponto que não haja
questionamentos em nenhum momento da vida do colaborador. Mas
acredito que há colaborador que sabe lidar com as partes nem sempre tão
agradáveis da empresa.
Porém, mesmo que a pessoa seja extremamente equilibrada
emocionalmente, ela só vai conseguir ficar na empresa se ela gostar, caso
o contrário, em algum momento ela vai demonstrar sua insatisfação, seja
nos relacionamentos dentro da empresa ou mesmo levando para o
ambiente familiar suas frustrações.
É exatamente nesse ponto que quero chegar.
Tudo que é feito com prazer, com amor, gera felicidade, bons
relacionamentos, e consequentemente se torna um trabalho duradouro.
A inteligência emocional também deve ser usada para capacitar o
colaborador a saber distinguir um ambiente de trabalho bom ou tóxico.

A Inteligência Emocional abre caminhos, acha saídas, e é uma grande


estratégia dentro da empresa e fora dela, em qualquer segmento ou
departamento.

Carla Verna

Psicóloga e atriz, especializada em segurança do trabalho comportamental, com


foco em SIPAT e demais eventos corporativos

Ministra palestras tradicionais ou show teatrais (com personagem)

carlaverna@carlavernapalestrante.com.br

www.carlavernapalestrante.com.br

11 984015627 (whatsapp)

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