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I a a te Duane Axromuces Conca (Oxs.) POLITICAS LINGUISTICAS NA FORMAGAO DO LICENCIADO EM LETRAS: UMA DISCUSSAO INTRODUTORIA: Leticia Fraga , (Universidade Estadual de Ponta Grossa”) Todo texto, como fruto de sistematizagao de pensamentos, é importante. Este, por ser provavelmente o primeiro de uma série e, por varios motivos, ter sido bastante dificil de escrever e concluir, mesmo que simbolicamente, me € ainda mais caro, pois me obrigou a organizar um conjunto de ideias esparsas, desenvolvidas aqui e ali (em outros textos, aulas, orientagGes etc.), nem por isso simples ou pouco importantes. Como 0 titulo indica, buscarei defender a tese da importancia de a for- magao (inicial e continuada) do licenciado em Letras contemplar questdes afetas as Politicas Linguisticas, para que estes profissionais possam dar conta minimamente das exigéncias atuais que tém de atender (CORREA, 201 0), as quais mudaram muito nos ultimos vinte, quinze anos. Aponto essas questdes com base em minha experiéncia como professora de alunos ingressantes em Letras na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), experiéncia essa que tem me mostrado que, para muitas pessoas, “o mundo ja nao é mais 0 mesmo”, para usar uma expressio corrente, prin- cipalmente pelo fato de as salas de aula cada vez mais se caracterizarem pela diversidade que, apesar de alardeada aos quatro ventos, continua “surpreen- dendo” alguns desavisados. No trecho acima, abuso das aspas por varias razdes: primeiro porque a expresso “o mundo nao é mais o mesmo” me parece indicar apenas que ele nao é como esperavamos (ou como queriamos que fosse), de modo que Agradeco a Djane Antonucci Correa, pela leitura atenta da primeira versio, ainda bastante crua, deste capitulo ¢ sugestdes fundamentais para que, como ela mesma disse, “tivesse mais confianga para dizer 0 que achava que precisava ser dito”. O texto € dedicado a todos os professores de lingua em formagio e formagdo continuada com os quais convivi ao longo de quase quinze anos de carreira, por tudo 0 que me ensinaram. Professora Adjunta da UEPG, doutora em Linguistica pela UNICAMP. Email: leticiafraga@gmail.com “masa fom com sexo leno gpm mundane ome Ides com noaepecas ened ace seaundeprte gia st queyom rine a gus a plaids ala de ola 0 SU he 0 (no) evra mot supeender~ comsiderand cu nem 2 saat qu vet gue oper conser que onogereiae ma Cscolt-ssincono cm quale ontop nas ist dogmas (PCN, 1998: DCE 200 ee), Por ould tro de recone ue 8 om ifeente"€ sere amex para gus ssn embaa pra stems pear mi ied ue prs outes que iferenga€ essa que nos incomoda tnt, nos reo chio? Dito essa forma sna exager, ji que Somos conkecios (ou queremos sr) por rosa “volerncia diferenga qu, final de cons comp noes dentidade brasileira”. E por ess razio que, como disse na ini do text, procure Aiscutressas questes a pair de minha experiacia pessoal, que fo rea que me fez prceberanecessidade de debates e porque me parece «ve iustra om exemplosconcretos sempre contribu par dices, pois rts vezes so esses exemplos que nos pemitem efeivamente“enserpa”™ coisas que ndo enxergivamos, Em seu fexo, Kramsch (2012) cham a atengio especiicament dos Professoresdelinguas esrangeirs para a "nova" realidade com que estes irio Se depararem sus sols de aula, qual deve passara ser consideada regrae io mais exceed, Novamentelango modo recurso das spas, pois no sci 18 que pontoa situa € de fato “nova”. Talvez ela esteja s mais evident, ois, como afisma autora, a maioria dos alunos (no minora, como antes), or uma série de razdes, dente as quas