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Aula 01 → 04/02/2009
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Direito Constitucional é o mais importante ramo do Direito Público que tem por finalidade estudar as
regras de estruturação do Estado, essas regras que nós falamos do Estado são as regras de estruturação, como
mantêm o Estado sem que ele venha a ruir. O Direito Constitucional é o ramo do Direito que tem por
finalidade/objetivo estudar as regras de estruturação do Estado. Estado = Nação = País → Constituição.
Então se existe o Direito Constitucional, o que vem a ser a Constituição? É a lei maior, a
Constituição é o local onde estão as regras de estruturação, da qual cabe ao Direito Constitucional estudar e
definir essas regras de estruturação.
Cada País cria a sua própria regra pelo seu Direito Soberano e essa regra vai ser interpretada pelo
Direito Constitucional. Então quando existe uma Constituição, logo existe um Estado, e o que é um Estado?
O Estado é um ente de Direito Público, é uma pessoa jurídica de Direito Público, composto por: território;
povo (diferente de população); poder soberano. O professor José Afonso, em seu livro: Curso de
Direito Constitucional Positivo, traz um quarto elemento chamado, “finalidade” que é o mesmo que
objetivo (art. 3º - CF).
Art. 3°. Constituem objetivos fundamentais de República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Elementos de
1. Território
Composição
2. Povo Estado → Nação → País = CONSTITUIÇÃO
3. Poder Soberano ↓
4. Finalidade = Objetivo Direito Constitucional
(art. 3º - CF) → José Afonso
É possível falar na existência de um Estado sem a presença de um dos três elementos? É possível
existir um Estado sem povo, ou território, ou poder soberano? É possível falar na existência de um Estado
que tenha Constituição, mas não tenha sequer um território? Hoje a doutrina majoritária diz que é possível,
freqüentemente encontramos situações que chegam à guerra; hoje a doutrina tolera/aceita/reconhece casos de
Estados sem a existência de um desses três elementos primordiais; no entanto a falta de dois desses
elementos inviabiliza a existência do Estado.
Exemplos:
- Estado que não tem território, mas tem povo e tem poder soberano: Palestina, inclusive hoje eles
estão lutando porque eles querem o seu território.
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- Estado que não tem povo, mas tem território e poder soberano: Vaticano. Lá existe apenas
população, e não povo, até o Chefe de Estado não é originário de lá.
- Estado que não tem poder soberano, mas tem território e povo: Austrália – a rainha da Inglaterra
ainda mantém, por questões históricas, a chefia de Estado, mesmo que simbolicamente. Poder soberano é o
poder que o Estado tem de ditar as suas próprias regras sem a interferência de outro Estado.
O professor José Afonso diz que também deve ser considerado como um dos elementos do Estado a
“finalidade”, objetivo, ou seja, para quê que existe aquele Estado? Porque aquele Estado veio a aparecer? No
Brasil temos isso; o nosso constituinte quando criou a Constituição Federal disse quais são os seus objetivos,
ou melhor, quais são suas metas a serem alcançados no art.3º.
Pergunta:
Tudo que está na Constituição é constitucional? Tudo que está em nossa Constituição é matéria de
Direito Constitucional?
Quando a Constituição entrou em vigor, conseqüentemente passou a pertencer a uma categoria
privilegiada.
Existe uma teoria no Direito Alemão chamada: “Normas Constitucionais Inconstitucionais”; o
Direito Alemão entende que é possível dentro de uma Constituição existirem normas inconstitucionais.
Aula 02 → 06/02/2009
Na aula passada, vimos que a doutrina aceita a ausência de até um dos elementos de composição do
Estado; demos como exemplo o Estado do Vaticano, onde é o Papa quem executa as três funções em uma só
pessoa, legislativo, executivo e judiciário, então o Papa acumula em si três poderes, ele que cria as leis, ele
que executa as leis, diferente do Brasil, onde essa separação é bem delineada.
O Vaticano tem uma Constituição curta, com apenas 20 artigos, divididos em sub-tópicos.
* Leitura da Constituição do Vaticano – está em anexo.
Então, cada país tem o seu poder soberano e cria suas próprias regras, ou seja, sua própria
Constituição. Cada país, por ser soberano, não é obrigado necessariamente a adotar o nome “Constituição”,
exemplo disso é a Alemanha que adota o nome de “Lei Fundamental”, o mesmo ocorre no Vaticano.
Ficou uma pergunta da aula passada: Todas as normas existentes dentro da Constituição são
constitucionais? (essa pergunta é feita não sob o foco da constitucionalidade, mas sim sob o foco dela ser ou
não de Direito Constitucional). Quando se tem uma Constituição Originária, em tese, é possível trazer para o
corpo da Constituição, todo assunto que se entenda necessário. O primeiro ponto que precisamos entender é
que tudo aquilo que estava dentro da Constituição de 1988, quando ela entrou em vigor, conseqüentemente
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passou a pertencer a uma categoria de normas constitucionais, ou seja, essa norma passou hierarquicamente
a pertencer a uma lei privilegiada.
Mas a questão de uma norma ser galgada a categoria de Direito Constitucional quer dizer que
necessariamente ela é de Direito Constitucional? Para saber isto, precisamos saber o que é norma de Direito
Constitucional; e Direito Constitucional é o ramo de Direito Público que trata especificamente de regra de
estruturação do Estado, portanto se tentarmos excluir do texto constitucional alguma dessas regras,
colocaremos em risco a própria funcionalidade ou estrutura da República Federativa do Brasil – isto é norma
de direito constitucional (são normas que tratam da divisão dos poderes, forma de Estado, forma de Governo
e Direitos e Garantias Fundamentais).
Vamos pegar alguns dispositivos da Constituição Federal, para verifica se é norma de Direito
Constitucional. Vamos abrir no art. 242, § 2º e verificar se é norma de direito constitucional, ou seja, se
excluirmos esse parágrafo 2.º da Constituição, causaríamos um problema de ordem institucional a tal ponto
de colocar em risco a própria República Federativa do Brasil.
Art. 242. O princípio do artigo. 206, IV, não se aplica as instituições educacionais oficiais
criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta
Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.
§ 2º. O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita
federal.
Essa é uma norma constitucional, porém que não trata de Direito Constitucional, pois se essa norma
for retirada da Constituição Federal, para a maioria esmagadora dos brasileiros não afetaria em nada, nem no
bolso, nem na moral; então esse artigo não é de direito constitucional mais é norma constitucional por estar
na Constituição. Vamos ver agora o art. 220, § 4º:
A nossa constituição se preocupou com o tabaco, agrotóxicos, medicamento, etc., mas não tem uma
proibição absoluta da proibição da propaganda de cigarro, e como é que isso foi parar na Constituição
Federal? Alguém, como por exemplo, os empresários de cigarros, os empresários de produção de bebidas, os
empresários produtores de agrotóxicos, etc., investiram no parlamentar, convencendo-o a colocar estes
dispositivos na Constituição, porque uma vez que esteja na Constituição irá gerar uma vantagem, ou seja,
futuramente uma norma infraconstitucional não pode contrariá-la; portanto a única forma de alterar esses
dispositivos será através de emenda. E o que acontece com uma norma infra que contrarie a Constituição?
Ela será tida como uma norma inconstitucional, então a única forma de alterar os dispositivos constitucionais
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é através de Emendas, e isso dá um certo trabalho, por exigir para sua criação um processo legislativo mais
complexo.
O nosso constituinte criou ainda as cláusulas pétreas, que além de serem constitucionais, elas
possuem ainda um manto protetor; elas são normas, segundo a doutrina, de direito fundamental, ou seja,
aquilo que é de suma importância para a vida e para a dignidade de alguém (o mínimo para que alguém viva
com dignidade).
Vamos ver o que o constituinte colocou como algo de suma importância para a dignidade da pessoa
humana. Vamos abrir no art. 5º, inciso XXVII, XXIX, XXX, vamos observar primeiro se é norma de direito
constitucional, e depois se é fundamental para a pessoa humana:
Essas normas não são normas de direito fundamental, mas sim normas de Direito Civil!
Constituições Materiais: são aquelas que trazem no seu texto única e exclusivamente matérias ou
questões de ordem estrutural e de organização do Estado.
Ex. a Lei Fundamental do Vaticano, Lei Fundamental americana (USA).
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Classificação quanto a FORMA
Escritas: são aquelas Constituições que se encontram em um texto de lei (normas positivadas).
Não-Escritas: são aquelas que não se encontram em texto de lei, mas resultam de prática reiterada de
atos cominando em um costume.
Cuidado: a maioria da doutrina costuma colocar como exemplo a Constituição Inglesa, mas está errado .
Na verdade, hoje não existe nenhuma Constituição no mundo que seja totalmente não-escrita.
A Constituição Inglesa tem apenas resquícios da Constituição não-escrita.
Rígida: são aquelas Constituições que adotam um único procedimento para que altere a
Constituição, procedimento este exclusivo para alteração do texto constitucional.
Ex.: para alterar a atual Constituição Brasileira é necessário seguir o rito do art. 60, pouco importa se o
dispositivo é questão materialmente constitucional ou formalmente constitucional, pois todas são iguais,
todas estão no mesmo pé de hierarquia.
Flexíveis: são aquelas que adotam um procedimento simplificado para a alteração da Constituição,
independentemente de ser questão materialmente ou formalmente constitucional.
Ex.: atual Constituição Venezuelana de Hugo Chaves; Constituição Nazista Alemã.
Imutáveis: (Alexandre de Moraes) são aquelas Constituições que não admitem alterações. Há
resquícios deste tipo de Constituição na Constituição Federal de 1988, por exemplo, art. 60, § 4º -
cláusulas pétreas.
De que imutabilidade ele está falando? Essas cláusulas pétreas são absolutamente imutáveis? Ou melhor
dizendo, admite-se emenda constitucional em uma cláusula pétrea? Na verdade, existem dois tipos de
imutabilidade, portanto devemos analisar a imutabilidade sob dois aspectos: se ela é absoluta ou relativa.
Absoluta: não aceita mudança de forma alguma. Não existe a imutabilidade absoluta na
Constituição Brasileira, por que observarmos no art. 12, inciso III, alínea “c”, veremos que essa
alínea recentemente sofreu uma Emenda Constitucional.
Relativa: a cláusula pétrea, no Brasil, não admite Emenda como forma de restringir o direito, mas se
for para ampliar é permitido. Portanto, quanto à mutabilidade a nossa Constituição não é absoluta,
mas sim relativa, pois só é permitido mudar uma cláusula pétrea com o objetivo de aumentar/ampliar
os direitos do cidadão; mas nunca para restringir.
Pergunta:
Tudo o que está na Constituição é norma, gera uma obrigação jurídica?
Aula 03 → 11/02/2009
Foi deixada na aula passada a pergunta: Tudo que está na Constituição gera uma obrigatoriedade
jurídica, ou se tudo que está na Constituição tem que ter cunho ou natureza jurídica? Pode algum dispositivo
ser violado? E o preâmbulo da Constituição, ele também é obrigatório? Ele faz parte da Constituição.
O preâmbulo gera alguma obrigatoriedade jurídica? Tem que ser cumprido? Não tem nenhuma
obrigatoriedade jurídica, este é o um dispositivo da Constituição Federal que não tem nenhum cunho de
natureza jurídica, ele possui apenas cunho de natureza política, segundo o STF; então o Supremo entende
que o preâmbulo da Constituição, em si, não gera nenhuma obrigatoriedade e, portanto não necessita ser
observado, porque ele só é um tópico de ordem política, filosófica ou sociológica, mas não jurídica
propriamente dita.
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Se observarmos o art. 11 do ADCT, vamos verificar que o parágrafo único trata das Constituições
dos Estados, portanto os Estados poderão criar as suas próprias Constituições. Então no Brasil cada Estado
tem a sua Constituição, existe a Constituição Paulista, a Catarinense, a Paranaense e a Constituição do Acre.
Todas as Constituições que existem no Brasil, com exceção a do Acre, trazem a frase que tem na
Constituição Federal, ou seja, “promulgamos sob a proteção de Deus”. Como a Constituição do Acre não
trazia a frase “sob a proteção de Deus”, foi proposta uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o
preâmbulo da Constituição do Acre, sob a alegação de que ela violava o preâmbulo da Constituição Federal
e que ela deveria ter esse segmento. O Supremo Tribunal Federal, uma vez provocado teve que se
manifestar, e decidiu que apesar do preâmbulo fazer parte da nossa Constituição, ele não gera nenhuma
obrigatoriedade, portanto ele pode não ser observado.
Segundo o STF, a frase “sob a proteção de Deus” pretende demonstrar que no Brasil o povo é
“cristão”, e que acreditamos em um Deus. Mas que Deus é esse? Ele não disse, porque cada um tem seu
próprio Deus. Se procurarmos na Constituição Federal, veremos que em vários momentos a Constituição
traz a palavra Deus, traz também varias vezes a palavra religião; mas em nenhum momento vamos encontrar
sobre a religião católica, evangélica, judeu, seicho no ie, ou qualquer que seja a religião. Por quê? Porque o
Estado é “laico”, ele não tem religião nenhuma, mas ele dá liberdade a qualquer pessoa, inclusive aos ateus.
Portanto ele quer dizer que no Brasil a grande maioria da população é formada por pessoas que acreditam
em um deus, mas não se sabe qual Deus, porque o Estado é laico; no entanto esse acreditar em Deus não é
uma obrigação jurídica, porque se fosse interpretado dessa forma, estaríamos tirando os direitos dos ateus,
mas a Constituição se estende até eles, porque diz o art. 5.º: “todos são iguais perante a lei”, ela não di
todos são iguais perante a lei dependendo do credo, da religião.
O Supremo vai mais alem dizendo: se em algum momento houver alguma divergência entre a
Constituição na sua parte jurídica e o preâmbulo em sua parte não jurídica, irá prevalecer a Constituição Federal,
pois apesar do preâmbulo dar início ao texto constitucional, prevalece na verdade a sua a parte jurídica.
Resumindo: o preâmbulo da Constituição não gera obrigatoriedade, pois ele não é visto sob o cunho
jurídico, mas meramente político, filosófico e sociológico; portanto prevalece a norma.
Portanto: existem dispositivos dentro da Constituição Federal que não são questões jurídicas;
nem tudo que está na Constituição é de Direito Constitucional (pois existem normas que não se referem a
isso, ou seja, não são normas de estruturação); os pontos jurídicos da Constituição Federal estão presentes
do art. 1º pra frente.
Entrando na parte jurídica da Constituição, tudo que lá está gera aplicabilidade e eficácia jurídica? É
o que vamos ver agora.
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Aplicabilidade e eficácia são as mesmas coisas? Não. Tudo aquilo que tem aplicabilidade tem
eficácia, mas nem tudo que tem eficácia necessariamente tem aplicabilidade.
Vamos estudar somente pelo ponto da aplicabilidade, depois sob o ponto de vista da eficácia.
Quanto há aplicabilidade, a doutrina classifica as normas constitucionais em quatro espécies. Quando
dizemos aplicabilidade, estamos dizendo que tudo aquilo que está na Constituição, desde o primeiro
momento que a lei entrou em vigor, gera a todos um direito do qual podemos exigir o seu cumprimento. Se
existe um dispositivo na Constituição, como cidadãos podemos exigir que se cumpra tal artigo da
Constituição.
1. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Plena ou Auto-Aplicáveis;
2. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Contida;
3. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Limitada:
3.1. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Programática
3.2. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Limitada Constitutiva
4. Normas Constitucionais de Aplicabilidade Exaurida
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Há alguma dúvida? Algo mais precisa ser complementado? O legislador conseguiu dizer o que ele
queria! O que quer dizer este artigo? Mas porque está no plural homens e mulheres?
O legislador quis dizer que, homens ou mulheres são tratados iguais, mulheres com mulheres são
tratados iguais, e homens com mulheres são tratados iguais; ele colocou essa palavra no plural para não ter
margem entre homens, mulheres ou homens e mulheres. Eles são iguais em tudo àquilo que diz respeito a
direitos e em tudo aquilo que esteja relacionado às obrigações.
O que aconteceu no dia 5 de outubro de 1988 com as normas infraconstitucionais que existiam no
ordenamento jurídico brasileiro que tratavam desigualmente homens e mulheres? As normas que tratavam
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desigualmente homens e mulheres desapareceram do ordenamento jurídico, sem a necessidade do Supremo
fazer uma interpretação explicando porque elas sumiram, o desaparecimento é automático.
O inciso III é outro exemplo dessa espécie de norma, pois o legislador disse tudo o que queria, e não
precisou de nenhuma lei para regulamentar.
Os incisos LI, LII e LIII do artigo 5º, precisam de algo a mais para que cheguemos a uma conclusão?
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
Esse inciso diz que as presidiárias têm direito a amamentarem. É necessária alguma lei para
regulamentar esse dispositivo? Não! Mesmo essas normas sendo totalmente claras, são permitidas por norma
infraconstitucional tratar desse assunto? Sim, para reforçar mais ainda a intenção, porque mesmo que a
Constituição já tenha dito o suficiente ainda podem ocorrer situações em que alguém tenha violado esse
dispositivo; por exemplo, o que acontece com o indivíduo que coloca em sua loja: precisa-se de moças, ou
precisa-se de mulheres para trabalhar, ele acaba exigindo que a mulher, como condição para trabalhar na
empresa dele, apresente um exame clínico negativo de gestação, isso é permitido? Não. Qual é a intenção
quando ele quer dar emprego para mulheres não grávidas? Ele não quer sofrer o problema da licença
maternidade, mas fazendo isso ele está violando o inciso I do artigo 5º da Constituição Federal (princípio da
igualdade), porque a grávida tem o mesmo direito de trabalhar que a não grávida e a partir do momento que
o indivíduo colocou essa exigência ele passou a desrespeitar o art. 5.º, I. Com isso o legislador elevou essa
situação à categoria de crime; portanto o indivíduo que hoje exigir que a mulher apresente um exame de
comprovação de gestação estará cometendo um crime.
O rodapé do inciso III traz a Lei nº 9.455/97 que define os crime de tortura.
Desse modo uma norma de eficácia plena pode vir a ser regulamentada, mas ela não necessita dessa
regulamentação; porém diante da reiterada desobediência a ela, que pode acontecer, e com ela a Constituição
não traz uma sanção, o legislador pode criar situações de sanção caso haja o descumprimento dela, ele pode
regulamentá-la para torná-la mais rígida. Portanto, apesar de uma norma plena ter aplicabilidade imediata e
não necessitar de um dispositivo que a regulamente, nada impede que o legislador venha e crie penas, isso
como forma de tornar a norma ainda mais coercitiva, pois ela já é aplicável, no entanto estão
desobedecendo-a.
§ 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
De quais normas este parágrafo fala? Todos os incisos do art. 5.º, pois eles têm aplicabilidade
imediata. Portanto elas são plenas ou contidas? Depende da norma. Como é possível identificar dentro do
art. 5.º o que é contida e o que é plena? A norma contida sempre vai ter no corpo dela a exigência de uma
lei, essa é a única diferença entre elas, porque ambas tem aplicabilidade imediata.
Exemplos: incisos XXVII, XXVIII, XXIX, LXVI do art. 5.º.
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do país;
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
Já o inciso LXV do art. 5.º é uma norma de eficácia plena, porque não ele não precisa de nenhuma lei
que o regulamente. O mesmo acontece com o inciso LXVII.
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Então em uma norma “Contida” toda vez lermos o dispositivo, ela irá pedir ou irá determina que uma
lei regulamente o assunto. A “Plena” diz que é tal coisa e acabou.
Exemplo prático, art. 5.º, inciso XIII: a plena nunca fará referencia a lei nenhuma, já a contida fará.
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Qual foi a intenção do legislador ao criar este artigo? Qualquer pessoa pode trabalhar, mas qualquer
profissão vai precisar de uma qualificação que uma lei exigir. Se não tem uma lei que qualifique a profissão
“x” a pessoa pode continuar trabalhando, porque ela não pode ser privada de um direito que pertence a ela,
que é o direito ao trabalho. Portanto mesmo que não haja lei regulamentando o indivíduo pode trabalhar,
contudo ele não poderá trabalhar se for uma profissão ilícita – que não viole a lei. È permitido que o sujeito
monte uma banca de jogo do bico? É ilegal? Sim. É imoral? Não, nem tudo que é imoral é ilegal e nem tudo
que é ilegal é imoral; mas como governo entende que o jogo do bicho é ilegal, não pode.
Exemplo prático: o indivíduo estava trabalhando e comprou uma moto, quando ele estava na 2ª
parcela da moto, ele foi demitido, e assim ele não tinha como pagar a moto. Ele estava assistindo televisão e
viu que no nordeste um cabloco que escreveu na moto taxi e levava as pessoas para onde elas desejavam. O
indivíduo vendo isso pegou a moto, escreveu nela “taxi”, parou em uma esquina no centro da cidade e saiu
cobrando R$ 2.00, por viagem, ai ele começou a ganhar o dinheirinho dele. No entanto, os taxistas começam
a ficar incomodados com esse indivíduo e o denunciaram para a Secretaria de Assuntos Viários do
Município. Vem o fiscal e pergunta o que o indivíduo está fazendo; ai ele diz que é moto-taxista; ai o fiscal
diz que ele não pode fazer isso; ai o indivíduo pergunta quem falou que ele não pode? Onde está escrito que
eu não posso parar na esquina com a minha moto? Onde está escrito na lei que eu não posso levar pessoas na
garupa? Onde está escrito que estas pessoas que eu levo não possam me pagar? E onde está dentro disso tudo
a ilegalidade e a imoralidade nisso? Portanto ele irá trabalhar. O fiscal diz que se o pegar amanhã de novo
ele irá o autuar e apreender a moto. Ele pode fazer isso? Neste caso é preciso ter uma norma
regulamentando, porque senão amanhã vai ter um quarteirão inteiro de motos; todavia enquanto a norma não
surgir no ordenamento jurídico o indivíduo pode fazer valer o seu direito e na ausência da norma ele pode
pedir uma medida liminar na justiça para que ele continue trabalhando.
Quando vir a norma regulamentadora, ela poderá impor condições e exigir requisitos a tal ponto que
se o indivíduo não a atendê-la perderá o direito de fazer valer o seu direito. Norma nº tal que regulamenta a
profissão de moto-taxista; a profissão de moto-taxista somente poderá ser regida por pessoa jurídica, não
mais por pessoa física, então aquele indivíduo que se encontra irregular tem que primeiro, constituir uma
pessoa física com o CNPJ, se ele tentar manter uma empresa de moto-taxista sem CNJP, será ilegal e aí ele
perderá o direito de ser moto-taxista, ele apenas tem o direito de ter a moto.
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Aula 04 → 13/02/2009
As normas constitucionais de aplicabilidade limitada não têm nenhuma aplicabilidade jurídica até
mesmo porque elas geram apenas uma mera expectativa de direito para o cidadão, e, enquanto esta norma
não for regulamentada o indivíduo não tem como fazer valer o seu direito (até porque ainda não o possui).
Exemplo: art. 7.º, inciso XI:
O art. 7.º trata quais são os direitos dos trabalhadores. Dentre os direitos dos trabalhadores, o art. 7.º
trouxe que os empregados têm direito a participação nos lucros da empresa; vamos supor hipoteticamente
que logo que a Constituição entrou em vigor os funcionários de uma empresa foram até o patrão e pediram
para ele um aumento de salário, e o empregado diz ainda que a Constituição diz que o empregado tem direito
desvinculado do salário (fora), de ter participação nos lucros da empresa. O empregado poderia então exigir
do patrão que ele repassasse a participação nos lucros da empresa? A norma contida precisa de uma norma
para a regulamentar, mas enquanto não vir à norma regulamentar o indivíduo pode fazer valer o seu direito.
Neste caso não há uma norma regulamentar; o empregado pode exigir esse direito? A questão é muito
simples: quanto é que ele vai passar para o empregado? Ele pode pagar como/de que forma? Em dinheiro,
cesta básica, ticket de restaurante, por mês, por bimestre, por semestre, etc. Existe uma lei preocupada com o
pagamento? Não, não tinha lei. Então todo empregado poderia entrar judicialmente na justiça do trabalho e
pedir que determinasse ao patrão a pagar? Qual seria a suposta de defesa do patrão, o que ele poderia alegar?
Poderia alegar que o inciso II do art. 5.º da CF/88 diz que:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Então ele não impede, ela gerou para o empregado uma expectativa de direito, mas enquanto não vier
a tona uma lei que a regulamente, essa expectativa não sai do papel.
Vamos pegar agora uma hipótese que não foi regulamentado uma lei: art. 8.º, § 3º do ADCT,:
Art. 8.º § 3.º. ADCT. Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade
profissional especifica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da
Aeronáutica n.º S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e nº. S-285-GM5 será concedida
reparação de natureza econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso
Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar da promulgação da
Constituição.
O constituinte de 1988 está dizendo que há 45 anos atrás, em plena época militar, o ministério da
aeronáutica causou prejuízos para algumas pessoas. Quem são essas pessoas? Não sei! Que prejuízos foram
esses? Não sei! Então surgiu a idéia dessas pessoas serem restituídas/ressarcidas pelos danos que elas
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sofreram em decorrência dessas portarias, e ai o constituinte de 88, trouxe para o ordenamento jurídico esse
§ 3º do artigo 8º, que então concedia a essas pessoas um direito a uma indenização; ele não só previa direito
a essa indenização, como ele disse mais: essa indenização será criada mediante lei do Congresso Nacional
a ser editada doze meses após a entrada em vigor na Constituição. Este caso é um caso um pouquinho mais
agravante, porque ele não só prevê a necessidade da lei, como prevê dia hora e local, e quando que a
Constituição entrou em vigor? 5 de outubro de 1988. E quando essa lei deveria estar pronta? 5 outubro de
1989; nós estamos em 13 de fevereiro de 2009, passaram-se 20 anos e a lei não foi feita.
Dentro do que especifica este § 3º, pode alguém estar em juízo pleiteando indenização com base
neste parágrafo? Essa indenização é mediante lei que vai regulamentar quem é que tem direito, porque tem
direito e quando tem direito; portanto este é um caso de legislação onde a lei tem que dizer quem são as
pessoas que foram prejudicadas; o quanto de direito de indenização eles tem; como vai ser paga essa
indenização; na verdade o legislador criou para as pessoas que foram prejudicadas uma mera expectativa,
que um dia poderá se concretizar se o legislador vier a criar tal norma.
Vamos supor que um dos prejudicados entrasse com uma Adin, o Supremo poderia obrigar o
legislador a criar a lei? Não, porque não pode um Poder interferir no outro. Portanto o dispositivo criou uma
mera expectativa, da qual se não for observado ele não gera no indivíduo uma obrigatoriedade e
conseqüentemente não gera o direito de pleitear qualquer indenização cabível; essa é uma norma
limitadíssima, onde há uma flagrante omissão (legislação negativa) por parte do legislador, pois há 19 anos e
quatro meses que a lei deveria ter surgido no ordenamento.
Vamos analisar o § 1.º do artigo 5.º:
§ 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Analisando este dispositivo, as normas que estão descritas no art. 5.º possuem caráter limitado? Não,
elas serão no máximo normas contidas, portanto não encontramos normas limitadas dentro dos direitos
fundamentais do nosso ordenamento.
3.1 – Norma Limitada Programática: são aquelas descritas no texto constitucional e que
necessitam de uma lei que a regulamente relacionada a programa de governo (programática).
Exemplo: art. 195, inciso I:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equipada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
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É preciso uma lei que defina quanto que o empregador vai ter que pagar, e quanto que uma empresa
vai pagar e também é preciso definir o que são entidades equiparadas; porque equiparando ao trabalhador ou
equiparando a empresa, ela também vai ter que contribuir. Então poderia o governo colocar a carroça na
frente dos burros e dizer assim: vamos começar a cobrar todo mundo porque entendemos que todos são
equiparados, é permitido que se faça isso? Não! Ele necessitou fazer a lei para poder saber de quem será
cobrado e quanto será incidido para depois, entrando o dinheiro a Previdência, fazer as obrigações. Essa é
uma norma limitadíssima, porque enquanto não vier à tona a lei que vai regulamentar essa questão, ela cria
uma mera expectativa ao governo e a Previdência Social.
Vamos encontrar a maioria das normas programáticas dentro das normas de assistência e previdência
social, e a maioria esmagadora estão hoje regulamentadas.
Dentro da questão de programa de governo, temos várias situações jurídicas onde o governo cria
normas de programa não necessariamente por uma questão constitucional, mas como uma forma de
facilidade.
Um grupo de alunos universitários entraram com um ação na justiça denunciando o Ministério
Público de que o prefeito ou as autoridades públicas do município que eles residem não fornece o ônibus
para que eles possam ir estudar. O município tem a obrigação de ceder o ônibus universitário para os alunos
estudarem? A prefeitura municipal não tem a obrigação de ceder o ônibus aos estudantes universitários; mas
se olharmos na Constituição veremos que: todos têm direito a educação, e quando diz todos, quer dizer o
que? A União, Estado, Município e Distrito Federal. O governo precisa criar programas de incentivo, e uma
forma de dar incentivo à educação é dar transporte, mas a Constituição fala do ensino fundamenta e do
médio, mas não fala do ensino superior, porque o ensino superior é uma exceção da exceção; o ensino
superior representa a minoria esmagadora da comunidade brasileira, portanto o governo não faz incentivo ao
universitário por ser a parte minoritária da população.
Tudo aquilo que é programático é limitado, e se é limitado enquanto não vier regulamentação da
norma, esta não irá gerar efeitos, sendo uma mera expectativa de direitos para o cidadão.
3.2 – Norma Limitada Constitutiva: por sua vez são aquelas normas que visam constituir/criar um
ente e sem a norma este ente não pode ser constituído.
Exemplo: art. 18, §4º:
Para criar um Município é preciso primeiramente uma lei estadual que autorize a criação de um
município dentro de um Estado, mas o Estado precisa de uma autorização federal que autorize ele a autorizar
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a criação do município. Então tem que haver duas autorizações: o governo federal vem e autoriza o Estado a
criar um município, depois o município depende do Estado para criar outra lei autorizando a criação daquele
município e depois que se faz a autorização é preciso ouvir a população local (através de um plebiscito), para
saber se vão reconhecer e se vão aceitar ou não.
Obs.: não é possível constituir um novo município se não houver essas duas legislações, com isso a
limitação ocorre duas vezes, uma no âmbito estadual e outra no âmbito federal.
4 – NORMAS CONSTITUCIONAIS DE APLICABILIDADE EXAURIDA
São aquelas normas constitucionais que tiveram aplicabilidade jurídica, mas que hoje não possuem
mais nenhuma utilidade prática. Elas estão na Constituição, mas não serve para nada.
