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CLAUDIO MOREIRA

Guia Prático
de Escrita
Acadêmica
O PA S S O A PA S S O PA R A VO C Ê E S C R E V E R
PA P E R S , A R T I G O S C I E N T Í F I C O S E
MONOGRAFIAS
CLAUDIO MOREIRA

Guia Prático
de Escrita
Acadêmica
O PA S S O A PA S S O PA R A VO C Ê E S C R E V E R
PA P E R S , A R T I G O S C I E N T Í F I C O S E
MONOGRAFIAS
Copyright © 2020 by Claudio Moreira/Claudio Academy
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer
meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, sem a
autorização expressa do autor ou seus representantes legais (Lei no 9.160/1998).

Edição e Revisão de Texto


TotalTexto Comunicação

Revisão Final
Claudio Moreira

Diagramação
Erika Woelke | Canal 6 Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M838g Moreira, Claudio


1.ed. Guia prático de escrita acadêmica: o passo a passo para
escrever papers, artigos científicos e monografias / Claudio
Moreira. – 1. ed. – São Paulo: Claudio Academy, 2021.
162 p.; 21 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-00-15755-0  (impresso)
ISBN 978-65-00-15754-3  (e-book)

1. Redação acadêmica. 2. Redação técnica. I. Título. II. Série.

CDU-001.8
CDD-808.06

Rua Alzira Alves de Carvalho, 140 Casa 1 — Jd. Casa Grande


CEP 18.211-010 Itapetininga, SP
Fone: +55 15 9 9173 8510
e-Mail: contato@claudioacademy.com.br
Site: www.claudioacademy.com.br
“O primeiro passo é sempre o mais difícil.”
Autor desconhecido

“Um bom estilo deve primeiro ser claro.”


Aristóteles

“Não preciso saber tudo, só preciso saber


onde encontrar.”
Atribuído a Albert Einstein
In memoriam
Joselina Moreira
João Sousa,
meus pais

Para
Mauro Sousa
Marcos “Bob” Benassi
Rosemary Neves
Sumário

Agradecimentos11

Apresentação13

Parte 1 — Fundamentos e Técnicas de Estudo


1. O Que é Ciência 19
1.1. Mito e Religião 20
1.2. Filosofia e Ciência 22
1.3. Classificação das Ciências 23
1.4. Teorias Científicas do Mundo 24

2. Conhecimento, Indução e Dedução 27


2.1. Fontes do Conhecimento 27
2.2. Indução e Dedução 30

3. Método Científico: Conceitos Básicos 33


3.1. Método Científico 33
3.2. Questão 34
3.3. Hipótese 35
3.4. Experimento 35
3.5. Avaliação 36
3.6. Conclusão 36

4. O Texto Científico 39
4.1. Definição de texto científico 39
4.2. A linguagem 39
4.3. O formato 40
4.4. A publicação 40
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 43
5.1. Fichamento 43
5.2. Resumo 45
5.3. Resenha 46
5.4. Ensaio 47
5.5. Paper 49
5.6. Artigo de Conferência 49
5.7. Artigo Científico 51
5.8. Monografia 52
5.9. Dissertação e Tese 53

6. Como Estudar e Fazer Anotações 55


6.1. Tipos de estudo 55
6.2. Como ler um texto 58
6.1. Como fazer o fichamento de um texto 59
6.2. Como fazer o resumo de um livro 61
6.3. Como tomar notas durante a leitura 63

7. Onde Encontrar Fontes  65


7.1. Tipos de fontes e onde encontrar 65
7.2. Como compilar a bibliografia básica 68
7.3. Pesquisa online 69

Parte 2 — O Processo de Escrita


8. Paper: o passo a passo 75
8.1. O que é um paper 75
8.2. A estrutura 75
8.3. O passo a passo 76

9. Artigo Científico: o passo a passo 87


9.1. O que é um Artigo Científico  87
9.2. Estrutura do Artigo Científico 88
9.3. Como escolher o tema  88
9.4. Pergunta de pesquisa 90
9.5. Como reunir fontes bibliográficas 91
9.6. Como fazer a revisão de literatura 93
9.7. O processo de redação 95
9.8. Escrevendo as seções 97

10. Monografia: o passo a passo 115


10.1. Ciclo da pesquisa 115
10.2. Observação de fenômenos e escolha do tema 117
10.3. A estrutura de uma Monografia 119
10.4. O Título 120
10.5. O Resumo e o Abstract120
10.6. As Palavras-chave e as Keywords122
10.7. Escrevendo os capítulos da Monografia 123

Parte 3 — Questões de Estilo e Apresentação


11. As 5 características da Boa Escrita Acadêmica 139
11.1. A boa escrita acadêmica 139
11.2. As características  140

12. Como Apresentar seu Trabalho 143


12.1. As normas ABNT 143
12.2. O Manual de Estilo da Faculdade 145
12.3. Fontes e Plágio 145

13. Indicação de Leitura 147


13.1. Livros de Metodologia Científica 147
13.2. Livros de Normalização Textual 148
13.3. Livros de Técnicas de Redação 149

Bibliografia  151

Modelos153
A. Paper 153
B. Artigo Científico 154
C. Monografia 156

Glossário de Termos Científicos  159


 11

Agradecimentos

Várias pessoas contribuíram para que este livro fosse escrito e mere-
cem ser lembradas aqui. A limitação de espaço não permite, porém, que eu
mencione o nome de todas elas. Queria, no entanto, agradecer em especial:
Rodrigo Seno, que apoiou minhas ideias desde o começo até que elas
tomassem a forma deste livro. Seus conselhos e comentários foram muito
úteis ao longo do processo.
Rosana Cyrineu, que criou as condições ideais para que eu pudesse
escrever.
Lauro Martins, que esteve ao meu lado em momentos difíceis e
soube, com inesgotável paciência, me ajudar a reencontrar o caminho da
tranquilidade.
Janete Cattan Sayeg e José Vicente Contatore, que investiram em meu
futuro quando eu mesmo já havia desistido.
Guilherme Sztrajtman, que acreditou que eu poderia me reinventar
profissionalmente.
Jesus Aldama, que mais de uma vez me lembrou o ditado de São
Gregório Magno, que diz: “Não é aos saltos que se sobe uma montanha, mas
a passos lentos”.
Yuri Regis, que contribui com insights, comentários e sugestões.
Bob Almeida, que ofertou tempo e recursos para que meu trabalho não
parasse.
Rogenir Costa, que interrompeu seus afazeres mais de uma vez para me
ajudar a lidar com minhas dúvidas.
Um último reconhecimento é devido às pessoas que contribuíram para
a produção deste livro, fazendo doações financeiras. A generosidade delas
tornou possível a realização de um sonho.
Muito obrigado a todos.
 13

Apresentação

Escrever bem é uma habilidade valorizada em todas as áreas da vida,


mas em algumas ela é essencial. É o caso da escrita acadêmica, que precisa
seguir um conjunto de normas para ser aceita por professores, bancas exa-
minadores e jornais e revistas de divulgação científica.
A escrita acadêmica está presente na vida de alunos, professores e pes-
quisadores de universidades e centros de pesquisa e toma diferentes formas
(ou gêneros).
A monografia é exigida ao final dos cursos de graduação. O artigo cien-
tífico faz parte da rotina de estudantes de pós-graduação e cientistas que
desenvolvem pesquisas e publicam os resultados em periódicos especializa-
dos. O paper, por sua vez, se tornou uma ferramenta de avaliação em cursos
de graduação e pós-graduação na modalidade EAD.
Além desses, existem gêneros menores como o fichamento, o resumo, a
resenha e o ensaio. Todos exigem o domínio de técnicas de redação científica
e o respeito a normas de organização e apresentação, para serem aceitos
pela comunidade acadêmica.
O Guia Prático de Escrita Acadêmica vai ensinar você a redigir trabalhos
que atendam a esses requisitos. Seus 13 capítulos cobrem tudo que você
precisa saber para produzir textos com segurança e, assim, garantir sua
aceitação por professores, bancas examinadoras e, quando esse for o caso,
revistas e jornais científicos.

Como usar o Guia


O Guia Prático de Escrita Acadêmica tem três finalidades:
1. Ser um manual de redação acadêmica para estudantes de gradua-
ção e pós-graduação;
14 Guia Prático de Escrita Acadêmica

2. Ser um manual passo a passo de técnicas para a elaboração de


textos científicos;
3. Ser um manual de referência com receitas e exemplos.

O Guia foi pensado para ser usado pelo estudante sem a necessidade
da orientação de um instrutor. Você pode usá-lo para tirar dúvidas sobre um
tópico específico ou como um livro de receitas para ter à mão, sempre que
precisar. Os capítulos são independentes e podem ser lidos separadamente
e em qualquer ordem.
O Guia não inclui exercícios. A parte prática (capítulos 8, 9 e 10) funciona
com uma “receita de bolo”, com as etapas do processo descritas na forma de
passos. Essas instruções são ilustradas com exemplos, sempre que isso se
faz necessário.

O que este guia é


O Guia Prático de Escrita Acadêmica é um manual para a produção de
trabalhos acadêmicos. Ele se destina a estudantes de graduação e pós-
-graduação e se concentra em três gêneros: o paper, o artigo científico e a
monografia.
A linguagem que usamos na exposição do conteúdo é direta e objetiva.
Evitamos digressões e discussões abstratas e privilegiamos definições sim-
ples. Conceitos e ideias são apresentados por meio de parágrafos curtos. Os
procedimentos para executar uma tarefa são descritos na forma de passos. A
ênfase é, portanto, no “como fazer” (o how-to) e na aquisição de habilidades
para o domínio da escrita acadêmica.
Ao longo do Guia, alguns conceitos e ideias serão repetidos, aparecendo
em mais de um capítulo. A intenção é dupla: a) enfatizar um ou mais aspec-
tos do conceito, para ajudar você a fixar melhor o que aprendeu; b) aprofun-
dar uma ideia, para que você expanda sua compreensão sobre aquela ideia
especificamente.
São uados exemplos para ilustrar ideias, conceitos e procedimentos e,
assim, ajudar você a compreendê-los melhor; não aparecem, contudo, em
todas as seções (ou capítulos) do Guia.
 15

O que este guia não é


Não espere encontrar neste Guia um manual de normalização (formata-
ção) textual. O objetivo não é ensinar como formatar um trabalho acadêmico
de acordo com as normas NBR da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT). Existem excelentes manuais para comprar ou apenas consultar gra-
tuitamente na internet.
Não busque também aqui informações sobre metodologia científica. O
Guia até traz alguns conceitos sobre pesquisa científica, mas não explora em
profundidade nenhum deles.
Por fim, este Guia não ensina regras de gramática e ortografia nem supre
possíveis deficiências do leitor em áreas como coesão e coerência textuais.

Plano da obra
O Guia está dividido em três partes:
A Parte I (Fundamentos e Técnicas de Estudo) apresenta conceitos bási-
cos de ciência, método científico e texto acadêmico. Ensina também técnicas
de como estudar e fazer anotações. Termina com orientações para pesquisar
fontes bibliográficas.
A Parte 2 (O Processo de Escrita: Paper, Artigo e Monografia ensina o
“passo a passo” para redigir os três principais trabalhos acadêmicos que um
estudante de graduação vai encontrar na faculdade.
A Parte 3 (Questões de Estilo e Apresentação) orienta sobre a qualidade
do texto científico, apresenta as normas da ABNT para trabalhos acadêmicos
e discute plágio e citação de fontes. Conclui com uma seleção de livros e
manuais sobre metodologia científica, normalização textual e técnicas de
redação.
Uma seção final traz modelos de paper, artigo científico e monografia. O
Guia termina com um pequeno glossário de termos científicos.

Itapetininga, 2020
Claudio Moreira
Parte 1 — Fundamentos
e Técnicas de Estudo
19

1. O QUE É CIÊNCIA

Introdução
Para escrever como um cientista você precisa pensar como um. Fazer
ciência é uma atividade que exige múltiplos conhecimentos e um cientista,
não importa seu campo de estudo, precisa dominar conceitos e técnicas de
investigação considerados básicos ou fundamentais.
Este capítulo apresenta conceitos e classificações que são necessários
para entender a ciência como atividade. Outro objetivo é introduzir parte da
terminologia usada na comunicação científica.

Por que isso é importante?


Estar familiarizado com o modo de fazer ciência é condição necessária
para quem vai escrever uma monografia ou um artigo científico. Esses traba-
lhos acadêmicos são o produto de uma pesquisa científica; ou seja, antes de
escrever, é esperado que o aluno tenha feito algum tipo de investigação ou
estudo, mesmo que apenas na forma de revisão bibliográfica.
Além disso, a lógica da atividade científica (isto é, os métodos de inves-
tigação e produção de conhecimento) é a mesma da redação acadêmica:
observar um fenômeno, identificar suas causas, descrever sua relação com
outros fenômenos (os efeitos) e criar um modelo que explique e preveja o
fenômeno no futuro. Em outras palavras, você precisa pensar como um cien-
tista para poder escrever como um cientista.

Visões de mundo e sistemas de crenças


Antes de definir o que é ciência, você precisa compreender como nossa
mente cria explicações para a realidade que nos circunda. Essas explicações
20 Guia Prático de Escrita Acadêmica

são chamadas de visões de mundo. Mito, Religião, Filosofia e Ciência são vi-
sões de mundo que a humanidade criou ao longo da história. Uma maneira
de definir essas visões de mundo é entendê-las como sistemas de crenças.
Agora, o que é um sistema de crenças?
• Qual a origem de tudo?
• Quem somos?
• De onde viemos?
• Por que estamos aqui?

Diferentes civilizações ao longo da história humana tentaram responder


a essas e outras perguntas semelhantes. O resultado foi o que chamamos
de sistemas de crenças. O Mito, a Religião e a Filosofia são os mais antigos
sistemas de crenças de que se tem conhecimento.
Desde o Renascimento (início do século 13 e meados do 17) e o
Iluminismo (século 18), outros sistemas de crenças surgiram: as ciências. Nos
séculos 20 e 21, o conhecimento científico e seus produtos (as tecnologias
na forma de máquinas, meios de transporte, remédios, armas e dispositivos
de comunicação e entretenimento etc) tornaram-se a forma dominante de
entender, controlar e modificar a realidade.
Embora muitas pessoas considerem a Ciência superior à Filosofia, à
Religião e ao Mito, todas as quatro visões de mundo (ou sistemas de crenças)
têm um valor prático independente que depende das circunstâncias e neces-
sidades das pessoas ou do grupo social ao qual elas pertencem.

1.1. Mito e Religião

Mito
Essa palavra vem do grego mythós e significa estória ou conto. Nos tem-
pos primordiais, os mitos foram criados para explicar a origem do universo
(cosmogonia) e o funcionamento dele (cosmologia).
A mitologia de um povo é um sistema de representação simbólica da
realidade e seu funcionamento. O pensamento mitológico é uma maneira
1. O Que é Ciência 21

de organizar a vida e orientar as escolhas das pessoas e se baseia em cren-


ças expressas na forma de histórias transmitidas oralmente de geração em
geração.
Um mito é, portanto, um sistema de crenças. Estas, por sua vez, podem
estar relacionadas a rituais, valores e sistemas de organização social, polí-
tica e econômica.
Os mitos estão presentes ainda hoje na vida de povos indígenas nas
Américas, em tribos africanas e asiáticas e até em países como a Índia e a
China.

Religião
É um conjunto de crenças e rituais, se apoia numa ideia de divindade
e orienta valores, escolhas e práticas de um grupo de pessoas ou de uma
sociedade inteira.
As religiões possuem em geral narrativas na forma de um texto sagrado
(exemplos: a Torá, o Corão, o Bhagavad Gita, a Bíblia). Essas escrituras têm,
muitas vezes, sua origem em uma revelação direta a um profeta feita pela
divindade. Elas servem como guia para explicar a vida, orientar os fiéis sobre
como se relacionar com a divindade (exemplos: Javé, Krishna, Jesus ou Alá) e
organizar as formas de culto e expressões de espiritualidade da comunidade,
congregação ou igreja.
As religiões são fonte de crenças sobre o cosmos e a natureza humana
e influenciam como as pessoas definem moral, fé, amor, sentido da vida,
significado da morte, lei, amor, sexo etc.
Existem atualmente cerca de 4.200 religiões no mundo.
22 Guia Prático de Escrita Acadêmica

1.2. Filosofia e Ciência

Filosofia
Em grego, esta palavra é resultado da junção de philo (amor ou devo-
ção) e sophia (sabedoria). Existem três significados que podemos atribuir à
palavra filosofia:
• Filosofia como visão de mundo: nesta acepção, filosofia signi-
fica o conjunto de valores, ideias e sentimentos que uma pessoa
adota para se orientar na vida. Assim, é comum ouvirmos alguém
dizer que fulano tem tal “filosofia de vida” etc.
• Filosofia como sistema de pensamento: filosofia aqui é o
mesmo que doutrina ou ideias; aplica-se a um filósofo (“a filosofia
de Platão”, “as ideias de Kant”, “o sistema de Hegel) ou a uma es-
cola de pensamento (“Estoicismo”, “Marxismo”, “Existencialismo”).
• Filosofia como disciplina acadêmica: é o estudo sistemático de
questões fundamentais como “verdade”, “valor”, “conhecimento”,
“razão”, “ser”, “existência”, “Deus”, “destino”, “sentido”, “moral” etc.
Esta forma de filosofia é estudada em subdisciplinas, entre elas:
Epistemologia, Metafísica, Lógica, Ética e Estética.

A ferramenta básica do filósofo é a reflexão, isto é, o uso da razão para


inquirir sobre a natureza da realidade, sua estrutura e seu sentido último.

Ciência
Simplificadamente, Ciência é o estudo sistemático de fenômenos (natu-
rais, sociais, psicológicos, culturais, históricos, econômicos etc) com o objetivo
de descrevê-los, explicá-los e prevê-los.
Existem basicamente duas maneiras de fazer isso: a observação e a ex-
perimentação. O objetivo desse empreendimento intelectual é produzir um
corpo de conhecimentos na forma de teorias.
1. O Que é Ciência 23

1.3. Classificação das Ciências

Desde a Antiguidade, a humanidade criou maneiras de organizar


o conhecimento por meio de classificações na forma de disciplinas. Na
Grécia Antiga, por exemplo, as disciplinas estudadas incluíam Geometria,
Astronomia, Lógica, Metafísica e Retórica.
Ao longo da história, outras áreas de estudo foram surgindo e novas
classificações foram propostas. Grosso modo, as ciências atualmente se di-
videm em:
• Ciências formais: utilizam métodos a priori (aquilo que é afirmado
ou estabelecido sem verificação, independente da experiência),
em oposição aos empíricos; entre elas, a Lógica, a Matemática e a
Estatística.
• Ciências naturais: estudam os fenômenos naturais e subdividem-
-se em:
» Ciências físicas: por exemplo, a Física, a Química, a Astronomia
e a Geologia;
» Ciências da vida: por exemplo, a Biologia, a Botânica, a
Neurociência e a Ecologia;
• Ciências sociais: dedicam-se ao estudo do comportamento hu-
mano e da sociedade; são exemplos: Sociologia, Antropologia,
Psicologia e Economia.

Outra maneira de classificar as ciências é quanto à finalidade:


• Ciências Puras: são conhecidas como ciências fundamentais e não
têm preocupação com a aplicação prática do conhecimento. Servem
para criar teorias gerais que descrevem, explicam e preveem fenô-
menos da natureza. São exemplos: Química, Biologia e Física. São
desenvolvidas em laboratórios e centros de pesquisa. 
• Ciências Aplicadas: são assim chamadas porque estão voltadas
para a solução de problemas práticos por meio da aplicação dos
conhecimentos gerados pelas ciências puras. Em geral, tomam a
24 Guia Prático de Escrita Acadêmica

forma de engenharias (de Produção, Civil, Mecânica, de Alimentos)


e produzem tecnologias que usamos no cotidiano como celulares,
computadores, carros, micro-ondas etc.

1.4. Teorias Científicas do Mundo

Definição de teoria científica


É um conjunto de hipóteses que descrevem e explicam a realidade de
forma provisória. As teorias podem ser comprovadas, revistas, substituídas
ou negadas. O objetivo de toda teoria científica é oferecer um retrato da
realidade o mais fiel possível.

Fatos, método e teorias


As teorias científicas começam com a observação de fenômenos e o
registro de fatos (a coleta sistemática de dados) associados a eles.
Ao observar, medir, registrar e interpretar os fatos, o cientista busca
construir uma teoria que leve a uma maior compreensão do funcionamen-
to do mundo. Esse processo, conhecido como método científico e que será
estudado no capítulo 3 deste Guia, levou séculos para ser criado e passa por
constantes revisões e aperfeiçoamentos.

Por que precisamos de teorias científicas?


As teorias científicas são úteis porque ajudam a entender e a controlar a
realidade — física e social. Quanto maior nosso conhecimento da natureza,
maior será nossa capacidade de explorar seus recursos em nosso benefício.
É assim, por exemplo, com o estudo de novas drogas e substâncias que
viram medicamentos e combatem doenças como câncer e Aids.
O mesmo vale para o estudo do homem e das sociedades. Por exemplo:
quanto mais sabemos sobre o funcionamento do corpo humano, maiores
1. O Que é Ciência 25

serão as chances de curar doenças e aumentar a expectativa de vida das


pessoas. Se aplicarmos esse raciocínio às formas básicas de organização
social (família, escola, igreja e estado), chegamos à mesma conclusão: mais
conhecimento leva a maiores previsão e controle.
Outra exemplo da importância das teorias é a Estatística: a coleta sis-
temática de informações pelos meteorologistas resultam na previsão do
tempo para uma região, o que por sua vez ajuda fazendeiros e agricultores a
planejar o plantio ou a colheita de grãos, estocar sementes e água, iniciar o
preparo da terra etc.

Tipos de teorias científica


Existem várias teorias científicas que buscam explicar a realidade e seu
funcionamento. A maioria se vale do método científico usado pelas ciências
naturais e é expressa em linguagem matemática, muitas vezes de difícil com-
preensão. Exemplos são:
• Lei da Gravitação Universal (de Newton);
• Teoria Geral da Relatividade (de Einstein)
• Teoria das Cordas (de Kaluza)
• Teoria da Evolução (de Darwin)
• Teoria do Caos (de Lorenz)

Outras teorias usam métodos comuns às ciências sociais. Exemplos:


• Materialismo Histórico (de Marx)
• Positivismo (de Comte)
• Utilitarismo (de Mill)
• Individualismo Liberal (de Weber)
• Psicanálise (de Freud)
27

2. CONHECIMENTO, INDUÇÃO E DEDUÇÃO

Introdução
Este capítulo apresenta os conceitos de conhecimento, indução e
dedução. O objetivo é descrever os processos por meio dos quais obtemos
informações sobre a realidade usando a intuição, a autoridade (a tradição),
a razão e a experiência.
A produção de conhecimento científico começa com a compreensão dos
mecanismos que a mente humana usa para apreender, armazenar e proces-
sar informações recebidas pelos sentidos — a experiência sensorial.
A experiência, porém, não é o único meio aceitável de adquirir conhe-
cimento. A intuição, a autoridade e a razão são também fontes legítimas de
aquisição de conhecimento.
Primeiro, veremos quais são as fontes do conhecimento, para depois es-
tudar os dois métodos básicos de investigação científica: indução e dedução.

2.1. Fontes do Conhecimento

Existem basicamente quatro fontes onde nosso conhecimento da reali-


dade se origina: intuição, autoridade, razão e experiência.

Intuição
É o processo para se chegar ao conhecimento sem o emprego do racio-
cínio lógico. O conhecimento intuitivo baseia-se em uma certeza que vem da
convicção pessoal. A pessoa diz: “Eu acredito que isso seja assim, mas não
sei exatamente por quê”. Embora seja imprecisa, a intuição muitas vezes é
importante para a formulação de hipóteses.
28 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Um pesquisador pode, por exemplo, se basear em informações de es-


tudos anteriores e arriscar um palpite (hipótese). Esse processo, mesmo que
seja falho, pode ser produtivo e algumas descobertas importantes da ciência
começaram com um palpite.
A partir da observação dos movimentos de um lustre da Catedral de
Pisa, Galileu desenvolveu uma teoria sobre as oscilações que resultou depois
na criação de instrumentos para a medição do pulso de pacientes.