podemos citar a plbalizagio, tm, talvez, um poueo menos de problemas em “assumit” esa) diferent). Tee Sein pn pr mae de nop meine aed donee + Re peracetic en hype Amn a Mas o que gostaria de comentara ptr d observagi da autora € que © ‘au foi dito como algo relative a professors de lingua exrangcia se splca ‘eefeitamente a outoscontexos, mesmo Sqeles em Gue a homogeneidade {apareneiente“impera” (ou pelo menos “imp lingua matera, ‘como. do ensina de esse modo, exemplificando a pani do contexto brasileiro, © que a autora quer dizer & que nem o professor de lingua portuguesa nem oe i fu estrangsradeveriam mais partir do principio de que atoulidade de seus ‘shuns comparitha uma mesma lingua (ou varedade de lingua) materma (20 380, 0 portugués) e€ monolingue nessa lingua, ou tem exatamente o mesmo ‘nivel de conhecimentoda‘ou interes pela lingua estrangeia que estuda ne prope etude. Até mesmo professors que atuam em escolas inceridas em comunida- es sociolinguisicamentecomplexas~ cujasescolas tem Projetos Politicos Pedagogicos que incluem o trabalho com mas idiomas na grade curiculan, lm do inglés € do espanhol, de cariter obrigatério (DALLA VECCHIA, FRAGA, 2012) ~relatam ter dfiuldades em lidar com alunos biealilin. ‘ues caso seubiultlinguismo nlo soja 0"esperado”,o“eorcto™ (DALLA, VECHIA, 2013), Freitas essasconsideragbesiniciss a respeito da, ficuldade que todos teos em lidar com 0 “diferente” {empenharei em apresentar a longo de minha carter, no intuit. 8 defender nest texto como jf aponte, i 4 panir de agora me Primero exemplo: nos itmos cinco anos, em imbito da Licenciatura ‘om Letras da UEPG, acompanei de peno duassituagBes de alunos at et Teena cee ori eta ingitas no curso: presenga de un mica PEC-G* da Guiné-Biss0%, ‘que concn o curso em 2012 (uj twajetcia€elatada em CORREA, 2010) © 8 de um academicoindigena, da emia Ksingang, que fequntou 0 cur Por apenas um ano, em 2011, ¢ depois pedi tansferncia para outro curso 'a mesina instuigo (ef. FRAGA, CORREA, init) ‘As repercussbes da presenga de ambos no curs junto 20 corp doce te—que em pare desconbeciatntoo programa PEC-G quant a Comiss20 Universidade para os indios Segundo exemple: em contexto mais amplo, ainda dento do progra- ma PEC-G, a UEPG tem, atualmente, dezessete alunos estangeios, parte ‘oriunda de paises afficanos luséfonos' (como Cabo Verde, Angola, Sio ‘Tomé e Principe e Mocambique)e parte oriunda de paises da América Latina hispan6fonos (como Paraguai, Bolivia e Colémbia) Além disso, em 2011, a insttugdo recebeu os primeiros alunos oriundos de um pais angl6fono (igeria) (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, 2012) “Muitas vezes, ouvi de colega (¢ aqui no me refiroanenhumaérea de conhecimento em especial) relatos de tamanho desconfort em rlagio a pre oF Segaaretieo 12 e mad 201,41. °0 Pra Ese Consa ‘ena vgn erates urn Se praise tes te Ein Supe le SLIORECU comin mons destruc pcm de peo cl ‘stun ap de eopon an sco (DECRETO W531) AUER pre [fog de 0), que secon noes Mane Rn fxs Bee Sages fc tencinyemmnieteritne hamden ond ‘pein cera fs saosin ed re a mn po ‘ean queens ts aslo meme we me pt, (Sando manocom un seas pace ent heron taa fone drs ‘fclogucs stn cl lagna oe vse po so a ‘es etm ven ote le ae eg hae po ‘sme nome inp ifr” AKON 3) seme sa eo com nde er pesto aon Tepeifeamote erodes <8 rgblows oss tera see ages ‘ue alvam ing prana, a easep ec ta Sioa = apres pr eid inca ae a Dee) tom evap esd spovadon to came afcal eveece er nguaportgiesa, CELPE-BRAS, cm relaio asestuduntescrundos paises sons, cob a Lingua matera também poem apresentar dfeuldades st Se expressarem, tntonaTinguagem