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PLANO DE AULA APOSTILADO

Escola de Teologia do Espírito Santo

Filosofia da Religião
A Religião e Deus Estudado à Luz da Filosofia
© Copyright 2004, Escola de Teologia do ES

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TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Filosofia da Religião, A Religião e


Deus Estudado à Luz da Filosofia – Espírito Santo: ESUTES, 2004.
ISBN: 978 - 85 – 67034 - 55 – 3
ASSUNTO: BÍBLIA
CATEGORIA: RELIGIÃO
Todos os manuais de estudo (apostilas) da ESUTES encontram-se registrados na Biblioteca
Nacional – Escritório de Direitos Autorais, e estão protegidos pela Lei nº. 9.610, lei que regula
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por escrito da ESUTES.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2


_______
SUMÁRIO
_______

UNIDADE I
A FILOSOFIA DA RELIGIÃO
Introdução............................................................................................................................................................4
O que é religião....................................................................................................................................................5
O que é Filosofia................................................................................................................................................06
O valor da Filosofia.............................................................................................................................................07
As principais disciplinas de Apoio à Filosofia.....................................................................................................07

UNIDADE II
COMO SÃO JUSTIFICADAS AS CRENÇAS?
A crença é a verdade.........................................................................................................................................09
O relacionamento entre Razão e Fé..................................................................................................................09
A Revelação somente........................................................................................................................................09
A razão somente................................................................................................................................................10
A razão sobre a Revelação...............................................................................................................................10
A revelação acima da Razão.............................................................................................................................11
A Revelação e a Razão.....................................................................................................................................12

UNIDADE III
O QUE SE QUER DIZER COM DEUS?
Introdução..........................................................................................................................................................14
O conceito Teísta de Deus.................................................................................................................................14
O conceito Deísta de Deus................................................................................................................................16
O conceito Panteísta de Deus...........................................................................................................................17
O conceito Panenteísta de Deus........................................................................................................................17
O conceito Finito de Deus..................................................................................................................................18

UNIDADE IV
DEUS EXISTE?
Conceito de Deus.............................................................................................................................................19
Argumentos a partir da idéia de Deus..............................................................................................................19
Argumentos a partir da natureza de Deus........................................................................................................19
A justificativa do Cetismo..................................................................................................................................22
Temos razão suficiente para crer em Deus......................................................................................................21

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................26

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UNIDADE I
A FILOSOFIA DA RELIGIÃO
...............................................................

“A necessidade do Ser Humano de tentar explicar o absoluto levou a Filosofia a estudar a Religião”.

..............................................................

INTRODUÇÃO

A religião é estudada pela história, pela psicologia, pela fenomenologia, pela psicanálise e
pela sociologia. Todas essas ciências estudam metodicamente a consciência religiosa
A palavra "filosofia" vem do grego é uma composição de duas palavras: philos, que siginifica
amizade, amor e sophia, que se traduz como sabedoria ou saber. Filosofia significa, então,
amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber; e o filósofo, por sua vez, seria aquele
que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
A Filosofia da Religião é um ramo filosófico que investiga a esfera espiritual inerente ao
homem, do ponto de vista da metafísica, da antropologia e da ética. Ela levanta
questionamentos fundamentais, tais como: o que é a religião? Deus existe? Há vida depois
da morte? Como se explica o mal? Estas e outras perguntas, idéias e postulados religiosos
são estudados por esta disciplina.
Ela tenta esclarecer ou saber sobre a religião na existência humana.
A filosofia da religião não fundamenta, nem inventa a religião, mas tenta esclarecê-la,
servindo-se da filosofia.
O QUE É A RELIGIÃO
Desde a Antiguidade, por religião entende-se a relação do homem com Deus ou com o
divino. Mas logo a consciência crítica indaga: O que é o homem? O que é Deus? O que é
religião?
A religião realiza-se na existência humana. O homem sabe-se relacionado e determinado
por algo que é maior do que ele mesmo. Assim sua existência religiosa do homem se
constitui a partir do divino. Por isso, na filosofia da religião, não se fala só do homem, mas
também daquilo que é diferente dele, que o transcende.
Religião (do latim: religare), significa religação com o divino, e é um conjunto de crenças
sobre as causas, natureza e finalidade da vida e do universo, ou a relação dos seres
humanos ao que eles consideram como santo, sagrado, espiritual ou divino. Muitas
religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar
sentido à vida. Elas tendem a derivar em moralidade, ética, leis religiosas ou em um estilo
de vida preferido de suas idéias sobre o cosmos e a natureza humana.
A palavra religião por vezes é usada como sinônimo de fé ou crença, mas a religião difere da
crença pessoal na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm
comportamentos organizados, incluindo as congregações para a oração, hierarquias
sacerdotais, lugares sagrados, e/ou escrituras.