Autoridade
Implica na aceitação como verdadeiras de informações recebidas de
outra pessoa com base na posição social, cargo, título ou expertise.
Assim como a intuição, o conhecimento baseado na autoridade é impre-
ciso. É comum, porém, um investigador apoiar-se nas ideias de um especia-
lista de renome, principalmente nos estágios iniciais da pesquisa.
Todos os campos de estudo têm suas “autoridades” reconhecidas e é
aceitável que um cientista em começo de carreira aceite como válidas infor-
mações que venham delas.
Às vezes, depois de coletar seus dados, um pesquisador pode sentir a
necessidade de ouvir a opinião de um especialista naquela área de estudo
para decidir sobre a melhor maneira de interpretar os dados.
Por outro lado, a ciência progride por meio da revisão constante do
conhecimento. Por essa razão, uma autoridade está sujeita a erros e sua
opinião deve ser recebida com cautela.
Até o século 15, a teoria Geocêntrica era tida como verdadeira e ninguém
ousava desafiar a autoridade do seu autor, Ptolomeu. Então, Copérnico veio
e apresentou o Heliocentrismo. Este é um exemplo de que, por maior que
seja sua fama, a autoridade não é uma fonte de conhecimento à prova de
erros.

Razão
O racionalismo defende que um conhecimento é verdadeiro se for adqui-
rido por meio da razão.
2. Conhecimento, Indução e Dedução 29

Essa maneira de pensar surgiu no século 16 e seu principal defensor foi


o filósofo francês René Descartes, que resumiu suas ideias na frase famosa:
“Eu penso, logo existo”.
O uso da razão é fundamental no processo científico, principalmente na
formulação de hipóteses. O raciocínio lógico é também importante na aná-
lise dos resultados de uma pesquisa, uma vez que é necessário identificar
padrões e derivar argumentos que serão usados para provar a hipótese da
pesquisa.
Um exemplo é o uso da Estatística no tratamento de dados. A base da
análise estatística é a Matemática e, por ser uma ciência pura, ela faz uso da
razão em todas as etapas de resolução de um problema e na formulação de
teoremas (um tipo de proposição que usa o raciocínio lógico para demons-
trar uma verdade).
A Física Teórica é outro exemplo da importância da razão na produção
de conhecimento. Einstein chegou à Teoria Geral da Relatividade por meio
de raciocínios e ideias gerados apenas em sua mente. Ou seja, é possível
produzir conhecimento sem a necessidade de experimentos ou da observa-
ção direta de um fenômeno.

Experiência
O empirismo afirma que um conhecimento é válido e verdadeiro se for
obtido por meio da experiência, isto é, por meio dos sentidos.
O empirismo está na base do método científico (que você verá em de-
talhes no capítulo 3 deste Guia). Os principais defensores do empirismo são
os filósofos ingleses John Locke e David Hume. Eles argumentaram que todo
conhecimento verdadeiro é baseado apenas na experiência.
Locke foi a pessoa que afirmou que nascemos como uma tabula rasa,
uma mente sem dados. A experiência escreveria nas folhas em branco da
mente humana as informações que chamamos de conhecimento.
Para o empirista, são nossos sentidos (visão, audição, toque, olfato e
paladar) a origem de todo conhecimento. Tudo começa com nossos sentidos
imprimindo ideias em nossos cérebros. Em seguida, essas ideias são proces-
sadas, combinadas e relacionadas por meio de processos cognitivos.
30 Guia Prático de Escrita Acadêmica

O empirismo é, portanto, a abordagem preferida para a produção de


conhecimento científico, uma vez que a ciência é baseada no estudo de fenô-
menos percebidos pelos sentidos.
Um exemplo famoso é a descoberta do DNA. A Teoria da Dupla Hélice
de Watson e Crick foi resultado da realização de uma longa série de estudos
(experimentos e observações) combinada com o desenvolvimento de mode-
los (processo cognitivo).

2.2. Indução e Dedução

A ciência deve seguir certas regras para produzir conhecimento válido


e confiável. A maneira de garantir isso é empregar métodos de raciocínio
lógico conhecidos como indução e dedução.
Antes de aprender sobre os métodos indutivo e dedutivo, é importante
que você entenda a relação que existe entre razão, lógica e racionalidade.

Razão, lógica e racionalidade


Razão é uma faculdade baseada em processos cognitivos compartilha-
da por todos os seres humanos. A base da razão é a capacidade humana de
fazer raciocínios lógicos partindo de premissas, que são afirmações a partir
da quais construímos um argumento. Ser lógica é, portanto, uma caracterís-
tica da razão.
Racionalidade, por sua vez, pode ser definida como um conjunto espe-
cífico de princípios que determinam a forma de produzir, organizar e expres-
sar um pensamento ou ideia. Outra maneira de entender a racionalidade é
vê-la como um método para alcançar determinados objetivos.
Dizemos que uma pessoa é racional quando ela pensa e age de acordo
com a razão. A coerência entre pensamento e ação é, portanto, uma carac-
terística da racionalidade.
Aplicada à ciência, a racionalidade significa respeitar formas válidas e
lógicas de raciocínio para chegar ao conhecimento. O método científico é
2. Conhecimento, Indução e Dedução 31

racional porque segue essas regras, que são princípios que orientam a razão
em busca da verdade.

O método hipotético-dedutivo em ciência


A ciência tem como objetivo descrever, explicar e prever fenômenos
que ocorrem na natureza. Para que esse objetivo seja alcançado, o cientista
segue um método conhecido como hipotético-dedutivo.
Ele recebe esse nome porque o cientista começa com uma pergunta
e formula uma possível resposta, a hipótese. O passo seguinte é testar a
hipótese para ver se ela se mostra verdadeira ou falsa. Ou seja, o investi-
gador formula uma hipótese para explicar algum fenômeno e, em seguida,
compara a hipótese com os fatos observados.
Nesse processo, a ciência se vale da indução e da dedução.

O método indutivo
Indução é um processo de raciocínio que parte do específico para chegar
ao geral. A indução faz observações de um dado fenômeno e, em seguida,
propõe generalizações sobre a natureza e o comportamento desse fenôme-
no. Na indução, se as premissas são verdadeiras, a conclusão provavelmente
será verdadeira. O método indutivo é mais geral e qualitativo.
No método indutivo, o raciocínio segue a seguinte sequência:
• Observação de um conjunto de fenômenos;
• Busca por um padrão no comportamento dos fenômenos;
• Formulação de hipóteses par explicar esse comportamento;
• Elaboração de um teoria que explique os fenômenos observados e
outros semelhantes.
32 Guia Prático de Escrita Acadêmica

O método dedutivo
A dedução é um processo de raciocínio que parte do geral para o es-
pecífico. A dedução está preocupada em construir teorias que prevejam um
resultado. Essas teorias se baseiam em hipóteses, que posteriormente serão
testadas por experimentos ou obervações. Na dedução, se as premissas são
verdadeiras, a conclusão definitivamente será verdadeira. O método deduti-
vo é mais preciso e quantitativo.
No método dedutivo , o raciocínio segue a seguinte sequência:
• Teoria geral sobre o comportamento de um conjunto de fenômenos;
• Formulação de hipóteses para explicar um ou mais aspectos do
comportamento dos fenômenos;
• Observação ou experimentação a fim de coletar dados e testar as
hipóteses;
• Confirmação ou negação das hipóteses e consequente revisão da
teoria.
33

3. MÉTODO CIENTÍFICO:
CONCEITOS BÁSICOS

Introdução
Este capítulo apresenta conceitos básicos sobre método científico.
Começaremos com uma definição geral, para depois discutirmos oito aspec-
tos que fazem parte de uma investigação científica. São eles: fato, questão,
hipótese, experimento, avaliação, modelo, teoria e paradigma.
Esses termos são parte do vocabulário da ciência e todos descrevem
conceitos que envolvem as atividades do pesquisador, deste a concepção de
um estudo (o design de pesquisa) até a criação de um modelo ou teoria.

3.1. Método Científico

Definição de método científico


Consiste em uma série de procedimentos ou etapas para a investiga-
ção de um fenômeno. Embora existam diferentes campos de estudo, toda
pesquisa segue um método padrão que levou séculos para ser desenvolvi-
do, testado e refinado, até chegar ao que hoje é aceito pela comunidade
científica.
As etapas do método científico incluem: questão, hipótese, experimento,
avaliação (a análise dos resultado do experimento) e conclusão (que pode ser
um modelo, uma teoria ou um paradigma).
Esse processo em etapas nem sempre é linear; ou seja, às vezes o pes-
quisador pode antecipar ou refazer uma etapa, a fim de ajustar seu trabalho
aos objetivos da pesquisa, modificar a hipótese, lidar com uma dificuldade
ou simplesmente decidir por uma metodologia diferente.
34 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Fato e observação
Tudo começa com a observação de um fenômeno. Um fenômeno é um
conjunto de fatos que têm entre si uma relação de causa e feito. O que é,
porém, fato? Do ponto de vista da ciência, um fato é aquilo que pode ser
observado, medido, quantificado e comparado.
Existem dois tipos de fato:
• Fatos empíricos: são aqueles que resultam de observações diretas
(Exemplo: a temperatura do ambiente);
• Fatos conceituais: são aqueles que resultam da afirmação de um
ponto de vista filosófico; se baseiam no tipo de descrição ou modelo
que temos do mundo em que vivemos (Exemplo: o homem é um ser
racional).

3.2. Questão

Ao observar um fenômeno e os fatos associados a ele, um cientista


busca entender as causas do fenômeno e se existe alguma regularidade que
explique sua ocorrência em certas condições mas não em outras.
Essa etapa do método científico é chamada de questão e consiste na
formulação de perguntas do tipo: Por que isso ocorre? Quais fatores estão
envolvidos na sua ocorrência? Existe uma ou mais causas que expliquem
esse fenômeno?
O cientista se pergunta também se esse mesmo fenômeno já foi estuda-
do por outros pesquisadores e se as explicações que deram são adequadas
e completas ou se ainda existem aspectos que não foram entendidos e pre-
cisam ser investigados.
O importante nesta fase é tentar observar o fenômeno sob diferentes
ângulos e formular o maior número possível de perguntas.
3. Método Científico: Conceitos Básicos 35

3.3. Hipótese

Uma hipótese nada mas é do que uma suposição ou “palpite” que o


cientista faz para explicar os fenômenos que ele observou.
Uma hipótese responde provisoriamente à questão ou questões surgi-
das na etapa anterior.
Existem dois tipos de hipóteses:
• Específicas: quando se aplicam a um único aspecto ou fato;
• Gerais: quando se aplicam ao fenômeno como um todo.

Se suas hipóteses serão específicas ou gerais, isso vai depender da ques-


tão ou pergunta que você tiver feito.
Uma regra para a formulação de hipóteses é que elas devem ser testá-
veis. Ou seja, todas as hipóteses devem ser testadas (em experimentos) a
partir da coleta de evidências que possam ser medidas e quantificadas.
Portanto, uma hipótese só é válida se for testável; caso contrário, será
impossível prová-la por meio de evidências coletadas em um experimento.

3.4. Experimento

Definição e variáveis
Experimento é o meio que o cientista tem para testar sua hipótese.
Para ser válido, um experimento deve ter pelo menos duas variáveis:
• Variável independente: aquela que é controlada pelo pesquisador;
• Variável dependente: aquela que o experimento irá medir.

Existe uma relação direta entre as variáveis independente e dependente,


de tal modo que a manipulação de uma afeta o comportamento da outra. Em
um experimento existem outras variáveis (constantes), que devem, contudo,
ser controladas para que os resultados não sejam distorcidos.
36 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Coleta de dados
A razão de ser de um experimento é produzir dados. O que é um dado?
É o valor ou valores medidos pelo pesquisador durante a realização do
experimento.
Esses dados podem ser de dois tipos:
• Dados quantitativos: são expressos em números (Exemplos: 50
graus centígrados; 20 milissegundos; 200 unidades por mililitro);
• Dados qualitativos: são descritos por meio de expressões
(Exemplo: sim/não; frequentemente/muito pouco/nunca).

3.5. Avaliação

A avaliação é a etapa na qual você analisa os dados que coletou.


Dependendo do tipo de pesquisa e da quantidade de dados, você talvez
precise de um programa para fazer a análise estatística. Outras vezes, seu
trabalho será encontrar um padrão nas respostas por meio de uma análise
do significado das repostas, usando uma teoria. Exemplo disso são os estu-
dos etnográficos.

3.6. Conclusão

Na última etapa do método científico, você vai propor uma explicação


para o fenômeno que você observou. São os dados que dirão se sua hipótese
está correta ou não. Se eles confirmarem sua hipótese, então sua explicação
para o fenômeno estará correta; caso contrário, você terá que modificar sua
hipótese e refazer a pesquisa.
Uma hipótese só será confirmada (isto é, válida) depois que os resul-
tados puderem ser replicados mais de uma vez, de preferência por outros
pesquisadores. Uma maneira de garantir que seus dados estejam certos é ter
3. Método Científico: Conceitos Básicos 37

um número grande deles (quanto maior o tamanho da amostragem, maiores


as chances de que os dados não sofram distorções).
Depois de confirmada por vários estudos, uma hipótese pode gerar três
tipos diferentes de explicação: modelo, teoria e paradigma.

Modelo
Modelo é a representação de um estrutura ou processo que permite
que um pesquisador formule um teoria provisória. Um exemplo é a teoria
das partículas da matéria. Os modelos podem ser de três tipos:
• Uma descrição verbal;
• Uma formulação matemática;
• Uma representação visual;

Com base em modelos, você pode fazer e testar inferências e teorias


Os modelos ajudam o pesquisador a criar cenários possíveis para testar suas
ideias, antes de avançar em direção à criação de uma teoria mais elaborada.
Climatologistas usam, por exemplo, modelos para estudar as mudanças
climáticas, rodando sofisticados programas de computador que simulam
diferentes condições atmosféricas.

Teoria
Teoria é uma explicação (hipótese) para um fenômeno sustentada por
evidências coletadas em experimentos consistentes e repetidos e aceita pela
comunidade científica como válida.
Para ser aceita como verdadeira e tornar-se teoria, uma hipótese precisa
passar por vários e repetidos testes. As evidências devem ser em grande
quantidade, sem deixar margens para dúvidas sobre sua validade.
Um exemplo bastante conhecido é a Teoria da Evolução, que desde
Darwin já foi comprovada por inúmeros estudos e hoje é aceita com a mais
completa e confiável explicação para a complexidade e variedade de espé-
cies em nosso planeta.
38 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Paradigma
Paradigma científico é um conjunto de práticas e convenções na forma
de uma estrutura de pensamento e que define e orienta uma pesquisa em
um determinado campo de estudo.
Um paradigma indica quais são as ideias, métodos e direção que um
pesquisador deve seguir para realizar seu trabalho em conformidade com as
expectativas deste ou daquele campo de estudo.
Os paradigmas incluem modelos, teorias e métodos já estabelecidos. Os
paradigmas podem, portanto, ser chamados de supermodelos ou superteo-
rias, porque funcionam como o alicerce sobre o qual os cientistas realizam
suas pesquisas.
As três leis de Newton são um exemplo e formam os fundamentos da
Mecânica Clássica: Lei da Inércia, Princípio Fundamental da Dinâmica e Lei da
Ação e Reação.
39

4. O TEXTO CIENTÍFICO

Introdução
A escrita acadêmica é parte do sistema de comunicação da ciência, que
por sua vez inclui a pesquisa, seu registro na forma de artigos científicos,
dissertações e teses e sua divulgação em periódicos.
Este capítulo apresenta a definição de texto científico e suas caracterís-
ticas. Serão estudados ainda a finalidade, a linguagem, o formato e a publica-
ção de textos acadêmicos.

4.1. Definição de texto científico

O texto científico é um tipo de texto que observa regras de redação de-


terminadas pela comunidade científica, entre elas se incluem a objetividade
e o emprego de uma lógica linear, ou seja, A implica B, que implica C etc.
O texto científico é usado, por exemplo, na redação de monografias,
dissertações e teses. Livros de divulgação científica também fazem a comu-
nicação de pesquisas, mas usam uma linguagem geralmente livre do jargão
técnico e com o leitor não especializado em mente.

4.2. A linguagem

A linguagem do texto científico possui algumas características que a


diferenciam:
• Estruturada e lógica: as ideias são expressas seguindo uma
ordem lógica, respeitando modelos reconhecidos e aprovados pela
comunidade acadêmica;
40 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Clara e precisa: evita ambiguidades e detalhes desnecessários;


emprega termos técnicos com precisão;
• Simples e direta: é livre de expressões vagas ou frases de sentido
impreciso; relata os fatos com objetividade;
• Imparcial e objetiva: não faz suposições nem declarações que não
possam ser comprovadas; isto é, expressa apenas aquilo que as
evidências dos fatos sustentam.

4.3. O formato

Cada gênero acadêmico possui uma estrutura com uma ordem de expo-
sição determinada pela comunidade acadêmica.
De um modo geral, essa estrutura é dividida em três partes:
• Elementos pré-textuais: incluem, por exemplo, título e subtítulo
do trabalho, autor ou autores e o nome da instituição.
• Elementos textuais: é o texto propriamente dito, com capítulos
(no caso de monografias, dissertações e teses) ou seções (no caso
de artigos);
• Elementos pós-textuais: incluem, por exemplo, as referências,
anexos e apêndices.

4.4. A publicação

O texto científico — na forma de artigos, monografias, dissertações e


teses — tem como objetivo registrar, disseminar e preservar o conhecimen-
to. Desse modo, é possível saber o que outros pesquisadores já escreveram
sobre um determinado tópico.
As contribuições dos pesquisadores dos diversos campos de estudo são
em geral publicadas em revistas (como Nature, Science, Psicologia Escolar
4. O Texto Científico 41

e Educacional, Revista Brasileira de Ciências Sociais e Educação em Revista) e


jornais (como Journal of Molecular Biology, British Medical Journal e Brazilian
Journal of Cardiovascular Surgery) especializados. Algumas dessas publicações
só existem em formato digital (como a Revista Científica On-line - Tecnologia,
Gestão e Humanismo e Revista Acadêmica Online).

Processo autor-revisão por pares


A seleção de trabalhos científicos antes da sua publicação por uma revis-
ta ou jornal segue um processo rigoroso e chama-se revisão por pares ou re-
visão paritária.
Funciona assim: primeiro, o autor submete seu trabalho ao escrutínio de
um ou mais especialistas do seu campo de estudos. Essa leitura prévia é em
geral anônima. Os leitores anônimos, por sua vez, fazem comentários e/ou
sugestões para revisões, sempre com o objetivo de contribuir para melhoria
do trabalho.
No final, um conselho editorial ou editores externos decidem, com base
nos pareceres dos especialistas, se publicam ou não o trabalho. O mais
comum é o autor fazer os ajustes sugeridos e o texto é, então, publicado.
O trabalho também pode ser reprovado para publicação e isso acontece
quando existem inconsistências significativas ou o trabalho não atendeu às
exigências mínimas que se espera de uma pesquisa científica.
43

5. TIPOS DE TRABALHO ACADÊMICO

Introdução
Este capítulo apresenta os 9 (nove) tipos de trabalho acadêmico. Eles
incluem gêneros curtos (fichamento, resumo e resenha), gêneros médios
(ensaio, paper e artigo científico) e gêneros longos (monografia, disserta-
ção e tese).
Cada gênero será definido e explicado nas seções seguintes, mas sem
aprofundamento. O objetivo é apenas identificar as características gerais de
cada tipo de trabalho e dar orientação sobre o processo de produção desses
documentos.
Fichamento, resumo, resenha e ensaio receberão mais atenção;
paper, artigo científico e monografia apenas serão definidos, uma vez
que você terá oportunidade de estudá-los em detalhes em três capítulos (8,
9 e 10) dedicados exclusivamente a eles.
Dissertação e tese, por se tratarem de trabalhos mais complexos, não
serão discutidos longamente aqui.

5.1. Fichamento

Definição
Como o próprio nome indica, fichamento é um registro feito em fichas.
Embora seja tradicional o uso de fichas em papel, atualmente é possível usar
recursos como o Evernote, um programa com versões web, desktop e app
para smartphones. Tem uma versão gratuita e possui vários recursos como
criação de pastas e entradas e compartilhamento. Acesse https://evernote.
com/ para saber mais.
44 Guia Prático de Escrita Acadêmica

O fichamento serve basicamente para registrar informações sobre suas


fontes e anotações feitas durante a leitura. É imprescindível na elaboração de
trabalhos acadêmicos. Sem os fichamentos, você terá muita dificuldade para
encontrar a citação certa quando estiver escrevendo seu artigo, monografia
ou dissertação.

Tipos de fichamento
Existem dois tipos de fichamento:
• Fichamento de citação: nesse tipo de fichamento, você registra
citações que você usará no seu trabalho;
• Fichamento bibliográfico: neste tipo de fichamento, você registra
a fonte (um artigo, livro ou capítulo de um livro) e um comentário
pessoal sobre o texto.

Estrutura
Os fichamentos têm a seguinte estrutura:
• Cabeçalho: informa o tipo de fichamento (de citação ou
bibliográfico);
• Referência bibliográfica: informa os dados da fonte como autor,
título da obra e dados da publicação (data, local e editor);
• Texto: no fichamento de citação, reproduz o conteúdo; no ficha-
mento bibliográfico, apresenta o comentário sobre a fonte.

Como fazer o fichamento bibliográfico


Para fazer o fichamento bibliográfico de um artigo, livro ou capítulo de
um livro, você deve:
1. Resumir as ideias principais do texto em um parágrafo ou dois; ou
2. Listar as ideias e adicionar breves notas ao lado de cada uma delas;
ou
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 45

3. Combinar lista com parágrafos curtos para expressar sua opinião;


por fim
4. Ordenar os fichamentos alfabeticamente pelo sobrenome do
autor, título da obra ou ainda optar por uma ordenação por temas
(Exemplo: fichamentos sobre metodologia; fichamentos sobre refe-
rencial teórico; fichamentos sobre resultados etc).

Paráfrase
Às vezes, pode ser útil e prático fazer a paráfrase de uma ideia que
na fonte está expressa de maneira complexa demais. Neste caso, você cita
o texto original e o reescreve com suas próprias palavras (paráfrase). No
momento de escrever seu trabalho, você faz a citação da fonte e resume a
ideia do autor com a paráfrase. Lembre-se: ao fazer uma paráfrase, indique
a fonte original da ideia que você está expressando, para evitar a acusação
de plágio.

5.2. Resumo

Definição
Um resumo consiste em listar as ideias de um texto — que pode ser
um artigo, o capítulo de um livro etc. Ao resumir, você se concentra nos ar-
gumentos mais importantes do autor. Portanto, um resumo é uma síntese do
texto que você leu.
De um modo geral, um bom resumo reduz um texto a pouco mais de
20 por cento do seu tamanho original. Essa regra, contudo, não é rígida e
é possível fazer resumos mais longos (30% do conteúdo original) ou mais
curtos (entre 15 e 20% do conteúdo original). Tudo vai depender do tamanho
e assunto do texto e da complexidade da exposição original.
O importante é que o resumo contenha as ideias mais relevantes, ex-
pressas de forma simplificada, sem deixar de fora algo essencial.
46 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Tipos de resumo
Existem três tipos de resumo:
• Resumo Indicativo: apenas lista as principais ideias do autor; não
inclui citações ou paráfrases do texto original;
• Resumo Informativo: apresenta partes do texto original; inclui
paráfrases;
• Resumo Crítico: combina as informações do resumo informativo
com opiniões e comentários pessoais de quem escreve o resumo.

Como fazer um resumo


Para resumir um texto, siga as seguintes orientações:
1. Faça a leitura atenta do texto original;
2. Oriente-se pela divisão do texto (títulos de seções e subseções);
3. Destaque as palavras-chave (termos técnicos ou conceitos que o
autor emprega com frequência);
4. Sintetize em forma de lista as ideias principais;
5. Escreva o resumo a partir das suas anotações, sem acrescentar
novas ideias;
6. Identifique a fonte, seguindo a norma NBR de citações.