oral quanto na linguager esa, ‘as principlmente nesta dima” (CORREA, 2010, p. 50. Terceiroexemplo: também no curso de Letras, ful professora de alunos riundos de colonies de imigrantes da reido (das cidades de Carambei, Castalanda, Arapoti, Pradentépolis, Guarapuava, Palmeira), para quer © Portugués era segunda lingua ou mesmo lingua estrengeta’- As lingua Imaterisdesses alunos eram as mais diversas: Plautdietsch, Hochdeutsch, ‘Sclwawisch, Usraniano e Holandés. Além disso, cada um desses alunos também se caracterizava por falar diferentes varedades de lingua portuguese, Aistnas das faladss por alunos nd oriundos dos mesmos contextos, Als ‘esslvese que no aro exisem nests conentospessoes monolingies ems Pomugis, que também se diferencia sam. Desse modo, ofr elas) variedade(s) de portugués que em relagio as exigéncias de norma culta em portugués, al das conta acaba nfo vindo ao caso seo indviduo orundo da eal. nia de imigrantes fla a lingua minortvia come lingua mater, j que em mattirenoat tne ‘al congue tet © mor ove doa conve Alm du, sseNe eq > a cus ini roid fee ue ap nes opened de “npc Apa teem ene emo een toy Spm 0 ‘ein ol te des accident ao natn as [eine oes ros de qu penta eho an bee ee) noe [al oust comehnepepeon cans ipa cn anger ingane sce ‘enblgado eins dem ep GPRAGSE Shp Pores Lovevcrrca t Canoe ot Lieve muitos desses contestos a(s) varicdade(s) de lingua portupucsa foi(foram) “afetada(s)" pela presenga de outra(s) lingua(s)", razio pelt qual se afirma que “os (descendentes de) imigrantes falam um portugues diferente”, in- dependentemente de a pessoa falar ou nao falar a lingua minoritaria como lingua matema. A presenga desses alunos de certa forma também incomodavavincomoda aos professores de ensino superior que, assim como os estudantes PEC-G oriundos de paises luséfonos, usam variedades desprestigiadas de portugués. Quarto ¢ ultimo exemplo: alguns de nossos alunos de pos-graduagio que atuam no Ensino Fundamental e Médio relataram experiéncias que tiveram em escolas piiblicas e particulares de Ponta Grossa, nas quais encontraram uma diversidade linguistico-cultural ainda maior, pois além das etnias ¢ lin- guas citadas nos pardgrafos anteriores, também tiveram em suas salas alunos da Colénia Santa Cruz, falantes de russo (como lingua materna e as vezes nica lingua até o momento em que chegaram A escola) ¢ alunos estrangeiros (oriundos dos Estados Unidos ¢ da Australia), falantes de inglés. Se a primeira vista o panorama parece assustador, cadtico, ele é tio comum (e 0 seré cada vez mais, segundo KRAMSCH, 2012) que talvez 0 mais assustador seja o fato de conseguirmos fechar os olhos para ele, mesmo estando “debaixo de nosso nariz’ G@maisidoI@uEMesEjavel E, antes disso, imprescindivel que todo o professor, especialmente o de lingua, Se Ne aa EA) Was Wan Pa en a oa nn mn mativamente inventou a ‘lingua’ como um fato, ao mesmo tempo cientifico 70 Aliteratura da drea ¢ farta em exemplos que justificam a afirmagto, A titulo de ilustrag, sugerimos as leituras de Amincio (2007); Bisinoto (2000); Dilck (2005), dentre muitos outros. ~ 11 Essaexpressdo foi muitas vezes utilizada por alunos que, ao lerem textos sobre apluralidade linguistica brasileira, surpreendiam-se por nunca terem “percebido" que no Brasil falam-se outras linguas além das variedades de portugués, mesmo tendo, em sua maioria, parentes proximos falantes (muitas vezes monolingues) dessas outras linguas. Duane Anromuccs Connea (Ona.) tudes €nacionalista, ¢ empurrando a pritic: linguisticos" (PINTO, 2010, p. 71, prifis da autor), 0 para fora dos linites dos ar de: fornia adedquada Mas como formar professores de lingua pats €m contextos sociolinguisticamente complexos? 