Exemplo: Art. 3.º e 4.º do ADCT,
Art. 3.º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação
da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral.
Qual a utilidade prática destes dispositivos na atualidade? Para que servem estes artigos hoje? Para
nada, porque já ocorreu a revisão que estava prevista no art. 3.º; o mesmo ocorre com o artigo 4º; portanto
nenhuma dessas normas tem aplicabilidade prática, elas apenas ocupam espaço na Constituição.
EFICÁCIA
Nem toda norma constitucional tem aplicabilidade. A doutrina acabou dividindo-as em categorias
diferentes. E quanto a eficácia? As normas constitucionais possuem ou não possuem eficácia? Melhor
dizendo, as normas constitucionais, quando a Constituição entrou em vigor, geraram algum efeito jurídico? É
possível dizer que uma norma limitada, mesmo não tendo aplicabilidade produz efeito jurídico? Produz uma
eficácia jurídica? Ela tem força de produzir alguma coisa? Não gera aplicabilidade, mas gera algum efeito no
ordenamento jurídico? Gera sim, pelo menos dois, ela não é uma norma absolutamente inerte, todas as normas
têm eficácia, seja ela plena, limitada, contida; porque toda norma constitucional, ainda de aplicabilidade
limitada tem eficácia jurídica, gerando ao menos dois efeitos um para o passado e outro para o futuro.
Exemplo: art. 8.º, § 3.º do ADCT.
Art. 8.º. § 3.º. ADCT. Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade
profissional especifica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica
n.º S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e nº. S-285-GM5 será concedida reparação de natureza
econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor
no prazo de doze meses a contar da promulgação da Constituição.
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O que este artigo está criando de expectativa para o cidadão? Esse artigo trata de uma possibilidade
de integração. Por enquanto eu tenho o direito, mas não posso por o direito em pratica.
O que aconteceu com qualquer lei que existia no ordenamento jurídico no dia 04 de outubro de 1988
que dissesse que: a pessoa que fosse prejudicada pela portaria [...] não tem direito de indenização? O que
aconteceu com essa lei? Essa lei foi revogada; ou imaginemos ainda que tivesse uma lei dissesse que: os
empregados não têm em hipótese alguma participação nos lucros da empresa. O que aconteceu com essa lei
abaixo da Constituição que dizia uma questão negativa enquanto a nova Constituição Federal dizia que era
positiva? Qual lei estará valendo? A Constituição atual é a que estará valendo, porque é a lei maior, assim
sendo uma norma jurídica, mesmo que limitada, tem força suficiente para tirar do ordenamento jurídico as
normas que com ela contrariam. Então todas as normas que são contrárias à lei maior desaparecem do
ordenamento jurídico, porque elas estão contrariando uma norma constitucional, e essa norma tem força
suficiente para tirá-la do ordenamento jurídico. Essa é a primeira efeito jurídico de uma norma produz, ou
seja, fazer desaparecer do ordenamento jurídico uma norma que com ela se contradiz.
Uma norma, mesmo que limitada, gera um efeito passado porque ela retira do ordenamento jurídico
todas as normas que com ela se contradizem, e ela gera efeito também para o futuro, pois ele obriga o
legislador, quando for criar uma norma para regulamentá-la, que o faça nos termos que ela diz e não
contrario ao que ela diz, senão será inconstitucional. Esses são os dois efeitos que a norma produz, por isso
é que não podemos dizer que existe uma norma absolutamente ineficaz. Quando o judiciário declara uma
norma inconstitucional é porque ela é ineficaz, e toda norma ineficaz é inaplicável.
Toda norma ineficaz será inaplicável; mas nem todo norma eficaz é aplicável, porque às vezes é
necessário uma norma que a regulamente, um exemplo disso é a norma limitada, pois ela tem eficácia, mas
não tem aplicabilidade.
Pode ser declarada a inconstitucionalidade de uma norma que sequer tem aplicabilidade? Pode o
judiciário declarar a inconstitucionalidade de uma norma que não tem aplicabilidade? Pode, porque o texto
constitucional precisa de uma norma --- portanto a norma não tem aplicabilidade, se for criado um
dispositivo infraconstitucional contrariando a norma constitucional ele não terá aplicabilidade; ela é eficaz,
mas mesmo com a sua eficácia e a sua inaplicabilidade existe força suficiente para que o Judiciário declare a
norma inconstitucional. Portanto, pode uma norma sem aplicabilidade ter força para tornar uma norma
anterior inconstitucional, mesma não tendo aplicabilidade; como é o caso se viesse a tona uma norma que
proíba o direito do empregado de arcar com os lucros da empresa. Com isso a norma que tentar restringir a
aplicabilidade será inconstitucional. A norma que é eficaz, mesmo não tendo aplicabilidade, irá gerar um
efeito jurídico, qual seja não deixar no ordenamento jurídico essa norma.
Podemos observar, portanto que o controle de constitucionalidade não se analisa pela aplicabilidade
da norma, mas sim pela eficácia. Quando o Judiciário declara uma norma inconstitucional, é o mesmo que
dizer que ela é ineficaz, porque ela afronta uma norma eficaz que está acima dela.
O controle de constitucionalidade se faz quando se analisa a eficácia normativa.
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PODER CONSTITUINTE
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: visa criar uma nova Constituição. Qual é o instrumento que
deflagra o Poder Constituinte Originário? Como se faz para criar uma nova Constituição? Existe duas
formas para pode se criar o Poder Constituinte Originário, uma nos países democráticos e outra nos países
ditatoriais. Nos países ditatoriais, tiranos a Constituição é criada de acordo com a vontade dos
governantes, eles impõem; na verdade esse não é um Poder Constituinte, porque não é um poder emanado
da vontade popular. Já nos países democráticos para se criar uma Constituição é preciso convocar uma
Assembléia Constituinte. A Assembléia Constituinte é convocada pelo Poder Constituinte Derivado
apresentando um Projeto de Emenda convocando para na eleição seguinte, a eleição de uma Assembléia
Constituinte, ou seja, o Poder Constituinte Originário surge através da convocação de uma Assembléia
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Constituinte, e essa Assembléia Constituinte surge do Poder Constituinte Derivado, com a apresentação
de uma PEC a atual Constituição. Essa Constituição vai trazer em no bojo uma norma de autodestruição.
Resumindo: o instrumento deflagrador do Poder Constituinte Originário é a convocação de uma
Assembléia Nacional Constituinte, que se faz através da apresentação de um projeto de emenda ao texto
constitucional atual. Essa é a forma mais democrática de se criar uma nova Constituição.
Quando um projeto é apresentado pode a Câmara ou Senado rejeitar? Pode, porque eles são os
representantes do povo.
Aula 05 → 18/02/2009
Na aula passada nós estávamos falando das características do Poder Constituinte Originário, vimos
que ele é um poder inicial, porque ele dá início a um novo Estado, vimos em seguida que ele é um poder
soberano, porque ele não está vinculado a nenhum outro poder, sobre a questão da incondicionalidade.
Incondicionalidade e ilimitabilidade: hoje existem dois posicionamentos doutrinários a respeito:
- Positivistas: para os positivistas (ex., professor Jose Afonso), duas questões são avaliadas: para eles
o Poder Constituinte Originário é um poder ilimitado e incondicionado de forma absoluta, ou seja, para os
positivistas o Poder Constituinte Originário pode tudo, como ele está criando um novo Estado, como ele esta
criando as novas regras, ele pode tudo, ele pode modificar completamente as regras de estruturação do
Estado. Para o positivista vale o que esta na Constituição, ou seja, tem que estar positivado tem que estar
escrito, se não estiver escrito, não vale. (Getulio Vargas era positivista nato).
Contrário a esse posicionamento do positivismo surgiu os posicionamentos dos chamados:
- Jus-naturalistas: para os jus-naturalistas a ilimitabilidade ou incondicionalidade não é absoluta,
mas relativa, porque para eles ao invés da Constituição estar no topo da pirâmide normativa de Kelsen,
estariam as cláusulas supra-constitucionais, ou seja, aquelas cláusulas que estão acima da própria
Constituição que são as normas do Direito Natural.
Então para os jus-naturalistas, o direito natural que é o direito do homem, são cláusulas que nem
mesmo o próprio homem pode violar, não se admite que o homem viole o Direito Natural. Por exemplo,
quando se cria uma Constituição, ela não pode ter pena de morte, não se pode instituir uma pena de caráter
corporal, como o açoite, por exemplo. Eles entendem que as regras de direito natural são tão importantes que
elas não necessitam estar escritas, porque faz parte da índole natural do homem. Já os positivistas dizem que
tudo deve estar escrito.
O artigo 5º, XLVII fala que não pode ter pena de morte, penas cruéis, mas para os naturalistas, isso é
tão importante que não precisaria estar escrito.
Cláusulasassupra-constitucionais
Portanto para os jus-naturalistas regras ou cláusulas supra-constitucionais são aquelas que flutuam
sobre a Constituição, ou seja, estão acima delas, são Direitos Naturais, e portanto limitam o Poder
CF 21
Originário. Então um país que se diz democrático, não pode em sua nova Constituição violar os direitos
humanos.
Mais modernamente surge um terceiro posicionamento que de alguma forma acaba abraçando o
segundo para reforçar a tese do jus-naturalista.
Esse terceiro ou um braço do segundo, seria o posicionamento dos internacionalistas ou estudiosos
defensores do direito internacional: os internacionalistas entendem que existe uma limitação de ordem
moral, ou seja, a moralidade é um limitador do Poder Constituinte Originário.
Por exemplo: pessoas físicas podem fazer contratos com pessoas? Podem, aprendemos que para que
um contrato seja válido do ponto de vista jurídico, ele exige alguns requisitos: primeiro que os agentes
envolvidos sejam capazes; que o objeto do negócio seja licito; além de lícito tem que ser possível e
determinado e que não exista nenhuma vedação expressa em lei. Pessoas jurídicas também podem fazer
contratos? Podem, existem dois tipos de pessoa jurídica:
• pessoas jurídicas de direito privado.
• pessoas jurídicas de direito público. Que sobre outra subdivisão em: pessoas jurídicas de
direito público interno e pessoas jurídicas de direito público externo.
Direito Público Interna
Dentro da categoria pessoa jurídica de direito pública externa, Estado para Estado, podem fazer
contratos? Podem, incorporeamente ou legalmente recebem a denominação de Tratados Internacionais, onde
vários países se reúnem para tratarem de uma convenção internacional e assim sucessivamente.
Agora de uma forma generalizada sobre contratos, pode uma pessoa física ou jurídica, pública ou
privada dizer unilateralmente que ela não vai cumprir um contrato? Pode, mas ela tem que arcar com as
conseqüências que do descumprir um contrato. Qual é a conseqüência se hoje for aberta a possibilidade de se
descumprir os contratos? Há um risco para a segurança jurídica. E quando dois países assinam um Tratado
Internacional e um deles resolve depois de certo tempo não cumprir mais o Tratado porque esse país criou
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uma nova Constituição que impede o cumprimento desse Tratado frente ao novo Estado que existe, pode
moralmente falando? Moralmente não pode, a conseqüência jurídica para o descumprimento de um tratado
internacional é diferente de um contrato entre pessoas comuns, pois o juiz não manda prender, não manda
penhorar, não manda fazer nada, o descumprimento de um tratado internacional ser discutido nos tribunais
regionais que podem decidir pela obrigatoriedade do cumprimento do contrato e conseqüentemente por uma
sanção. Então este Poder Originário quando elabora uma Constituição, ele como Poder Soberano tem que se
adequar às regras de direito internacionais ao qual o país assumiu o compromisso.
2) Desconstitucionalização
É o ato pelo qual um novo texto constitucional mantém expressamente parte do texto constitucional
anterior em vigor, porém, rebaixando-o para norma infraconstitucional.
Porque se diz que a desconstitucionalização tem que ser expressa? O que aconteceu com a
Constituição de 1967 quando a de1988 entrou em vigor? Sumiu! Se a Constituição de 1988 entrou em vigor
e se ela não falou nada da Constituição de 1967, é obvio que a mesma sumiu, porque não é possível ter
automaticamente dois textos constitucionais, isso aconteceu de forma tácita, pois a Constituição de 88
tacitamente fez desaparecer a Constituição de 67; portanto eu posso pegar parte da constituição de 67 e
manter em vigor? Poderia, se a Constituição de 88 estive isso expressamente em seus artigos, por exemplo,
será criada uma nova Constituição e foi colocado que o Colégio Dom Pedro II será mantido no âmbito
federal porem, com regulamento de norma infraconstitucional, ou seja, continua mantendo o Colégio Dom
Pedro II mais vai ser tido como uma lei infraconstitucional, então ele rebaixou a norma de constitucional
para desconstitucional, por isso que tem que ser expresso.
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Obs.: isso nunca aconteceu em nosso ordenamento jurídico.
3) Repristinação
É o ato jurídico pelo qual uma lei revogada retorna ao sistema jurídico pelo fato da norma revogadora
ter sido revogada.
Nós temos a seguinte representação: eu tenho a lei A, que foi revogada pela lei B, a lei B revoga a lei
A, portanto qual é o motivo que impede a existência da lei A? A existência da lei B. Posteriormente surge no
ordenamento jurídico à lei C que revoga a lei B, conseqüentemente o motivo impeditivo da lei A desaparece,
logo a lei A voltaria ao ordenamento jurídico. Isso é repristinação.
A repristinação é uma matéria de âmbito constitucional, mas no Brasil não é analisado sob esse
aspecto, pois no Brasil a repristinação tem expressa vedação legal, e não é vedação na Constituição, mas sim
na Lei de Introdução ao Código Civil, em seu art. 2.º, §3º.
Art.2.º. Não se destinando a vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique
ou revogue.
§ 3.º. Salvo disposição em contrario, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.
E aí que há um detalhe interessante, algo que deveria estar na Constituição, inclusive em cláusula
pétrea, por questão de segurança jurídica, está prevista numa lei ordinária. A LICC é uma lei ordinária e está
abaixo; se analisarmos a questão da hierarquia normativa, abaixo da Constituição temos as emendas
constitucionais, abaixo das emendas temos as leis complementares, abaixo das leis complementares temos as
leis ordinárias, a medida provisória, o decreto-lei, o decreto-legislativo, o decreto autônomo, as leis
delegadas; então uma lei ordinária pode ser revogada por qualquer uma dessas medidas jurídicas, incluindo
as superiores, exceto a medida provisória. Portanto uma situação de ordem constitucional está prevista na
legislação brasileira em um dispositivo infraconstitucional e ai é que há um risco para o ordenamento
jurídico, porque uma lei ordinária pode ser revogada por outra lei ordinária, com isso a repristinação que
hoje é proibida no Brasil, amanhã pode ser autorizada; é lógico que o legislador não vai perder tempo em
apresentar um projeto de lei revogando o §3.º, do art. 2.º, da LICC. Se amanhã o legislador disser
expressamente: fica revogado o §3º da LICC, surgirá a repristinação em nosso ordenamento, mas porque até
agora nenhum legislador fez isso? Porque assim ele colocaria em risco a segurança jurídica.
Portanto, a repristinação é proibida no Brasil, no entanto existem algumas situações jurídicas que
podem nos levar a um entendimento errôneo da existência da repristinação.
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Vamos estudar algumas exceções, essas exceções não querem dizer que pode haver situações que
permitam a repristinação, mas situações que nos levam a um entendimento errado.