5.3. Resenha

Definição
A resenha é a descrição de um texto acompanhada de uma avaliação
das ideias do autor. O objetivo da resenha é descrever, criticar e oferecer uma
apreciação do texto.
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 47

Tipos de resenha
Existem dois tipos de resenha:
• Resenha descritiva: descreve e sintetiza as ideias mais importan-
tes do texto, mas evita fazer um julgamento sobre a qualidade do
trabalho;
• Resenha crítica: descreve e sintetiza as ideias principais do texto e
inclui uma apreciação do trabalho.

Como fazer uma resenha


Para fazer uma resenha, siga os seguintes passos:
1. Comece identificando o texto: título e autor, data de publicação e
circunstâncias históricas ou intelectuais nas quais o texto original-
mente apareceu;
2. Faça uma descrição da estrutura do texto: a organização geral do
conteúdo, sua divisão em partes ou capítulos e características como
exercícios ou a presença de material visual como gráficos, tabelas,
figuras, fotos etc;
3. Comente os pontos mais relevantes do ponto de vista do leitor:
quais ideias ou argumentos são originais ou controversas, quais
questionamentos o autor faz do trabalhos de outros estudiosos;
4. Realce pontos positivos e negativos do texto;
5. Ofereça uma opinião pessoal sobre o valor do trabalho.

5.4. Ensaio

Definição
Um ensaio é a discussão de um tema por meio da exposição de ideias
próprias. No ensaio, você expressa seu ponto de vista sobre um tópico,
48 Guia Prático de Escrita Acadêmica

comentando, analisando ou criticando as ideias e pontos de vista de outras


pessoas.
O objetivo do ensaio é propor uma tese ou opinião original sobre um
assunto.

Estrutura
A estrutura de um ensaio é composta de quatro partes principais: intro-
dução, análise, argumentação e conclusão.
É possível reduzir essa estrutura a três elementos, fundindo análise e
argumentação em uma única seção, que recebe o nome de fundamentação.
• Introdução: apresenta o tema do ensaio;
• Fundamentação: discute o tema sob pontos de vista opostos (ar-
gumentos a favor e contra);
• Conclusão: retoma a tese principal (a ideia ou argumento que você
defende) e apresenta uma opinião com base nela.

Como escrever um ensaio


Para escrever um ensaio, siga as seguintes orientações:
1. Comece com a apresentação do tema;
2. Ofereça um contexto (histórico, biográfico, acadêmico);
3. Cite logo no início sob que ângulo você irá abordar o tema;
4. Afirme sua tese (o argumento que você vai defender);
5. Defina termos-chave já na introdução;
6. Apresente os argumentos que sustentam sua tese;
7. Apresente os contra-argumentos;
8. Resuma a discussão;
9. Reafirme sua tese;
10. Conclua com sua opinião.
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 49

IMPORTANTE: se você fez citações, informe as fontes bibliográficas logo


abaixo do último parágrafo. Consulte a norma NBR para saber como fazer as
referências bibliográficas.

5.5. Paper

Esta seção não discute em detalhes este gênero acadêmico. O paper


será estudado no capitulo 8 deste Guia. Aqui será oferecida apenas uma
visão geral dele.

Definição
O paper é um gênero acadêmico ainda não reconhecido pela ABNT. Isto
é, não existe uma norma NBR que estipule como ele deve ser feito e apre-
sentado. No entanto, esse tipo de trabalho tem sido usado como ferramenta
de avaliação em cursos de graduação e pós-graduação na modalidade EAD.

Estrutura
O paper tem uma estrutura simples: introdução, desenvolvimento e con-
clusão. Como todo texto acadêmico, ele inclui elementos pré e pós-textuais.

Como escrever um paper


Leia o capítulo 8 deste Guia para saber como escrever um paper.

5.6. Artigo de Conferência

Existem vários tipos de eventos organizados para fins de divulgação cien-


tífica. Os principais são: seminários, congressos, conferências e simpósios.
50 Guia Prático de Escrita Acadêmica

É comum que a comunicação nesses eventos seja feia com um tipo de


artigo chamado de artigo de conferência, que é apresentado tanto por escri-
to quanto oralmente.

Definição
Um artigo de conferência é um gênero acadêmico usado para comunicar,
de forma sintética, uma pesquisa ou parte de uma pesquisa. Em geral, os artigos
de conferência são solicitados aos autores pelos organizadores do evento com
meses de antecedência e passam por uma avaliação antes de serem aceitos.
O artigo de conferência é apresentado na forma de texto e também
como apresentação oral durante o evento. É possível usar, na apresentação
oral, recursos como slides do tipo PowerPoint.

Estrutura de um artigo de conferência


A estrutura de um artigo de conferência é muito parecida com a de um
paper:
• Resumo: segue o padrão do paper;
• Introdução: segue o padrão do paper;
• Contexto teórico: apresenta informações sobre o contexto da pes-
quisa e referências a outros trabalhos sobre o mesmo tema;
• Dados do estudo: apresenta os resultados da pesquisa (experi-
mento, observações ou revisão), sem interpretações;
• Conclusão: segue o padrão do paper;
• Referências: segue o padrão do paper.

Como escrever um artigo de conferência


A estrutura e o processo de produção de um artigo de conferência são
semelhantes aos de um paper e você pode seguir as orientações dadas no
capítulo 8 deste Guia.
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 51

No entanto, um artigo de conferência deve se basear em uma pesquisa


original, como acontece com um artigo científico, tema do capítulo 9 deste Guia.
Para escrever um artigo de conferência, portanto, você deve usar parte
das técnicas de redação para escrever um paper e parte das técnicas de re-
dação para escrever uma artigo científico.

5.7. Artigo Científico

Esta seção não discute em detalhes este gênero acadêmico. O artigo


científico será estudado no capitulo 9 deste Guia. Aqui será oferecida apenas
uma visão geral dele.

Definição
O artigo científico é um gênero acadêmico que apresenta uma pes-
quisa sobre um tema específico. O artigo pode ser um estudo original ou se
basear na revisão de outros trabalhos sobre o mesmo tema.
Em razão do seu formato e escopo, o artigo científico é o tipo de trabalho
acadêmico mais usado na divulgação de pesquisas.
A maioria dos periódicos científicos (jornais e revistas acadêmicos) pu-
blica apenas artigos científicos.

Estrutura
Um artigo científico padrão é dividido em três partes principais: A) título
(subtítulo), resumo (abstract) e palavras-chave (keywords), B) corpo e C) refe-
rências e anexos e apêndices (quando houver).
Dependendo da disciplina ou área de estudo, essa estrutura pode variar
com o acréscimo de sub-seções.

Como escrever um artigo científico


Leia o capítulo 9 deste Guia para saber como escrever um artigo científico.
52 Guia Prático de Escrita Acadêmica

5.8. Monografia

Esta seção não discute em detalhes este gênero acadêmico. A monogra-


fia será estudado no capitulo 10 deste Guia. Aqui será oferecida apenas uma
visão geral dela.

Definição
O monografia é um gênero acadêmico que trata de um assunto es-
pecífico, sem contudo aprofundá-lo ou acrescentar algo ao que já se sabe.
Nunca ou quase nunca uma monografia se baseia em trabalho original. O
mais comum é ela se basear em uma revisão da literatura (pesquisas origi-
nais feitas por outras pessoas).
A monografia é usada como trabalho de conclusão em cursos de
graduação.

Estrutura
A monografia costuma ser dividida em três partes principais: Introdução,
Corpo e Conclusão. Essa divisão básica se refere apenas ao conteúdo da pes-
quisa propriamente dita.
Quanto à formatação do documento, a ABNT divide a monografia em:
Elementos Pré-textuais, Elementos Textuais e Elementos Pós-textuais.
Para mais detalhes sobre estrutura de uma monografia, consulte a
norma NBR 6023 da ABNT.

Como escrever uma monografia


Leia o capítulo 10 deste Guia para saber como escrever uma monografia.
5. Tipos de Trabalho Acadêmico 53

5.9. Dissertação e Tese

Este Guia não trata desses dois gêneros de trabalho acadêmico. São tex-
tos complexos e produzidos a partir de pesquisas que costumam se estender
por mais de um ano (no caso de uma dissertação) e três anos (no caso da tese).
Dissertação e tese são trabalhos de conclusão de cursos de pós-gradua-
ção: a dissertação é apresentada ao final do mestrado; a tese é apresentada
ao final do doutorado.
Tanto a dissertação quanto a tese são trabalhos que devem ser defendi-
dos diante de uma banca ou comissão examinadora, formada por professo-
res da instituição do aluno ou convidados de outras instituições.

Dissertação
A dissertação segue o mesmo padrão de uma monografia, mas é re-
sultado de uma pesquisa mais abrangente e detalhada. Pode se apoiar em
dados novos (pesquisa original) ou em uma revisão de trabalhos de outros
pesquisadores (revisão, discussão e interpretação de pesquisas originais).
A dissertação é mais complexa que uma monografia e, em geral, exige
do aluno maior capacidade de análise e sistematização.
Para mais detalhes sobre a estrutura e o conteúdo de uma dissertação,
consulte a norma NBR 14724 da ABNT.

Tese
A tese é o mais complexo e completo de todos os trabalhos acadêmicos.
Ela é exigida para a obtenção do título de doutor (PhD).
A tese se baseia obrigatoriamente em pesquisa original. Pode ter caráter
teórico, experimental, histórico ou filosófico. Uma tese deve se concentrar
em um tema bem específico, uma vez que a contribuição do autor para o seu
campo de estudo precisa ser original, isto é, acrescentar algo de novo ao que
já se sabe sobre o tema estudado.
Para mais detalhes sobre a estrutura e o conteúdo de uma dissertação,
consulte a norma NBR 14724 da ABNT.
55

6. COMO ESTUDAR E FAZER ANOTAÇÕES

Introdução
Este capítulo apresenta técnicas básicas de leitura e estudo. A leitura de
textos combinada com anotações antecede a produção de trabalhos acadê-
micos. Saber como ler um texto e extrair dele as ideias principais, contudo, é
uma habilidade que exige técnica, disciplina e prática.
Juntamente com os capítulos 7, 8, 9 e 10, este capítulo forma os funda-
mentos para dominar a escrita acadêmica. É possível dizer que 80% do que
você precisa saber para escrever com segurança depende de você aprender
os conteúdos desses capítulos.
As técnicas discutidas aqui usam como referência a rotina cotidiana de
estudo de um aluno de graduação. As definições e orientações dadas se re-
ferem, portanto, a situações de aprendizagem típicas de cursos regulares de
graduação.

6.1. Tipos de estudo

Existem duas razões principais para estudar: adquirir novas informações


e ser avaliado.

Estudar para adquirir novas informações


O principal objetivo ao ler um novo texto é adquirir novas informações.
Esse objetivo esta vinculado à necessidade de aprender sobre um assunto
como parte de uma disciplina específica ou de uma tarefa (por exemplo,
escrever um resumo).
56 Guia Prático de Escrita Acadêmica

O objetivo está, portanto , em compreender conceitos e ideias e relacionar


essas informações ao contexto mais geral da disciplina ou tarefa.
Supondo que a disciplina seja “metodologia do trabalho científico” e o
texto a ser lido trata de “métodos de pesquisa”, você deve ter em mente que
esse conteúdo se relaciona à produção de conhecimento científico, que é a
razão de ser da atividade de pesquisa.
Ou seja, as novas informações (métodos de pesquisa) devem ser vistas
em seu contexto mais geral (atividade de pesquisa), que por sua vez está
igualmente vinculado à produção de ciência (conhecimento científico).
Neste tipo de estudo, você procura:
• Identificar e compreender novas informações (conceitos, ideias,
terminologia, teorias etc);
• Organizar e sintetizar essas informações na forma de notas;
• Criar um sistema de registro para consulta posterior;
• Adquirir um repertório de palavras e conceitos que permita apro-
fundar o que foi estudado, lendo outros textos.

Estudar para ser avaliado


O objetivo agora é recordar e fixar informações já recebidas. Os con-
teúdos vistos serão revisitados por meio de uma leitura seletiva e atenta.
A perspectiva de ter diante si uma avaliação exige que você se concentre
apenas nas informações mais relevantes.
Prova escrita, apresentação oral e trabalhos acadêmicos como ensaio e
artigo científico são usados pelos professores para avaliar o conhecimento
do aluno. Essas modalidades de avaliação requerem formas diferentes de
recapitular e fixar informações. Em comum elas têm o fato de exigirem de
você concentração, organização e capacidade de relacionar os conteúdos
entre si.
Decorar não é uma método eficaz de estudo e o estresse emocional tão
comum no dia da avaliação pode dificultar a recordação do que foi estudado.
Neste tipo de estudo, você busca:
6. Como Estudar e Fazer Anotações 57

• Recordar e fixar informações essenciais como conceitos e teorias;


• Recapitular as ideias centrais de uma teoria ou autor;
• Certificar-se de que entendeu corretamente uma ideia ou argumen-
to defendido por um autor;
• Usar seu sistema de registro para localizar informações específicas;
• Escrever resumos dos conteúdos;
• Relacionar os conteúdos a objetivos instrucionais (por exemplo, do-
minar uma técnica ou compreender um conceito ou teoria).

Memória, estudo e compreensão


Não existem fórmulas infalíveis para reter informações. Algumas técni-
cas de memorização podem ajudar, mas não são garantia contra o esqueci-
mento nem corrigem uma compreensão errada do conteúdo.
Usar mapas para representar graficamente um conceito, processo, teo-
ria e até uma obra inteira ajuda a fixar informações. É um método simples
e pode ser usado para sintetizar conteúdos muito complexos ou extensos.
A única maneira de estar bem preparado para uma avaliação, porém, é
certificar-se de que entendeu o conteúdo corretamente. Apenas ler e fazer
anotações não garantem que você adquiriu um novo conhecimento.

Reforços e realidade
Para reforçar a aprendizagem, leia outros materiais além dos exigidos
pela disciplina e que estejam relacionados ao conteúdo exposto pelo professor.
Crie também o hábito de tentar relacionar os conteúdos estudados à
realidade do seu cotidiano, buscando semelhanças entre o que você lê e o
que você observa ao seu redor.
A mente aprende mais e melhor se o conteúdo que está sendo estu-
dado tem relação com uma necessidade prática ou com algo que possua
valor afetivo ou intelectual para a pessoa. Busque ativamente criar esses
vínculos.
58 Guia Prático de Escrita Acadêmica

6.2. Como ler um texto

Ler é a principal atividade de um aluno de graduação. O grosso dos tex-


tos lidos em uma disciplina é de livros (ou capítulos deles) e artigos indicados
pelo professor.
No início das aulas, o aluno geralmente recebe uma ementa da matéria,
que nada mais é do que uma sinopse ou síntese do que será estudado ao
longo de um semestre (em cursos presenciais) ou de um mês (em cursos na
modalidade EAD). Nesse documento, são também indicadas as leituras a
serem feitas, divididas em leituras requeridas (obrigatórias) e leituras reco-
mendadas (opcionais).

Tipos de leitura
Existem basicamente quatro tipos de leitura:
• Scanning: é um tipo de leitura que busca informações específicas,
usando recursos do próprio texto como sumário, índices, resumos
de capítulo etc. Também pode ser usada como uma técnica para
“sentir” o texto, identificando padrões como divisão de capítulos
e seções, tamanho dos parágrafos, uso de recursos visuais como
gráficos e tabelas etc.
• Skimming: é a leitura do texto por inteiro e busca uma compreensão
do conteúdo sem, contudo, se demorar em muitos pontos; não faz in-
terpretações do que lê e também não é acompanhada de anotações.
• De estudo: é a leitura feita com o objetivo de compreender as
ideias do autor em um nível mais profundo. Exige atenção maior e
a meta é obter uma visão de conjunto da obra; é acompanhada de
anotações. É essencial para escrever trabalhos acadêmicos.
• Crítica: é o tipo mais profundo e demorado de leitura, porque o
leitor se engaja em um diálogo com o autor, faz comparações do
que encontra no texto com seu próprio repertório de ideias e se
posiciona em relação ao conteúdo como um todo.
6. Como Estudar e Fazer Anotações 59

6.1. Como fazer o fichamento de um texto

Tipos e estrutura
Existem dois tipo fichamento, de citação e bibliográfico, que foram
discutidos no capítulo 5 deste Guia. Nesta seção, vamos acrescentar algumas
informações sobre a técnica de fichamento.
Ambos os tipos de fichamentos têm a mesma estrutura:
• Cabeçalho: informa o tipo de fichamento (de citação ou
bibliográfico)
• Referência bibliográfica: informa os dados das fontes como autor,
título da obra e dados da publicação (data, local e editor);
• Texto: no fichamento de citação, reproduz o conteúdo; no ficha-
mento bibliográfico, apresenta um comentário sobre a fonte.

Por que fazer fichamento?


O fichamento é o mais útil (e imprescindível) dos recursos de que dispõe
um pesquisador. Sem as anotações dos fichamentos, é impossível escrever
um trabalho acadêmico de qualidade.
Outra razão para fazer os fichamentos é a praticidade: é mais fácil en-
contrar uma citação ou referência em uma ficha do que procurar essa infor-
mação nas fontes originais (os textos onde se encontram).

Fazendo o fichamento
Além do que já foi dito no capítulo 5 sobre como fazer um fichamento,
aqui vão orientações adicionais sobre fichamento bibliográfico:
1. Identifique o campo de estudo do texto (Exemplos: “História
Contemporânea”, “Estudos de Gênero”, “Políticas Públicas para
Terceira Idade” etc);
60 Guia Prático de Escrita Acadêmica

2. Liste quais os principais pontos ou problemas discutidos (Exemplos:


a) “apresenta a escola dos Annales e faz uma crítica do modelo po-
sitivista”; b) “discute as ideias de Bloch, Fevbre e Braudel” etc);
3. Aponte as principais conclusões do autor (Exemplo: “O autor con-
clusivamente afirma que a Escola dos Annales criou um nova abor-
dagem que valoriza fontes da história ignoradas pelos historiadores
positivistas como vestuário, tipos de moradia...” etc);
4. Identifique a metodologia e as principais fontes bibliográficas nas
quais o autor se apoia;
5. Aponte, se existir, a principal contribuição do trabalho para o campo
de estudo;
6. Expresse sua avaliação sobre o trabalho (Exemplo: “O autor faz um
balanço equilibrado das contribuições da Escola dos Annales para a
historiografia contemporânea, com especial destaque para as novas
técnicas introduzidas pelas figuras principais do movimento”).

Quanto ao fichamento de citação, ele dependerá do tipo de trabalho que


você irá escrever. Como orientação geral, selecione textos que:
1. Façam referência à principal tese do autor (Exemplo: “Nossa hi-
pótese é a de que existe uma relação entre os fatores A e B que
explicaria o fenômeno C...”);
2. Indiquem o tipo de metodologia usada pelo autor em sua investiga-
ção (Exemplo: “O estudo realizou a coleta de dados por meio de entre-
vistas e aplicação de questionários em um grupo de 200 voluntários
selecionados entre a população de estudantes da universidade...”);
3. Expressem ideias da linha central de argumentação do autor
(Exemplo: “Estamos convencidos de que os dados coletados mos-
tram que a coocorrência de A e B sempre resulta no fenômeno C,
quando observadas as seguintes condições...”.
4. Citam ideias de outros pesquisadores que sejam contrárias à tese
do autor (Exemplo: “O trabalho de Fulano chegou a resultados que
diferem dos encontrados por este autor, argumentando com base
nesses dados que a explicação mais aceitável seria...”).
6. Como Estudar e Fazer Anotações 61

6.2. Como fazer o resumo de um livro

Esta seção amplia o que foi apresentado sobre resumo no capítulo 5


deste Guia.
A razão para fazer o resumo de um livro pode ser a necessidade de obter
uma maior compreensão de um assunto específico (teoria, métodos de pes-
quisa, história de uma disciplina etc) ou das ideias de um autor (Freud, Marx,
Machado de Assis, Piaget etc), para depois escrever uma seção do seu artigo,
um capítulo da sua monografia ou mesmo uma resenha crítica.
Existem outras circunstâncias nas quais você também tenha a neces-
sidade de fazer o resumo de um livro, mas esta seção não irá discuti-las. O
objetivo é oferecer orientações gerais que se aplicam aos dois casos citados:
compreender um tema ou as ideias de um autor.

Situação 1: compreender um tema


• Leia o texto em busca de uma compreensão geral do conteúdo;
• Concentre-se nos argumentos principais, nas evidências que os sus-
tentam e na forma (estrutura) como o autor os apresenta;
• Antes de inciar a leitura, decida quanto tempo você vai dedicar por
dia a essa atividade;
• Inicie e termine cada capítulo em uma só leitura, evitando parar no
meio para retomar depois;
• Faça a leitura sempre no mesmo horário e local, criando a sensação
de continuidade;
• Faça anotações e, se o livro pertencer a você, sublinhe passagens
que julgar importantes e escreva breves notas nas margens das
páginas;
• Foque nas partes que interessam ao seu trabalho, ou seja, os
capítulos que tenham relação com o que você fará depois com as
informações;
62 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Crie listas de pontos importantes que devem ser lembrados;


• Anote, ao lado de cada item dessa lista, a página ou páginas onde
você encontrou a informação;
• Ao final da leitura de cada capítulo, escreva um breve texto resu-
mindo sua impressão.

Situação 2: compreender um autor


• Antes de iniciar a leitura, pesquise sobre a vida do autor e seu con-
texto histórico e intelectual;
• Selecione obras de diferentes períodos da carreira do autor ou sua
obra principal;
• Identifique os principais temas dos quais o autor se ocupa;
• Procure por uma linha de progressão na evolução de pensamento
do autor;
• Identifique as principais influências do autor (outros autores ou
obras que influenciaram o trabalho dele);
• Crie mapas para representar graficamente o conteúdo da obra;
• Inicie e termine cada capítulo em uma só leitura, evitando parar no
meio para retomar depois;
• Faça a leitura sempre no mesmo horário e local, criando a sensação
de continuidade;
• Faça anotações e, se o livro pertencer a você, sublinhe passagens
que julgar importantes e escreva breves notas nas margens das
páginas;
• Ao final da leitura de cada capítulo, escreva um breve texto resu-
mindo sua impressão.
6. Como Estudar e Fazer Anotações 63

6.3. Como tomar notas durante a leitura

Fazer anotações durante a leitura é parte essencial na produção de um


trabalho acadêmico e uma das técnicas de estudo mais difíceis de dominar.
Nesta seção, serão propostas diferentes maneiras de tomar notas.
Uma observação: as orientações que seguem se baseiam na experiência
pessoal do autor deste Guia e em técnicas de estudos propostas por psicólogos,
pedagogos e especialistas em design thinking.
Embora existam teorias que explicam como as pessoas aprendem, cada
um de nós desenvolve seu próprio estilo de estudo baseado em aptidões
inatas, hábitos mentais, rotinas, experiências passadas e imitação. Nada
aqui é, portanto, mandatório.

Mapas
São representações gráficas do conteúdo. Os mapas exibem a relação
entre tópicos, associando certas palavras a um conceito, ideia, teoria etc.
No mapa, o conteúdo é visualizado com a ajuda de um estrutura. Por
exemplo, um grande círculo central de onde partem linhas que se ligam a
outros círculos menores; no primeiro, está um conceito ou tema; nos demais,
palavras ou frases que exploram aspectos do conceito ou tema.
Você pode usar mapas para representar o conteúdo de um artigo, livro
ou uma teoria.