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Há uma infinidade de religiões, compostas de distintas modalidades de adoração,
mitologias e experiências espirituais, mas geralmente os estudiosos se concentram na
pesquisa das principais vertentes espirituais, como o Judaísmo, o Cristianismo e o
Islamismo, pois elas oferecem um sistema lógico e elaborado sobre o comportamento do
planeta e de todo o Universo, enquanto as orientais normalmente se centram em uma
determinada filosofia de vida. Os filósofos têm como objetivo descobrir se o olhar espiritual
sobre o Cosmos é realmente verdadeiro.
Em todas as religiões vigentes no Ocidente há algo em comum, a fé em Deus. A Divindade
é vista como um Ser sem corpo e eterno, criador de tudo que há, extremamente generoso e
perfeito, todo-poderoso, ou seja, onipotente, conhecedor de tudo, portanto onisciente,
presente em toda parte. Esta é a imagem teísta de Deus, aquela que proclama sua
existência. São Tomás de Aquino defende pelo menos cinco argumentos a favor da presença
de Deus no Universo, entre eles o ontológico, o cosmológico e o do desígnio.

O QUE É A FILOSOFIA
Filosofia significa literalmente ―amor à sabedoria‖ e é o estudo de problemas fundamentais
relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e éticos, à mente e
à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião
por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas
científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações.
Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de
pensamento.
De acordo com os filósofos gregos, o homem ignorante não pode ser genuinamente feliz.
Sócrates, cuja máxima: "A vida não examinada não é digna de ser vivida" é freqüentemente
citada, foi a concretização do filósofo ideal, ou amante da sabedoria. O conceito clássico da
filosofia ("conhecer o bem e praticá-lo") também fazia parte central do pensamento dos dois
maiores filósofos gregos, Platão e Aristóteles. Mesmo assim, esta abordagem filosófica tem
sido cada vez menos influente nos séculos recentes.

O VALOR DA FILOSOFIA
Devemos responder à pergunta: Para que estudar a filosofia? Alguns filósofos
considerariam tal pergunta indigna de receber uma resposta, e a indicativa da mentalidade
pragmática, norte-americana que quer saber: "Que vantagem tiro eu disto?" e "Que bem me
fará?" Tais filósofos diriam que a filosofia tem sua própria justificação inerente; não precisa
de qualquer justificativa instrumental ou externa. É possível enumerar alguns bons motivos
para se dedicar ao estudo da filosofia.

Compreender a Sociedade
A compreensão e a apreciação da filosofia ajudarão a pessoa a compreender sua sociedade.
A filosofia tem uma influência profunda sobre a formação e o desenvolvimento de ins-
tituições e de valores. Não devemos subestimar a importância de idéias em moldar a socie-
dade. Por exemplo, o respeito com que se trata o indivíduo e a liberdade são, em grande
medida, o produto do pensamento ocidental. A filosofia nos ajuda a perceber o que está
envolvido nas "grandes perguntas" que indivíduos e sociedades devem fazer.