1ª exceção: está em vigor a lei “A”; surge posteriormente a Medida Provisória “B”. A lei “A” é
totalmente contraria a Medida Provisória “B”, a lei “A” cria uma situação jurídica positiva e a Medida
Provisória “B” cria uma situação jurídica negativa. Que acontece com a lei “A”? A lei “A” não será
revogada, porque uma lei só pode ser revogada por outra lei e Medida Provisória não é lei; então temos um
problema que deve ser solucionado porque, como regra uma lei só pode ser revogada por outra, e Medida
Provisória não é lei, ela tem força de lei; mas existe também outro problema, pois não se pode manter no
ordenamento jurídico as duas normas, porque um traz uma situação positiva e outro uma situação negativa.
Como resolver o problema? Suspendo a lei “A” porque temos uma Medida Provisória, que vai durar por um
certo período de tempo, e no final desse período de tempo essa Medida Provisória pode se transformar em
lei, e assim retroage e revoga a lei “A”, mas também pode acontecer o inverso, ou seja, a Medida Provisória
pode ser rejeitada, asim a lei “A” volta ao ordenamento jurídico e a Medida Provisória desaparece; a lei “A”
volta porque ela nunca foi revogada, ela apenas foi suspensa, portanto não há efeito repristinatório.
“A” “B”
LEI Medida Provisória
Isso não pode ser confundido com repristinação. Todos os dias o presidente da republica baixa
medida provisória, então ela não é repristinação por quê? a repristinação precisa da existência de três leis;
a primeira lei tem que ter sido revogada, mas essa só foi suspensa; não tem um terceiro ato posterior.
2 ª exceção: temos a lei “A”, que é revogada pela lei “B”; porém a lei “B” é revogada pela a lei “C”,
que ao mesmo tempo que revoga expressamente a lei “B”, traz expressamente de volta a lei “A”. Isso é
repristinação? Não, porque a repristinação tem ser um fenômeno tácito, mas neste caso a norma voltou de
forma expressa. Se isso acontecer a lei “A” na verdade é a lei “C” com um novo corpo e número.
Portanto a forma expressa é permitida, o que não é permitido é a forma tácita.
“A” “B” “C”
LEI LEI LEI
Isso aconteceu no Brasil no Código de Processo Civil, em sues artigos 541, 542, 543, 544 e seguintes
que tratam dos recursos especiais que vão para o STJ e STF.
O Código de Processo Civil é um código de 1973 e ele trazia o procedimento para recurso especial
extraordinário; em 1990 entrou em vigor a lei “B”, que é a lei 8.038/90 que também tratava de recursos
especiais extraordinários. Se olharmos no rodapé dos artigos 541, 542, 543 e seguintes, notaremos que dirá
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nova redação dada pela lei 8.950/94; então a lei “C” que é a lei 8.950/94 modificou parte da lei “B”, revogou
parte dela e trouxe de volta os artigos 541, 542, 543. Se pegarmos a nova redação desses artigos, eles não
terão a mesma redação nos moldes de 1973, mas sim pela lei de 1994. Então isso não é repristinação.
3 ª exceção: temos a lei “A” que é revogada pela lei “B”, posteriormente temos um Ato Judicial, por
exemplo, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, onde o Supremo reconhece a lei “B” como
inconstitucional. Então a lei “B” deixou de existir não porque ela foi revogada, mais porque ela foi declarada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, portanto a lei “B” não existe no ordenamento jurídico. O
que acontece com a lei “A”? Ela volta ao ordenamento jurídico, porque se a lei “B” foi declarada
inconstitucional, é porque ela não gera eficácia jurídica, com isso ela não gera eficácia para ter força de
revogar outra lei; então conseqüentemente está valendo a lei “A”.
Isso não é repristinação, porque temos nesse caso revogação e inconstitucionalidade, esse caso recebe
a denominação de efeito repristinatório do Controle de Constitucionalidade. Também não é repristinação
de forma legal. “A” “B” “C”
LEI LEI Ato Normativo
Aula 06 → 20/02/2009
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Quando o constituinte diz que compete privativamente ao Presidente da República ele está dizendo
que as questões que estão relacionadas ao art. 84, a única pessoa que pode tratar desse assunto é o
presidente; os demais não podem porque não tem legitimidade. Portanto, um deputado não pode apresentar
um projeto de lei para criar cargos de delegados, porque segundo o art. 84, isso é de competência do
presidente da República e deste modo faltam aos deputados legitimidade, e se o deputado apresentar esse
projeto de lei haverá uma violação a uma limitação formal subjetiva; portanto esse projeto é inconstitucional.
Limitação Formal Subjetiva: são aquelas limitações que a Constituição impõe dizendo que somente
determinada pessoa tem legitimidade para fazer tal coisa. Portanto é quando a Constituição determina que
determinado assunto é de exclusividade/privativo de alguém; se outro o fizer, haverá uma violação a
limitação formal subjetiva.
Quando a Constituição quiser dar uma legitimidade a alguém ela dirá expressamente. Por exemplo: art. 62.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
Em caso de relevância e urgência pode o Senado ou a Câmara baixar Medida Provisória? Não, pois
falta legitimidade. O mesmo ocorre se você pegar no art. 22:
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III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.
§5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Cada turno de votação é votado duas vezes em cada casa, ou seja, duas votações na Câmara e duas no
Senado. Se na primeira votação da Câmara é atingida a unanimidade, é preciso que se faça uma segunda
votação ainda? Sim, porque pode ser que na segunda votação não sejam atingidos os 3/5. Se for alcançada a
unanimidade nas duas votações da Câmara, ainda assim será necessário que se faça a votação no Senado?
Sim, porque não conseguir os 3/5 da votação no Senado, projeto será arquivado.
Portanto, se todos os requisitos para a criação da norma não forem observados, se eles não forem
seguidos, ocorrerá a inconstitucionalidade da norma, por não observação da ritualística.
Limitação Material Explicita: são aquelas limitações que o constituinte explicitamente, abertamente diz
que não pode ser objeto de Emenda, por exemplo: art. 60, § 4º:
§4º. Não será objeto de deliberação a proposta que emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.
O art. 5.º é um direito explicito, porque o § 4.º remete a ele. Quando vemos um direito material explicito,
não nos resta dúvidas se podemos aboli-los ou não, pois o constituinte já diz que não pode; não há dupla
interpretação nesse caso.
Limitação Material Implícita: são aquelas limitações que não podem ser objeto de deliberação, uma vez
que não constam abertamente descritos no texto, dependendo de uma interpretação doutrinária ou
jurisprudencial.
Por exemplo: o §4º faz uma remessa do que é que não pode ser objeto de deliberação. O que é limitação
material explicita? É o §4º ou são os incisos do § 4º? Os incisos do parágrafo 4º são explícitos; mas quem
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é que protege o próprio § 4º? Onde está escrito que não se pode mexer no § 4º? E o que acontece se
revogássemos ou modificássemos através de uma emenda o § 4º? Então, o § 4º seria uma barreira para os
incisos, ele cria um manto protetor? Agora quem é que protege o próprio parágrafo 4º? Ninguém. Mas o
fato do § 4º não ter uma norma que explicitamente o protege não quer dizer que ele não está protegido,
porque ele implicitamente está protegido, porque se pudéssemos alterar o próprio § 4º, caput, poderíamos
modificar os incisos; então ele é implicitamente uma proibição material.
Outro exemplo: nós queremos violar os direitos fundamentais, assim sendo, vamos instituir a pena de
morte, no entanto o que é que proíbe a pena de morte? O inciso IV do § 4º. Então, poderíamos apresentar
um projeto de emenda no § 4º onde tem a palavra “não” dizendo: poderá ser objeto de deliberação a
emenda constitucional tenente a abolir os direitos individuais. Então teríamos que alterar o § 4º, abrindo
assim uma brecha para alterar o art. 5º, inciso XLVII, alínea “a”, colocando que fica permitida a pena de
morte. Portanto o próprio parágrafo § 4º é implícito
Outro exemplo: (questão da redução da minoridade penal) a doutrina levanta uma dúvida: no art. 5.º estão
esgotados todos os direitos individuais da Constituição? Se a resposta é não, é porque entendemos que há
direitos individuais espalhados pela Constituição, portanto o art. 5.º é meramente exemplificativo. Se
pegarmos direito à saúde está descrito no art. 196 e este é um direito fundamental; a educação não está no
art. 5º, mas sim no art. 194 e este também é um direito fundamental. Agora o art. 218, está muito além do
art. 5.º, pois ele fala sobre o limite da maioridade penal; para a maior parte da doutrina o art. 218 é um
direito individual fundamental, e se ele é um direito fundamental ele estaria implicitamente protegido pela
Constituição e conseqüentemente, se vier para o ordenamento jurídico uma emenda que tente reduzir a
maioridade penal, e se o Supremo entender que o caso é de limitação material implícita, ele vai declarar
esta Emenda inconstitucional; mas se o Supremo entender que não é uma limitação material implícita,
conseqüentemente ele vai entender que pode ser reduzida a maioridade penal.
As limitações materiais implícitas são as normas mais sedutoras, pois elas causam impacto, divergência e
debates jurídicos.
Art. 60. § 1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de Intervenção Federal,
de Estado de Defesa ou de Estado de Sítio.
Por que não pode ser emendada a Constituição durante essas circunstâncias? Porque o país está sem
estabilidade. Para se fazer uma emenda é preciso estar concentrado, porque estamos mudando o texto
constitucional; estamos passando por uma situação critica no país, não podemos deixar a crise de lado para
discutir um projeto de emenda.
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Tivemos duas situações no Brasil, onde isso quase aconteceu. Por exemplo: art. 37.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
** Caput com redação determinada pela Emenda Constitucional nº. 19, de 4 de junho de 1998.
No rodapé do art. 37 diz que a redação foi determinada pela Emenda Constitucional nº. 19, de 4 de junho de
1998. Em 98 estava no governo brasileiro Fernando Henrique Cardoso e quando ele assumiu o governo no Brasil ele
tinha duas metas: uma é a reforma da administração pública, a outra seria a reforma da previdência, uma é a emenda
nº 19 que alterou o art. 37 e seguintes, a outra foi a emenda nº 20. Quando estava em pleno vigor a discução da
emenda constitucional que levaria ai surgimento da emenda nº 19, estourou em Alagoas um sério problema, como
corrupção nos três poderes, matança generalizada, etc., e quando acontece situações como essa o presidente deveria
intervir no estado; no entanto, quando isso estourou em Alagoas, o presidente conseguiu apresentar a emenda para a
reforma da administração pública; portanto ele não interveio no estado, porque se ele baixasse uma intervenção o
projeto de emenda que estava em votação pararia automaticamente. A mesma coisa aconteceu na emenda nº 20, pois
quando estava em discução a emenda nº 20, a situação de Alagoas melhorou, mas estourou no Espírito Santo, o
presidente também deveria intervir, mas ele também não interviu porque estava em discução a emenda nº 20. Então
tivemos no Brasil duas situações em que chegamos próximos de ter uma intervenção federal.
Na limitação circunstancial se o projeto de emenda não foi apresentado, ele não mais será apresentado, e
se ele já foi apresentado ele será suspenso.
Art. 3º. ADCT. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso
Nacional, em sessão unicameral.
A Constituição de 1824 tinha uma limitação temporal para emenda, ela dizia que a Constituição
brasileira não poderia ser emendada antes de quatro anos.
A Constituição Federal de 1988 tem limitação temporal para emendas? Grande parte da doutrina diz
que sim, quem melhor fala sobre esse assunto é o autor Luis Alberto David Araújo, que diz que não existe
uma limitação temporal como acontece na revisão, ou seja, não se pode emendar durante certo período de
tempo. Ele fala que existe uma limitação temporal para emendas rejeitadas; por exemplo art. 60, § 5.º:
Art. 60. §5º. A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Portanto, se um projeto de emenda for rejeitado em uma seção legislativa, o mesmo assunto constante
no projeto só poderá ser reapresentado no ano seguinte, ou seja, se a emenda for rejeitada em fevereiro ele
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somente poderá ser apresentada em fevereiro do ano seguinte, no entanto se ela for apresentada em
dezembro, a mesma poderá ser apresentar em fevereiro do ano seguinte.
Então existe limitação temporal para projetos de emendas que foram rejeitadas.
Todas as limitações ditas até agora se aplicam as emendas e se aplicavam também a revisão. Quando surgiu
a revisão em 1993 surgiu um posicionamento doutrinário dirigido por Jose Afonso, que entendia que o
poder de revisão também é um poder limitado, ele entendia que na revisão constitucional era permitido
tudo. No entanto Michael Tenner defendia o entendimento de que os poderes limitadores da Constituição
também se aplicavam a revisão. O posicionamento de Jose Afonso era minoritário, tanto é que quando a
revisão foi feita em 1993 os constituintes respeitaram todas as limitações.
Está previsto no art. 11 dos ADCT. Ele é um poder concedido aos Estados membros, possibilitando
que eles pudessem criar suas próprias Constituições.
Art. 11. ADCT. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a
Constituição do Estados, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição
Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá a Câmara Municipal, no
prazo de seis meses, votar a Lei orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação,
respeitado o disposto na Constituição Federal E na Constituição Estadual.
Ele é chamado de Poder Decorrente porque ele decorre do Poder Derivado que por sua vez decorre
do Poder Originário. Então criou-se primeiro a Constituição Federal que é o Poder Originário; o Poder
Originário trouxe dentro de seu texto que depois de um ano é que se criariam a Constituição dos Estados.
Então o Poder Constituinte dado aos Estados decorrendo do Poder Constituinte dado pelo constituinte
federal, ou seja, o constituinte federal deu a autorização aos Estados de criarem suas próprias Constituições,
respeitados os princípios da Constituição Federal.
Quando o constituinte diz respeitados os Princípios Constitucionais, quais princípios ele quis dizer?
São dois os princípios: o Principio da Simetria Constitucional e o Principio da Assimetria Constitucional.
PRINCÍPIO DA SIMETRIA
Pelo princípio da simetria, podem as Constituições Estaduais trazerem os mesmos assuntos da
Constituição Federal.
Exemplo: o art. 84 cria uma série de situações de competência do presidente, o inciso VI diz que o
Presidente da República pode baixar um decreto; então é possível colocar na Constituição do Estado que o
governador do Estado pode baixar decreto? Sim; então grande parte dos assuntos que estão descritos no art.
32
84 que são de competência do presidente, também serão de competência do governador do Estado, porque o
presidente tem essa competência sobre o ponto de vista da República Federativa do Brasil, e o governador
faz de acordo com os interesses do seu Estado e o prefeito faz de acordo com os interesses do município.
Então muitos assuntos que são de competência do presidente, o governador e o refeito também podem,
portanto quando se diz que o presidente pode baixar decreto, o governador também pode e o prefeito
também, isso é simetria.
Quando a Constituição Federal fala que os poderes são independentes e harmônicos entre si; pode a
Constituição do Estado também dizer o mesmo? Ela deve dizer isso. A Lei Orgânica do Município também
permite isso, porque em nenhum momento elas estarão contrariando a Constituição Federal.
PRINCÍPIO DA ASSIMETRIA
São situações previstas na Constituição Federal, que não podem constar nas Constituições Estaduais
porque se constar é inconstitucional, porque é assimétrico.
Exemplo: o art. 84 diz que compete ao Presidente da República declarar guerra. Pode o governador
do Estado declarar guerra? Não, pode o prefeito declarar guerra? Nunca, isso é questão assimétrica.