Lista de Tópicos
Esta técnica é a mais simples de todas e consiste em criar uma lista com
um tema principal e entradas (os itens da lista) que se associam ao tema.
Por exemplo, você escolhe um capítulo do livro ou uma seção do artigo
que estiver lendo como tema. Em seguida, lista as principais ideias ou con-
ceitos discutidos no capítulo ou seção.
Faça listas com poucas entradas, porque não é produtivo uma lista com
mais de 10 itens. Uma boa lista terá entre 5 e 10 entradas.
64 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Organize as listas por ordem alfabética dos temas (quando estiver lendo
vários textos) ou por capítulos (quando estiver lendo um livro)

Lista de Palavras
É uma variação da Lista de Tópicos. A diferença é que não existe um
tema específico para organizar a lista. Funciona apenas quando o texto é
curto e o assunto do qual ele trata é muito específico.

Colunas
Você cria uma tabela com duas colunas. Na coluna da direita, você es-
creve o tópico ou conceito; na coluna da esquerda, você escreve palavras que
exploram os aspectos do tópico ou conceito.
Esta técnica funciona bem com livros com muitos capítulos ou um artigo
especialmente complexo.
Crie tabelas separadas para cada capítulo individualmente. Se for um
artigo, crie tabelas separadas para cada seção individualmente.
65

7. ONDE ENCONTRAR FONTES

Introdução
Todo trabalho acadêmico depende de fontes bibliográficas. Pesquisar,
selecionar e compilar esse tipo de informação é parte essencial da atividade
de pesquisa.
Este capítulo apresenta tipos de fontes bibliográficas, onde encontrá-las
e quais as técnicas para compilar a bibliografia básica da sua pesquisa.
Você aprenderá também como usar recursos online para fazer pesquisas
em bases de dados (indexadores) e em sites como Wikipédia e Google.
Este é o último capítulo da parte I (Fundamentos e Técnicas de Estudo)
deste Guia. Ele completa o conjunto de informações necessárias para você
entender os fundamentos da escrita acadêmica e dominar as técnicas bási-
cas de leitura e estudo.

7.1. Tipos de fontes e onde encontrar

Uma vez decidido qual o tema da sua pesquisa, o passo seguinte é en-
contrar as fontes bibliográficas que servirão de referência a todo o trabalho.

Tipos de fontes
As fontes bibliográficas são divididas em:
• Primárias: são informações originais publicadas por um autor ou
autores e que não receberam qualquer tipo de interpretação ou
comentário. Exemplo: o livro Formação econômica do Brasil, do eco-
nomista Celso Furtado.
66 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Secundárias: são informações primárias organizadas, sintetizadas


e interpretadas ou comentadas por outra pessoa. Exemplo: o artigo
“O pensamento de Celso Furtado: crenças e desilusões”, de Alcides
Goularti Filho.
• Terciárias: são um tipo de catálogo com uma seleção ou compilação
de fontes primárias e secundárias. Exemplo: Anuário de Publicações,
da FGV Direito Rio.

Onde encontrar as fontes


Como estudante de graduação, você ainda não é um especialista em
pesquisa científica. É, portanto, provável e esperado que você procure pes-
soas mais experientes em busca de orientação para encontrar fontes biblio-
gráficas para escrever seu trabalho.
Duas dessas pessoas são o bibliotecário e o professor.
• Bibliotecário: é a pessoa que você deve procurar para descobrir se
a biblioteca da sua faculdade possui livros, periódicos e bancos de
dados para serem consultados. Embora seja o professor o respon-
sável por indicar quais obras e autores você deve estudar, o biblio-
tecário pode ajudar você a localizar a literatura que você procura,
orientar sobre como organizar uma bibliografia de acordo com as
normas da ABNT e dar dicas sobre leitura e fichamento. Apenas por
essas razões, já vale o trabalho de procurá-lo.
• Professor: seu professor (isto é, da disciplina à qual o trabalho a ser
escrito se relaciona) ou orientador (no caso de uma monografia) é a
pessoa a quem cabe a responsabilidade principal de orientar você
em sua pesquisa. Procure manter uma relação de cordialidade e
confiança com ele. Em geral, o professor/orientador irá acompanhar
você ao longo de todo o processo de elaboração do seu trabalho,
da escolha do tema à redação e normalização do texto. Por isso,
você deve consultá-lo para saber onde encontrar as fontes mais
recomendadas para sua pesquisa.
7. Onde Encontrar Fontes 67

Outras fontes de pesquisa


É possível que seu professor e o bibliotecário não disponham de muito
tempo e você precise fazer parte da sua pesquisa de fontes sozinho. É aqui
que entram as revistas científicas, os livros e a internet.
• Revistas acadêmicas: consulte na biblioteca da sua faculdade
periódicos científicos em busca de referências para sua pesquisa.
Todos os trabalhos publicados em revistas acadêmicas têm uma
seção chamada Referências bibliográficas (ou apenas Referências).
Nela você encontra quais textos (outros trabalhos) o autor consul-
tou ou citou. Anote as referências que possam ser úteis. Lembre-se,
porém, de que essa é uma pesquisa preliminar e que nem todos os
títulos estarão na lista final que você vai criar com as obras que irá
ler para escrever seu artigo ou monografia.
• Livros: os livros costumam ter no final do texto um seção chamada
Bibliografia (às vezes, o autor pode também listar obras ao final de
cada capítulo). É lá que você vai achar referências para seu trabalho.
Mais uma vez cabe a ressalva de que esse é uma etapa preliminar
antes da lista final.
• Internet: a internet se tornou o local preferido dos estudantes para
pesquisar fontes. Existem milhares de sites que publicam trabalhos
acadêmicos, que podem ser lidos online ou baixados parar serem
lidos no computador ou no celular ou impressos. Muitos sites (bases
de dados como SciELO, ERIC e CiteSeerX) permitem isso, enquanto
outros (como Reserch Gate e Social Science Research Network) ape-
nas informam títulos publicados em determinada área, sem acesso
ao texto da publicação. Na seção 7.4 deste capítulo, você verá em
detalhes técnicas de pesquisa online.
68 Guia Prático de Escrita Acadêmica

7.2. Como compilar a bibliografia básica

Nesta seção, você vai aprender como compilar uma bibliografia básica
a partir de quatro variáveis: tema, pergunta de pesquisa, autor e método de
pesquisa.

A partir do tema
Esta é a maneira mais comum de procurar por fontes: você simplesmen-
te busca por livros, artigos, dissertações e teses que tratam do mesmo tema
da sua pesquisa.
A limitação deste método está no fato de o tema da pesquisa ser um
critério genérico demais para uma busca em uma base dados.
Supondo que seu tema seja “EAD e alfabetização de adultos”, qualquer
pesquisa no sistema retornaria um número muito grande de hits (títulos),
dificultando a seleção.

A partir da pergunta de pesquisa


Esta deve ser sua opção, se você já tiver formulado uma pergunta de pes-
quisa (mesmo que seja uma pergunta provisória, que depois será refinada).
A vantagem deste método está no fato de permitir uma busca por tra-
balhos que tenham estudado um tema semelhante ao seu e sob o “mesmo
aspecto”.
Supondo que sua pergunta de pesquisa seja “Como a EAD pode ampliar
o acesso a cursos de alfabetização de adultos?”, o sistema retornaria títulos
que tratam do mesmo tema (EAD e alfabetização de adultos), mas com foco
em “acesso”.
7. Onde Encontrar Fontes 69

A partir de um autor
Este método é simples: você informa o nome do autor ou autores
e o sistema retorna as publicações (livros, artigos, dissertações e teses)
correspondentes.
Funciona quando você sabe quais autores são considerados os mais
importantes no campo de estudo no qual você vai realizar sua pesquisa ou
quando o tema da sua pesquisa é um pensador (exemplo: Nietzsche), escritor
(Machado de Assis) ou personalidade (Juscelino Kubitschek).
É possível descobrir quais textos são obrigatórios para se estudar um
autor simplesmente perguntando ao seu professor/orientador.

A partir do método de pesquisa


O método de pesquisa pode servir como critério para a busca de fontes
em uma base de dados. Supondo que você decidiu pesquisar seu tema usan-
do o estudo de caso como metodologia, você informaria as variáveis “ead +
alfabetização de adultos + estudo de caso” e o sistema retornaria os títulos
correspondentes.

7.3. Pesquisa online

Nesta seção, você vai aprender sobre mecanismos de pesquisa online


como Wikipédia e Google e indexadores (bases de dados) como SciELO, ERIC,
Google Acadêmico e o Portal da CAPES.
Este Guia não é uma manual de metodologia científica e as informa-
ções apresentadas nesta seção oferecem apenas uma visão geral desses
mecanismos.
O número de sites, portais, base de dados e bibliotecas online é grande,
tanto em português quanto em outros idiomas. No final desta seção, você
encontra uma lista de sites que recomendamos como confiáveis.
70 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Internet
• Wikipédia: muito consultada por estudantes de todos os níveis de
ensino, a famosa enciclopédia online deve ser um recurso usado
para obter nomes de autores e títulos de obras. Como fonte de in-
formação, no entanto, ela não é 100% confiável. Use com cautela.
• Google: embora seja a opção mais óbvia para pesquisar fontes,
você precisa saber como informar o site sobre o que exatamente
está procurando. Se você digitar termos muito vagos ou ambíguos,
o algoritmo de busca do Google não terá critérios específicos para
filtrar a busca e retornará hits em excesso. Faça sua busca usando o
operador matemático mais (+) ou aspas (“ ”). Você pode configurar
suas opções de busca nas opções Configurações e Ferramentas do
Google e assim reduzir a abrangência da pesquisa.

Indexadores
Indexadores são bases de dados que reúnem informações sobre artigos
originais publicados em diferentes periódicos científicos. Alguns incluem
ainda monografias, dissertações e teses.
Os indexadores facilitam a localização de artigos científicos em revistas
e jornais acadêmicos em diversas áreas do conhecimento e você deve usá-los
como a principal ferramente de pesquisa de fontes.
As informações em geral incluem:
• autor
• título do artigo
• título do periódico
• ano, volume e/ou número do fascículo
• número de páginas

São essas informações que bibliotecários, pesquisadores e estudantes


usam para saber quais trabalhos já foram publicados sobre um determinado
assunto.
7. Onde Encontrar Fontes 71

Aqui serão mencionados apenas quatro indexadores, entre os milhares


de sites, portais, bibliotecas digitais e repositórios de arquivos existentes
hoje na internet:
• SciELO (Scientific Electronic Library Online): é uma biblioteca ele-
trônica que seleciona e armazena periódicos científicos brasileiros.
Surgiu a partir de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Segundo o site oficial
da SciELO, “o Projeto tem por objetivo o desenvolvimento de uma
metodologia comum para a preparação, armazenamento, dissemi-
nação e avaliação da produção científica em formato eletrônico”.
(https://scielo.org/pt/)
• ERIC (Educational Resources Information Centre): foi desenvolvido
pelo departamento de Educação dos Estados Unidos. Seu acervo
é muito confiável e reúne dados sobre artigos, anais de congres-
so, conferência, documentos governamentais, teses, dissertações,
relatórios, bibliografias, livros e monografias. (https://eric.ed.gov/)
• Google Acadêmico: é um sistema criado e mantido pelo Google.
Permite pesquisar literatura acadêmica em vários idiomas. Inclui
artigos científicos, dissertações e teses, livros e resumos. (https://
scholar.google.com.br/?hl=pt)
• Portal de Periódicos da CAPES: é uma base de dados mantida pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Ciência e Tecnologia. O site dá acesso a conteúdos em
mais de 45 mil publicações periódicas, nacionais e internacionais.
Inclui teses e dissertações e cobre todas as áreas do conhecimento.
Fonte altamente confiável. (https://www.periodicos.capes.gov.br/)

Outros sites
Nota: os sites não estão em ordem alfabética.
• Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Uberlândia
https://www.bibliotecas.ufu.br/
72 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Reúne informações sobre sites, portais, bases de dados e bibliote-


cas digitais. Um dos mais completos.

• Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações


http://bdtd.ibict.br/vufind/
É parte de uma rede que faz a divulgação de informação sobre teses
e dissertações de diferentes instituições de ensino e pesquisa do
Brasil.

• Redalyc
https://www.redalyc.org/home
Reúne pesquisas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal. O
site está em espanhol.

• Biblioteca de Ciências Sociais e Humanidades da UFRGS


https://www.ufrgs.br/bibcsh/
É parte do Sistema de Bibliotecas da UFRGS. Especializada em pu-
blicações na área das Ciências Humanas e Sociais.

• Biblioteca Digital Jurídica (BDJUR)


https://bdjur.stj.jus.br/jspui/
Repositório de documentos jurídicos. Inclui capítulos de livros e
periódicos, teses,dissertações, decisões jurisprudenciais, palestras
e discursos.

• Pantheon Repositório Institucional da UFRJ


https://pantheon.ufrj.br/
Reúne produção acadêmica em várias áreas do conhecimento.
Inclui teses e dissertações da UFRJ, artigos científicos, livros eletrô-
nicos, capítulos de livros e trabalhos apresentados em eventos por
professores, pesquisadores, funcionários administrativos e alunos
de mestrado e doutorado.
Parte 2 — O Processo
de Escrita
75

8. PAPER: O PASSO A PASSO

8.1. O que é um paper

Definição
O paper ou short paper é um gênero acadêmico recente e ainda não
reconhecido pela ABNT.
Segundo Denise Pires Fincato, professora de Metodologia da Pesquisa
Jurídica, um paper seria:
• invenção do meio acadêmico, ainda não regulado pela ABNT;
• meio caminho entre artigo científico e monografia;
• utilizado como instrumento de avaliação em disciplinas e/ou módu-
los de cursos de pós-graduação estrito ou lato senso.

Limites
O paper não faz uma contribuição ao conhecimento que já se tem sobre
um determinado assunto; ele apenas comenta aquilo que já foi dito. Essa é a
principal diferença entre o paper e o artigo científico.

8.2. A estrutura

Divisões
A estrutura do paper assemelha-se à do artigo científico, mas seu
conteúdo é menos extenso e sua redação segue um processo ligeiramente
diferente. O paper não tem as mesmas subdivisões de um artigo científico.
76 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Extensão e organização
De maneira geral, o tamanho do paper irá depender da complexidade
e extensão da pesquisa em si. Normalmente são aceitos papers de 6 a 12
páginas. Um paper padrão é organizado assim:
• Cabeçalho com o nome da universidade e o curso/disciplina;
• Título e subtítulo (quando for o caso);
• Autor(es) e suas credenciais;
• Resumo e palavras-chave;
• Corpo (sem as subdivisões obrigatórias do artigo científico; inclui
uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão);
• Referências bibliográficas;
• Abstract e keywords.

8.3. O passo a passo

Introdução
Como dito anteriormente, o paper não se baseia em uma pesquisa ori-
ginal. Seu conteúdo resulta da revisão de literatura; ou seja, o autor comenta
criticamente trabalhos já publicados por outros pesquisadores sobre o tema
escolhido.

Passo 1: Escolhendo o tema


O que é tema?
Tema é o assunto ou tópico sobre o qual o paper vai falar. Não pode ser
amplo nem específico demais.

Quem escolhe o tema do paper?


Existem duas possibilidades: o professor (ou tutor) ou o próprio aluno
(ou o grupo, quando se tratar de um trabalho em equipe).
8. Paper: o passo a passo 77

Professor (ou tutor): em geral, o tema do paper é indicado pelo profes-


sor (ou tutor) da disciplina. Portanto, você terá que escolher um tema em uma
lista de três ou mais tópicos sugeridos.
Aluno (ou grupo): em outras ocasiões, é possível que a escolha do tema
seja feita pelo aluno ou pelo grupo de estudo (três ou mais pessoas). Nesse
caso, você ou seu grupo devem seguir os seguintes critérios:
• O tema deve ser obrigatoriamente pertinente à disciplina;
• O tema deve refletir aspectos contemporâneos da área de estudo;
• O tema deve ser relevante para a fixação do conteúdo da disciplina
já estudado por você: na modalidade EAD, um mês ou 45 dias; em
cursos semestrais, 4 meses;
• O tema deve ter literatura (fontes bibliográficas) fácil de ser encon-
trada e consultada;
• O tema deve despertar interesse intelectual ou prático em você.

Passo 2: Delimitando o tema


O que é delimitação do tema?
Delimitar um tema significa escolher um aspecto do tema que será ex-
plorado. Você faz um recorte, estabelecendo os limites da sua pesquisa. Na
delimitação do tema, o importante é decidir o que vai ser enfatizado.

Exemplo 1
Supondo que seu tema seja “a inclusão digital de deficientes auditivos”,
você pode delimitar seu estudo à investigação das ações em escolas públicas
da sua cidade voltadas para a inclusão digital de alunos surdos. Indo mais
longe, você pode decidir estudar apenas um grupo de alunos, fazendo uma
seleção por sexo, idade ou série (ano) escolar.

Exemplo 2
Supondo que seu tema seja “o processo de alfabetização”, você pode
delimitar seu estudo à investigação dos tipos de método (soletração, fônico,
silábico, palavração, global etc). Indo mais longe, você pode decidir estudar
78 Guia Prático de Escrita Acadêmica

apenas alunos de cursos EJA e, dentro desse grupo, só mães solteiras entre
20 e 30 anos.

Passo 3: Problematizando o tema — a pergunta


de pesquisa
O que é a pergunta de pesquisa?
A pergunta de pesquisa é o tema transformado em problema em um
cenário específico. É também chamado de processo de problematização do
tema.

Exemplo 1
Supondo que seu tema seja “a inclusão digital de alunos surdos em esco-
las de ensino fundamental”, sua pergunta de pesquisa poderia ser a seguin-
te: “Como ações de inclusão digital de alunos surdos do ensino fundamental
diminui a evasão escolar?”

Exemplo 2
Supondo que seu tema seja “métodos de alfabetização em cursos EJA”,
sua pergunta de pesquisa poderia ser a seguinte: “Por que o método constru-
tivista de alfabetização é o preferido em cursos EJA na rede pública?”

Passo 4: Formulando a hipótese


O que é hipótese?
Hipótese é uma afirmação na forma de uma sentença que responde à
pergunta de pesquisa.

Exemplo 1
Supondo que sua pergunta seja “Por que o método construtivista de
alfabetização é o preferido em cursos EJA da rede pública?”, sua hipótese
poder ser formulada da seguinte maneira: “O método construtivista de alfa-
betização tem maiores chances de sucesso porque é resultado da construção
8. Paper: o passo a passo 79

do conhecimento pelo próprio indivíduo a partir de experiências de vida que


ele traz para a sala de aula”.

Exemplo 2
Supondo que sua pergunta de pesquisa seja “Como a escola reproduz
os valores da sociedade na qual está inserida?”, sua hipótese poderia ser
formulada da seguinte maneira : “O sistema educacional reproduz e reforça
os valores da sociedade por meio dos conteúdos ensinados às crianças e
pela identificação desses conteúdos com o ideal de cidadão defendido por
essa sociedade”.

Passo 5: Selecionando as fontes bibliográficas


O que é uma fonte bibliográfica?
Fonte bibliográfica é um termo que inclui:
• Artigos publicados em periódicos (jornais e revistas) científicos;
• Livros ou capítulos de livros;
• Teses e dissertações;
• Relatórios ou resumos apresentados em congressos;
• Artigos publicados em jornais de circulação diária.

Tipos de fonte
As fontes bibliográficas são divididas em três tipos:
• Primárias: são informações originais publicadas por um autor ou
autores e que não receberam qualquer tipo de interpretação ou
comentário. Exemplo: o livro Formação econômica do Brasil, do eco-
nomista Celso Furtado.
• Secundárias: são informações primárias organizadas, sintetizadas
e interpretadas ou comentadas por outra pessoa. Exemplo: o ar-
tigo “O pensamento de Celso Furtado: crenças e desilusões”, de
Alcides Goularti Filho.
80 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Terciárias: são um tipo de catálogo com uma seleção ou compilação


de fontes primárias e secundárias. Exemplo: Anuário de Publicações,
da FGV Direito Rio.

Onde encontrar fontes bibliográficas


Existem três locais onde você pode encontrar fontes bibliográficas:
1. Biblioteca da faculdade: primeiro lugar para você pesquisar por
fontes para seu trabalho; algumas instituições disponibilizam textos
(livros, artigos, dicionários etc) digitalizados em bibliotecas virtuais;
2. Biblioteca pública da cidade: é uma opção, caso você seja usuário
com direito a empréstimo;
3. Internet: existem bases de dados (os indexadores) que reúnem ar-
tigos já publicados, sendo os mais conhecidos SciELO, ERIC, Google
Acadêmico e o Portal da CAPES. Algumas áreas de pesquisa têm
seus próprios indexadores. Também é possível pesquisar, ler ou bai-
xar livros em bibliotecas virtuais como a Biblioteca Brasiliana Guita e
José Mindlin, o site Domínio Público, a Biblioteca Mundial Digital e a
Biblioteca Digital da Unicamp. Os endereços desses sites na internet
podem ser facilmente pesquisados no Google.

Passo 6: Fazendo a leitura e a tomada de notas


Avaliação das fontes
A primeira coisa a fazer é avaliar as fontes selecionadas. Esta etapa é
feita já no momento da seleção (passo 5): à medida que vai encontrando as
fontes, você decide quais são relevantes e contribuem para a fundamentação
teórica da pesquisa.

Check-list para escolher as publicações adequadas


Para saber quais textos servem para sua pesquisa, use estas perguntas
como guia:
8. Paper: o passo a passo 81

• A pergunta ou problema que o autor está abordando tem relação


com a minha pesquisa?
• Quais conceitos e ideias o autor discute e têm afinidade com meu
tema?
• Quais teorias e métodos são discutidos pelo autor e são relevantes
para meu estudo ?
• Os resultados e conclusões do estudo confirmam ou negam minha
hipótese?
• Quais são os pontos fortes e fracos dos argumentos apresentados
pelo autor?

Como ler um texto


A leitura de um artigo ou de um livro pode ser feita em três etapas:
Etapa 1 — Pré-leitura: nesta etapa, você busca ter uma ideia da orga-
nização do texto, atentando para número de páginas, divisão em seções e
subseções, resumos e exemplos etc. Ao fazer isso, você cria um mapa mental
do texto; ajuda se você desenhar em uma folha uma imagem representando
essa estrutura.
Etapa 2 — Leitura ativa: nesta etapa, você lê e faz anotações direta-
mente no texto (se for uma cópia), como sublinhar um trecho ou fazer breves
comentários nas margens.
Etapa 3 — Fichamento: nesta etapa, você faz o fichamento bibliográ-
fico do texto. Para saber como fazer um fichamento, consulte o capítulo 6
(Como Estudar e Fazer Anotações) deste Guia.

O que anotar ao ler um texto


Ao ler um texto, concentre-se nos seguintes itens:
• Identifique a principal ideia do autor (em geral, é a formulação de
uma tese, que ele reitera repetidamente);
• Identifique os principais argumentos do autor (em geral, são ideias
próprias ou de terceiros que o autor usa para sustentar sua tese
principal);
82 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Identifique os principais autores e teorias nos quais o autor se apoia


para argumentar;
• Identifique trechos nos quais o autor refuta autores e teorias
concorrentes;
• Identifique termos e conceitos usados com frequência pelo autor.

IMPORTANTE: faça quantas anotações você achar necessário; você vai


precisar das anotações para fazer citações, quando estiver escrevendo o
paper.
LEMBRE-SE: anotar e fichar são a garantia de que você não vai perder
tempo relendo os textos!

Passo 7: Criando o roteiro de redação


O corpo de um paper (isto é, sua parte central) tem uma estrutura divi-
dida em três partes: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
Para tornar a redação do seu paper mais prática e organizada, crie um
esqueleto (roteiro) detalhado com um número estimado de parágrafos por
item. Assim:
1. Introdução
» Tema, problema de pesquisa e hipótese (objetivo): três
parágrafos;
» Metodologia: dois parágrafos;
» Resumo do conteúdo: dois parágrafos;

2. Desenvolvimento
» Contexto: três parágrafos;
» Subseção A: três parágrafos;
» Subseção B: três parágrafos;
» Subseção C: três parágrafos;

3. Conclusão
8. Paper: o passo a passo 83

» Resumo do tema, problema e hipótese: um parágrafo;


» Resumo dos pontos principais: dois parágrafo;
» Síntese das discussões: um parágrafo.