Libertar do Preconceito e do Bairrismo


Os elementos críticos da filosofia podem ajudar a libertar a pessoa das garras do
preconceito, do bairrismo, e do raciocínio inferior. Na reflexão filosófica podemos colocar-
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nos à certa distância das nossas crenças e das crenças dos outros, e enxergá-las com certo
ceticismo. Leremos jornais e revistas de modo mais crítico, o que nos deixará menos
suscetíveis à propaganda. A filosofia pode nos ajudar a não nos deixarmos iludir pelas
evasivas e omissões das técnicas políticas e publicitárias. Numa democracia há a
necessidade de desenvolvermos um senso crítico saudável acerca das nossas crenças e das
crenças dos outros, bem como a capacidade de reconhecer uma boa argumentação ou
evidência.

O Desafio Cristão
O cristão tem interesse específico pela filosofia, e a responsabilidade de estudá-la. A
filosofia será tanto um desafio à sua fé quanto uma contribuição ao entendimento da fé.
Alguns cristãos sentem suspeita da filosofia porque ouviram histórias acerca doutras
pessoas que perderam sua fé através do estudo da filosofia. Foram aconselhados a evitar a
filosofia como a peste. Após reflexão séria, fica sendo claro que este conselho não é sábio
enfrentar o desafio intelectual levantado contra ele. O resultado de tal desafio não deveria
ser a perda da fé, mas, sim, a possessão, de valor inestimável, de uma fé mais enraizada e
madura.

É POSSÍVEL ESTUDAR A RELIGIÃO UTILIZANDO A RAZÃO?


A filosofia nasceu, na antiga Grécia, como atitude crítica na vida concreta do homem.
Nasceu como tentativa de formular questão da verdade desta vida em sua globalidade.
Como a religião era parte desta vida concreta, os filósofos não podiam deixar de formular a
questão da verdade da religião, de sua significação para a vida humana e a questão
filosófica sobre Deus.
A filosofia grega pensou a presença do divino como fundamento originário do cosmos
(Anaximandro), como ser imutável (Parmênides), como Logos enquanto ordem do mundo
(Heráclito).
A filosofia da religião, como disciplina própria, é recente. Para sua constituição foi decisiva
a filosofia de Kant, o idealismo alemão, a obra do cardeal Newman, de M. Blondel, a
filosofia dialógica de F. Ebner e M. Buber, a fenomenologia de E. Husseri, M. Scheler e a
filosofia da existência através de G. Mareei, M. Heidegger e K. Jaspers.
Pensar é a busca do encontro do homem com o mundo, entre o pensante e o pensado.
A filosofia da religião tem a religião como objeto de seu pensar. Tenta esclarecer o ser e a
essência da religião. Indaga, pois, o que é, propriamente, religião.
A existência religiosa do homem desenvolve-se em muitas dimensões, como, por exemplo,
a interior e a exterior. Na primeira situa-se a fé e a meditação; na segunda, o culto e a
pregação.
Segundo Hegel, a religião e a filosofia tem comum a busca da verdade: "A filosofia tem seus
objetivos em comum com a religião por que objetivo de ambas é a verdade‖.

AS PRINCIPAIS DISCIPLINAS DE APOIO À FILOSOFIA


Ética
Talvez a área mais conhecida da filosofia seja o estudo da ética. Dificilmente passa um dia
sem sermos confrontados com questões da moralidade. Vou falsificar minha declaração de
imposto de renda? O aborto é correto? Embora a filosofia geralmente trate de coisas
abstratas, este certamente não é o caso da ética. As questões da teoria ética são perguntas
práticas, problemas que tocam na vida de todos os dias.
Quando o homem do povo fala da ética, usualmente se refere a uma coletânea de regras ou
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princípios mediante os quais é ou permitida ou proibida de comportar-se de certas
maneiras. Por exemplo, quando falamos da "ética pastoral," geralmente nos referimos a
regras ou princípios que governam o comportamento do ministro para com seus
paroquianos ou para com outros ministros.
Ou, se falamos da necessidade da "ética dos negócios," referimo-nos a um código que
regula, ou que deve regular, as ações dos negociantes para com seus fregueses, empregados
e concorrentes. Os filósofos também empregam a palavra ética neste sentido. Por exemplo,
quando o filósofo fala da "ética cristã," quer dizer aqueles princípios que guiam as ações dos
cristãos, princípios tais como aqueles registrados nos Dez Mandamentos e no Sermão da
Montanha.
A ética está preocupada em atribuir modos de ação que devem ser seguidos ou louvados.