O governador pode nomear e exonerar os Ministros do Supremo Tribunal Federal? Não, compete
única e exclusivamente ao presidente, isso é assimetria.
Existem várias situações assimétricas na Constituição, outro exemplo interessante é o art. 86, §3º:
Art. 86. §3º. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da Republica não estará sujeito a prisão.
O Presidente da República nunca poderá ser preso, salvo sentença condenatória transitado em
julgado; o presidente é o único brasileiro que não pode ter decretada a sua prisão preventiva ou temporária,
por mais hediondo que seja o crime cometido por ele. Isso é uma assimetria. Esse artigo pode ser colocado
na Constituição do Estado? Não, pois isso é uma garantia institucional do presidente.
Por isso que quando o constituinte colocou no art. 11 do ADCT “respeitados os princípios desta”,
ele quis dizer respeitado dentro da sua ordem “simétrica” ou “assimétrica”, ou seja, só é possível trazer para
a Constituição do Estado aquilo que não viole frontalmente a Constituição Federal.
Muitas vezes a Constituição do Estado ode incluir algo à mais em sua Constituição que não viole a
Constituição Federal, por exemplo, o art. 37 trata de todos os princípios que o administrador público deve observar:
Art. 37. A administração publica direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
A Constituição do Estado de São Paulo diz que: a administração pública do Estado de São Paulo
conservará os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e da
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“fundamentação dos atos administrativos”; ele pode fazer isso? Viola a Constituição Federal colocar que
deve fundamentar os atos administrativos? Não, pois esse algo à mais em nada afronta a Constituição.
O Poder Decorrente se aplica aos municípios? O parágrafo único do art.11 do ADCT fala que:
CF CE LOM
A Lei Orgânica do Município deve respeito primeiro à Constituição Estadual, e depois a Constituição
Federal; portanto dentro dessa hierarquia não há de se falar em Poder Constituinte Decorrente para os
municípios, porque a Lei Orgânica do Município antes de respeitar a Constituição Federal, ela deve respeitar
a Constituição do seu Estado; deste modo se a Lei Orgânica do Município fere a Constituição do Estado,
logo ela fere também a Constituição Federal.
Então não se fala na existência de Poder Decorrente dos Municípios, devido a uma questão de
hierarquia e posicionamento das normas. No entanto se aplica o Poder Derivado porque senão teríamos o
inverso, ou seja, uma Lei Orgânica mais forte que a Constituição, pois o poder Derivado é o poder de
reforma e como é que se cria uma lei orgânica irreformável? Se fosse assim ela seria algo mais forte que a
Constituição, porque uma admite reforma e a outra não.
Portanto a Lei Orgânica do Município não é um Poder Decorrente, mas admite o Poder Derivado.
Aula 07 → 27/02/2009
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
A constitucionalidade recai sobre a questão da eficácia da norma, pois se a norma é inconstitucional
ela é ineficaz. O controle de constitucionalidade existe para fazer valer a “supremacia” do texto
constitucional, ou seja, que nenhuma norma venha de forma direta ou indireta violar o texto constitucional.
34
Portanto o objeto maior é que a Constituição Federal tenha valor SUPREMO, ou seja, que não haja violação
nas suas regras e normas. Esse controle pode ser feito de forma direta ou indireta.
Por Ação: se busca retirar do ordenamento jurídico um dispositivo que viole um texto constitucional.
Essa ação pode ser genérica (ADI), ADECON, ADPF ou pela foma INTERVENTIVA.
Por Omissão: a parte busca trazer para o ordenamento jurídico um dispositivo normativo não criado ou
não regulamentado que tem previsão para tanto na CF.
Nem tudo que está na Constituição é de matéria de Direito Constitucional, mas tudo o que está na
Constituição é constitucional.
NÃO SE FAZ CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE PODER CONSTITUINTE
ORIGINÁRIO! No entanto é permitido o Controle de Constitucionalidade no Poder Derivado (emendas).
Ex: CPMF, ART 150, III, “b”, da CF – princípio da anterioridade tributária – quando se cria um novo
tributo, em regra, não é possível cobrá-lo no mesmo ano de criação.
Controle Político: é aquele adotado em Estados como p. ex. a França, a China, a ex-URSS, onde
o controle de constitucionalidade é entregue aos órgãos políticos, ao parlamento/congresso, nunca ao
Judiciário. Eles entendem que quem fez a lei são os representantes do povo e só a eles cabe o controle.
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Controle Preventivo: é aquele que busca evitar que uma norma inconstitucional ingresse no
ordenamento jurídico, logo o controle preventivo recai sobre os projetos de lei. Pode ser feito pelo:
1. Poder Legislativo: quando suas comissões dão pela não tramitação do projeto de lei ou
quando o projeto é rejeitado no plenário. Esse é um controle político e ao mesmo tempo judiciário.
2. Poder Executivo: é feito através do veto, que pode ser tanto político como jurídico. O veto
será político quando o executivo entender que o projeto de lei não atinge os interesses públicos (art.
66, § 1.º da CF). O veto é jurídico quando o executivo entende que o projeto veda o texto
constitucional. Este veto não atende os interesses públicos.
3. Poder Judiciário: o judiciário normalmente não faz esse controle, porque ele deixa para que o
legislativo e o executivo façam.
O STF pacificou o entendimento de que é possível o poder judiciário questionar o controle de
constitucionalidade de projetos de lei, quando este projeto violar a Constituição.
Somente o parlamentar pode provocar o judiciário a fazer o controle preventivo, portanto não há
legitimidade para o cidadão. O parlamentar deve entrar com um mandato de segurança contra ato do
presidente da casa ou contra ato da mesa.
Obs.: o mandato de segurança não é permitido para lei, mas apenas para projeto de lei.
Controle Posterior ou Repressivo: o controle posterior é feito pelo Judiciário. Busca-se retirar a
regra do ordenamento.
1. Judiciário: como regra é quem tem competência para tal.
2. Legislativo: é feito sob duas hipóteses: primeiramente é permitido por medida provisória,
porque ela não admite controle preventivo, no entanto admite controle repressivo; a segunda é a
forma do art. 49, V da CF, em que se edita o decreto legislativo sustando atos normativos do
Presidente da República que exorbitem o poder regulamentar ou os limites da delegação legislativa.
3. Executivo: excepcionalmente, admite-se que o chefe do Poder Executivo (mas não os seus
subalternos) negue cumprimento a uma lei ou ato normativo que entenda flagrantemente
inconstitucional até que a questão seja apreciada pelo Poder Judiciário. Além disso, o Presidente tem
legitimidade para propor ADIN.
Aula 08 → 04/03/2009
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CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE OU NORTE AMERICANO
Esse tipo de controle se inicia em 1974, no caso Marbory VS Madson, onde o Juiz William Marshall
diz que a medida tomada pelo presidente é inconstitucional.
Antes não se falava em controle de constitucionalidade porque a lei era feita pelo parlamento onde
estão os representantes do povo, portanto um órgão que não foi escolhido pelo povo não podia descumprir
uma norma insinuando que ela desrespeitava a Constituição, assim sendo o juiz não pode passar por cima do
parlamento, ele deveria apenas aplicar a lei e não verificar se ela era constitucional ou não.
No Brasil existe o controle difuso, no entanto com algumas modificações. Nos EUA vigora os
“precedentes judiciais” onde sentenças anteriormente julgadas passam a ser aplicadas para casos
semelhantes – sistema anglo saxão. Esse sistema é muito rápido: há o processo, logo em seguida o
julgamento. Na maioria das vezes vai a júri popular. A crítica é que a rapidez é tanta que, às vezes, direitos
fundamentais são negados. Já no sistema civil law a resposta do Judiciário é mais lenta,e não há o precedente
judicial; no entanto a Justiça é mais respeitada. Contudo, a lentidão gera um senso de impunidade.
Exemplo de precedente judicial: indenização de cheque sem fundo à instituição financeira -
R$2.000.000,00. É muito? Não! A instituição terá mais cuidado nas próximas vezes. O precedente judicial
acaba quase vinculando as decisões. No Controle Difuso brasileiro não há esse precedente judicial.
37
Aula 09 → 06/03/2009
O artigo supracitado se aplica somente ao controle difuso. Quando é feito o controle difuso a norma
não deixa o ordenamento, pois ela foi usada para um caso determinado.
Ao declarar uma norma inconstitucional, pelo controle difuso, o Supremo oficia ao Senado
declarando que a norma é inconstitucional. Uma vez chegando ao Senado, este não está obrigado a baixar a
resolução (posicionamento da doutrina); o Senado baixa se quiser. Isso gera duas situações:
O Senado baixa a resolução: quais as conseqüências? A norma estará suspensa, ou seja, ela não
gera efeito e eficácia jurídica (não pode ser usada). Mesmo suspensa, a norma continua no ordenamento
jurídico. Pode voltar, a qualquer momento, a surtir efeitos por outra resolução. A resolução pode suspender
toda ou parte da lei (a resolução não pode ultrapassar os limites ditados pelo STF).
Se o Senado não baixa a resolução: a norma simplesmente continua no ordenamento com
aplicabilidade.
O STF, quando do julgamento da reclamação 4.535/AC, que tinha por Ministro Relator, Eros Grau,
este disse textualmente que o Senado é obrigado a baixar a resolução. Por quê? Porque se não haverá um
desrespeito a Corte Constitucional.
Obs.: entre a doutrina e a jurisprudência, melhor é tender para a jurisprudência, pois ela é um
julgado, enquanto a primeira é uma opinião.
Conseqüências
Objetivação do Controle Concentrado no Controle Difuso (americanizar o controle difuso). No
acórdão, o STF disse que todos os juízes estão obrigados a julgar conforme o STF → preceito judicial
americano (efeito vinculante).
38
HC nº 82.959/SP (o STF reconheceu textualmente que o artigo da lei dos Crimes Hediondos que
impedia a progressão dos regimes era inconstitucional). No corpo desse HC, o STF disse “todo juiz deve
acatar obrigatoriamente essa decisão”. Desse HC, surgiu a Reclamação 4.535/AC
O art. 52, X, da CF, com essa decisão, foi praticamente sepultado, pois, se o Senado não baixar a
resolução, o STF vincula sua decisão para os demais membros do magistrado.
O terceiro caso em que se aplicou esse efeito vinculante foi o Recurso Extraordinário 19.791/SP.
Número de vereadores – redução. O STF acatou a redução e obrigou os outros juízes a acatarem.
Aula 10 → 11/03/2009
HC 82.959/SP
Jurisprudencial
Reclamação 4.535/AC
Recurso Extraordinário 19.791/SP
SÚMULA VINCULANTE
O STF é quem pode crias as súmulas vinculantes de ofício ou por provocação, ou seja, qualquer um
dos 11 ministros pode pleitear uma criação de Súmula sobre o assunto decidido.
A lei 11.417/06, em seu art. 3.º fala dos Co-legitimados ou Legitimação Disjuntiva
Art. 2.º. Lei 11.417/06: O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de
sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
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Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei.
• É necessário que 2/3 dos membros, ou seja, 8 ministros aceitem o conteúdo para que seja editada uma
súmula vinculante;
• “após reiteradas decisões” – reiteradas significa ao menos 3 casos;
• “a partir de sua publicação no diário oficial” – a partir daí que gera vinculação;
• “todos os demais órgãos do Poder Judiciário” – nenhum juiz pode ir contra.
Três objetivos: dar validade, dar eficácia ou interpretar uma norma – “haja controvérsia que cause
grave insegurança jurídica” – divergência entre Judiciário e Administração Pública ou dentro do próprio
Judiciário.
§ 3º: A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante
dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal
Federal, em sessão plenária.
Depois de criada, a Súmula Vinculante pode ser revisada ou cancelada, sendo competente para isso
somente o STF; para propor, legitimados! Mesmo caminho da ida, mesmo caminho da volta.
Uma Súmula Vinculante pode ser cancelada por lei.
Art. 4º da LEI 11.417/06: os efeitos vinculantes podem ser restringidos; há situações que são
absolutamente irreversíveis.
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Aula 11 → 13/03/2009
Para que o recurso chegue à Suprema Corte é necessário que o jurisdicionado tenha se valido de
todos os meios ordinários, ou seja, que tenha percorrido as demais instâncias judiciais do País. Também se
exige que o recorrente preencha alguns requisitos legais para que o recurso extraordinário possa ser recebido
pelo STF.
Hipóteses de cabimento: O ART 102, III, da Constituição Federal, elenca as hipóteses de cabimento
do recurso extraordinário:
Art. 543-A. CPC. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do
recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer
repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º - Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os
interesses subjetivos da causa.
41
Tem-se, assim, que a matéria discutida em sede de recurso extraordinário deverá ser relevante para a
coletividade e não apenas ao recorrente.
§ 3º - Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula
ou jurisprudência dominante do Tribunal.
Percebe-se pela leitura desse dispositivo que, além das hipóteses de ofensa direta à Constituição
Federal, o recurso extraordinário também poderá ser impetrado quando houver discussão relativa à
interpretação do texto constitucional dada pelo Supremo Tribunal Federal em súmula ou jurisprudência
dominante.
“Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará
dispensada a remessa do recurso ao Plenário”, uma vez que não será mais possível obter o quorum
qualificado de dois terços para a recusa do recurso.
Se o STF negar “a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre
matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal”.
Prevê uma possível intervenção do amicus curiae (pode trazer elementos técnicos e de interesse da
sociedade) no recurso extraordinário, que deverá ser autorizada pelo relator quando da análise da
repercussão geral, nos termos do parágrafo acima.
§ 7º - A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada
no Diário Oficial e valerá como acórdão.
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• A matéria constitucional é de interesse da República Federativa do Brasil? É de interesse
público/coletivo?
• Se não for matéria que gere repercussão, o recurso é indeferido. Essa decisão é irrecorrível!
• Repercussão geral é um elemento subjetivo, mas limitado por lei – § 1º.
• O interesse da ação tem que ultrapassar meus próprios interesses.
Corte Constitucional
Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder Legislativo e Corte Constitucional ou Tribunal Constitucional
43
É adotado por alguns países que entregam esta forma de controle ao próprio Poder Judiciário que o
realiza na mais alta corte do País. Portanto, esta corte, que é o Supremo, não analisa somente matéria
puramente constitucional, mas outras questões infraconstitucionais.
Ex: art. 53 da CF – se o Parlamentar “xinga” alguém, esse alguém terá que promover ação no STF.
Supremo Tribunal
Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário
Poder Judiciário
STF
CNJ
TST TSE
STJ STR
TRT TRE
TRF TJ
TE TJM AM
JT
Controle emJFSala Constitucional
JE
Aula 12 → 18/03/2009
STF = 11 MINISTROS
O controle concentrado é entregue para um órgão dentro da Suprema Corte, que recebe a
denominação de sala constitucional. essa sala é composta por magistrados escolhidos pelos seus próprios
pares, que terão dentre as competências a de fazer o controle concentrado, qual seja, determinar como deve
ser interpretada a Constituição Federal e essa decisão gera efeito para todo aquele tribunal e para os demais
órgãos do Poder Judiciário. Assim todo magistrado que compõe a sala é membro do tribunal, mas nem todos
os magistrados do tribunal fazem parte da sala.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
44
Pleno ou Órgão especial 1ª Câmara Civil 2ª Câmara Civil 3ª Câmara Civil
Órgão Especial: Composto por 25 desembargadores, sendo 4 deles com assento obrigatório
(presidente, vice-presidente, corregedor geral e decano).