Passo 8: Escrevendo o paper


Para redigir o texto do corpo do paper, siga estas orientações:
• Introdução: comece esta seção do paper com a descrição do tema
do trabalho, do problema de pesquisa e da hipótese (na forma do
objetivo). Em seguida, você deve apresentar a metodologia do
estudo; neste caso, a revisão de literatura. Por fim, liste os pontos
principais que serão tratados na próxima seção (os itens da seção
desenvolvimento);
• Desenvolvimento: comece esta seção do paper com a descrição do
contexto (o estado atual do campo de pesquisa) do estudo. Em se-
guida, faça a discussão de cada um dos pontos principais do paper,
citando e comentando os textos que você leu;
• Conclusão: comece esta seção do paper com um resumo do tema,
do problema e da hipótese. Em seguida, faça uma lista das princi-
pais ideias discutidas na seção desenvolvimento. Por fim, ofereça
uma síntese das discussões.

IMPORTANTE: um paper não é um trabalho original; ao escrever um


paper, você deve se concentrar na exposição crítica de um tópico, com base
na leitura de trabalhos já publicados.
LEMBRE-SE: o objetivo é demonstrar seu domínio do assunto e sua capa-
cidade de pensar criticamente a partir das ideias de outras pessoas!

Passo 9: Listando as referências bibliográficas


Nesta etapa, você cria a lista de referências bibliográficas. Você deve
incluir todos os documentos consultados e citados no paper.
84 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Você deve incluir:


• Artigos científicos;
• Livros ou capítulos de livros;
• Monorafias, dissertações e teses;
• Artigos jornalísticos (entrevistas, reportagens e artigos de opinião);
• Dicionários e enciclopédias;
• Site, blogs e páginas de redes sociais;
• Outros conteúdos online.

A forma de organizar e apresentar as referências bibliográficas do seu


paper deve seguir a norma NBR 6023 da ABNT. Para saber como fazer isso,
visite o site Normas para Apresentação de Trabalhos Acadêmicos, mantido
pela ESPM e disponível em: https://normas-abnt.espm.br.

Passo 10: Revisando o paper


Por que revisar
A revisão do texto do seu paper tem como objetivo identificar erros
de digitação e de gramática, falhas no modelo de citação de fontes, con-
tradições na argumentação, falta de uma dado importante e até falhas na
estrutura do paper.
Você também deve revisar seu trabalho pelos seguintes motivos:
1. Encontrar e acrescentar novas informações;
2. Deletar dados ou trechos redundantes;
3. Melhorar o fluxo, o desenvolvimento e o foco do texto .

Como revisar
IMPORTANTE: entre a redação e a revisão, é aconselhável que você faça
um intervalo de um ou dois dias. Isso vai ajudar você a olhar o texto com
uma mente descansada e a identificar mais facilmente os pontos que exigem
ajustes.
Revise o texto, seguindo os seguintes passos:
8. Paper: o passo a passo 85

1. Imprima o paper;
2. Leia o texto com uma caneta ou lápis na mão;
3. Na primeira passada, busque por informações incompletas ou erra-
das e erros de digitação e de gramática;
4. Abra o arquivo e faça as correções;
5. Dê uma pausa de uma ou duas horas;
6. Faça uma segunda leitura, mas agora procure por erros de estilo
(Ex.: uma citação fora do padrão que você está seguindo ou o tempo
verbal incorreto);
7. Abra novamente o arquivo e faça as correções;
8. Dê uma pausa de uma ou duas horas;
9. Por fim, na terceira leitura, examine o texto para identificar lacunas
no seu raciocínio ou pontos que você considera fracos; busque tam-
bém por quebras no fluxo do texto ou trechos redundantes;
10. Abra o arquivo e faça as alterações;
11. Espere até o dia seguinte;
12. Imprima novamente o arquivo;
13. Releia o texto do começo ao fim e tente responder à seguinte
pergunta: “Se eu fosse um professor, que nota daria para este
trabalho?”
14. A resposta dirá o que você deve fazer em seguida: entregar o texto
ou revisá-lo mais uma vez;
15. Faça uma cópia extra no Google Drive ou em um pendrive.

Passo 11: Formatando o paper


Consulte os capítulos 12 (Como Apresentar Seu Trabalho) e 13 (Guia de
Leitura). Lá você encontra orientações gerais sobre a apresentação gráfica
do paper e recomendações de sites, manuais e livros sobre normalização
textual.
87

9. ARTIGO CIENTÍFICO:
O PASSO A PASSO

9.1. O que é um Artigo Científico

Definição
O artigo científico é o registro detalhado de um experimento ou ob-
servação. O artigo científico tem um formato padronizado, que inclui as re-
ceitas ou procedimentos que o investigador seguiu para fazer o experimento
ou observação. É o meio mais comum de divulgação do conhecimento
científico.

Tipos
Existem basicamente dois tipos de artigo científico: o original e o de
revisão.
Como o próprio nome indica, o artigo original apresenta descobertas
novas e originais. Seus dados são produzidos a partir de observações ou ex-
perimentos que usam uma metodologia já conhecida ou um método novo
de investigação para gerar novas informações e aumentar o conhecimento
que temos sobre um determinado assunto. Os artigos originais servem como
fontes primárias de informação.
Já o artigo de revisão é assim chamado porque fornece uma visão geral
de um tema ou campo de pesquisa com base em estudos já realizados. Seu
objetivo é sintetizar pesquisas anteriores e servir como referência ou ponto
de partida para novos trabalhos. Os artigos de revisão servem também como
fontes secundárias de informação.
88 Guia Prático de Escrita Acadêmica

9.2. Estrutura do Artigo Científico

Um artigo científico padrão possui uma estrutura dividida em três


partes principais: A) título (subtítulo), resumo (abstract) e palavras-chave
(keywords), B) corpo e C) referências e anexos e apêndices (quando houver).
OBSERVAÇÃO : dependendo da disciplina ou tema, essa estrutura pode
variar com o acréscimo de sub-seções.
O esqueleto de um artigo científico padrão apresenta-se assim:
• Título (sub-título)
• Resumo (Abstract)
• Palavras-chave (Keywords)
• Introdução
• Materiais e Métodos
• Resultados
• Discussão
• Conclusão
• Referências
• Apêndices
• Anexos

Essa ordem de apresentação é, como dito acima, obrigatória; porém,


como você verá na seção 9.7 deste capítulo, a sequência de redação é diferen-
te, seguindo outra lógica.

9.3. Como escolher o tema

Definição de tema
O tema é o assunto que você vai explorar na pesquisa.
Um artigo científico original deve fornecer informações novas sobre um
tema específico. A pergunta a ser feita, então, é: “Como escolho um tema?”
9. Artigo Científico: o passo a passo 89

Alguns critérios para escolher um tema


Ao escolher o tema da sua pesquisa, leve em conta os seguintes critérios:
• Afinidade com as suas inclinações e habilidades pessoais: por
exemplo, você pode gostar de números e já possuir um certo domí-
nio de estatística, o que ajuda em pesquisas do tipo quantitativas;
• Compatibilidade das suas qualificações com o assunto que você
escolhe: por exemplo, não estude um assunto que exigirá de você
aprender uma técnica ou novos conhecimentos fora daquilo que
você estudou na faculdade;
• Relevância do estudo para um grupo de pessoas ou para a socie-
dade como um todo: por exemplo, escolha um assunto que solucio-
ne um problema real;
• Disponiblidade de tempo e recursos tecnológicos (exemplo,
computador), financeiros (exemplo, para pagar despesas com
transporte) e humanos (exemplo, um auxiliar para coletar dados
em campo).

Passos para escolher um tema


1. Decida primeiro que áreas de estudo o interessam. Considere, por
exemplo, escolher um tópico que abranja assuntos que você domina
mais ou que tenha relação com algo que você pretende fazer profis-
sionalmente no futuro;
2. Em seguida, faça uma lista daquilo que, no tópico que você esco-
lheu, pode ser estudado com os recursos que você dispõe na uni-
versidade onde você estuda. Por exemplo, acesso a computadores,
equipamentos, laboratórios e bibliotecas;
3. Outro cenário: se sua pesquisa envolve, digamos, trabalho de
campo, certifique-se de que você terá tempo para fazer entrevistas
ou aplicar questionários, além de dinheiro para bancar despesas
básicas como transporte e impressões;
90 Guia Prático de Escrita Acadêmica

4. Revise sua lista de temas que podem ser estudados e elimine aque-
les que exigem mais tempo e recursos;
5. Por fim, escolha o tema que melhor atenda as exigências de interes-
se pessoal, relevância social e disponibilidade de tempo e recursos.

Lembre-se:
O que evitar na escolha de um tema:
• Pesquisar algo que exija viagens a outras cidades ou acesso a equipamentos e
instalações que não pertençam à sua universidade;
• Temas muito abrangentes (Ex.: “A luta sindical no Brasil”) ou muito restritos (Ex.:
“O papel das professoras na luta dos trabalhadores durante as greves no ABC
em 1978-1980”);
• Temas que despertem o interesse apenas em um grupo seleto de pessoas;
• Pesquisar algo muito distante do seu contexto social imediato;
• Temas que não tenham importância para você como pessoa e para seu futuro
profissional.

9.4. Pergunta de pesquisa

Chama-se por esse nome a pergunta que seu artigo pretende respon-
der e que é a razão do seu esforço de investigação. A pergunta de pesquisa
parte sempre do tema. Exemplo: supondo que sua pesquisa é sobre sindica-
lismo e direitos trabalhistas, sua pergunta poderia ser “Qual a contribuição
dos sindicatos na conquista de direitos sociais pelos trabalhadores?”
A pergunta de pesquisa, contudo, não surge do nada, não é uma cria-
ção da sua imaginação. Para formulá-la, você deve partir de um exame
da literatura que aborda o mesmo tema que você escolheu. Como você faz
isso?
9. Artigo Científico: o passo a passo 91

Passos para formular a pergunta de pesquisa


1. Faça uma lista de livros e artigos que estudaram temas semelhan-
tes àquele que você escolheu para pesquisar;
2. Descubra como os autores desses trabalhos formularam suas
perguntas;
3. Liste as hipóteses que eles propuseram;
4. Enumere as respostas que deram e os métodos que empregaram:
por exemplo, se fizeram experimentos ou apenas observações;
5. Escreva um resumo do que você aprendeu nesses textos;
6. Por fim, formule sua pergunta de pesquisa.

Lembre-se:
• A pergunta de pesquisa funciona como um guia e um farol: ela ajuda você a con-
centrar seus esforços e sua atenção naquilo que é essencial;
• A pergunta de pesquisa vai também orientar todas as suas escolhas seguintes:
da literatura que você vai usar como referência ao método de pesquisa; da coleta
de dados à interpretação deles;
• A essência de toda pesquisa é a busca de respostas. E a pergunta de pesquisa
orienta essa busca.

9.5. Como reunir fontes bibliográficas

Você vai precisar ler livros (ou capítulos deles), artigos e periódicos espe-
cializados que abordam o tema que você vai pesquisar, para se familiarizar
com a terminologia, os autores, experimentos e teorias do campo de estudo
relacionados à sua pesquisa.
92 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Passos para reunir fontes bibliográfica


1. Comece com a lista de livros e artigos recomendados pelo seu pro-
fessor ou tutor;
2. Vá à biblioteca e descubra quais textos da sua lista estão no acervo
para consulta ou empréstimo;
3. Leia dois ou três textos e anote: a) os principais conceitos discutidos;
b) palavras associadas a esses conceitos; c) autores, livros e artigos
relevantes citados no corpo do texto ou nas seções Referências (ar-
tigos) ou Bibliografia (livros);
4. Use suas anotações para criar um lista provisória dos livros e artigos
que você pretende ler para fundamentar sua pesquisa;
5. Continue sua pesquisa em sites de indexadores como Scielo, ERIC e
Google Scholar, em busca de mais fontes;
6. Crie uma lista final de todas as fontes que você descobriu, seguindo
os seguintes critérios: a) relevância do texto para o estudo do seu
tema; b) disponibilidade do material (na biblioteca ou online); re-
conhecimento do autor ou autores como autoridades no assunto;
e d) grau de complexidade do texto (Ex.: se o artigo faz muito uso
de estatística, você possui o conhecimento necessário para acompa-
nhar a exposição?);
7. Organize essas informações, usando o formato de citação de fontes.

Algumas coisas para ter em mente ao pesquisar


fontes:
• Use fontes variadas: livros, periódicos, entrevistas, matérias de jor-
nal etc;
• Dedique pelo menos duas horas por sessão de pesquisa;
• Faça registros e cópias de todas as informações que você obtiver;
• Crie registros detalhados de todo material bibliográfico que você
encontrou. Essas informações devem incluir:
9. Artigo Científico: o passo a passo 93

» Título do artigo ou livro (com subtítulos, quando houver)


» Data de publicação
» Autor (es) e editora
» Local onde a fonte se encontra: na biblioteca ou online?
» Tipo de fonte: primária, secundária ou terciária?

9.6. Como fazer a revisão de literatura

Definição
Revisão de literatura é a discussão ou comentário de fontes acadêmi-
cas sobre um tópico específico. Essas fontes podem incluir livros (ou capítu-
los), artigos e anais de congressos.
Dependendo do tema, do método de pesquisa e do campo de estudo,
pode ser também necessário pesquisar em diários, cartas e jornais de época.
A revisão de literatura em geral toma a forma de um resumo do con-
teúdo de um artigo, acompanhado de comentários pessoais. O objetivo é
produzir uma síntese das ideias centrais do texto que você está revisando.
IMPORTANTE : ao escrever a revisão de literatura, você não deve produ-
zir novas interpretações dos dados ou descobertas dos trabalhos que você
está revisando.

Por que fazer uma revisão de literatura?


Um trabalho de pesquisa visa a contribuir com novos conhecimentos.
Porém, todo trabalho acadêmico parte de dados já produzidos por outros
pesquisadores. Portanto, a revisão de literatura é uma maneira de você se
familiarizar com as ideias, argumentos e metodologias de autores que escre-
veram sobre o assunto que você vai pesquisar.
94 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Passos para fazer a revisão de literatura


1. Selecione a bibliografia de acordo com o tema que você escolheu
pesquisar;
2. Leia cada texto selecionado e faça anotações detalhadas;
3. Redija, para cada texto, um resumo, acompanhado de um comen-
tário pessoal na forma de uma avaliação (Ex.: “O autor não discute
adequadamente a questão x” ou “O autor não apresenta evidên-
cias sólidas para sustentar o argumento central do artigo”);
4. Escreva uma síntese geral das ideias do texto na forma de tópicos
(Ex.: “Ideia 1: O texto discute o desenvolvimento motor da criança
a partir do modelo de estágios de Jean Piaget.”; Ideia 2: “O autor
afirma que Piaget postula que a criança herda uma série de es-
truturas biológicas que permanecem constantes ao longo da sua
vida.”);
5. Escreva o texto final, usando parágrafos curtos para cada ideia,
texto ou autor que você discute em sua revisão de literatura.

Lembre-se:
• Limite o número de textos que você irá revisar de acordo com o tempo que você
dispõe;
• Não inclua textos publicados em períodos muito diferentes ou que usam metodo-
logias distintas daquela que você vai empregar na sua pesquisa;
• Inclua tanto os autores que apoiam sua visão quanto aqueles que pensam de
forma contrária;
• Organize os textos selecionados seguindo o seguinte critério: a) teses comuns;
b) teses contrárias; c) autores, escolas e estudos mais importantes na área; e c)
teorias mais influentes.
9. Artigo Científico: o passo a passo 95

9.7. O processo de redação

Resultados e “receitas”
Um artigo científico deve reunir os resultados do trabalho de pesquisa e
as “receitas” (a descrição detalhada dos passos de um experimento ou uma
observação) que o pesquisador usou para produzir esses resultados.
O produto final de um processo de pesquisa é o texto que você escreve,
que deve seguir a lógica de toda investigação científica: você faz perguntas,
coleta evidências e elabora respostas.

Estrutura de um artigo científico padrão


O artigo científico tem um formato padrão. Cada informação é apre-
sentada em uma sequência idêntica em todos os artigos científicos e essa
ordem ajuda o leitor a navegar pelas seções do artigo com mais facilidade:
• Título e subtítulo (quando houver): sintetizam as ideias do artigo;
• Resumo e palavras-chave: apresentam o conteúdo do artigo de
forma simplificada;
• Introdução: descreve a pergunta de pesquisa do artigo, a hipótese
e o contexto atual das pesquisas sobre o tema (em geral, inclui a
citação de autores e teorias);
• Materiais e métodos: detalha todos os passos para a produção
de dados;
• Resultados: apresenta os dados coletados;
• Discussão: discute os resultados e os compara com o trabalho de
outros pesquisadores;
• Conclusão: resume os dados ou ideias relevantes produzidos pela
pesquisa;
• Referências: relaciona as fontes bibliográficas que o autor usou
para embasar seu estudo;
• Apêndices (quando houver): textos, roteiros de entrevistas, cópias
de questionários etc elaborados pelo autor;
96 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Anexos (quando houver): documentos não elaborados pelo autor,


mas que servem de fundamentação, comprovação ou ilustração
(Ex.: leis, estatutos, declarações etc).

Resumo dos passos


As etapas para escrever um artigo científico podem ser resumidas da
seguinte maneira:
• Prepare tabelas, figuras, quadros e gráficos que você irá usar;
• Descreva os materiais e métodos empregados na pesquisa;
• Apresente os resultados dos seus experimentos ou observações;
• Faça a discussão dos resultados;
• Escreva a conclusão;
• Escreva a introdução.
• Escreva o resumo e selecione as palavras-chave;
• Redija o título e subtítulo (este, se necessário).
• Liste as referências.
• Revise o texto;
• Formate o artigo.

A ordem de redação das seções


Para escrever seu artigo, você deve seguir uma ordem diferente da
apresentação das seções. Isso significa que você não começa com a escolha
de um título, escreve o resumo e redige a introdução e demais seções na
sequência em que elas aparecerão no texto final.
A ordem que você vai seguir é a seguinte: Materiais e Métodos (que você
usou para gerar dados) devem vir antes dos Resultados (os dados gerados);
em seguida, você faz a Discussão dos dados coletados e, com base nisso,
escreve a Conclusão; depois vem a Introdução, o Título (subtítulo), as Palavras-
chave e as Referências.
9. Artigo Científico: o passo a passo 97

Essa sequência faz mais sentido, porque respeita a ordem lógica da


produção dos conteúdos. Por exemplo, não faz sentido começar escrevendo
uma introdução sem antes ter dados para apresentar e discutir. E fica tam-
bém mais fácil escolher um título apropriado depois de saber quais foram as
conclusões do seu trabalho.

9.8. Escrevendo as seções

Escrevendo a seção Materiais e Métodos


O que é a seção Materiais e Métodos
A seção Materiais e Métodos de um artigo científico é onde se encon-
tram as informações sobre procedimentos, métodos, técnicas e ferramentas
que você usou para produzir seus dados.
Essa é a seção que outros pesquisadores, em geral, usam para julgar a
qualidade da uma pesquisa e a validade de um estudo.

O que deve conter a seção Materiais e Métodos


A seção Materiais e Métodos existe para responder essencialmente às
seguintes questões:
• Como os dados foram coletados ou gerados?
• Como esses dados foram analisados?
• Quais referências em termos de metodologia a pesquisa usou?

Para escrever a seção Materiais e Métodos, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esqueleto da seção: dependendo do tipo de pesquisa


(experimental, observacional, documental, etnográfica etc), esse esqueleto
pode variar. De um modo geral, deve incluir:
1. Literatura: quais autores ou trabalhos determinaram a escolha dos
métodos;
98 Guia Prático de Escrita Acadêmica

2. Participantes do estudo: qual o tamanho da amostragem e ca-


racterísticas dos indivíduos, como região geográfica de origem,
faixa-etária, sexo, condições socioeconômicas etc;
3. Características do grupo: classificação e descrição dos subgrupos
e suas características; por exemplo, grupo-teste e grupo-controle;
4. Procedimentos: como o estudo foi desenhado, quais preparativos
foram feitos e que instrumentos ou ferramentas foram usados; deve
incluir ainda uma descrição de como os indivíduos foram “manipula-
dos”, ou seja, como foram abordados;
5. Análises estatísticas: dependendo do tipo de dados, como foram
medidos, quais testes estatísticos foram empregados e se um pro-
grama específico foi usado para processar os dados.

Passo 2: Descreva de forma detalhada cada item do esqueleto. Por


exemplo, se você estiver fazendo um estudo de caso, seu esqueleto vai incluir:
1. Critérios para a seleção dos participantes a serem estudados:
devem incluir tanto os critérios de inclusão quanto os de exclusão;
ou seja, você deve informar como chegou à sua amostragem;
2. Métodos (ou técnicas) para a coleta de dados: devem levar em
conta se serão dados quantitativos ou qualitativos; por exemplo,
você pode ter decido usar questionários e entrevistas ou apenas
uma dessas ferramentas;
3. Procedimentos para tratamento dos dados: devem descrever
como os dados foram reunidos e processados; por exemplo, se você
usou uma planilha eletrônica ou um programa de processamento
de dados específico.

Passo 3: Escreva o texto na forma de uma narrativa, usando parágrafos


individuais para descrever cada item do seu esqueleto. Exemplo:
“Para atingir os objetivos propostos e testar as hipóteses experimentais
formuladas, realizou-se um estudo em duas fases distintas...
9. Artigo Científico: o passo a passo 99

A primeira fase consistiu na seleção de 100 indivíduos, divididos em dois


grupos: A e B...
Na segunda fase, procedeu-se ao estudo do comportamento do grupo A,
aplicando-se um questionário...”

Lembre-se:
• Você deve redigir esta seção no pretérito, usar parágrafos curtos e ser direto.
Exemplo: “O questionário foi aplicado aos indivíduos do grupo A em duas seções
de 15 minutos cada. As respostas foram tabuladas usando uma planilha. Os
dados não receberam tratamento estatístico”;
• Não inclua gráficos, tabelas ou figuras nesta seção. Esse tipo de informação deve
aparecer apenas na seção Resultados.
• Informe qualquer limitação da metodologia, como problemas ao coletar ou gerar
os dados ou dificuldades na seleção da amostragem. Isso é sinal de honestidade
intelectual e valorizado por outros pesquisadores.

Escrevendo a seção Resultados


O que é a seção Resultados
A seção Resultados de um artigo científico é a razão de ser de todo
o trabalho. É onde você apresenta os dados que sua pesquisa coletou ou
gerou. Em um artigo científico original, esta seção será a mais valorizada,
porque traz novas informações e contribui para expandir o conhecimento do
tema que você estudou.
Para escrever a seção Resultados, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esqueleto da seção, seguindo uma sequência orde-


nada. Guie-se pela seção Materiais e Métodos: para cada resultado deve
haver um item ou procedimento correspondente na seção anterior. Exemplo:
se você aplicou um questionário como passo na seção Materiais e Métodos,
então um item da seção Resultados será a apresentação dos dados coletados
com esse questionário.

Passo 2: Apresente os dados respeitando os seguintes critérios:


100 Guia Prático de Escrita Acadêmica

1. Selecione quais resultados serão apresentados; inclua na seleção


tanto os dados que sustentam sua hipótese quanto aqueles que a
enfraquecem ou negam;
2. Organize os dados em ordem cronológica; ou seja, de acordo com a
sequência em que foram produzidos;
3. Decida quais dados serão apresentados na forma de tabela, grá-
fico ou figura; alguns dados são melhor compreendidos quando
apresentados em um gráfico do tipo barras, enquanto outros ficam
melhor em uma tabela;
4. Crie legendas explicativas para cada tabela, gráfico, figura ou foto
que você usar;
5. Numere tabelas, gráficos e figuras consecutivamente, seguindo a
mesma sequência em que eles aparecem no texto;
6. Use numerações distintas para cada tipo de imagem. Exemplo:
Figura 1; Tabela 1, Gráfico 1 etc.
7. Escreva um cabeçalho para cada tabela, gráfico ou figura;
8. Depois de cada conjunto de dados apresentado, escreva um pará-
grafo resumindo as informações. Exemplo: se você mostrou uma
tabela com as respostas dos respondentes ao seu questionário, es-
creva uma breve descrição que realce um padrão ou a importância
de um dado específico (uma variável);
9. Se você empregou uma ferramenta de análise estatística, explique
como os dados foram tratados e qual variável em especial você
focou.