A Epistemologia
A epistemologia, ou a investigação da origem e da natureza do conhecimento, é um dos
campos principais da filosofia. Como conhecemos alguma coisa? Quando é justificada a
alegação de que alguém sabe? É possível o conhecimento indubitável (certo) acerca de
qualquer coisa? A percepção
sensória nos dá informações fidedignas acerca de um mundo de objetos físicos? Temos
consciência direta do mundo físico? Nossas percepções dos objetos são idênticas a esses
objetos? As perguntas da epistemologia não são as perguntas da psicologia ou da ciência
natural, embora, também certos resultados destas duas ciências possam ser relevantes ao
epistemólogo.

A Metafísica
Para o novato na filosofia, a metafísica parece ser, logo de início, o mais misterioso e de mau
presságio de todos os campos da filosofia. O próprio nome traz à tona imagens de doutrinas
abstratas e difíceis. A metafísica, na realidade, recebeu seu nome de um modo muito
simples. O nome provém de uma palavra grega que significa "depois da física‖.
Através do uso do termo, este veio a significar "além" do físico. Daí, a metafísica, pelo
menos para alguns filósofos, é o estudo do ser ou da realidade.
Alguns exemplos do estoque das perguntas metafísicas tradicionais são os seguintes. Quais
são as partes constituintes fundamentais e objetivas da realidade? Qual é a natureza do
espaço e do tempo? Todo evento deve ter uma causa? Muitas das perguntas hoje estão mais
estreitamente relacionadas com a natureza e a vida dos seres humanos, perguntas tais
como: O homem tem livre arbítrio? As intenções causam alguma coisa?

DO QUE SE OCUPA, ENTÃO, A FILOSOFIA DA RELIGIÃO?


A filosofia da religião examina criticamente a religião e as crenças religiosas fundamentais:
a crença de que Deus existe, de que há vida depois da morte, de que Deus sabe, mesmo
antes de nascermos, o que iremos fazer, de que a existência do mal é de algum modo
consistente com o amor de Deus pelas suas criaturas. Examinar criticamente uma crença
religiosa envolve explicar a crença e examinar as razões que se tem apresentado a favor e
contra a crença, tendo em vista determinar se há ou não qualquer justificação racional para
afirmar que essa crença é verdadeira ou falsa.
A idéa da filosofia da religião é filosofar ou ivestigar acerca das questões fundamentais na
religião.
As questões características da filosofia da religião desenvolvem-se do escrutínio intensivo e
intelectual das religiões vivas. É necessário distinguir o filósofo da religião do historiador
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da religião, do religionista comparativo, e do teólogo. O historiador da religião procura
descobrir a origem e o desenvolvimento das religiões. Se uma certa religião se
desenvolvesse de temores vinculados com um eclipse do sol, o historiador da religião
documentaria este fato, e os efeitos deste temor sobre o corpo inteiro da crença.
Mapearia a história religiosa do grupo, notando que, originalmente, os adoradores
reconheciam dez divindades, mas, no decurso do tempo, o ritual se centralizou num único
Deus supremo. O religionista comparativo está interessado nas semelhanças entre as
religiões. Acha digno de nota que todas as religiões, ou a maioria delas, têm uma crença
num poder, princípio ou ser supremo. Informações obtidas do historiador da religião e do
religionista comparativo são significantes, amiúde, às pesquisas do filósofo da religião.