1! qual & ou deveria ser 0 Papel do curso de licenciatura em Letras nesse sentido? Segundo Correa (2010): (GUISticaSHUFAZERUOAS PAM CEMPOMOMCDME '1tre 0 sito conhecimentos, que sio exigidos daqueles que extio em fave de formagio para atuar como docentes ¢ como pesquivador também dos que jé esto formados ¢ atuando em sala de aula, termos como planejamento linguistico, norma culta, norma padrao, acordo ortografico, entre outros afctos aos estudos da linguagem, precisam tornar-se palavras ou expressoes significativas, por assim dizer, passiveis de reflexdes mais aprofundadas. Dessa forma, é possivel contextualizar melhor as escolhas linguisticas, os panoramas plurilingues, os con- textos de variacdo linguistica, e também a defesa das confi- guragdes monolingues ¢ homogéneas, incluindo as exigéncias de dominio das regras que fazem parte de tais configuragdes (CORREA, 2010, p. 40-41, grifos nossos). _ “configuragao dos ambientes linguisticos” (CORREA, 2010, p. 40) também pelo viés politico, por meio de discussdes sistematicas sobre politicas lin- guisticas. Por outro lado, €ipossiveliquelasidiferentesinstituigoesidelensino (Giseiplinas;entreoUtras POSSIbIlIGAAER?O importante é que os debates permi- tam que os professores em formagio inicial e continuada compreendam que: [.-] as exigéncias encontradas no sistema escolar derivam das agdes de intervengdo nas linguas e [que] ter conhecimen- 51 Pres Lowerrea 1 Exsoe on Lineea to de tais agdes pode elucidar muitos paradoxos relativos necessidade de conviver com ¢ transitar pela diversidade, a heterogencidade ¢ as exigéncias que vém impostas por meio de uma visio homogénea e estatica de linguagem e cultura (CORREA, 2010, p. 41). Por meio de um levantamento inicial de dados, que deve ser comple- mentado posteriormente, chegamos a conclusio de que a discussdo sobre Politicas linguisticas em formato de disciplina que se dedica sistematicamente @ tematica ainda é rara e, quando acontece, é mais comum que cla se dé em Ambito de pos-graduagio (n3o apenas em programas da drea de Letras € Linguistica, mas também de outras Areas, como Educacio), como se pode observar no quadro 1 a seguir: NOME DA DISCIPLINA PROGRAMA, DE POS-GRADUACAO. INSTITUIGAO, Polincas linguisicas Letras UNIR Iinguisnca UPRGS Seminano de Linguagem no Con- Letras texto Social polincas inguisncat Programas € ages de politicas Letras linguisocas contemporineas UFRGS, : oe | Introducso & polinca | Linguistica | ure | polincas Linguisticas Toprcos Espectars em Educacso: Educagto | UPMG Quadro 1 Disciplinas de Politicas Linguishcas presentes em programas de pors-gradus So brasileiro Fonte | laborado pela autora Jao formato mais frequente € 0 da discussio sobre politicas linguisticas como conteudo pertinente as disciplinas ofertadas por programas de pés- graduacio (no so da rea de Letras ¢ Linguistica, mas também de outras areas, como Educagao, Antropologia e Ciéncias Sociais), conforme ilustra 0 quadro 2, na sequéncia: Dua Anrowucer Conn (One) INSTHPUIG AO NOME DA DISCIPLINA PROGRAMA DE POS-GRADUACGAO _ Introdugio a Lingua Formagio Pedagogica de | Instituto Federal de Vduca Brasileira de Sinais Docentes da Educagio Pro- | g@o, Ciéneia de St0 Paulo fissional em Nivel Superior oo Sociolinguistica e politicas Ciéncias Sociais ure linguisticas na Africa _ Abordagens socioculturais na Estudos da linguagem Ur aprendizagem de linguas _ Topicos de Sociolinguistica 1 Linguistica UNI Politica de linguas Letras UFSM Introdugo aos estudos em Letras UFGD linguistica