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PORTUGUÊS
11.º ano
Poesia Trovadoresca
• Tempo: entre finais do século XII e meados do século XIV (época do nascimento das
nacionalidades ibéricas e da Reconquista Cristã).
• Espaço: reinos de Leão e Galiza, reino de Portugal, reino de Castela.
• Produtores/agentes: trovadores e jograis (reis, filhos de reis, nobres, burgueses,
clérigos, elementos do povo).
• Língua: galego-português.
• Cancioneiros:
escrita – Cancioneiro da Ajuda
– Cancioneiro da Biblioteca Nacional
– Cancioneiro da Vaticana
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II. Representações de afetos e emoções
Origem Provençal
Autor Trovador
Sujeito poético Trovador
Objeto A «senhor»
Sentimentos Amor (coita de amor), saudade, nostalgia
Ambiente Palaciano
Tema - As cantigas de amor são composições poéticas, em que o trovador apaixonado presta
vassalagem amorosa à mulher como ser superior, a quem chama a sua «senhor»;
- Nas cantigas de amor, é no ambiente aristocrático que podemos entrever a aspiração
do trovador a uma mulher inatingível, a «senhor», que, por vezes, é casada ou de
condição superior. Por isso, o trovador coloca-se numa posição submissa de
vassalagem, evidenciando a coita (sofrimento) e prometendo amor à sua «senhor». A
cantiga de amor expressa, geralmente, um código amoroso artificial, baseado numa
relação de vassalagem característica da sociedade feudal. O homem assume uma
atitude de inferioridade face à mulher amada, elevando as qualidades femininas ao seu
expoente máximo, criando um elogio cortês.
- A coita de amor é a hiperbolização do sofrimento de amor que o sujeito masculino
exprime na cantiga de amor, perante a não correspondência amorosa da sua dona.
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As cantigas de escárnio e maldizer: a paródia do amor cortês e a crítica de costumes
Cantigas de escárnio Cantigas em que o trovador troça de uma determinada pessoa indiretamente,
recorrendo ao duplo sentido e à ambiguidade das palavras, à ironia, à alusão e à
sugestão jocosa.
Cantigas de maldizer Cantigas em que o trovador ridiculariza determinada pessoa de forma direta, criticando
situações de adultério, amores interesseiros ou ilícitos, entre outros.
Sujeito poético Na poesia satírica, os trovadores satirizam o amor cortês e as mesuras a que ele
obrigava, retratam aspetos particulares da vida da corte e especialmente da boémia
jogralesa, a pobreza envergonhada de alguns nobres, a avareza de alguns ricos-
-homens, o fingimento da morte de amor nas cantigas de amor, entre outros temas
que possibilitavam a ridicularização individual e social.
Tema As cantigas de escárnio e de maldizer versam temáticas diversas da atualidade
medieval, nomeadamente a crítica de costumes. A paródia ao amor cortês concretiza-
se nestas composições na sátira à morte de amor e na crítica à hiperbolização das
qualidades da mulher amada.
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III. Espaços medievais, protagonistas e circunstâncias
Os espaços privilegiados na cantiga de amigo estão geralmente relacionados com o quotidiano rural: a ida à
fonte, ao rio, à romaria. Na cantiga de amor, privilegia-se o ambiente da corte.
Os protagonistas das cantigas de amigo são a donzela e o amigo. Há geralmente referências a outros
intervenientes como a mãe, as amigas, as irmãs. Na cantiga de amor, o sujeito masculino e a dona ou senhor são os
protagonistas.
O universo da cantiga de amigo gira à volta dos anseios amorosos das jovens donzelas. Na cantiga de amor,
o homem presta vassalagem amorosa à sua dona, elogiando-a de forma exagerada.
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O paralelismo
verso A
Paralelismo Estrofe 1 verso B
refrão
(cantigas de 1.º par ▪ No par de dísticos, os versos de
amigo) verso A’ cada estrofe repetem-se,
Estrofe 2 verso B’
refrão alterando-se apenas as palavras
finais, em posição de rima
verso B
Estrofe 3 verso C
refrão
2.º par
verso B’ ▪ O último verso de cada estrofe
Estrofe 4 verso C’ é o primeiro verso da estrofe
refrão
correspondente no par seguinte
verso C
Estrofe 5 verso D
refrão
3.º par
verso C’
Estrofe 6 verso D’ Adaptado de SARAIVA, António José, e LOPES, Óscar, 2005. História
da Literatura Portuguesa. 17.ª ed. Porto: Porto Editora (pp. 48-50)
refrão
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POESIA TROVADORESCA EM EXAME
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2013 | 734 | 1.ª FASE
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GRUPO I
2017 | 734 | 2.ª FASE
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Esto fez el por u a sa senhor
que quer gram bem; e mais vos ém diria:
10 por que cuida que faz i maestria,
enos cantares que fez, á sabor
de morrer i e des i d’ar viver;
esto faz el, que x’o pode fazer,
mais outr’omem per rem nono faria.
NOTAS
á sabor / de morrer i e des i d’ar viver (versos 11-12) – tem gosto em morrer neles e depois voltar a viver.
ém (verso 9) – isso (o assunto).
faz i maestria (verso 10) – nisso mostra grande talento.
nono (verso 14) – não o.
per rem (verso 14) – por coisa nenhuma.
por se meter por mais trobador (verso 4) – para se mostrar melhor trovador.
qual oj’el á, pois morrer, de viver (verso 23) – que ele hoje tem, que é o de viver depois de ter morrido.
queno (verso 21) – quem o.
2. Refir de que modo a crítica inicial é desenvolvida na segunda e na terceira estrofes, destacando dois
a
aspetos relevantes.
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