O filósofo está interessado em analisar e avaliar as informações, para descobrir o que


significam e se são verdadeiras.
A atividade do filósofo da religião também é diferente daquela do teólogo. O teólogo se
interessa por questões filosóficas que dizem respeito à sua disciplina, e que se ocupam com
assuntos históricos, textuais e exegéticos. Quando o teólogo trata da natureza geral da
religião e do conhecimento religioso, os interesses do teólogo e do filósofo da religião são
idênticos. Quando, porém, o teólogo estuda o desenvolvimento de uma doutrina ou a inter-
pretação de um texto, os dois divergem.
Que tipos de perguntas são a matéria profissional do filósofo da religião? A primeira
questão examinada na filosofia da religião usualmente é a natureza da própria religião. Há
alguma característica definidora ou âmago de crenças que se acha em todas as religiões, e
que é a marca distintiva da religião? Um segundo assunto que o filósofo da religião avalia
são os argumentos em prol da existência de Deus. No século XVIII, Kant disse que havia
três, e somente três, argumentos racionais em prol da existência de Deus. São os
argumentos ontológico, cosmológico, e teleológico. Os filósofos da religião subsequentes
acrescentaram um quarto, o argumento moral.
Um terceiro assunto do filósofo da religião é a discussão dos atributos de Deus.
Por exemplo, a onipotência de Deus significa que Ele pode inventar uma tarefa difícil
demais para Ele mesmo! Pode criar uma pedra que não pode erguer?

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UNIDADE II
COMO SÃO JUSTIFICADAS AS CRENÇAS?
...............................................................

“Tradicionalmente (desde Platão), para alguma coisa ser conhecida tinha pelo menos de ser crida por alguém,
e tal crença tinha de ser verdadeira”.

..............................................................

O RELACIONAMENTO ENTRE A FÉ E A RAZÃO

Uma das questões mais básicas que confrontam o cristão na filosofia é como relacionar a
fé com a razão. Que papel tem a revelação em determinar a verdade filosófica, se é que tem
algum papel? Inversamente, que papel, se tiver algum, a razão desempenha em determinar
a verdade divina? Estas não são perguntas fáceis, e os cristãos têm respondido a elas de
maneiras diferentes. Antes de ser possível entender estes pontos de vista, os termos
revelação e razão devem ser definidos. A "revelação" é um desvendamento sobrenatural por
Deus de verdades e não poderiam ser descobertas pelos poderes da razão humana, sem
ajuda. A "razão" é a capacidade natural da mente humana descobrir a verdade. As soluções
à questão de qual método é uma fonte fiel da verdade são divisíveis em cinco categorias
básicas; (1) a revelação somente; (2) a razão somente; (3) a revelação sobre a razão; (4) a
razão sobre a revelação; e (5) a revelação e a razão.

A Revelação Somente
Alguns filósofos têm alegado que somente a revelação pode ser considerada uma fonte
legítima do conhecimento do homem. Tais pensadores revelam uma desconfiança na razão.
Sören Kierkegaard - Segundo Sören Kierkegaard (1813-1855), o pai do existencialismo
moderno, a mente humana é totalmente incapaz de descobrir qualquer verdade divina. O
que não é uma verdade.

O estado caído do homem – Para Sören Kierkegaard o homem está alienado, pelo pecado,
de um Deus santo. Realmente, Deus é uma "ofensa" a homens que estão num estado
perpétuo de rebelião contra Ele. O homem padece do que Kierkegaard chamava uma
"doença mortal" (o título de uma das suas obras). A própria natureza do pecado do homem
torna impossível para ele conhecer a verdade acerca de um Deus pessoal, visto ser este o
próprio Deus a quem está o homem está rejeitando.

A transcendência de Deus. Pela crença da ―revelação somente", Deus não somente é uma
ofensa à vontade do homem, como também Ele é um "paradoxo" à razão do homem. A
verdade cristã pode ser conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava um "salto
da fé."
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Conforme Kierkegaard, qualquer tentativa racional no sentido de comprovar a existência de
Deus é uma ofensa contra Deus.
As provas são desnecessárias para os que acreditam em Deus, e não convencem os que não
acreditam. A única "prova" do cristianismo é o sofrimento, conforme Kierkegaard, pois
Jesus disse: "Vem, toma a tua cruz, e segue-me" (Marcos 10.21b). As evidências históricas
não ajudam. Kierkegaard perguntou: A felicidade eterna pode ser baseada em eventos
históricos? Sua resposta era um "não!" enfático e ressoante. Como cristão, Kierkegaard
acreditava que Deus entrou no tempo em Cristo. Acreditava, também, que os eventos da
vida de Cristo eram históricos, inclusive Seu nascimento virginal, Sua crucificação, e Sua
ressurreição corpórea.
Mesmo assim, Kierkegaard acreditava que não havia meio algum de ter absoluta certeza
que estes eventos realmente ocorreram, a não ser pela fé. Sabemos que isso não verdade,
pois a existência de Jesus é comprovada historicamente. Além disto, Kierkegaard acreditava
que a historicidade destes eventos não era nem quer importante. O fato significante não é a
historicidade de Cristo (em tempos passados) mas, sim, a contemporaneidade de Cristo (no
presente) dentro do crente, pela fé.