Passo 3: Escreva o texto na forma de uma narrativa, usando parágrafos


individuais para descrever cada item do seu esqueleto. Exemplo (fictício):
“A produção de nutrientes pela planta em seus estágios inciais foi observa-
da em dois grupos de indivíduos (1 e 2), usando medições diárias em intervalos
de 8 horas durante 7 dias consecutivos.
O grupo 1 foi exposto a 4 horas extras de sol por dia e recebeu 50% mais
fertilizantes do que o grupo 2.
9. Artigo Científico: o passo a passo 101

O dados não apresentaram diferenças significativas entre as espécies ob-


servadas (Tabela 1), como inicialmente havia sido indicado pelos trabalhos de
JOHANSSON (1997:26) e QUEVEDO (2000:45).
O valores médios de nutrientes na parte aérea dos indivíduos do grupo 2
(Tabela 2) ficaram dentro dos valores encontrados no grupo 1, o que pode ser
melhor visto na distribuição dos índices ao longo da amostra (Gráfico 1).
Esses dados são consistentes com os observados por FINNERA e BARROS
(2001:32), que fizeram experimentos usando a técnica de...”

Lembre-se:
• Esta seção não é o lugar para você interpretar os dados que sua pesquisa produ-
ziu, o que você fará na seção Discussão do artigo;
• Planeje e crie antecipadamente tabelas, figuras e gráficos antes de inciar a re-
dação da seção;
• Você não precisa incluir todos os resultados que sua pesquisa produziu; apenas os
mais relevantes e que estejam relacionados com as variáveis que você estudou;
• Certifique-se de que os dados são precisos e consistentes ao longo de toda a
seção, evitando informações contraditórias;
• Esta seção também é escrita no pretérito.
• Ao redigir, seja preciso, breve e claro; use sempre parágrafos curtos.

Escrevendo a seção Discussão


O que é a seção Discussão
Esta seção do artigo serve para você discutir e interpretar o signifi-
cado dos dados que sua pesquisa produziu. É aqui que você busca explicar
como os dados que você coletou ou gerou respondem à pergunta que você
formulou no início da pesquisa; ou seja, agora você vai ligar três pontos: a
hipótese, a literatura que você revisou para embasar seu trabalho e os resul-
tados que você tem em mãos.
Para escrever a seção Discussão, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esqueleto da seção, dividindo-a em quatro partes:


102 Guia Prático de Escrita Acadêmica

1. Explicação;
2. Pesquisas anteriores;
3. Recomendação;
4. Hipótese (generalização, teoria ou modelo).

Passo 2: Discuta seus resultados nesta sequência:


1. Explicação dos resultados: comece explicando se seus resultados
correspondem ao esperado ou se eles se distanciam do que você
havia previsto com sua hipótese principal; em especial, mencione se
algum dado inesperado surgiu e apresente uma explicação; se você
notou padrões ou tendências marcantes nos dados, aponte isso e
ofereça uma interpretação;
2. Referências a pesquisas anteriores: você deve comparar seus re-
sultados com os resultados de outros trabalhos, sejam aqueles que
sustentam sua hipótese, sejam aqueles que divirjam dela; ou seja,
ofereça um contexto no qual sua pesquisa e seus dados possam ser
comparados e avaliados;
3. Recomendação: proponha uma maneira como seus resultados
podem ser aplicados para resolver um problema ou explicar um
fenômeno; ou seja, aponte como sua pesquisa pode ser relevan-
te para uma determinada área da vida das pessoas em geral ou
mesmo da ciência;
4. Hipótese: faça uma afirmação que decorra da sua interpretação
dos resultados, seja uma generalização, uma teoria ou um modelo.

Passo 3: Escreva o texto na forma de uma narrativa, usando parágrafos


individuais para descrever cada item do seu esqueleto. Exemplo (fictício):
“Este estudo descobriu que os professores indígenas empregam a cultura
local para explicar o significado de vários componentes da língua portuguesa
durante o desenvolvimento da alfabetização. Nossos dados demonstram que os
professores amostrados fazem amplo uso de objetos como utensílios domésticos
e peças ornamentais, além de animais, frutas e plantas.
9. Artigo Científico: o passo a passo 103

Nossas observações apontaram também para o uso de recursos lúdicos


como jogos e canções que fazem parte do repertório de brincadeiras das crian-
ças indígenas para ensinar palavras como “grande” e “pequeno”, “quente” e
“frio”, “alto’ e “baixo”.
Certamente pesquisas adicionais devem ser conduzidas para determinar
até que ponto as estratégias instrucionais que os professores indígenas usam na
alfabetização das crianças da aldeia...”

Lembre-se:
• A discussão deve sempre partir do geral para o específico;
• Ressalte qualquer dado inesperado;
• Evite repetições e detalhes que não adicionam nenhuma informação relevante;
• Seja conciso na sua exposição e evite usar jargões ou termos que não foram
anteriormente explicados;
• Argumente com clareza e siga um fluxo lógico de pensamento, evitando colocar
mais de uma ideia em uma mesma frase.

Escrevendo a seção Conclusão


O que é a seção Conclusão
A seção Conclusão do seu artigo é uma síntese dos pontos-chave da
sua pesquisa. É uma reafirmação do que você considera importante, isto é,
o argumento principal do trabalho; na Conclusão, você deve dar uma razão
para os leitores lembrarem do seu artigo.
Para escrever a seção Conclusão, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esqueleto da seção, dividindo-a em quatro partes:


1. Pontos-chave;
2. Implicações;
3. Significado;
4. Futuro.
104 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Passo 2: Escreva sua Conclusão nesta sequência:


1. Destaque de forma sucinta os pontos-chave do seu trabalho; reafir-
me as ideias e conceitos que fazem parte do argumento central do
artigo;
2. Aponte quais são as possíveis implicações da sua pesquisa para o
tema ou campo de estudo no qual ela se insere, relacionando-as ao
contexto de outras pesquisas;
3. Ressalte a importância das suas contribuições, destacando o sig-
nificado das suas descobertas (Ex.: um novo dado ou uma nova
técnica);
4. Indique de que maneira suas ideias podem promover o avanço das
pesquisas no futuro, apontando para possíveis novas abordagens
decorrentes das suas descobertas.

Passo 3: Escreva o texto na forma de uma narrativa, usando parágrafos


individuais para descrever cada item do seu esqueleto. Exemplo (fictício):
“Neste trabalho buscamos demonstrar como a obra de Alphonse Mucha,
um expoente do movimento Art Nouveau, teve significativa influência na arte
da sua época e, de modo mais geral, na cultura do mundo contemporâneo.
Nosso estudo também mostrou a importância da colaboração entre Mucha
e Sarah Bernhardt, o que levou os dois artistas a desenvolverem carreiras de
muito sucesso...
A análise crítica das obras de Alphonse Mucha, que incluem cartazes, de-
senhos, pinturas, gravuras, objetos, livros e fotografias, nos permitiu chegar à
conclusão de que o “estilo Mucha” pode ser visto como um legado, presente em
posters psicodélicos dos anos 1970 e nas ilustrações de mangá e histórias em
quadrinhos.”
9. Artigo Científico: o passo a passo 105

Lembre-se:
• Evite repetir o que você afirmou na seção Discussão;
• A Conclusão não deve ser longa; três parágrafos são suficientes;
• Enfatize de que maneira suas descobertas podem contribuir para pesquisas
futuras;
• Seja claro e sintetize suas ideias em uma linguagem simples e objetiva.

Escrevendo a seção Introdução


O que é a seção Introdução
A seção Introdução do seu artigo apresenta o contexto da pesquisa. Em
termos gerais, a Introdução deve dizer por que você escolheu o tema, qual a
importância de se estudá-lo e quais os métodos selecionados para isso. Você
também deve fornecer informações sobre a compreensão atual do tema (o
que outros pesquisadores já descobriram), o objetivo do trabalho na forma
de uma hipótese e a pergunta ou problema de pesquisa.
Você também pode pensar na Introdução como a seção que aponta a
lacuna no conhecimento que o restante do artigo preencherá, ou a seção na
qual você define e reivindica seu território dentro da ampla área de pesquisa.
Para escrever a Introdução, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esqueleto da seção na forma de seis perguntas:


1. Qual o objeto da pesquisa (tema)?
2. Por que esse tema é importante como objeto de pesquisa?
3. Quais estudos já foram feitos e quais as principais conclusões?
4. Quais abordagem irão orientar a pesquisa?
5. Qual problema específico a pesquisa pretende solucionar (a pegun-
ta de pesquisa)?
6. O que a pesquisa pretende demonstrar (a hipótese)?
106 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Passo 2: Escreva sua Conclusão nesta sequência:


1. Comece com uma descrição geral do tema e sua importância como
objeto de estudo;
2. Descreva sucintamente quais estudos ou autores já trataram do
mesmo tema e quais foram as principais conclusões a que chegaram;
3. Descreva os métodos que você empregou para estudar o tema;
4. Descreva qual o problema ou pergunta de pesquisa você investigou;
5. Apresente a hipótese do estudo;
6. Por fim, ressalte um ou dois pontos-chave do trabalho (Ex.: “Nossa
principal conclusão foi...”).

Passo 3: Escreva o texto na forma de uma narrativa, usando parágrafos


individuais para descrever cada item do seu esqueleto. Exemplo (retirado de
um estudo em Neurociência):
“A coloração com prata dos neurônios começou no século 19, quando
Camillo Golgi descobriu que as células nervosas têm uma forte afinidade pelos
sais de prata [...] A mancha de prata de Golgi destacou claramente a arborização
tridimensional completa do axônio e os dendritos de neurônios individuais [...]
Seus estudos abrangentes sobre manchas de prata continuam sendo a base
da neuroanatomia (Santini, 1975; Parent, 1996).
[...] Nenhuma das técnicas de coloração de Bodian escurece pequenos feixes
de neurofilamentos o suficiente para serem resolvidos de maneira limpa com
microscopia de luz. Por esse motivo, as manchas de prata de Bodian não foram
úteis para estudos dos estágios iniciais do desenvolvimento do sistema nervo-
so ou dos detalhes finos dos axônios que crescem na cultura de tecidos. Aqui,
relatamos a capacidade de um intensificador pós-coloração para melhorar a
coloração Bodian de axônios e axônios jovens na cultura de tecidos.” (Texto tra-
duzido e adaptado de Katz, Michael J. From Research to Manuscript: A Guide
to Scientific Writing. 2009. Cleveland: Springer Science).
9. Artigo Científico: o passo a passo 107

Lembre-se:
• A Introdução deve ser objetiva e curta; informe apenas o essencial, sem entrar
em detalhes;
• Concentre-se na definição do tema e em sua importância;
• Convença o leitor da necessidade da sua pesquisa e como ela contribuirá para o
estudo do tema;
• Deixe claro qual a hipótese (a resposta à pergunta de pesquisa) e como você pre-
tende demonstrá-la (quais dados foram produzidos pela pesquisa que sustentam
sua hipótese).

Escolhendo o Título (subtítulo)


Qual a função do Título
O Título de um artigo científico é usado, junto com o Resumo, como
entrada em bases de dados (indexadores) de artigos. O Título deve informar
os leitores sobre o conteúdo do artigo e ao mesmo tempo se destacar de
trabalhos similares.
Para escolher e redigir o Título, siga os seguintes passos:

Passo 1: Faça uma lista de palavras-chave:


1. Palavras relacionadas ao tema;
2. Palavras relacionadas à metodologia usada na pesquisa;
3. Palavras relacionadas às técnicas de coleta e análise dos dados;
4. Palavras relacionadas às teorias ou referências teóricas que orienta-
ram sua pesquisa.

Passo 2: Escreva o Título do seu artigo, levando em conta os seguintes


critérios:
1. Deve incluir o assunto e o escopo do estudo;
2. Se possível, deve mencionar o método usado;
3. As palavras devem ser do campo de pesquisa investigado;
108 Guia Prático de Escrita Acadêmica

4. Opte por uma frase direta; se achar apropriado, escreva um subtí-


tulo na forma de pergunta (Exemplo: “A importância da Internet na
Alfabetização: como a inclusão digital pode contribuir para reduzir
o analfabetismo entre jovens e adultos da periferia da cidade São
Paulo?”).

Passo 3: Escreva um subtítulo explicativo, se achar necessário.

Lembre-se:
• Não use abreviações no título;
• Tente despertar o interesse do leitor;
• Busque dar uma ideia da organização do artigo;
• Um bom título tem entre 10 e 15 palavras;
• Não use expressões como estudo de, análise de, investigação de etc;
• Seja preciso e evite ambiguidade.

Escrevendo o Resumo (Abstract)


Qual a função do Resumo
O Resumo tem o papel de condensar o conteúdo do artigo. Ele sintetiza
as informações centrais da pesquisa: o contexto, os métodos utilizados, os
principais resultados e a conclusão.
Para escrever o Resumo, siga os seguintes passos:

Passo 1: Crie um esquelo do Resumo com os seguintes termos:


• O contexto da pesquisa;
• Os objetivos da pesquisa;
• A metodologia da pesquisa;
• Os resultados da pesquisa;
• As conclusão da pesquisa.
9. Artigo Científico: o passo a passo 109

Passo 2: Escreva o Resumo da seguinte maneira:


1. Descreva o contexto da pesquisa em três frases;
2. Resuma os objetivos da pesquisa em duas frases;
3. Resuma a metodologia em três frases;
4. Apresente os resultados em duas frases;
5. Sintetize a conclusão do trabalho em uma frase.

Lembre-se:
• O resumo deve ser escrito como um parágrafo único;
• Ele deve ter entre 150 e 200 palavras;
• Não se estenda em referências à literatura que você consultou;
• Não use abreviações;
• Não use nem faça referências a tabelas, gráficos ou ilustrações;
• Use a mesma terminologia que irá aparecer no resto do trabalho.

Escolhendo as Palavras-chave (Keywords)


Para que servem as Palavras-chave
As Palavras-chave cumprem várias funções:
1. Permitem ao leitor avaliar o conteúdo do artigo;
2. São usadas para pesquisar e localizar artigos sobre temas ou tópi-
cos semelhantes em bases de dados (indexadores);
3. Ajuda bibliotecários e editores classificar o artigo;
4. São usadas para documentar mudanças em um campo de estudos;
5. Orientam na seleção de bibliografia para a realização de outras
pesquisas.

Para selecionar as Palavras-chave, siga os seguintes passos:

Passo 1: Selecione as palavras-chave, seguindo os critérios gerais:


110 Guia Prático de Escrita Acadêmica

1. Limite o número de palavras-chave de 3 a 10;


2. Se achar apropriado, use frases curtas;
3. Escolha palavras que sejam específicas e que reflitam os conceitos
ou ideias principais do artigo;
4. Inclua um ou dois termos de significado mais generalizado;
5. Liste suas palavras-chave em ordem alfabética.

Passo 2: Escreva as palavras-chave respeitando os seguintes critérios


específicos:
1. Evite termos muito comuns ou de sentido ambíguo;
2. Não use as mesmas palavras que aparecem no título;
3. Não use um acrônimo como palavra-chave;
4. Inclua palavras que se refiram a uma metodologia ou técnica que
você usou;
5. Use palavras que reflitam o tópico principal da sua pesquisa;
6. Teste em uma pesquisa no Google Acadêmico ou em outro indexa-
dor as palavras-chave que você escolheu.

Lembre-se:
• As palavras-chave funcionam como um código e servem de porta de entrada
para seu trabalho;
• As palavras-chave são a primeira opção do leitor ao pesquisar trabalhos
semelhantes;
• As palavras-chave são outra maneira de sintetizar o conteúdo do artigo e por isso
devem refletir o tema do trabalho.
9. Artigo Científico: o passo a passo 111

Fazendo Citações
O que é uma citação
É uma referência formal a qualquer fonte que você consultou. Pode
ser um artigo, um livro ou capítulo dele, um vídeo, uma revista, entrevistas,
jornais diários, uma página web. Existem vários tipos de citação e cada uma
tem um padrão estabelecido por uma norma NBR da ABNT.

Por que citar


Você deve citar suas fontes para:
• Permitir ao leitor verificar fatos, ideias e conceitos que você usou no
seu trabalho;
• Garantir que você não plagiou conteúdos de outros trabalhos;
• Mostrar seu domínio do assunto;
• Tornar você um pesquisador melhor e um escritor também melhor;
• Aumentar sua credibilidade como pesquisador.

• Lembre-se:
• Todo trabalho acadêmico original é protegido por leis de propriedade intelectual;
• Reproduzir trechos de outros trabalhos e não dar o crédito é considerado plágio;
• A prática do plágio desacredita você e seu trabalho e pode resultar em punições
pela instituições onde você estuda, além de processos na justiça, movidos pelo
autor original do trabalho plagiado.

Fazendo as Referências
O que são Referências
Referências bibliográficas (ou simplesmente Referências) são todos
os documentos (livros, artigos, capítulos de livros, resenhas, entrevistas,
dicionários, anuários, vídeos, gravuras, mapas e textos eletrônicos) que você
consultou.
112 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Como são feitas as Referências


As Referências aparecem no final do artigo, logo após a Conclusão.
Existem normas NBR da ABNT que estabelecem como as referências biblio-
gráficas devem ser apresentadas.

Fazendo a revisão
A revisão do artigo é a última etapa antes de formatá-lo.

Passos para fazer a revisão do texto do artigo


Revise o texto, seguindo os seguintes passos:
1. Imprima o artigo;
2. Leia cada seção do artigo com uma caneta ou lápis na mão;
3. Na primeira passada, busque por informações incompletas ou erra-
das e erros de digitação e de gramática;
4. Abra o arquivo e faça as correções;
5. Dê uma pausa de uma ou duas horas;
6. Faça uma segunda leitura, mas agora procure por erros de estilo
(Exemplo: uma citação fora do padrão que você está seguindo ou o
tempo verbal incorreto);
7. Abra novamente o arquivo e faça as correções;
8. Dê uma pausa de uma ou duas horas;
9. Por fim, na terceira leitura, examine o texto para identificar lacunas
no seu raciocínio ou pontos que você considera fracos;
10. Abra o arquivo e faça as alterações;
11. Espere até o dia seguinte;
12. Imprima novamente o arquivo;
13. Releia o texto do começo ao fim e tente responder à seguinte
pergunta: “Se eu fosse um professor, que nota daria para este
trabalho?”
9. Artigo Científico: o passo a passo 113

14. A resposta dirá o que você deve fazer em seguida: entregar o texto
ou revisá-lo mais uma vez;
15. Faça uma cópia extra no Google Drive ou em um pendrive.

Formatando o artigo
Consulte os capítulos 12 (Como Apresentar Seu Trabalho) e 13 (Guia de
Leitura). Lá você encontra orientações gerais sobre a apresentação gráfica
do artigo e recomendações de sites, manuais e livros sobre normalização
textual.
115

10. MONOGRAFIA:
O PASSO A PASSO

O que é Monografia
O termo monografia (do grego monos + graphein) significa escrever
sobre um só tema. A monografia é um trabalho de conclusão de curso e trata
de um assunto específico
Na monografia, você usa um modelo teórico já existente e aplica-o a
um fenômeno – o objeto de estudo ou tema da monografia.
Para conhecer esse modelo teórico, você deve ler o que outros autores
escreveram sobre o mesmo tema – a revisão de literatura.

10.1. Ciclo da pesquisa

Como é feita a pesquisa para uma Monografia


Para escrever uma monografia, você deve seguir um processo conhecido
como ciclo de pesquisa. Ele é composto de 8 etapas:
• Observação do fenômeno
• Escolha do tema
• Formulação do problema e da hipótese
• Escolha do referencial teórico
• Escolha da metodologia
• Coleta de dados
• Análise dos dados
• Apresentação das conclusões
116 Guia Prático de Escrita Acadêmica

As etapas 1 e 2 serão discutidas no item 10.2 (A Observação do


Fenômeno e a Escolha do Tema). As etapas 3 a 8 serão apresentadas de
forma detalhada no item 10.7 (Escrevendo as Seções).

Diferença entre Projeto de Pesquisa e Monografia


Uma monografia começa com um projeto de pesquisa. Essa é a etapa
do planejamento da monografia. Neste Guia, não é discutida a elaboração
de projetos de pesquisa. Porém, veja quais são as partes principais de um
projeto de pesquisa:

1. Introdução
» Tema e contextualização;
» Problema da pesquisa;
» Hipótese (ou hipóteses);
» Objetivo geral;
» Objetivos específicos;
» Justificativa (relevância do estudo).

2. Referencial teórico
3. Metodologia
4. Cronograma
5. Orçamento
6. Referências
7. Apêndices
8. Anexos
10. Monografia: o passo a passo 117

Lembre-se:
• Todo projeto de pesquisa parte de um problema;
• Na introdução, são descritos tema, hipóteses, objetivos e justificativa;
• O referencial teórico é necessário para situar a pesquisa em relação a estudos
já realizados;
• A escolha da metodologia vai dizer como o problema será resolvido;
• O cronograma estabelece etapas e prazos para a realização da pesquisa;
• O orçamento diz como a pesquisa será financiada;
• As referências são necessárias para embasar suas escolhas de referencial teórico
e metodologia;
• Nos apêndices e anexos, você inclui materiais como, roteiros de entrevistas,
modelos de questionário, leis e estatutos, entre outros itens que serão usados
na pesquisa.

10.2. Observação de fenômenos e escolha do tema

Observação do fenômeno
Você pode ser atraído para o estudo de um fenômeno direta ou
indiretamente.
No primeiro caso, existe o envolvimento direto com o fenômeno.
Exemplo: você trabalha em uma empresa que vende um produto X. As
vendas estão baixas e a concorrência aumentou. Sua empresa então decide
mudar esse cenário e descobre que sua força de vendas está desmotivada.
Você sugere ao seu superior estudar os fatores que afetam o nível de moti-
vação dos vendedores.
No segundo caso, ocorre o envolvimento indireto. Exemplo: você é
assinante de um periódico da sua área; digamos, sistemas de gestão de equi-
pes de venda. Ao ler um artigo sobre motivação no periódico, você decide
estudar os fatores que influenciam o grau de envolvimento dos vendedores
com as metas da empresa onde você trabalha.
118 Guia Prático de Escrita Acadêmica

É partir dessas experiências e outras semelhantes que o tema da sua


monografia pode surgir.

Escolha do tema
Tema é o assunto que você vai investigar. Ao escolher um tema, você
deve considerar suas aptidões e interesses. Além disso, existem dois critérios
que sua escolha deve levar em conta: importância e viabilidade.
Importância. É o mesmo que relevância e depende de fatores como
abrangência do tema, a finalidade da pesquisa (o problema que pretende
resolver) e as implicações que os resultados da pesquisa podem gerar.
Exemplo: “O uso de aplicativos na alfabetização de deficientes auditivos”.
Um tema como esse pode ter um impacto direto na vida das pessoas surdas.
Viabilidade. Está ligada ao preparo acadêmico do pesquisador (seu do-
mínio da teoria e de técnicas de pesquisa como aplicação de questionários e
o uso de métodos estatísticos) e à disponibilidade dos recursos (tecnológicos,
financeiros e humanos) para realizar o estudo. Tempo é também outro fator
a ser considerado. Exemplo: uma monografia, em geral, leva de três a no
máximo seis meses para ser feita.

Passos para escolher o tema:


1. Faça uma sessão de brainstorming;
2. Crie uma lista com as ideias mais promissoras;
3. Ordene a lista de acordo com os critérios de importância e viabilida-
de (veja discussão anterior);
4. Reduza sua lista a três ou quatro temas potenciais;
5. Faça uma pesquisa preliminar na internet para ter um ideia do que
já foi publicado sobre esses temas;
6. Reduza novamente a lista a um tópico;
7. Defina seu tema na forma de uma pergunta: Exemplo: “Como os
aplicativos de celular podem ajudar na alfabetização de deficientes
auditivos?”
10. Monografia: o passo a passo 119

Lembre-se:
• Seja flexível: deixe sempre aberta a possibilidade de ajustar seu tema à medida
que suas ideias ou seus dados mudem;
• Escolha um tema que permita você ler e entender com segurança a literatura
sobre o campo de estudo no qual sua pesquisa se insere;
• Seu tema deve estar dentro dos limites de tempo e recursos disponíveis;
• Evite assuntos que exijam conhecimentos ou habilidades que você precisaria
adquirir;
• Certifique-se de que seu orientador ou tutor está de acordo com a sua escolha.