aplicada Antropologia da educagio Antropologia social UFSC Estudos de lingua, cultura ¢ identidade no espago da lusofonia. Letras Universidade Presbiteriana Mackenzie e UFMS Lingua, Nagao, Estado Ciéncias da linguagem Universidade do Vale do Sapucai ‘A linguagem no processo de Ciéncias da linguagem Universidade do Vale do Educacio bilingue e intercul- tural ensino/aprendizagem Sapucai Pesquisa supervisionada Letras neolatinas UFRJ (Lingua espanhola) Linguas em contato Estudos da linguagem UEL Bilinguismo e Linguas em Letras UFRGS Contato Seminarios de Linguistica Letras UFRGS Aplicada: educagao bilingue Sociolinguistica qualitativa UNB Multilinguismo e Ensino UNIOESTE Letras e linguistica UFG Fina tinge ‘npn RS, Temucscepotenomae | Ens tags ner ai binge niin pend acne Senin de Pega sae | Lingala UNCAN ato 2- Dans eee pgs pi tc bin een es Ebdon Alm disso, emborararosalieate-e que ji guns cursos de gradu ago que oferecem a diseptin em suas grades curiculare, sje em carter obrigatirio ou eletive, come se pode verifier no quadro 3 NOMEDA curso | cardvexoa | mssrmracio Tess (remem) Qt 3- Disp de Police Lingisin peeis em co de aa ae Por fim, © que se pode conclu a patr dos dados levantados & que @ Aiscussio sobre a temitica ds politieas lingulsticas ainda €incipiente em {imbito nacional (como se pode observar pelos exemplos citados nos quadcos 1,23), assim como também o é no curso de Letras da UEPG, onde ainda no se crow um espago para ta (nem no formato de conteids relavos & ‘emitica a serem tratados dentro de disciplinas). ae tems tn Poss dizer que, nesta insinigfo, © movimento de abrir espa pare 8 discuss sobre politics linguists se inca pela reviso da ements da iciplina de ~ttrodugio aos Estudos Linguisticos, revisdo est ue 36 ‘basen, dente ours coisas, na pereepgio de que os modelos tadchnsis simplesmente no davanvio conta de ofrecer 20 professoese formato oportunidad de trace para adacusio os conecimentos gue ls) nam Sobre oque ej lingu,ingvagem, norma, gramstica, den outa uses Assim, seguindoa wadigo dos extudoslingisticos o programa anterior 4a disciplina pata do entendimento de que era necesirio que © aluno de rimco ano tvese conto com os chamados“conceitosbisicos” da Lin ‘isten moderna, como as dcotomiassaussrians ou os pressuposios da ‘Teoria dos Principios e Parseetros 6 sniane gerativa, x para citar alguns ‘xempls,considerando apenas a chamadasabordagens formals No preciso nem dizer que muito provavelmente nos” deinanos lear peo engodode que émethor pecar por excesso do que por fs, Duis grande ‘quamidade de contd i ‘Agora, com as mudangas sugeridas,a ela & somente se aproprie de saberes, como expropie“certezs",consruindo-se como suet critic (MARCUSCHI, 2009), o que mie parece possive sea ‘Proposa da disiptnaexigie que oaluno desnvolva essa capaci Pouinea Lovavianica # Ewe oe Lowi gon onde Por isso proponho que a disciplina deva scr um dos © possam realizar discusses que permitam compreender ay diferentes tebe que se estabelecem entre lingua(yem) ¢ sucicdade. cn Para finalizar esse primeiro cxercicio, cnumera alguns “contetides” (entre aspas, pois esto mais para topicos, na verdade) que juleo de serem tratados, bem como sugiro abordaye da perspectiva das Politicas Linguisticas, dle modo a quc a formago do licenciado em Letr "ay partir “contetidoss dessi comport 1. GABIQHIGAAEUSCORCEOMETIABUA- partir do principio de que “lingua” & um construto tedrico que, portanto, pode (¢ deve) ser ubscrvady sobre pontow de vista diferentes. E importante considerar porque, dentre cxiew 0 linguistico-cientifiva, ma fon pris privilegiam-se alguns (0 