LEI ESTADUAL
TJ DO ESTADO (violação da Constituição Estadual)
LEI MUNICIPAL
O Brasil admite o Controle Concentrado em duas cortes: STF e TJ. Quando uma lei Federal ou
Estadual ferir a Constituição Federal, será feito o controle no STF; quando uma lei Estadual ou Municipal
ferir a Constituição Estadual, será feito o controle no TJ.
Art. 93, XI, da CF: para haver pleno ou órgão especial é necessário que o TJ tenha mais de 25
desembargadores → semelhante ao sistema venezuelano. Se houver menos, segue o mesmo sistema do STF.
45
Art. 103. CF. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
Ele assina, ele assume a responsabilidade, mas não é ele quem faz (AGU).
II - a Mesa do Senado Federal;
Quem faz é a procuradoria.
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
Quem faz é a procuradoria.
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
Quem faz é a procuradoria.
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
Quem faz é o Procurador do Estado ou Distrito Federal.
VI - o Procurador-Geral da República;
Quem faz é o chefe do MPF. Obs.: o Procurador Geral da Republica é o único dos legitimados que
sempre vai atuar em uma ação de constitucionalidade.
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
Na pessoa do Presidente da OAB.
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
O Presidente do Partido é quem tem poderes para contratar advogado. Tem que ser partido que tenha
pelo menos 1 (um) congressista em uma das casas. Como fica a ação se, após proposta, o membro da casa
(deputado ou senador) sai do partido? É necessário somente ser membro do congresso para propor a ação.
Se quem propôs a ação desistir, o Procurador Geral da República tem que assumir (art. 5 da Lei
9.868). O Procurador Geral da República sempre vai atuar no Controle de Constitucionalidade. O ato de um
Procurador Geral da República não vincula o outro.
Conferência Sindical tem que ser específica e a entidade de classe tem que ter representação em, no
mínimo, 5 (cinco) estados.
Aula 13 → 20/03/2009
46
propositura da ação que a norma atacada ou norma que alega ser inconstitucional afeta os seus interesses,
sob pena de, ao contrário, ser reconhecida como parte ilegítima.
Ex: ação proposta pelo governador do Mato Grosso, inclusive com liminar concedida pelo STF
contra lei do Estado do Paraná que proibia o cultivo, o plantio e pesquisa de produtos transgênicos, bem
como o transporte via terrestre ou marítima pelo Estado do Paraná.
Legitimados Genéricos
São aqueles que podem propor a ação de inconstitucionalidade em relação a qualquer assunto,
independentemente da necessidade de comprovação da lei ou norma alegada inconstitucional o afetar direta
ou indiretamente.
São todos os demais.
1. Relatório;
47
2. Fundamentação (efeito vinculante também aqui);
3. Conclusão ou disposição (efeito vinculante aqui).
Por que não consta no § 2º “do Poder Legislativo”? O fato de não constar, quer dizer que não está
vinculado? O Poder Legislativo, como regra, não está vinculado a decisão de controle de
inconstitucionalidade, pois ele pode alterar a constituição. Quando uma decisão de constitucionalidade
vincula o Poder Legislativo? Quando o Poder Legislativo não pode alterar a Constituição.
Aula 14 → 25/03/2009
Aula 15 → 27/03/2009
Aula 16 → 01/04/2009
Uma lei recepcionada pela Constituição, que, posteriormente, por emenda constitucional, passa a não
ter mais simetria com a constituição, é inconstitucional? NÃO! A lei viola a emenda e não a CF.
Inconstitucionalidade superveniente ocorre quando uma norma, por presunção ou declaração, é
reconhecida como constitucional, pois, ou existia antes da Constituição e por ela foi recepcionada ou veio a
surgir posteriormente estando de acordo com a Constituição vigente e, posteriormente, em qualquer um dos
dois casos, ocorrendo alteração do texto constitucional, elas passam a contrariar referido dispositivo
constitucional. Tal situação jurídica não pode ser avaliada sob o ponto de vista de constitucionalidade, mas
sim, sobre revogabilidade, onde lei posterior revoga lei anterior que com ela se contradiz.
efeito ex tunc
Art. 27 da Lei 9.882/99: exceção a regra – para mudar o efeito ex tunc é necessário que 8 dos 11
ministros julguem assim; e tem que ficar clara a fundamentação e o assunto tem que ser de interesse da
coletividade.
8 Ministros;
Fundamentação.
Aula 17 → 03/04/2009
49
Por esta teoria, o Supremo Tribunal Federal poderá declarar como inconstitucional, em futuro
processo, norma dependente de outra já julgada inconstitucional em processo do controle concentrado de
constitucionalidade.
A dependência ou a interdependência normativa entre os dispositivos de uma lei pode justificar a
extensão da declaração de inconstitucionalidade a dispositivos constitucionais mesmo nos casos em que
estes não estejam incluídos no pedido inicial da ação.
Cita-se como exemplo de dispositivo com "Inconstitucionalidade Progressiva" a Lei 1.060/50, art. 5º,
parágrafo 5º, vejamos:
§ 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o
Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos
os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos.
(Incluído pela LEI nº 7.871, de 1989)
O STF entendeu no Habeas Corpus nº. 70.514/SP que se justifica o prazo maior em razão das
Defensorias Públicas não estarem aparelhadas como o Ministério Público atualmente está. A
inconstitucionalidade progressiva nesse caso consubstancia-se no fato de que a norma somente é
constitucional enquanto a defensoria carecer de aperfeiçoamento e aparelhamento. No momento em que o
objetivo for alcançado instalar-se-á a inconstitucionalidade do dispositivo supracitado.
Outro exemplo de "inconstitucionalidade Progressiva" é o artigo 68 CPP, senão vejamos:
Art. 68. CPP. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (ART 32, §§ 1o e
2o), a execução da sentença condenatória (ART 63) ou a ação civil (ART 64) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
50
O Ministério Público defende que a atribuição de ingressar com a ação correspondente é da
Defensoria Pública. No entanto, o STF decidiu mediante o RE 147.776, que enquanto não forem criadas
Defensorias Públicas em todos os Estados da Federação o dispositivo continua constitucional, caso que o
prejuízo será maior que o benefício. Dar-se-á a inconstitucionalidade progressiva, logicamente, quando a
criação de Defensorias Públicas abranger todos os Estados.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
É uma forma de controle de constitucionalidade onde o STF altera a interpretação da lei frente à
Constituição Federal ou mesmo a interpretação da própria constituição sem alterar a redação gramatical da
norma. É uma forma de controle de constitucionalidade, exclusivo do Poder Judiciário, onde o Tribunal
muda o entendimento da norma. Ocorre através de Controle Difuso.
Ex: estupro – menor de 14 anos é presumível que seja estupro. Há cinco anos atrás, o STF julgou
diferente: se a mulher tem uma vida sexual desregrada, mesmo menor de 14 anos, jurisprudencialmente, não
é crime.
Ex: Reclamação 4.335/AC – efeito vinculante no controle difuso. O STF alterou sua posição,
passando agora a entender que é caso de obrigatoriedade do Senado baixar a resolução.
Doutrinariamente, a Constituição poderá ser modificada por meio de processo formal ou informal.
São tipos de modificação formal a emenda e a revisão constitucional. Já o processo informal evidencia-se na
mutação constitucional.
A constituição contém o regulamento jurídico fundamental de uma sociedade, consubstanciando,
assim, toda a estrutura do respectivo Estado. Esta é a razão pela qual se presume seja ela dotada de
estabilidade, exigência indispensável à segurança jurídica, à manutenção das instituições e ao respeito aos
direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Entretanto, essa estabilidade não pode significar jamais a
imutabilidade das normas constitucionais. Isso para evitar-se o fenômeno da "fossilização constitucional".
Ao mesmo tempo em que o ordenamento jurídico constitucional possui caráter estático, apresenta
caráter dinâmico. A realidade social está em constante evolução, e, à medida que isso acontece, as
exigências da sociedade vão se modificando, de maneira que o direito não permanece alheio a esta situação,
devendo sempre estar intimamente ligados com o meio circundante, com os avanços da ciência, da
tecnologia, da economia, com as crenças e convicções morais e religiosas, com os anseios e aspirações de
toda uma população. Assim, as constituições estão sujeitas a modificações necessárias à sua adaptação às
realidades sociais.
Sendo assim, Mutação Constitucional não é a mudança do texto constitucional, mas a mudança da
interpretação de um dispositivo constitucional.
Aula 18 → 08/04/2009
53
constitucionalidade, e no Poder Executivo, pela recusa em cumprir a norma sob o fundamento de
inconstitucionalidade.
Desse modo, a finalidade precípua dessa ação é a eliminação, peremptória, da dúvida acerca da
constitucionalidade de lei ou ato normativo.
Num primeiro momento, essa ação gerou certa divergência jurídica – ela foi matéria, objeto de ADI.
Quais argumentos? Medida inconstitucional por falta de interesse (declarar constitucional algo que já era
inconstitucional). O Ministro Gilmar Mendes refutou esse argumento dizendo que o objetivo da ADECON é
declarar uma norma absolutamente constitucional, visto que a norma constitucional é, por presunção,
relativamente constitucional.
O segundo argumento é que a ADECON não tem contraditório. O STF diz que é equívoco esse
argumento, afirmando que o contraditório existe, pois, não necessariamente a ADECON vincula o
Ministério Público – o Procurador pode rejeitar.
O terceiro argumento é que a ADECON seria inconstitucional porque ela gera efeito vinculante e,
este, acaba ingressando o Poder Judiciário – há violação do Princípio do Livre Convencimento do Juiz. O
STF diz mais uma vez equivocado essa justificativa: o objetivo da ADECON é o mesmo da ADI – os juízes
não podem ser contra a Suprema Corte.
O STF entende a plena constitucionalidade da Emenda nº 45 que criou a ADECON.
É necessário que haja uma controvérsia judicial relevante sobre a constitucionalidade e aplicação da
norma objeto da ação declaratória.
Legitimados: originalmente a ADECON poderia ser proposta pelo Presidente da República, pelo
Procurador Geral da República e pelas mesas da Câmara e do Senado (emenda nº 3). Hoje são os mesmo da
ADI, pois a emenda nº 45 unificou os legitimados.
O Procurador Geral da República sempre vai atuar na ADECON, seja como autor da ação ou como
fiscalizador da ação, atuando como custus legis.
Competência para Julgamento da ADECON
Uma ADECON será julgada exclusivamente no Supremo Tribunal Federal
A decisão do Supremo Tribunal Federal terá efeito ex tunc, erga omnes e vinculante a todos os
demais órgãos dos Poderes Judiciário e Executivo.
Note-se, ainda, que o STF pode julgar parcialmente procedente, ou seja, declara parte da norma
inconstitucional, ou julgar procedente a ação, declarando a constitucionalidade do ato, desde que
interpretado de determinado modo, o que é chamado pela doutrina de interpretação conforme a constituição.
Objeto: apenas lei ou ato normativo federal pode ser objeto da ADECON, sendo legitimados para
propô-la apenas os sujeitos descritos no art. 13, da Lei nº 9.868/99. Portanto não é cabível ADECON de lei
ou ato normativo estadual ou municipal, para estes cabe a ADI.
54
Lei Federal
CF → STF (art. 102, I, “a”, 1ª parte)
Lei Estadual ADI
CE → TJ (art. 125, § 2.º)
Lei Municipal
Efeitos: a ADECON tem efeito vinculante quanto a toda as pessoas, bem como todos os órgão do
poder judiciário, e da administração pública federal, estadual e municipal.
Quanto a extensão ela gera efeito ex tunc, retroagindo a data que ela entrou em vigor.
Dentro da ADECON existe um requisito interessante (art. 14, III da Lei 9.868)
- na ADECON o legitimado/autor deverá demonstrar, na petição inicial, a existência de controvérsia
judicial relevante (é a necessidade do autor da ADECON demonstrar na petição inicial, em um tópico
especifico, que em relação a lei ou ato normativo objeto da ADECON há a existência de ações em outras
instancias tratando da lei e do ato normativo de forma incidental – controle difuso de constitucionalidade – e
mais, que as decisões prolatadas nas instancias inferiores sejam conflitantes ou divergentes entre si).
AMICUS CURIAE: amigo da corte, é uma forma de intervenção de terceiro. A lei permite que
algumas pessoas possam colaborar com a ação. É o ministro relator do processo que diz se vai aceitar ou não
os amicus curiae.
Amicus curiae é o terceiro interessado que requer, que pede ao ministro relator do processo
autorização para ingressar nos autos com a finalidade de colaborar com a ação. Aceitar ou não o amicus
curiae é um ato livre, discricionário e exclusivo do relator do processo, cuja decisão monocrática (aceitar ou
não) é irrecorrível conforme descreve o § 2.º do art. 7º da Lei 9868/99.
A doutrina classifica o amicus curiae como uma modalidade de intervenção de terceiro “sui generis”.
Aula 19 → 15/04/2009
55
legitimando para a sua propositura todos os sujeitos aptos a propor a ação direta de inconstitucionalidade
(art. 103, I a IX da CF).
A Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental é cabível para se evitar e/ou reparar lesão a
preceito fundamental resultante de ato do Poder Público e quando for relevante o fundamento da
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusive os anteriores
à Constituição Federal de 88.
Objetivo: evitar que haja o descumprimento dos preceitos fundamentais, ou, dos direitos fundamentais.
É considerada como instituto bivalente, pois ora se reveste de caráter processual autônomo,
funcionando como ação sumária (argüição autônoma) tendo por objeto "evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental, resultante de ato do Poder Público", ora equivale a um incidente processual de
inconstitucionalidade (argüição incidental), cabível "quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição".
Art. 1º, caput, da Lei 9882/99: traz duas espécies de ADPF – PREVENTIVO e REPRESSIVO (essa
é a primeira grande diferença dos outros instrumentos de controle de constitucionalidade – esses não
admitem controle preventivo, somente o repressivo):
PREVENTIVA: é a forma de controle de constitucionalidade que visa evitar o ingresso no
ordenamento jurídico de ato ou situação que possa ensejar em violação de preceito fundamental. A situação
se quer existe, ela tem a possibilidade de acontecer, caso possa violar preceito fundamental.
O que é mais vantajoso? ADPF ou ADI contra lei ou ato normativo estadual? Depende da
abrangência que se quer.
57
Outra novidade: a lei, ato normativo ou ato do poder público pode ser POSTERIOR (o que ocorre
com a ADI e ADECON) e ANTERIOR à CF (ex: 1958, Lei de Imprensa – por quê viola preceito
fundamental? Pois punia pelo motivo de estar trabalhando, e isso violava o direito de informação da
sociedade – o repórter sim, precisa responder somente pelo excesso).
Na ADPF, não necessariamente se declara que a norma é INCONSTITUCIONAL, e sim, que viola
Preceitos Fundamentais.
Aula 20 → 17/04/2009
Efeitos da ADPF
A ADPF possui os mesmos efeitos da ADI e da ADECON.
Efeito erga omnes – contra todos.
Gera efeito vinculante a partir do momento que é publicada no diário oficial.
Gera efeito ex tunc, porém nem sempre é assim.
Características
Uma das características da ADPF é a subsidiariedade (secundariedade). Porque a ADPF somente terá
cabimento se para aquela questão jurídica não foi possível a ADI ou ADECON. Se for possível, a ADPF tem
que ser extinta sem apreciação do mérito.