10.3. A estrutura de uma Monografia

Estrutura padrão
Uma monografia costuma ser dividida em três partes principais:
Introdução, Corpo e Conclusão. Essa divisão básica se refere apenas ao con-
teúdo da pesquisa propriamente dita.
Quanto à formatação do documento, a norma NBR 14724 da ABNT divi-
de a monografia em: Elementos Pré-textuais, Elementos Textuais e Elementos
Pós-textuais.
Neste Guia, vamos seguir a seguinte sequência:

1. Introdução
2. Referencial Teórico (Revisão de Literatura)
3. Metodologia
4. Resultados e Discussão
5. Considerações Finais
6. Referências
7. Apêndices e Anexos
120 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Lembre-se:
• Ao escrever uma monografia, você deve ter em mente que ela é o produto final
de um processo;
• Esse processo começa com o planejamento (projeto de pesquisa);
• Em seguida, você realiza a coleta de dados (se for uma monografia do tipo pes-
quisa de campo) ou faz a análise de outros trabalhos (se você optou pela mono-
grafia do tipo compilação);
• Na etapa principal, você escreve o texto das partes principais (Introdução, Corpo
e Conclusões) da monografia;
• Por fim, você faz a normalização textual do trabalho, seguindo as regras da ABNT
ou o manual de estilo da sua faculdade.

10.4. O Título

O planejamento de uma monografia começa pela escolha do título. Um


bom título (e um subtítulo) é uma boa maneira de especificar e delimitar o
foco ou objetivo do trabalho.
O título é também a referência principal ao trabalho. É a chave pela qual
o trabalho será referenciado, deve refletir seu conteúdo, bem como ser claro,
curto e gramaticalmente correto. Deve ser original.
IMPORTANTE: o título não necessariamente é a primeira coisa a se es-
crever no trabalho, mas faz todo sentido você trabalhar com um título pro-
visório, que será posteriormente substituído pelo título definitivo que reflita
melhor o conteúdo do trabalho.

10.5. O Resumo e o Abstract

Para que serve o Resumo


O Resumo de uma monografia deve dar uma visão geral do trabalho. É
uma espécie de retrato 3x4 da monografia e serve para despertar o interesse
10. Monografia: o passo a passo 121

no leitor. Ao ler o resumo, o leitor pode decidir quais capítulos da monografia


lhe interessam.

Abstract
O abstract é o mesmo texto do resumo, só que escrito em outra língua.
Em geral, a tradução é para o Inglês, mas pode ser feito em Espanhol ou
Francês.

O que deve conter o Resumo


Um resumo padrão consiste em cinco partes: contexto, objetivo, meto-
dologia, resultados e conclusões. O resumo de uma monografia deve conter
entre 150 e 500 palavras.
Contexto: apresente o problema e o contexto do trabalho. Localize o
tema no tempo e no espaço, como ele foi tratado por outros pesquisadores e
quais aspectos você irá desenvolver em seu trabalho.
Objetivos: descreva o que você pretende descobrir; ou seja, qual a so-
lução para o problema formulado. É importante indicar a hipótese que você
formulou; ou seja, como você pretende resolver o problema.
Metodologia: indique qual metodologia você empregou na pesquisa.
Por exemplo: estudo de caso, experimento, observação, revisão de litera-
tura, etc. Quando seu trabalho tiver usado uma técnica de amostragem, é
importante descrever em detalhes o número de participantes e os critérios
(de inclusão e exclusão) de seleção desses participantes.
Resultados: apresente sucintamente os principais achados da sua pes-
quisa. Dê preferência às descobertas mais relevantes. Não inclua sua opinião
ou interpretação.
Conclusões: discuta as implicações do seu estudo. Faça uma interpre-
tação dos seus resultados e relacione-os ao que já se sabe. Indique possíveis
limitações das suas descobertas e indique a necessidade de futuras investi-
gações para esclarecer pontos que sua pesquisa não resolveu.
122 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Lembre-se:
• A monografia começa com o resumo;
• O resumo serve como uma “porta de entrada” para a monografia;
• O resumo deve funcionar como uma mapa para a exploração da monografia;
• Um bom resumo é claro, objetivo e conciso;
• O resumo não é a repetição da introdução.

10.6. As Palavras-chave e as Keywords

As palavras-chave vêm logo a baixo do resumo. São obrigatórias e


servem como descritores (termos padronizados que especialistas usam para
indexar e recuperar informações). Ao escolher as palavras-chave, siga os
seguintes critérios:
• Escolha palavras que descrevam exatamente os assuntos aborda-
dos no trabalho;
• Escolha termos de uso da comunidade científica da área de pesqui-
sa da sua monografia;
• Siga a norma NBR 6028 da ABNT.

Keywords nada mais é do que a tradução literal das palavras-chave.


Elas vêm logo abaixo do abstract e são escritas no mesmo idioma dele.

Lembre-se:
• As palavras-chave devem representar o conteúdo da sua monografia;
• Devem ser específicas do campo de pesquisa que você estudou;
• Não devem repetir as palavras usadas no título;
• Mínimo de palavras: 3;
• Máximo de palavras: 6.
10. Monografia: o passo a passo 123

10.7. Escrevendo os capítulos da Monografia

Escrevendo o capítulo Introdução


Para escrever a Introdução, siga os seguintes passos:

Passo 1: crie um esqueleto do capítulo Introdução com as seguintes


seções:
1. Formulação do problema
2. Justificativa
3. Objetivo geral
4. Objetivos específicos
5. Hipótese e relevância do trabalho
6. Limitações da pesquisa
7. Resumo do trabalho

Passo 2: escreva cada uma das seções, seguindo as orientações dadas


a seguir:

Formulação do Problema
Em termos práticos, a formulação do problema é a tradução do tema
em uma dificuldade que a pesquisa pretende resolver e toma a forma de
uma pergunta:
• Defina qual necessidade teórica ou prática o tema envolve;
• Formule isso como uma pergunta: Exemplo: se seu tema é o uso
de aplicativos na alfabetização de surdos, o problema pode ser for-
mulado assim: “Como aplicativos para alfabetização de deficientes
auditivos pode aumentar a inclusão digital?”
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores formularam o problema.
124 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Justificativa
A justificativa apresenta as razões pelas quais a pesquisa deve ser
feita. Para escrever a justificativa, responda às seguintes perguntas e depois
faça uma pesquisa na internet:
• O que motivou sua pesquisa?
• Qual problema prático e teórico será resolvido?
• Quais novas ideias ou novos dados sua pesquisa produzirá?
• Como a academia e a sociedade vão se beneficiar do conhecimento
gerado pela pesquisa?
• Qual fundamentação teórica justifica sua abordagem do tema?
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores justificaram seu trabalho.

Objetivo Geral
O objetivo geral aponta para a finalidade do trabalho. Ou seja, aonde
você pretende chegar com seu estudo. Para escrever o objetivo geral, siga
estas orientações:
• Resuma a ideia (tema) central do trabalho;
• Traduza essa ideia na forma de resultados;
• Limite o escopo desses resultados. Exemplo: “Este trabalho busca
estudar a importância dos aplicativos na alfabetização de defi-
cientes auditivos e como isso pode aumentar a inclusão digital dos
alunos surdos das escolas municipais da cidade de São Paulo”.
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores definiram o objetivo geral.

Objetivos Específicos
Os objetivos específicos aprofundam o objetivo geral, traduzindo-o
em metas. Essas metas devem ser definidas como as etapas necessárias
para que o objetivo geral seja alcançado. Para escrever os objetivos específi-
cos, siga estas orientações:
10. Monografia: o passo a passo 125

• Transforme o objetivo geral em metas menores: Exemplo: se seu


objetivo é estudar a importância dos aplicativos na alfabetização
de deficientes auditivos e sua inclusão digital, seus objetivos es-
pecíficos poderiam ser: 1) “Identificar a população de alunos nas
escolas públicas municipais da cidade de São Paulo; 2) Identificar
como esses alunos usam os aplicativos para se comunicar com seus
colegas surdos; 3) Identificar como professores usam esses aplicati-
vos na alfabetização de alunos surdos; 4) Identificar qual impacto o
uso desses aplicativos e a alfabetização tem na inclusão digital de
alunos surdos”;
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que
você escolheu e anote como os autores definiram seus objetivos
específicos.

Hipótese e Relevância do Trabalho


Hipótese é uma resposta em potencial à pergunta de pesquisa. Em ter-
mos práticos, a hipótese nada mais é do que uma tentativa de solução para
um problema. Para formular sua hipótese, siga estas orientações:
• Faça uma afirmação direta e objetiva de como sua pesquisa resolve
o problema;
• Escreva essa afirmação com palavras simples;
• Use uma frase não muito longa;
• Deixe aberta a possibilidade de negação (uma hipótese é uma afir-
mação que pode ser desafiada; ou seja, pode ser negada);
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que
você escolheu e anote como os autores formularam a hipótese da
pesquisa.

Para apontar a relevância do trabalho, siga estas orientações:


• Indique como sua pesquisa se destaca no contexto das inves-
tigações de outros autores e no debate atual do tema que você
escolheu;
126 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Mostre que você está ciente do lugar que você ocupa no conjunto
das vozes (outros pesquisadores) que participam do debate;
• Destaque especificamente a contribuição que sua pesquisa pode
representar para o avanço dos estudos sobre o tema que você
escolheu;
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores defenderam a relevância das suas
pesquisas.

Limitações da pesquisa
O objetivo desta seção da Introdução é apontar o que seu trabalho
deixou de fora; ou seja, quais questões ou pontos do tema não foram abor-
dados. As razões para as limitações de uma pesquisa podem ser:
• Limitações relativas à metodologia. Exemplo: nos estudos de caso,
não é possível fazer generalizações ou criar modelos;
• Limitações relativas ao universo da amostragem. Exemplo: quanti-
dade de indivíduos entrevistados em uma pesquisa de campo estar
resumida ao universo investigado;
• Limitações relativas ao tratamento e análise dos dados coletados ou
gerados. Exemplo: você pode dizer que não usou uma ferramenta
estatística para tratar os dados brutos, mas apenas fez a tabulação
deles em uma planilha eletrônica;
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores indicaram as limitações das suas
pesquisas.

Resumo do conteúdo do trabalho


Esta seção descreve como a monografia está organizada, indicando
os capítulos e o que o leitor deve encontrar.
IMPORTANTE: esta seção não é igual ao Resumo (Abstract) que vem
logo depois do Título da monografia.
10. Monografia: o passo a passo 127

Siga estas orientações para apresentar o resumo do conteúdo da


monografia:
• Descreva como o conteúdo da monografia está dividido;
• Ofereça uma breve descrição de cada divisão;
• Informe ao leitor qualquer peculiaridade do trabalho, como o uso de
uma técnica nova ou de um modelo teórico novo;
• Pesquise na internet trabalhos com temas semelhantes ao que você
escolheu e anote como os autores apresentaram um resumo do
conteúdo do trabalho.

Escrevendo o capítulo Fundamentação Teórica


O que é Fundamentação Teórica
Fundamentação Teórica é o conjunto de ideias, conceitos, modelos e
teorias que você usa para fundamentar sua pesquisa. Ela se baseia na lei-
tura crítica e comentada de trabalhos já existentes sobre o tema que você
escolheu.
Também chamada de Referencial Teórico e Revisão de Literatura, a
Fundamentação Teórica envolve a seleção, leitura e estudo de diferentes
fontes bibliográficas como artigos, livros ou capítulos de livros, monografias,
teses, documentários e filmes (se, por exemplo, você optou por uma pesquisa
etnográfica ou um estudo sobre um personagens históricos como Picasso,
Beethoven ou Getúlio Vargas).

Para que serve a Fundamentação Teórica


A Fundamentação Teórica serve para dar embasamento teórico aos
trabalhos científicos, desde o projeto de pesquisa até a redação final da sua
monografia.
A Fundamentação Teórica é um passo essencial para você realizar sua
pesquisa porque permite conhecer o estado atual do estudo do tema que
você escolheu pesquisar.
128 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Ao estudar a literatura que trata sobre o seu tema, você toma conheci-
mento de autores, métodos e técnicas, resultados já conhecidos e possíveis
dificuldades que um pesquisador pode encontrar ao investigar aquele tema
específico.

Como fazer a Fundamentação Teórica


Para escrever a Fundamentação Teórica da sua monografia, siga os se-
guintes passos:

Passo 1: Selecione as fontes, pesquisando em base de dados (indexado-


res) como Google Acadêmico e SciELO

Passo 2: Classifique as fontes em primárias e secundárias;

Passo 3: Leia e faça o fichamento dos textos;

Passo 4: Escreva o texto da sua Fundamentação Teórica, seguindo estas


orientações:
• Comece com as fontes primárias, apresentando como os autores
abordaram o tema;
• Em seguida, descreva quais métodos e técnicas foram usados e por
quê;
• Depois, discuta os principais achados apresentados pelos autores
que você selecionou;
• Por fim, apresente um breve resumo das ideias e conceitos dos
autores.
10. Monografia: o passo a passo 129

Lembre-se:
• Ao apresentar as ideias de um autor, faça uma avaliação, apontando prós e
contras;
• Faça citações pequenas, evitando copiar longos trechos dos trabalhos;
• Faça a referência, seguindo a norma NBR 10520 da ABNT ou o manual de estilo
da sua faculdade;
• Use paráfrases, mas cite o nome do autor e da obra;
• Tenha cuidado para não plagiar o trabalho de outra pessoa.

Escrevendo o capítulo Metodologia


O que é Metodologia
A Metodologia inclui materiais, métodos e técnicas que você usou na
pesquisa. A Metodologia responde essencialmente a cinco perguntas:
1. O quê foi pesquisado?
2. Com o que foi pesquisado?
3. Onde foi pesquisado?
4. Quando foi pesquisado?
5. Como o que foi descoberto (os dados) foi analisado?

O que deve conter a Metodologia


Independente da abordagem escolhida, você deve informar:
• Tipo de pesquisa: qualitativa/quantitativa;
• Técnicas usadas: análise documental, estudo de caso, experimen-
to em laboratório, grupos focais etc;
• Dados obtidos: comportamentais, econômicos, demográficos, clí-
nicos, etnográficos etc;
• Forma de obtenção dos dados: entrevistas, questionários, obser-
vação etc;
130 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• População/amostragem: grupos de indivíduos, como estão clas-


sificados e qual processo foi usado para selecioná-los (critérios de
inclusão/exclusão);
• Tratamento e análise dos dados: como os dados foram compila-
dos e tratados; ou seja, como as informações foram armazenadas e
organizadas para serem discutidas.

Como descrever a Metodologia


Para descrever a Metodologia usada na sua monografia, siga os seguin-
tes passos:

Passo 1: Informe o tipo de abordagem: pesquisa qualitativa ou


quantitativa;

Passo 2: Descreva a técnica escolhida para o estudo;

Passo 3: Indentifique os tipos de dados coletados ou gerados;

Passo 4: Em estudos por amostragem, informe os grupos estudados,


número de indivíduos de cada grupo e sistema de seleção e classificação
desses indivíduos; em pesquisas documentais, informe os critérios de se-
leção dos documentos, tipos de documento, o sistema de classificação dos
documentos e tipo de análise feita neles;

Passo 5: Indique como os dados foram armazenados e analisados; por


exemplo, se foi feita uma análise estatística, histórica, interpretativa, descri-
tiva etc.
10. Monografia: o passo a passo 131

Lembre-se:
• A Metodologia é importante para que outros pesquisadores possam saber como
você coletou ou gerou os dados da sua pesquisa;
• A Metologia permite que seus resultados possam ser reproduzidos, seguindo os
mesmo passos que você seguiu ao realizar seus experimentos ou observações;
• A Metodologia é uma garantia de que seu trabalho foi feito de acordo com a
regras da pesquisa acadêmica.

Escrevendo o capítulo Resultados e Discussão


O que incluir no capítulo Resultados e Discussão
Este capítulo da sua monografia deve incluir os resultados do estudo
e fazer a discussão deles. É importante tanto os resultados em si quanto a
forma de apresentá-los.
Por exemplo, você deve situar suas descobertas em um contexto teórico
que permita ao leitor avaliar sua importância para o campo de estudo da sua
pesquisa.

Como apresentar os Resultados


Em forma de gráficos, tabelas, figuras ou qualquer tipo de representa-
ção pictórica como desenhos ou fotos.
Uma descrição em parágrafos curtos deve acompanhar cada um desses
itens, além de terem título (na parte superior) e legendas (na parte inferior).
O tipo de dado vai determinar o tipo de apresentação. Certos dados ficam
melhor em tabelas; outros, em gráficos etc.

Como discutir os Resultados


Você deve destacar suas descobertas principais e apontar como elas
sustentam a sua hipótese.
Apresente outros estudos para fins de comparação. Forneça o contexto
teórico que ajude a entender a importância dos seus resultados para o estu-
do do tema.
132 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Como escrever o capítulo Resultados e Discussão


Para escrever o capítulo Resultados e Discussão, siga os seguintes
passos:

Passo 1: Prepare com antecedência gráficos, tabelas e figuras que serão


usados;

Passo 2: Escreva títulos e legendas para cada um desses itens;

Passo 3: Apresente seus dados na ordem de importância para a susten-


tação da sua hipótese;

Passo 4: Escreva um parágrafo descritivo e outro parágrafo interpretati-


vo para cada grupo de dados apresentado;

Passo 5: Por fim, faça um resumo dos seus resultados e os situe em um


contexto teórico.

Lembre-se:
• Primeiro apresente os resultados e só depois faça a discussão;
• Seja objetivo e evite escrever demais; deixe os dados falarem por si mesmos;
• Você não precisa comparar seus resultados com todos os estudos do seu referen-
cial teórico, mas apenas com aqueles que podem enriquecer a discussão;
• Não interprete demais os resultados e deixe que o leitor chegue às suas próprias
conclusões;
• Não exagere a importância das suas descobertas.

Escrevendo o capítulo Considerações Finais


O que colocar no capítulo Considerações Finais
Considerações Finais ou Conclusão é o último capítulo da sua mono-
grafia e deve reafirmar o problema e a hipótese, resumir os principais pontos
10. Monografia: o passo a passo 133

do trabalho e fazer uma ou mais recomendações sobre a necessidade de


pesquisas futuras.
Você deve também incluir uma proposta ou recomendação para a apli-
cação do seu estudo, se esse for o caso.
É importante ainda informar o leitor sobre as limitações dos seus dados
ou descobertas para o campo de estudo da sua pesquisa.

Como escrever o capítulo Considerações Finais


Para escrever o capítulo Considerações Finais, siga os seguintes passos:

Passo 1: Comece reafirmando o problema, o contexto (como o tema e a


problematização do tema surgiram) e a hipótese;

Passo 2: Descreva resumidamente como sua pesquisa foi conduzida,


sem dar detalhes dos métodos e técnicas que você usou;

Passo 3: Enumere os descobertas principais, em ordem de importância;


não repita literalmente o que foi dito no capítulo Resultados e Discussão;

Passo 4: Aponte possíveis aplicações dos resultados do seu estudo e


indique quais linhas de investigação pesquisas futuras deverão seguir para
aprofundar o que você descobriu;

Passo 5: Por fim, esclareça quais as limitações dos dados produzidos


pela sua pesquisa.

Lembre-se:
• Seja direto e simples;
• Não enfatize demais suas descobertas;
• Escreva entre 5 a 8 parágrafos curtos;
• Reconheça as limitações do estudo;
• Deixe aberta a possibilidade de que seus dados podem sofrer revisões futuras.
134 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Fazendo as Referências
O que são as Referências
Referências são todas as fontes: documentos, vídeos, mapas, fotos,
arquivos de áudio, conteúdos online etc. Esse conjunto deve ser identificado
e apresentado seguindo a norma NBR 6023 da ABNT.
As Referências são uma elemento obrigatório. Neste Guia, não damos
orientações práticas de como fazer a apresentação das Referências da sua
monografia. Consulte o capítulo 13 (Guia de Leitura) para uma lista de ma-
nuais de normalização textual recomendados.
Na Internet é possível consultar ou baixar manuais com as normas de
citação de fontes e apresentação de referências em trabalhos acadêmicos.
Em especial, consulte o site:
Normas para Apresentação de Trabalhos Acadêmicos, mantido pela ESPM
e disponível em: https://normas-abnt.espm.br/.

Incluindo Apêndices e Anexos


Apêndices e Anexos não fazem parte do conteúdo propriamente dito
da monografia e, portanto, são opcionais. Dependendo do tipo de pesqui-
sa que você realizou, no entanto, pode ser necessário acrescentar essas
informações.
Para fins didáticos, reproduzimos de forma expandida as definições da
ABNT para esses itens:

Apêndices
São quaisquer textos, documentos, fotos ou arquivos de áudio ou vídeo
que você elaborou, com o objetivo de complementar sua argumentação.
Ao identificar os apêndices, você deve usar letras maiúsculas ordenadas
alfabeticamente, travessão e o respectivo título. Exemplo: “APÊNDICE A —
ROTEIRO DE ENTREVISTA”.
10. Monografia: o passo a passo 135

Anexos
São quaisquer textos, documentos, fotos ou arquivos de áudio ou vídeo
que não foram elaborados por você, mas que você usou na fundamentação,
comprovação e ilustração do seu trabalho.
Ao identificar os anexos, você deve usar letras maiúsculas ordenadas
alfabeticamente, travessões e os respectivos títulos. Exemplo: “ANEXO A
— NORMAS PARA CONDUÇÃO DE ENTREVISTAS DA ESCOLA PAULISTA DE
MEDICINA”

Revisando a monografia
Por que revisar
A revisão do texto da monografia é a última etapa antes da formata-
ção do trabalho. É nesse momento que você vai identificar erros de digitação
e de gramática, falhas no modelo de citação de fontes, contradições na argu-
mentação, falta de uma dado importante e até inconsistências na estrutura
da monografia como um todo.
Por todos esses motivos, a revisão é uma etapa necessária e imprescin-
dível para garantir a qualidade do seu texto.
Além disso, a revisão pode ser necessária por três motivos:
1. Encontrar e acrescentar novas informações;
2. Deletar dados ou trechos redundantes;
3. Melhorar o fluxo, o desenvolvimento e o foco da narrativa (uma
monografia conta uma história: a história da sua pesquisa).

Como revisar
A revisão deve ser feita em passos ou “passadas” (seguidas leituras).
IMPORTANTE: entre a redação e a revisão, é aconselhável que você faça
um intervalo de uma semana. Essa estratégia vai ajudar você a olhar o texto
com uma mente descansada e a identificar mais facilmente os pontos que
requerem ajustes.
Revise o texto, seguindo os seguintes passos:
136 Guia Prático de Escrita Acadêmica

1. Imprima a monografia;
2. Leia cada capítulo com uma caneta ou lápis na mão;
3. Na primeira passada, busque por informações incompletas ou in-
corretas e erros de digitação e de gramática;
4. Abra o arquivo e faça as correções;
5. Dê uma pausa de um ou dois dias;
6. Faça uma segunda leitura, mas agora procure por erros de estilo
(Exemplo: uma citação fora do padrão que você está seguindo ou o
tempo verbal incorreto);
7. Abra novamente o arquivo e faça as correções;
8. Dê uma nova pausa de um ou dois dias;
9. Por fim, na terceira leitura, examine o texto para identificar lacunas
no seu raciocínio ou pontos que você considera fracos; também bus-
que por quebras no fluxo do texto ou trechos redundantes;
10. Abra o arquivo e faça as alterações;
11. Espere até o dia seguinte;
12. Imprima novamente o arquivo;
13. Releia o texto do começo ao fim e tente responder à seguinte
pergunta: “Se eu fosse um professor, que nota daria para este
trabalho?”
14. A resposta dirá o que você deve fazer em seguida: entregar o texto
ou revisá-lo mais uma vez;
15. Faça uma cópia extra no Google Drive ou em um pendrive.