normativo, na cscol academia) em detrimento de muitos outros. esclarecer aos professores que o Brasil é um paix multilinguc © multicultural, onde se falam mais de 210 linguas, das quais 180 sto Hnguae indigenas e 30, linguas de imigragao (OLIVEIRA, 2009). No cntanto, tamantia diversidade nao impede que ratifiquemos o mito d nea), que é fruto do carater das politicas ¢ agdes de planificagio lingubsticns brasileiras, que se voltaram primciramente a instauragdo ¢ postcrionmente A defesa do monolinguismo em portugués. a Lingua tnica (c homope- Giferentey No entanto, é preciso considerar que, analisados a partir da perspec tiva das politicas linguisticas, a to valorizada neutralidade dos conceitor xe esvai como areia entre os dedos, juntamente como 0 consensu arespeito deles. Alias, ainda nessa perspectiva, a postura em relagdo avs conceiton nia é de simplesmente acaté-los, procurando encaixar o mundo a cles, mas dle analisit criticamente sua validade em cada situagdo. Somente dessa forma é posstvel compreender, por exemplo, em que sentido se cstabelecem as “dicotomiay lingua versus dialeto, de um lado, ¢ lingua versus varicdade de lingua, de ot tro, jé que a distingdo entre as primeiras diz respeito a uma visio que detende T®RAMRHHAMAHOHOSOASAVAAEATTTAFIRRAQAAAARARRY ~vwvywvvervvvvvuvVUUU VV ‘Dwar Anronvecs Conaca (Ore) no s6 que as diferengas entre os dialetos sejam menores linguisticamente do que as diferengas entre as linguas, mas especialmente porque chamamos de “dialeto” tudo aquilo que, em nossa opiniao, é “menor” do que uma lingua, agora no sé menor do ponto de vista linguistico, mas especialmente do viés Politico. Pot outro lado, usar o termo “variedade de lingua” em substitui¢ao_ 2 “dialeto” nao se resume a uma mera troca de palavras, mas de olhar, ja que importante abordar as nogdes de lingua oficial (a que € reconhecida pelo Estado como tal), lingua nacional (que remete a(s) identidade(s) do pais) e lingua franca (a que é utilizada por pessoas que nao tém linguas (maternas ou no) em comum), para que se possa entender a relagdio que se estabelece (ou que queremos que se estabeleca) entre lingua, territério, nagao cultura. E preciso mostrar que nao ha necessariamente superposi¢ao entre esses quatro elementos, j4 que na maioria dos territérios convivem diversas nagdes que, por sua vez, tém diferentes culturas e falam diferentes linguas. Além disso, ha linguas faladas em varios paises e nagdes espalhadas por diferentes territdrios, o que comprova que as fronteiras fisicas ou politicas nao impedem a circulacdo das pessoas e dos idiomas que elas falam. Por fim, é preciso discutir com os professores que classificar um contexto como mono/bi ou multilingue nao é simples nem evidente, pois requer nao apenas observar os comportamentos linguisticos das comunidades e julgd-los a partir de nosso ponto de vista, mas especialmente ouvir o que os membros dessas comunidades pensam a esse respeito, buscando compreender as aparentes contradigGes que estes manifestam nesse sentido. Encerro aqui com minhas sugestdes, mesmo porque elas nado foram pou- cas, mas suficientes, espero, para mostrar porque considero importante que a formagiio inicial e continuada do licenciado em Letras contemple questdes afetas as Politicas Linguisticas: para que estes profissionais nao perpetuem preconceitos; possam dar conta minimamente das exigéncias atuais que tem de atender; e considerem que vale a pena exercitar a convivéncia com o di- ferente como oportunidade de aprender com essas experiéncias. REFERENCIAS AMANCIO, R. G. 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