Um ponto comum com a ADECON é que ela exige para sua propositura que o autor da ação
demonstre a existência de controvérsia judicial relevante, qual seja, a existência de controle difuso sobre o
assunto realizado nas instâncias inferiores e objeto de decisões controversas.
Por fim, a ADPF também admite a presença do “amicus curie" que é aquele terceiro estranho que
pode por decisão irrecorrível do relator do processo ingressar no feito para auxiliar na questão do mérito.
O que a ADI, a ADECON e a ADPF tem em comum?
1. Legitimados;
2. Efeitos – quanto as pessoas e quanto a extensão;
3. Admitem amicus curiae;
4. Admitem a propositura da ação contra lei ou ato normativo federal (ADPF – tem que violar preceito
fundamental e, desde que, não caiba ADI ou ADECON)
5. Podem ser propostas no STF (órgão competente para isso);
6. São indiscutivelmente formas de controle de constitucionalidade;
7. Não se admite desistir da ação proposta;
8. Não se admite intervenção de terceiro (exceto do amicus curiae);
9. O procurador geral da república, quando não for o autor da ação ele atuará como fiscal da lei, ou seja,
ele tem que dar um parecer;
58
10. Efeito ambivalente (efeito contrário do almejado pelo autor);
Legitimados: os legitimados da ADI por OMISSÃO são os mesmos dos outros controles de
constitucionalidades, ou seja, é o rol do art. 103.
Competência: é a mesma da ADI comum: se for omissão frente à lei federal – STF; se for omissão
frente à lei estadual ou municipal – TJ.
59
Quem vai figurar como pólo passivo na ADI por OMISSÃO? É a autoridade que tenha a
competência ou a incumbência para ter criado a lei (Poder Legislativo) ou ato normativo. No caso desse
último, há de se analisar mais afundo – MP - executivo, Decreto
Ex: art. 8º, §3º, do ADCT – se propõem ação contra o Congresso Nacional.
Art. 102, §2º, da CF: Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva
norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e,
em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
Poder Competente: para a adoção das medidas necessárias, que seria a criação da norma faltante.
Intima para tomar providencias, mas não dá um prazo.
A decisão do Supremo não obriga a poder competente a criar a norma, porque os poderes são
“independentes” e harmônicos entre si, logo o poder cria o ato ou lei se ele quiser. E mais: não criando, isso
não gera punição à ninguém.
Órgão da Administração: intima para tomar providencia em 30 dias, mas se não for cumprido, não
haverá nenhuma conseqüência, pois ninguém pode ser punido sem que haja prévia cominação legal;
Ex: art. 37, X, da CF: a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do
ART 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; a cada 12 meses é
necessário aumento de salário, isso não ocorre a 12 anos!
Ex: art. 37, X, da CF: salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a
suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
O STF tomou um posicionamento que, se houver ADI por OMISSÃO e o poder não fizer a norma,
fica aberto ao sujeito que se acha prejudicado, pleitear indenização, com base no art. 37, §6º, da CF.
Ele está dizendo que o poder público se responsabilizará quando causar dano a terceiros.
ART 186 do CC: Aquele que por ação ou omissão causar negligência, violar direito ou
causar dano a alguém comete ato ilícito.
60
Pode haver ADI por OMISSÃO mesmo que a lei exista? SIM. Quando a lei é mal feita, não tendo ela
poderes de aplicabilidade, não suprindo a omissão ou quando a lei precise de um decreto que a regulamente.
A lei, nesses termos, se torna impraticável.
Aula 21 → 22/04/2009
61
Quando se fala em julgar (aplicar a lei em caso concreto) se fala em Poder Judiciário. Mas pode este
poder administrar? Sim, no caso da organização da comarca e do orçamento. E quando o judiciário pode
legislar? No regimento interno dos tribunais.
O poder executivo possui função típica de administrar. Qual a função atípica de legislar? Realização
de Medidas Provisórias. E qual a função atípica de julgar? Cobrança de multas de trânsito.
No entanto aquilo que foi criado para evitar o abuso (função atípica) foi usado para, efetivamente,
cometer abuso de poder. Os cinco últimos presidentes criaram mais Medidas Provisórias do que o próprio
Poder Judiciário, por exemplo.
O que caracteriza cada poder é sua função típica e o que diferencia cada membro dos poderes são as
garantias constitucionais dadas a eles. Ou seja, existem as diferenças dos Poderes (funções que cada um
exerce de forma típica) e as diferenças dos membros dos Poderes (diferentes garantias).
Se pegarmos hoje o Brasil, essa ideologia de 1789 foi aplicada na atual Constituição. Porém,
analisando a história do Brasil, nem sempre foi assim (1822-1889; 1964).
Ao longo do estudo, vamos perceber que essa tripartição não é o melhor modelo. Quando analisamos
o G8 (oito mais ricos do mundo) somente um é tripartite, os EUA.
62
No âmbito federal há a competência de ordem geral (leis criadas pelo Congresso Nacional – sistema
bicameral = Senado e Câmara); no âmbito estadual há a competência regional (leis criadas pela Assembléia
Legislativa – sistema unicameral); no âmbito municipal há a competência local (leis criadas pela Câmara de
Vereadores – sistema unicameral).
Âmbito Federal
A primeira questão que surge é se existe hierarquia entre as casas do Congresso Nacional (Câmara
dos Deputados e Senado Federal). É preciso analisar de qual ponto de vista se fala.
Do ponto de vista legal, constitucional, a resposta é NÃO – não existe nenhuma lei ou dispositivo
legal que deixa transparecer que está ou aquela casa possui plano hierárquico diferente, então as duas casas
estão no mesmo plano hierárquico. Entretanto, para a doutrina, se fosse forçar a situação, a Câmara dos
Deputados seria a mais importante, pois, no exercício de sua função típica, ela tem o poder, a competência
de em primeiro lugar analisar o projeto (fazer emendas e arquivar, sem que o senado opine).
Qual o motivo da criação bicameral? Da criação do Senado? Para se manter o equilíbrio federativo.
Com a criação do Senado, cada Estado deverá ter 3 representantes, ou seja, não se leva em consideração o
tamanho da população. Enquanto o Estado do Amapá tem 8 Deputados Federais, São Paulo tem 70. No caso
de Senadores, há 3 para cada Estado. Sendo assim, o sul e o sudeste possuem mais Deputados Federais,
porém menos Senadores com relação as outras regiões. Esse desequilíbrio é o próprio equilíbrio federativo.
Isso acaba gerando certa politicagem na relação entre as Casas do Congresso, que acaba criando “currais
políticos”.
Aula 22 → 24/04/2009
Art. 57 da CF.
Regra Geral: a Câmara executa os primeiros atos e o Senado revisa;
Regra Geral: as Casas trabalham separadas; EXCEÇÃO: podem trabalhar juntas – taxativamente
prevista na Constituição Federal (art. 57,§3º, da CF, ART 3º do ADCT).
Vigora-se o princípio da oralidade dentro das casas. O presidente sempre convoca a sessão, encerra,
abre, coloca em pauta ou em votação e encerra.
A Constituição Federal não permite férias se não estiver votada a lei de diretrizes e a lei plurianual,
que são as leis que tratam de todos os gastos (art. 57, §2º, da CF).
Quórum
Quando olhamos a CF, em várias passagens ouvimos falar em QUÓRUM DE VOTAÇÃO (aquele
necessário para a aprovação do assunto discutido). Nossa Magna Carta aceita dois tipos:
QUÓRUM COMUM: é chamado de maioria simples ou relativa. Representa 50% + 1 inteiro dos
presentes, desde que presentes metade da casa.
Ex: votação de lei ordinária no Senado (81 senadores) – são todas as leis que tem números grandes
(art. 47 da CF). Para a votação no senado, são necessários 41 senadores da república; destes 41, é preciso
que 21 senadores aprovem a lei.
Na câmara dos Deputados há 513 deputados, ou seja, é preciso 257 parlamentares no plenário.
64
Art. 66, §4º da CF: quando envolver o Congresso Nacional, é necessário levar em consideração
individualmente a Câmara dos Deputados e o Senado Federal (cuidado com o cálculo matemático). Na
sessão unicameral, levar-se-á em consideração o voto bicameral.
Aula 23 → 29/04/2009
SISTEMA SIMPLES: se aplica nas eleições do Executivo em turno único e na eleição para senador;
SISTEMA PROPORCIONAL
Pelo sistema proporcional considerar-se-á eleito nas eleições para o Legislativo (excluído os
senadores) não necessariamente o candidato que obteve o maior número de votos nessa eleição, mas sim
aquele que obteve o maior número de votos no partido desde que o partido tenha atingido quantidade de
votos suficientes (quociente eleitoral) e tenha direito ao preenchimento de cadeira.
65
1. É preciso saber o número de votos válidos. Votos válidos são todos aqueles votos contados,
excluídos os votos brancos e os votos nulos.
Ex: eleição municipal – PP, 230 mil habitantes e 150 mil eleitores. Supunhetemos que votaram
somente 138 mil eleitores. Desses, votaram nulo 7 mil eleitores e votaram em branco 5 mil. Para o direito,
votos válidos são todos aqueles votos, excluídos os brancos e nulos. Nesse caso, os votos válidos são 126 mil.
A B C D E F
I 7600 (*) 5000 11000 (*) 4800 (*) 8700 4800 (*)
II 6700 (*) 4800 6700 (*) 3850 300 4332
III 5700 3700 1500 2000 230 3780
IV 4500 2850 350 980 120 2890
V 1500 1230 280 770 40 1070
VI 970 100 20 40 15 870
Soma 26870 17705 19850 19858 12440 17742
A B C D E F
Candidatos 26870 17705 19850 19858 12440 17742
Legenda 20 25 8 13 18 29
TOTAL 26990 17730 19858 12453 9423 17771
/9692 2,78 1,82 2,04 1,28 0,97 1,83
Cadeiras 2 1 2 1 1
66
O STF diz que numa eleição, a cadeira não é do candidato, é do partido. Portanto, se o indivíduo se
desfiliar (sair) do partido ele perde o mandato (fidelização partidária).
Quando que o indivíduo sai do partido e não perde o mandato? Duas hipóteses:
• Quando o indivíduo é expulso do partido;
• Quando o parlamentar pede para desfiliar-se alegando perseguição do próprio partido.
Não necessariamente o indivíduo que tem mais votos é o eleito. É necessário maior número de votos
tanto do candidato como do partido.
SENADO FEDERAL
No Senado Federal estão os representantes dos Estados, onde cada Estado no Brasil e mais o Distrito
Federal, possui três membros totalizando 81 Senadores da República eleitos pelo voto direto para um
mandato de 8 (oito) anos podendo ser reeleito subseqüentemente (não existe limite de reeleição) quantas
vezes for necessário, devendo preencher os seguintes requisitos:
1) Ser brasileiro nato ou naturalizado ou português equiparado;
2) Ter no mínimo 35 anos de idade na data da posse;
3) Ter domicílio eleitoral no Estado em que ele ocorrerá
O senado é o único cargo eletivo no Brasil em que alguém pode a ele chegar e lá permanecer em
definitivo com todas as garantias e prerrogativas sem ter recebido nenhum voto sequer. Com cada senador
eleito, se elegerão 2 suplentes – art. 46, §3º, da CF – que pode ser quem o senador quiser, obedecendo os
requisitos acima; o suplente tem que obedecer os requisitos do titular.
Isso é um absurdo: uma pessoa, sem nenhum voto, pode ser presidente da república, lembrando que a
ordem é Vice-Presidente, Presidente da Câmara, Presidente do Senado.
Aula 24 → 06/05/2009
Mandato Contínuo
Apesar dos senadores serem eleitos para uma mandato de 8 anos, a eleição para Senador é a cada 4
anos. Na realidade, não se vota em todos os senadores, faz-se uma modificação parcial do senado. A eleição
é sempre de forma alternada a cada 4 anos de 1/3 e 2/3. Nunca há uma mudança completa de todos os
membros do Senado.
67
Art. 46, §§, da CF: “sistema majoritário” – a questão é: qual o sistema que se adota? Majoritário,
simples ou absoluto? SIMPLES, pois é a regra mais simples que existe: vence a eleição o mais votado.
Art. 33 da CF: pra que esse dispositivo se não temos territórios no Brasil? Quer dizer que é possível
a criação de novos Territórios no Brasil. Mas, se for criado tal, terá 4 novos deputados federais mas,
nenhuma nova cadeira para senador, pois Território não é considerado estado.
Mesas
MESAS: do Senado, da Câmara e do Congresso. É o principal órgão de cada uma das casas; é o
órgão máximo de cada uma das casas. Como é sua composição? É composta de 7 membros, sendo 1
presidente, 2 vice-presidentes e 4 secretários.
Câmara e Senado:
Como ocorre a eleição dos membros? São eleitos pelo voto direto de seus pares (pessoas iguais) para
um mandato de dois anos sendo impossibilitada a reeleição para a legislatura subseqüente, mas sendo
possível a sua recondução a qualquer outro cargo da mesa.
Ex: ele é eleito para presidente, passado dois anos, pode se candidatar a vice ou secretário – o que
não pode é ser presidente em duas candidaturas.
Para que o presidente se eleja, ele precisa ter a maioria ABSOLUTA dos votos. O vice-presidente
nunca pode se tornar presidente, somente interinamente. Se ocorrer algo com o presidente (renúncia, morte)
o vice se torna presidente e desde logo convoca eleições para presidente OU se ocorrer afastamento
temporário, o vice assume até a volta do presidente.
68
É possível concluir que todos os membros que ocupam cargo na mesa do congresso nacional também
são membros da mesa de sua respectiva casa e no mesmo cargo. Entretanto, nem todos os membros da mesa
são membros do congresso (ex: presidente da câmara).
O presidente da casa, além de ganhar mais, é o que da a última palavra sobre discussões de projeto no
Congresso.
Comissões
São órgãos que tem por finalidade emitir parecer ou realizar estudos sobre determinado assunto. A
Constituição Federal prevê 4 tipos de comissões:
1) COMISSÕES MISTAS: todas as vezes que, juntamente com a palavra comissão se encontrar
com a palavra “mista”, é comissão do Congresso (ex: art. 166, §1º, da CF). São as comissões que se
formam de Deputados e Senadores, a fim de estudarem assuntos expressamente fixados,
especialmente aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de suas
Casas. Podem ser permanentes ou temporárias.
3) COMISSÕES TEMPORÁRIAS: são aquelas comissões criadas para atuarem durante certo
período de tempo e efetuar estudo e dar parecer sobre determinado assunto ou questão previamente
fixados (ex: CPI). Esgota seu trabalho quando consegue concluir dentro do prazo fixado pela lei,
quando esgotado o prazo de sua duração ou quando esgotou ou cessou o mandato do parlamentar.
Aula 25 → 08/05/2009
69
Art. 58, §3º, da CF: além da função típica de legislar, o Poder Legislativo têm a função atípica de
investigar e fiscalizar.
Criar uma CPI é diferente de instalar. Primeiro é preciso criar, depois instalar. A CPI é criada
mediante requerimento, requerimento este que deve estar assinado por 1/3 da Casa que pretende criar. Este
requerimento é encaminhado para a Mesa. Com a assinatura de 1/3, não é preciso levar a discussão para o
plenário; no entanto se não tiver os 1/3, no requerimento tem que ser solicitado para ser levado à discussão
no plenário. No plenário, tem que haver a aprovação de maioria (simples) da casa. No requerimento também
tem que constar fato determinado, o fato que vai ser investigado; a jurisprudência do STF diz que fato
determinado tem que ser fato de interesse público que cause relevância pública, pois nem tudo que é de
interesse público tem relevância pública, às vezes interesse público é mera especulação. Este fato
determinado tem que ser um fato de interesse público que cause relevância pública (para a própria
coletividade ou ao erário público).