Karl Barth
Um dos teólogos mais famosos da Igreja Cristã contemporânea é KarI Barth. Como
Kierkegaard, Barth argumentava que Deus é "Totalmente Outro" e que pode ser conhecido
somente através da revelação divina. A necessidade da revelação sobrenatural. Barth,
também, acreditava que o homem caído é incapaz de conhecer um Deus
transcendentemente santo. Barth sustentava que todas as tentativas de se chegar a Deus
mediante a razão eram fúteis

Barth, no entanto, sustentava que aquilo que o homem não pode fazer "de baixo para cima"
mediante a razão, Deus fez "de cima para baixo" mediante a revelação sobrenatural. Para
Barth, a Bíblia é a localidade da revelação de Deus. É o instrumento através do qual Deus
fala. De si só, a Bíblia é apenas o registro preposicional da revelação pessoal de Deus ao Seu
povo, mas a Bíblia fica sendo a Palavra de Deus para nós à medida em que Deus fala
através das suas palavras humanas.

Para Barth Deus não nos fala através da revelação natural, ou seja, através da natureza,
porque o homem está caído e, portanto, obscureceu e distorceu completamente a revelação
de Deus na natureza.
Temos a plena certeza de que Deus se revela ao homem também pela razão e pela revelação
natural, pois lemos na Bíblia: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a
obra das suas mãos". (Salmos 19:1).
Barth era enfático em dizer que a mente humana não tem capacidade alguma para conhecer
a Deus.

A RAZÃO SOMENTE – O RACIONALISMO


Do lado oposto ao que lemos acima, há os racionalistas, que alegam que toda a verdade
pode ser descoberta pela razão humana. Alguns racionalistas vão ao ponto de alegar que
nada é verdadeiramente conhecido, de modo algum, pela revelação.
O filósofo racionalista confia somente na razão para a origem e a justificação das crenças.
No âmago do racionalismo, há a afirmação de que a fonte e a justificação das nossas crenças
podem ser achadas na razão somente. O ponto de partida para o racionalista deve ser certo.
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A mera probabilidade não o satisfará. Para o racionalista nenhuma crença que é contrária à
razão tem qualquer possibilidade de ser justificada ou verídica.

Emanuel Kant
Emanuel Kant era de tradição luterana, devota e piedosa. Na sua famosa Crítica da Razão
Pura, que lançou os alicerces para boa parte do agnosticismo moderno.
Kant não disse, nem acreditava, que não houvesse revelação sobrenatural da parte de Deus
na Bíblia. Insistia, porém, que devemos julgar toda a revelação sobrenatural por meio da
"razão".

Benedito Spinoza
Um exemplo ainda mais radical do conceito da "razão somente" é o filósofo judeu, Spinoza.
Espinosa não acreditava na imortalidade da alma, nem nos milagres, nem num deus estilo
juiz de última instância, de barbas brancas, sentado num púlpito. Espinosa achava que estas
eram formas humanas primitivas de representar Deus. E também não tinha em grande
conta as instituições religiosas, com os seus rituais, proibições, hierarquias e anátemas.
Para Espinosa, tudo o que ocorre está determinado pelas leis necessárias da natureza. E
Deus mais não é do que esta natureza inexorável. O pensamento modal de Espinosa é
tipicamente racionalista.