Formatando a monografia
Consulte os capítulos 12 (Como Apresentar Seu Trabalho) e 13 (Guia de
Leitura). Lá você encontra orientações gerais sobre a apresentação gráfica da
monografia e recomendações de sites, manuais e livros sobre normalização
textual.
Parte 3 — Questões de
Estilo e Apresentação
139

11. AS 5 CARACTERÍSTICAS DA
BOA ESCRITA ACADÊMICA

Este capítulo apresenta as cinco características da boa escrita


acadêmica.
O que é dito aqui não esgota o assunto, porque a escrita acadêmica
é como um grande rio que recebe a contribuição de rios tributários, e vai
avolumando-se à media que segue seu curso.
Neste Guia, vários aspectos da escrita acadêmica foram apresentados e
discutidos, mas deixamos de fora questões referentes à qualidade do texto
em si.
As descrições que seguem são baseadas no bom senso e devem ser
tomadas apenas como referência; não são regras a serem seguidas a ferro e
fogo, mas apenas um direcionamento.

11.1. A boa escrita acadêmica

A boa escrita acadêmica exige atenção aos detalhes. E não apenas


detalhes formais; é preciso ter em mente também que, além do conteúdo
e das normas de apresentação, a qualidade do texto do seu trabalho conta
muito para o leitor.
Assim, você deve conhecer os elementos estruturais básicos de um
trabalho científico — seja uma monografia, seja um artigo —, dominar as
principais técnicas da redação científica e transmitir suas ideias da forma
mais clara, objetiva e direta possível.
Cada tipo de trabalho acadêmico tem suas próprias regras e formatos,
mas existem algumas exigências que se aplicam a todos. São elas:
140 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Fazer uso de raciocínio lógico e linear;


• Empregar o pensamento crítico;
• Seguir uma estrutura lógica;
• Argumentar com base em evidências;
• Empregar linguagem formal e objetiva.

É a partir dessas exigências que as cinco características da boa escrita


acadêmica foram pensadas. Cada uma incorpora esses aspectos em diferen-
tes graus e com diferentes objetivos.

11.2. As características

Característica 1: Regularidade
Siga uma fórmula padrão, repeitando a estrutura específica de cada
tipo de trabalho. Observe as regras de normalização. Por exemplo, existem
regras para fazer citações e informar a respectiva referência.
A apresentação de dados estatísticos, tabelas, figuras, gráficos etc
segue, em geral, normas especificadas pelo manual de estilo da universi-
dade onde você estuda, as quais por sua vez se baseiam em padronizações
aceitas pela comunidade acadêmica.
Na dúvida, consulte a norma NBR 6023 da ABNT. Essa norma dispõe
sobre a normalização de trabalhos científicos.

Característica 2: Objetividade
Seja objetivo ao apresentar suas ideias. Evite digressões e tangen-
ciamentos; concentre-se apenas nas questões importantes para o tema
estudado.
Seja conciso: em cada parágrafo, comunique uma ideia e apenas uma
por vez. Evite confundir o leitor com frases muito longas.
Seja específico: evite termos de significado vago ou abstrato demais.
11. As 5 características da Boa Escrita Acadêmica 141

Seja direto: não use frases ou palavras que deem margem a


ambiguidades.
Seja econômico: não caia na tentação de explicar tudo.
Lembre-se: use frases curtas e na forma ativa, nunca passiva.

Característica 3: Clareza
Use expressões livres de sutilezas e ambiguidades. Evite usar sí-
miles e metáforas; empregue palavras cujo significado seja claro, concreto.
A escrita acadêmica não usa recursos da prosa literária, cujo objetivo é
evocar emoções.
Termos ou conceitos novos devem ser explicados, quando usados pela pri-
meira vez; se necessário, use exemplos para tornar sua compreensão mais fácil.
Lembre-se: ser “profundo” não é uma qualidade apreciada na escrita
acadêmica; comunique suas ideias numa linguagem inteligível.

Característica 4: Precisão
Use palavras precisas, específicas, que descrevam as coisas como elas
são objetivamente.
Empregue termos que são do conhecimento dos leitores aos quais seu
trabalho se dirige. Não existe espaço para adornamentos ou formulações
estilísticas rebuscadas, que podem gerar confusão nos leitores.
Lembre-se: seu objetivo é persuadir seus leitores com argumentos que
sustentem suas ideias, não impressioná-los com sua escrita.

Característica 5: Foco
Concentre-se no tema, reiterando as questões que pretende respon-
der e os dados que embasam a resposta ou respostas encontradas.
Evite apresentar novos problemas ou ideias que não façam parte do
assunto principal em discussão.
Lembre-se: seu trabalho deve agregar novo conhecimento de forma in-
cremental sobre um tópico específico; você não está escrevendo um tratado.
143

12. COMO APRESENTAR SEU TRABALHO

Este capítulo apresenta orientações gerais sobre normalização textual.


São descritas as normas da Associação Brasileira da Normas Técnicas (ABNT)
que definem como um trabalho acadêmico deve ser estruturalmente organi-
zado e graficamente apresentado.
Uma seção especial trata de citação de fontes e plágio, assunto que se
tornou um problema depois das tecnologias digitais — atualmente é muito
fácil fazer a cópia de um conteúdo e usá-lo sem a devida citação.

12.1. As normas ABNT

O que são e para que servem as normas


As normas da ABNT são um conjunto de regras que definem como
trabalhos acadêmicos (artigos, monografias, dissertações e teses) devem ser
organizados e apresentados.
Essas normas são importantes para criar um padrão uniforme de apre-
sentação da informação científica.
Normalizar (formatar) um texto seguindo as normas da ABNT garante
que seu trabalho será aceito pela comunidade acadêmica e, mais importan-
te, pela instituição de ensino onde você estuda.

Principais Normas
Existem diferentes normas (as NBRs) e cada uma se aplica a uma parte
ou aspecto diferente do trabalho acadêmico.
144 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• NBR 14724 – Trabalho Acadêmico: estabelece os princípios gerais


de normalização textual para teses, dissertações, TCCs, monogra-
fias e artigos científicos. Essas diretrizes são aquelas exigidas, por
exemplo, pelas instituições de ensino no momento de apresentar o
trabalho a bancas examinadoras;
• NBR 10520 – Citações: trata sobre citação de fontes;
• NBR 6022 – Artigos Científicos Impressos: normatiza a apresen-
tação de artigos científicos em periódicos;
• NBR 6023 – Referências: descreve as regras para a presentação
de referência bibliográfica. É uma das mais extensas das NBRs e
com certeza a mais complexa e difícil de dominar. Ela define como
cada tipo de documento (livros, revistas, artigo, jornal, site, página
de rede social etc) deve ser referenciado;
• NBR 6027 – Sumário: orienta como criar um sumário, independen-
te do tipo de documento;
• NBR 6028 – Resumo e Abstract: trata da elaboração do resumo
(abstract) de monografias, TCCs e artigos científicos. É uma das
regras mais frequentemente usadas por estudantes de graduação;
• NBR 6024 – Numeração Progressiva das Seções: define um
sistema de numeração progressiva das seções de um trabalho
científico;
• NBR 6034 – Índice: define regras para a criação de índices (de
nomes, de termos etc).
• NBR 15287 – Projeto de Pesquisa: orienta sobre a elaboração e
apresentação de projetos de pesquisas.

Repetindo: seguir as normas da ABNT é opcional, mas não segui-las


pode resultar na reprovação do seu trabalho. A alternativa é seguir o manual
de estilo da sua instituição, que por sua vez segue as normas da ABNT.
12. Como Apresentar seu Trabalho 145

12.2. O Manual de Estilo da Faculdade

Um manual de estilo é um conjunto de regras e definições sobre como


normalizar (formatar) trabalhos acadêmicos. Toda instituição de ensino su-
perior tem um manual de estilo que segue, com pequenas adaptações, as
nomas da ABNT.
As faculdades em geral exigem que artigos, monografias, dissertações e
teses sejam formatados seguindo as orientações desses manuais.
Na dúvida, fale com a coordenação pedagógica da sua faculdade ou com
a bibliotecária. Ou consulte os recursos online no site da instituição, caso ela
tenha um.

12.3. Fontes e Plágio

Fontes bibliográficas e citações foram discutidas em várias partes deste


guia — em especial, no capítulo 7. Esta seção discute brevemente o plágio,
um assunto sensível e muito importante.
O plágio acadêmico é grave e pode custar caro para quem o pratica.
Além de ser punido se descoberto, o plagiador ficará para sempre com sua
imagem manchada por ter sido desonesto, o que pode comprometer seu
futuro profissional.

Definição de plágio
Plagiar é reproduzir um conteúdo em seu trabalho sem dar os créditos
ao autor original.
As tecnologias digitais (internet e a telefonia móvel) tornaram possíveis
o intercâmbio rápido de ideias e uma maior disseminação de informações
entre pesquisadores, estudantes e a sociedade em geral.
Por outro lado, essa facilidade criou um problema ao permitir que qual-
quer pessoa possa acessar um conteúdo, manipulá-lo (o famoso “copia e
cola”) e usá-lo sem se preocupar em indicar a fonte original.
146 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Porque fazer a citação


Em primeiro lugar, fazer as citações é uma garantia de que você não
cometeu plágio.
Em segundo lugar, citar corretamente suas fontes ajuda seus leitores a
entender como suas ideias surgiram e como você aplicou o conhecimento
que adquiriu ao ler outros trabalhos.
Por fim, citar mostra também sua competência, porque as citações pro-
vam que você consultou a literatura relevante para o estudo do seu tema.
147

13. INDICAÇÃO DE LEITURA

Introdução
Este capítulo traz indicações de livros que abordam assuntos que se
relacionam com as técnicas de escrita acadêmica descritas neste Guia e que o
autor julga serem úteis para quem deseja aprofundar tópicos que aqui foram
apenas mencionados de passagem.
As indicações se baseiam em dois critérios: abrangência da exposição e
qualidade do conteúdo.

13.1. Livros de Metodologia Científica

Existe no mercado um grande número de livros sobre metodologia


científica. É possível também encontrar manuais online e sites com informa-
ções básicas sobre o assunto.
É recomendável, porém, que você leia um texto já consagrado e de uso
corrente nas universidades brasileiras. Entre eles, estão (os títulos não estão
em ordem alfabética):
• Fundamentos de Metodologia Científica (2017)
Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos
Um clássico. É abrangente e didático, embora a linguagem às vezes
pareça um pouco distante no tempo.

• Metodologia do Trabalho Científico (2018)


Antônio Joaquim Severino
Obra abrangente. Aborda temas que vão além da metodologia
científica, incluindo capítulos sobre a rotina de um estudante uni-
versitário e o cenário do ensino superior.
148 Guia Prático de Escrita Acadêmica

• Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (2019)


Antonio Carlos Gil
Voltado para as Ciências Sociais, é abrangente e fornece um iti-
nerário para escrever trabalhos monográficos, discutindo todas as
etapas — da formulação do problema à redação do relatório final.

• A Arte da Pesquisa (2019)


Wayne C. Booth, Gregory G. Colomb e Joseph M. Williams
Serve como manual para pesquisadores iniciantes e também para
quem já possui alguma experiência. Bem didático e cobre todas as
fases de uma pesquisa.

13.2. Livros de Normalização Textual

Normalização textual é uma área complexa e cheia de detalhes. O


ideal é você ter sempre à mão um bom manual.
A maioria das universidades e faculdades, órgãos da administração
pública e o Congresso Nacional produzem seus próprios manuais de normali-
zação de trabalhos acadêmicos e documentos oficiais. Existem versões desse
material na internet que podem ser consultadas gratuitamente online ou
baixadas para seu computador.
Das obras disponíveis no mercado, as mais recomendadas são (os títulos
não estão em ordem alfabética):
• Manual Para Normalização de Publicações Técnico-científicas
(2013)
Júnia Lessa França, Ana Cristina de Vasconcellos e Maria Helena de
A. Magalhães
O mais completo manual de normalização textual do mercado.
Abrangente e atualizado. Indispensável.

• Manual de Redação e Normalização Textual (2002)


João Bosco Medeiros
13. Indicação de Leitura 149

É uma obra que pode ser usada com proveito por estudantes, jor-
nalistas e revisores de texto. Está fora de catálogo, mas pode ser
encontrado em sebos virtuais. Vale o investimento.

• Guia do Trabalho Científico: da Redação ao Projeto Final (2011)


Celso Ferrarezi Júnior
Excelente para consulta. Cobre todas as normas NBRs que se apli-
cam aos trabalhos acadêmicos.

13.3. Livros de Técnicas de Redação

Escrever bem é uma habilidade essencial a estudantes, professores e


pesquisadores. O domínio das técnicas básicas de redação é parte do “arse-
nal” para ter sucesso na vida universitária.
É quase impossível escolher entre os vários títulos sobre redação disponí-
veis no mercado. Recomendamos (os títulos não estão em ordem alfabética):
• Curso de Redação (2004)
Antônio Suarez Abreu
Um pequeno manual com exemplos e exercícios. Muito prático e
compacto. Altamente recomendado para estudantes de nível médio
e para quem acaba de entrar na faculdade.

• Em Busca da Prosa Perdida (2013)


Antonio Fernando Borges
Conciso e didático. Explora os fundamentos da escrita. Inclui
exercícios.

• A Arte de Escrever em 20 Lições (2015)


Antoine Albalat
Expõe o processo da composição em detalhes, com ênfase em ques-
tões de estilo. Extremamente versátil.
151

BIBLIOGRAFIA

Bell, Judith. (2005). Doing Your Research Project: A Guide for First-time
Researchers in Education, Health and Social Science. 4th Edition. Berkshire:
Open University Press

Berry, Ralph. (2004). The Research Project: How to Write It. 5th Edition.
London: Routledge

Day, Robert A. (1998). How to Write and Publish a Scientific Paper. 5th Edition.
Phoenix, Arizona: Oryx Press

Eco, Umberto. (2015). How to Write a Thesis. Cambridge, Massachusetts: The


MIT Press

Gil, Antonio C. (2010). Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas

Glymour, Clark. (2015). Thinking Things Through: An Introduction


to Philosophical Issues and Achievements. 2nd Edition. Cambridge,
Massachusetts: A Bradford Book/The MIT Press

Hartley, James. (2008). Academic Writing and Publishing: A Practical


Handbook. Londres: Routledge.

Kane, Thomas S. (1988). The New Oxford Guide to Writing. New York: Oxford
University Press

Katz, Michael J. (2009). From Research to Manuscript: A Guide to Scientific


Writing. Cleveland: Springer Science

Kirk, Robert. (1999). Relativism and Reality: A Contemporary Introduction.


London: Routledge
152 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Lindsay, David. (2011). Scientific Writing = Thinking in Words. Collingwood,


Australia: CSIRO Publishing

Michaliszyn, Mario S. e Tomasini, Ricardo. (2005). Pesquisa: Orientações e


Normas Para Elaboração de Projetos, Monografias e Artigos Científicos. 6a.
Edição. Petrópolis: Vozes

Santos, P., Kienen, N. e Castiñeira, M. (2015). Metodologia da Pesquisa


Social: Da proposição de um problema à redação e apresentação do relatório.
São Paulo: Atlas

Zemach, Dorothy E. e Rumisek, Lisa. (2005). Academic Writing: From


Paragraph to Essay. Londress: Macmillan Education.
153

MODELOS

A. Paper

Cabeçalho: nome da universidade e o curso/disciplina


Título (e subtítulo)
Autor(es) (e suas credenciais)
Resumo e palavras-chave

1. Introdução
Subseção 1: Tema
Subseção 2: Problema de pesquisa
Subseção 3: Hipótese
Subseção 4: Metodologia
Subseção 5: Resumo do conteúdo

2. Desenvolvimento
Subseção 1: Descrição do contexto/estado atual da pesquisa do
tema
Subseção 2: Apresentação geral dos pontos-chave do trabalho
Subseção 3: Apresentação do ponto-chave A
Subseção 4: Apresentação do ponto-chave B
Subseção 5: Apresentação do ponto-chave C

3. Conclusão
Subseção 1: Resumo do tema, problema e hipótese
154 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Subseção 2: Resumo dos pontos principais


Subseção 3: Síntese das discussões

Referências
Abstract and Keywords

B. Artigo Científico

O modelo apresenta apenas os elementos textuais e pós-textuais. Os


elementos pré-textuais são padronizados e você deve seguir as orientações
do manual de estilo da sua faculdade ou as normas da ABNT para artigos
científicos.

1. Introdução
1.1. Subseção 1: Apresentação do tema e sua importância
1.2. Subseção 2: Como o tema já foi tratado por outros autores
1.3. Subseção 3: Como o tema será estudado no presente trabalho
1.3. Subseção 4: Apresentação do problema e da hipótese
1.4. Subseção 5: Como o texto está organizado

2. Revisão da literatura
2.1. Subseção 1: Como o tema foi estudado antes e quais as
principais conclusões
2.2. Subseção 2: Crítica das posições atuais sobre o tema
2.3. Subseção 3: Apresentação da sua perspectiva (o ângulo ou
posição teórica que você adotará no trabalho)

3. Metodologia
3.1. Subseção 1: Descrição do método e das ferramentas de coleta
de dados
3.2. Subseção 2: Descrição da amostragem e dos critérios de seleção
3.3. Subseção 3: Descrição das técnicas de tratamento dos dados
Modelos 155

4. Resultados
4.1. Subseção 1: Apresentação geral dos dados coletados
4.2. Subseção 2: Principais achados
4.3. Subseção 3: Apresentação visual dos principais achados (quan-
do aplicável)
4.4. Subseção 4: Apresentação sistemática dos principais achados
na forma de texto
4.5. Subseção 5: Descrição de ferramentas de tratamento estatísti-
co usadas na análise dos dados (quando aplicável)

5. Discussão
5.1. Subseção 1: Explicação sobre o significado dos dados
5.2. Subseção 2: Como os dados encontrados se relacionam com as
pesquisas anteriores
5.3. Subseção 3: Indicação de possíveis aplicações da pesquisa
5.4. Subseção 4: Formulação de uma hipótese

6. Conclusão
6.1. Subseção 1: Descrição dos pontos-chave do trabalho
6.2. Subseção 2: Indicação das implicações do trabalho
6.3. Subseção 3: Descrição do significado do trabalho
6.4. Subseção 4: Indicação da necessidade pesquisas futuras

Referências
Apêndices (quando aplicável)
Anexos (quando aplicável)
156 Guia Prático de Escrita Acadêmica

C. Monografia

O modelo apresenta apenas os elementos textuais e pós-textuais.


Os elementos pré-textuais são padronizados e você deve seguir as orien-
tações do manual de estilo da sua faculdade ou as normas da ABNT para
monografias.

1. Introdução
1.1. Objetivo da pesquisa e sua relevância
1.2. Descrição do estudo
1.3. Organização do manuscrito

2. Revisão bibliográfica
2.1. Seção 1: Estado atual dos estudos (trabalhos recentes)
2.2. Seção 2: Histórico dos estudos (trabalhos passados)
2.3. Seção 3: Avaliação das fontes (atuais e passadas)
2.4. Seção 4: Critérios de seleção das fontes e como serão usadas

3. Metodologia da pesquisa
3.1. Seção 1: Apresentação da pergunta de pesquisa
3.2. Seção 2: Tipo de pesquisa usado
3.3. Seção 3: Amostragem
3.4. Seção 4: Ferramentas de coleta de dados (Exemplo: entrevista)
3.5. Seção 5: Exemplo ou modelo das ferramentas de coleta de
dados (Exemplo: roteiro de entrevista)

4. Análise dos resultados


4.1. Seção 1: Descrição geral dos dados coletados (o que exatamen-
te foi coletado)
4.2. Seção 2: Principiais achados (dados mais relevantes)
4.3. Seção 3: Apresentação visual dos principais achados na forma
de gráficos, tabelas e figuras (quando aplicável)
Modelos 157

4.4. Seção 4: Descrição sistemática dos principais achados na forma


de texto

5. Conclusão
5.1. Seção 1: Síntese do tema, do problema e da hipótese
5.2. Seção 2: Síntese dos principais achados
5.3. Seção 3: Sugestões de pesquisas futuras

Referências bibliográficas
Apêndices (quando aplicável)
Anexos (quando aplicável)
159

GLOSSÁRIO DE TERMOS CIENTÍFICOS

Conclusão. Solução ou resposta para um problema. A conclusão é o que o


cientista aprendeu sobre o problema através da experimentação.

Dados. Informações que um cientista coletará e analisará. Os dados consis-


tem em informações coletadas por meio de experimentos ou observações.

Dados qualitativos. Informações sensoriais (visão, toque, olfato, audição,


paladar) usadas para tirar conclusões.

Dados quantitativos. Informações numéricas (número, cifra) usadas para


tirar conclusões.

Dados brutos. Informações quantitativas iniciais que um cientista obtém ao


conduzir um experimento.

Experiência (experimento): Teste ou tentativa usada para obter conheci-


mento ou testar uma teoria.

Gráfico. Um diagrama que consiste em linhas, barras ou círculos para repre-


sentar informações.

Hipótese: Palpite razoável. É o que um cientista acha que acontecerá em um


experimento.

Inferência. Palpite fundamentado sobre uma situação, com base em suas


observações.

Método Científico: Maneira lógica de resolver problemas. Os cientistas


usam esse método para coletar e testar informações.
160 Guia Prático de Escrita Acadêmica

Observação. Processo de aquisição direta de informações de uma fonte


primária. Pode também significar os dados coletados nesse processo.

Previsão. Palpite sobre um evento futuro. As previsões são baseadas em


observações, pesquisas e no que já se sabe sobre o assunto.

Problema: Algo que precisa ser resolvido. Os problemas geralmente são


perguntas que os cientistas fazem sobre tópicos científicos.

Procedimentos. Maneira metódica e lógica de fazer alguma coisa. Em


pesquisa, os procedimentos incluem instruções ou planos, listados passo a
passo.

Teoria Científica: Conceito científico bem testado. Uma Teoria Científica é


o resultado de uma longa série de estudos com resultados que comprovam
uma ou várias hipóteses.

Variável: Algo que pode mudar ou “variar” em uma situação.

Variável dependente. Parte de um experimento que fornece o resultado da


variável manipulada.

Variáveis ou constantes controladas: Partes do experimento que perma-


necem as mesmas o tempo todo.

Variável manipulada: Variável que é deliberada ou intencionalmente alte-


rada pelo cientista em um experimento.
SOBRE O AUTOR

Claudio Moreira é jornalista, escritor e coach


de escrita acadêmica. Atua também como re-
dator freelance. É autor de Construção da Política
de Segurança Alimentar e Nutricional de São
Luís (Prefeitura Muncipal de São Luís/SEMSA,
2008). Editou, pela OmniBooks, Quando
Fala o Coração (2010). Foi redator do por-
tal Cosmo Online e repórter do Correio Popular,
ambos pertencentes à Rede Anhanguera de
Comunicação (Campinas, SP). É fundador da
Claudio Academy (claudioacademy.com.
br), agência de criação de textos para redes
sociais, blogs e sites. Contribui com artigos
para revistas e jornais.
É esperado que estudantes universitários en-
frentem dificuldade para escrever trabalhos
acadêmicos porque não dominam as técnicas
de redação científica. É comum também que
não saibam como ler um livro, fazer anotações,
escrever resumos e criar mapas mentais.
O Guia Prático de Escrita Acadêmica foi escri-
to para ajudar alunos de cursos de graduação a
superar essas e outras dificuldades, se tornarem
escritores competentes e serem bem sucedidos
em seus cursos.
Este livro reúne em um só volume técnicas de
estudo e redação acadêmica, o passo a passo
com exemplos para a elaboração dos principais
gêneros científicos e modelos para a produção
de papers, artigos científicos e monografias.

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