Requerimento:
1/3;
Fato determinado;
Por prazo determinado;
Exemplo de caso de interesse público sem relevância – histórias de artistas que saem com outros
artistas; Adriane Galisteu está saindo com Deputado Federal.
Exemplo de caso de interesse público com relevância – Adriane Galisteu está saindo com Deputado
Federal sendo que este paga as visitas dela com dinheiro público.
Quando se fala pública é porque não envolve questão de ordem privada.
O prazo máximo da CPI é de 120 dias, mas antes do término do prazo ela pode ser prorrogada por
metade do período (60 dias). Não pode ser no último dia, tem que ser antes. Um requerimento para
prorrogar. A CPI pode ser prorrogada quantas vezes quiserem, porém não se passa uma CPI de uma
legislatura para outra.Observação:
1) O pedido de prorrogação tem que ser feito antes do 120º dia;
2) Podem ser prorrogadas indefinidamente, quantas vezes for necessário;
3) O prazo não é infinito, ou seja, não caberá mais pedido de prorrogação quando cessar o mandato
dos parlamentares.
A Câmara dos Deputados especifica que não pode haver mais do que 5 CPIs trabalhando ao mesmo
tempo pois há um mínimo de deputados participantes.
Instalação da CPI
Primeiramente escolhe-se os membros. Desses membros escolhidos, escolhe-se o Presidente.
70
E se os Partidos não indicarem nomes? É preciso respeitar o pluripartidarismo e, neste caso, o
presidente da casa pode aleatoriamente escolher quem vai, aí o parlamentar é obrigado a ir. Entretanto, ir não
significa trabalhar.
Mesmos direitos da autoridade judicial. O que significa isso? Semelhante a de um delegado de polícia
tem para investigar, com um pouquinho mais de poder. É um certo poder intermediário. Obrigatoriamente, é
preciso se respeitar o princípio da primazia da jurisdição também chamado de princípio da reserva constitucional.
O que uma CPI NÃO PODE, mesmo exercendo função investigatória?
• Autorizar busca e apreensão do domiciliado;
• Decretar prisão de qualquer espécie;
• Autorizar interceptação telefônica;
• Determinar a condução coercitiva de pessoas;
• Exigir documentos que coloque em risco à segurança nacional. (exemplo – forças armadas)
Tudo o que a CPI não pode fazer, ela pode fazer um requerimento judicial solicitando a força
coercitiva do Estado. Essa solicitação é feita para uma autoridade judicial de uma das varas criminais.
Uma vez realizado os trabalhos da CPI, faz ela uma conclusão. Esta tem que ser lido e aprovado em
plenário. Aprovado em plenário, se baixa um decreto legislativo de aprovação.
A remessa ao MP, no final do §, é obrigatória? NÃO, só encaminhará se for necessário.
Encaminhando para o MP, ele está obrigado a promover ação? NÃO, ele promove a ação dentro do seu livre
convencimento. A comissão pode mandar cópia dos autos para outras autoridades, além do MP? PODE, na
realidade, a CF disse menos que deveria – os membros da comissão podem enviar para qualquer autoridade.
71
Lei 10.001/2000, art. 2º: a autoridade que receber cópia dos autos da CPI deverá, em um prazo de 30
dias contado do recebimento dos autos, informar a comissão parlamentar do inquérito quais foram as
medidas adotadas justificando-as, sob pena de responsabilidade. Se os autos se transformarem em processo
(judicial ou administrativo), a autoridade que presidir os autos/processo deverá informar semestralmente em
que situação jurídica se encontram os autos/processo.
Pra que se criou esse procedimento? Para evitar o engavetamento de processo. Na prática, isso não
funciona.
Qualquer pessoa que comparecer diante de uma CPI para ser ouvida poderá estar acompanhada de
advogado (Lei 10.679/2003 que acrescentou o §2º no art. 3º da Lei 1579/52 – Lei da CPI).
Aula 26 → 13/05/2009
1. Da Imunidade Parlamentar
Existe em função do trabalho do parlamentar, e não da pessoa do parlamentar.
As imunidades parlamentares dentro das prerrogativas constitucionais são consideradas as mais
importantes, pois estão diretamente relacionadas com o exercício da função, ou seja, com a prática do ato
parlamentar. As outras estão relacionadas como ser parlamentar.
72
ligado ao exercício da função de parlamentar. Não precisa ser dentro do parlamento. Se ele não estiver
acobertado por este imunidade, ele responderá pelo crime na justiça comum, sem privilégio de foro.
Quando se fala em “quaisquer palavras e votos”, qual a amplitude disso? Apesar de ser ABSOLUTA,
não é absolutíssima. Será absoluta se estiver ligada ao exercício da função parlamentar. O fato de se
apresentar como parlamentar não quer dizer que ele está exercendo função parlamentar.
Ex: parlamentar que da “carteirada” para assistir em um jogo de futebol. Lá, ele encontra um
parlamentar que é seu desafeto, e fala mal deste. Não se estende, nesse caso, sua imunidade. Pode sofrer
processo crime e ainda ser condenado a pagar indenização.
Ex: os parlamentares, na investigação de controladores de vôo, se deslocam para a sede dos
controladores, fora do parlamento. Lá, comete abuso contra uma das pessoas. Ocorre que, neste caso, a
imunidade parlamentar mata toda e qualquer possibilidade de investigação criminal.
Porém, essa questão tem que ser analisada com reservas. Não podem civil e penalmente, mas podem
ser eles punidos administrativamente!
Ex: o caso do Roberto Jeferson. Estava ele acobertado pela Imunidade Parlamentar? NÃO, dentro da
casa, ele não estava acobertado. E mais, ele falou que o Presidente era “malandro” e que sabia de tudo. Mas,
não foi processado, pois, civilmente e penalmente, estava protegido pela imunidade.
No frigir dos ovos, estava o parlamentar ou não no exercício de sua função? Assim é possível ver se
estava ou não permeado por imunidade parlamentar.
Art. 29, VIII, da CF: no caso do Vereador, a grande maioria dos municípios, o vereador tem duplo
emprego: a função de vereador e outra atividade. Quando o vereador esta exercendo a função particular dele,
não está acobertado pela imunidade parlamentar. “Circunscrição do município”; e se o vereador vai dar uma
entrevista fora da circunscrição do município, ele está acobertado pela imunidade? A questão é de onde
partiu a entrevista? Se a entrevista partiu da área geográfica dele, está sim acobertado. O vereador tem
imunidade parlamentar nas funções e nos limites geográficos do município.
O indivíduo pode extrapolar os limites e, não poderá ser responsabilizado. Também não pode haver
impunidade absoluta. Se eu ataco um colega interno, ferindo sua intimidade, na sua vida privada, de tal
forma que não tem nada a ver com função pública, isso é falta de decoro parlamentar (qualquer ato que não
condiz com a função pública) e gera improbidade administrativa.
Art. 37, §6º, da CF: a pessoa jurídica de direito público responderá caso qualquer agente seu cause
dano a terceiro, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O ato de um servidor ou agente da administração que causar dano a terceiro poderá ser objeto de ação
contra a pessoa jurídica representada.
A segunda parte do artigo diz que, a fazenda pública pode se voltar contra a pessoa que causou o ato.
ENTRETANTO, isso é um conflito de normas se envolver parlamentar que usou seu direito de opinião,
73
palavra ou voto – entre a geral e a especial, prevalece à especial (art. 53, 29, da CF). Aplica-se, então,
somente a primeira parte do referido artigo.
Aula 27 → 15/05/2009
Regra 1
Quando o parlamentar praticar fato, antes dele ser diplomado, com a diplomação o processo será
remetido para o foro privilegiado. No caso dos Deputados Federais e Senadores, STF; se for Deputado
Estadual, TJ do Estado referente.
Chegando o processo ao Tribunal, ele oficia para a casa do parlamentar informando a casa de que o
parlamentar está sendo processado, sendo que o processo, então, continua tramitando – o judiciário tocará o
processo normalmente.
Regra 2
Se ele pratica o crime depois da diplomação, o processo já vai para foro privilegiado. Uma vez
iniciado o processo, o que o judiciário vai fazer: vai notificar a casa dele informando que ele está sendo
processado. Quem recebe esse ofício? A Mesa da Casa, e faz a leitura deste ofício no plenário da casa. Uma
vez lido, qualquer partido que tenha representação na casa poderá apresentar um requerimento a mesa
solicitando a suspensão do processo. Este requerimento deverá ser lido no plenário. De posse deste
requerimento o plenário deverá em até 45 dias votar este requerimento.
O que acontece se não for votado até esse limite? No 46º dia, obrigatoriamente tem que constar na
pauta, impedindo outros trabalhos. No plenário, se por maioria SIMPLES ou relativa ele for aprovado, a casa
então determina a suspensão do processo, este estará então suspenso. O TJ receberá um ofício da Casa
Legislativa comunicando que a casa por maioria de seus membros determinou a paralisação do processo.
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Deverá ser este então obrigatoriamente parado, até que o parlamentar deixe o cargo. Quando ele deixar o
cargo acontece duas coisas: volta o processo a andar e volta o processo a vara comum.
Art. 53, §§2º, 3º e 4º, da CF.
A grande crítica que a doutrina faz é que, ele não fala no artigo, em que tipo de crime pode suspender
o processo – independente do crime, qualquer processo pode ser paralisado. Isso revela grande imoralidade.
Das Prisões
Art. 53, §2º, da CF: desde a diplomação, os membros do Congresso Nacional e da Assembléia
Legislativa, não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de 24hrs a casa à Casa respectiva, para que, pela maioria de seus membros, resolva a
questão.
Pode ser preso? SIM, por crimes inafiançáveis. Mas quais são esses crimes? Não cabe fiança nos
crimes dolosos cuja pena mínima é igual ou superior a três anos.
Tipo de crime que não pode ser preso em flagrante: estelionato, furto simples, furto qualificado,
induzimento ao suicídio, lesão corporal leva e grave, disparo de arma de fogo, etc. Pode ser preso em
flagrante quando: crime hediondo, roubar, extorsão mediante seqüestro.
Qual a autoridade que irá presidir o flagrante? Delegado ou juiz. Deverá, em 24hrs remeter os autos
do flagrante para a Casa respectiva. 24hrs contadas do que? Contadas a partir do término do flagrante.
Quando termina o flagrante? Com a entrega de nota de culpa ao preso.
Tendo entrado na Casa, a mesa comunica o plenário formalmente para dizer da prisão. Os autos são
remetidos para a procuradoria da Casa para que o advogado da Casa de um parecer sobre a questão – “é ou
não caso de flagrante”?
O que é flagrante? Os casos de flagrante estão nos arts. 301 e 302 do CPP. A Casa então,
simplesmente, poderá opinar ou decidir sobre a prisão. Pode expedir alvará de soltura se entender que não
foi flagrante. Resolver sobre a prisão quer dizer se confirma ou se afasta a prisão em flagrante. Essa decisão
do legislativa NÃO PODE SER REVISTA PELO PODER JUDICIÁRIO.
Entre o §2º e o 3º do art. 53 da CF, há um vácuo jurídico: não se fala em inquérito. A doutrina
entendeu que o parlamentar responde o inquérito – este último pode ser tocado normalmente. A não ser que
o parlamentar esteja com imunidade parlamentar absoluta.
E prisão civil, pode? NÃO PODE SER PRESO, salário não pode ser penhorado, exceto, para
alimento – o juiz bloqueia a conta do parlamentar.
2. Foro Privilegiado
Para Deputados Federais e Senadores será no STF (art. 53, §1º, da CF); para Deputados Estaduais
será nos TJ dos respectivos estados. Que tipo de assunto será julgado no Supremo? No caso de ação de
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alimentos, por exemplo, será interposto no Supremo? Até onde vai foro privilegiado? NÃO EXISTE FORO
PRIVELEGIADO PARA INVESTIGAÇÃO CIVIL, somente penal. Então, toda questão civil será feita na
justiça comum.
No caso do Deputado Estadual é importante observar que ele leva consigo o foro privilegiado. O que
isso quer dizer? Sempre será julgado pelo Tribunal respectivo do seu Estado nos casos criminais.
O parlamentar pode então, ter foro privilegiado, mas não ter imunidade processual, pois tudo vai
depender se ele praticou o crime antes (tem privilégio de foro, mas não tem imunidade) ou depois da
diplomação (tem ambos).
O parlamentar não pode renunciar a esses privilégios, pois o privilégio não é da pessoa física e sim
do cargo – não cabe ao parlamentar renunciar seus privilégios
Aula 28 → 20/05/2009
Quantas vezes já se ouviu falar sobre deputados que renunciaram para não serem cassados? Art. 55,
§4º, da CF. O parlamentar que sofre contra si processo de cassação ou que sofre contra si processo que pode
levar a cassação, poderá renunciar ao mandato até que a comissão processante protocole na mesa diretora da
Casa o relatório final (conclusão) do trabalho. Se o parlamentar apresentar o pedido de renúncia após os
dados acima mencionados, o seu pedido é recebido mas dado efeito suspensivo (a casa não aceita a renúncia
naquele momento), devendo ele a guardar o encerramento do processo.
O que acontece se ele renuncia ao mandato antes do protocolo? Se ocorrer a renúncia do mandato
antes do protocolo da conclusão final, o processo administrativo estará automaticamente e definitivamente
arquivado – mesmo que venha posteriormente ser eleito, o processo não pode abrir mais. Porém, isto não
impede que ele venha ser processado civilmente e criminalmente. Caso haja o protocolo da conclusão,
deverá o parlamentar aguardar o julgamento do processo. Neste caso, poderá ocorrer as seguintes situações:
2- Se for absolvido: o processo é arquivado, mas, se apresentou o pedido de renúncia ele sai. É
possível concluir que, depois do protocolo de conclusão, é burrice pedir a renúncia. O pedido de
renúncia é irretratável.
Impedimentos Funcionais
Art. 54, I, “b” – funções “ad nutum” significa que não há direito a nada. A partir do momento em
que ele é diplomado, não pode ele aceitar um cargo que pode ser demitido ad nutum.
Art. 54, II, “b” – no dia da posse, o parlamentar terá que sair do cargo “ad nutum”.
Impedimentos Negociais
Art. 54, I, “a” – desde a diplomação, não pode firmar contrato com órgãos públicos.
Art. 54, II, “a” – desde a posse não pode ser proprietário, controlador ou diretor que participa de
uma licitação pública – a empresa dele não pode concorrer com ele no cargo da empresa.
Impedimentos Políticos
Não pode desde a diplomação, dois cargos públicos eletivos. Ex: deputado federal e estadual ao
mesmo tempo. Desde a posse pois, durante o exercício do mandato, pode ele se eleger a outro mandato.
Impedimentos Profissionais
Art. 54, II, “c” – quando falar em patrocinar, é patrocinar a favor ou contra – não pode receber,
duplamente, honorário da administração pública.
Ex: uma prefeitura municipal autua uma empresa num valor tributário milionário. Esta, vai em SP e
contrata um advogado para entrar com ação anulatória. Mas este advogado é também deputado federal. É
possível contratar? NÃO PODE.
Aula 29 → 22/05/2009
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