O racionalismo anti-sobrenatural. Aplicando seu racionalismo à Bíblia, Spinoza concluiu


que Moisés não escreveu os primeiros cinco livros do Antigo Testamento nem os recebeu
em revelação da parte de Deus. Considerava "irracional" acreditar nos milagres registrados
na Bíblia, ou em qualquer milagre que fosse. Disse: "Podemos, portanto, ter absoluta certeza
de que todo evento que é corretamente descrito na Escritura necessariamente aconteceu,
como tudo o mais, de acordo com leis naturais." Spinoza tinha certeza de que "o curso da
natureza é fixo e imutável." Não aceitava meios-termos na sua insistência de que "um
milagre, seja uma contravenção à natureza, ou além da natureza, é coisa meramente
absurda." Isto significa, naturalmente, que Spinoza insistiria em que os relatos da
ressurreição nos Evangelhos sejam rejeitados. Em resumo: qualquer parte da revelação
bíblica que não estava de acordo com o racionalismo naturalista de Spinoza tinha de ser
considerada não-autêntica.

A RAZÃO SOBRE A REVELAÇÃO


Há outros cuja ênfase sobre a razão não é de modo algum tão radical como a de Spinoza.
Seu conceito da razão e da revelação poderia ser definido mais apropriadamente como
sendo razão sobre a revelação. Este ponto de vista é atribuído a alguns dos Pais cristãos
primitivos, tais como Justino Mártir e Clemente dá Alexandria.

A Alta Crítica Moderna


Talvez o melhor exemplo daqueles que sustentam o conceito da "razão sobre a revelação"
são os que são chamados "liberais" ou "adeptos da alta crítica." Foi um movimento teológico
influenciado por Spinoza, Kant, e Hegel, que concluíram mediante a razão humana que
partes da Bíblia, ou a totalidade, não são uma revelação da parte de Deus.
Tais críticos têm incluído homens tais como Jean Astruc (1684-1766) e Julius WeIlhausen
(1844 1918). Em contraste com o conceito histórico e ortodoxo que a Bíblia é a Palavra de
Deus, os liberais acreditam que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11


Quando aplicam a razão humana à Bíblia, sentem que algumas partes dela são
"contraditórias," e que outras simplesmente são mitos ou fábulas. Algumas histórias do
Antigo Testamento são rejeitadas por estes críticos porque os eventos pareciam "imorais."
Outro grupo de homens que exaltava a razão acima da revelação foram os deístas dos
séculos XVII e XVIII. Homens tais como Herbert de Cherbury (1583-1648), Charles Bount
(1654-1693), e John Toland (1670-1722) minimizavam ou negavam os elementos sobrena-
turais da Bíblia.
Tanto o alto crítico quanto o Deísta (O deísmo é uma postura filosófica que admite a
existência de um Deus criador, mas questiona a ideia de revelação divina. É uma doutrina
que considera a razão como uma via capaz de nos assegurar da existência de Deus),
colocam a razão acima da revelação. Qualquer coisa na Bíblia - seja o mandamento de Deus
aos israelitas no sentido de matarem os cananitas ou o ensino de Paulo acerca do papel das
mulheres — que não esteja de acordo com os
"razão humana" é rejeitada por eles.

A REVELAÇÃO ACIMA DA RAZÃO


Em oposição aos racionalistas estavam os revevacionistas que exaltavam a revelação acima
da razão. Aqui se destaca dois nomes: Tertuliano e Cornelius Van Til.
Tertuliano
Tertuliano às vezes é um dos representantes da "revelação acima da razão". Esta
classificação é baseada na declaração isolada: "Creio porque é absurdo‖.
Provavelmente não estava alegando mais do que Paulo alegou em I Coríntios 1, que o
evangelho parece "tolice" ao descrenteEm certa passagem famosa exclamou: "O que mesmo
tem Atenas a ver com Jerusalém? Que concordância há entre a academia e a igreja?"
Obviamente, os filósofos não eram exaltados por Tertuliano. Tertuliano não somente
considerava a filosofia inútil, mas também sustentava que não é de modo algum essencial
ao crente. A revelação é tudo quanto realmente conta. A revelação fica acima da razão; a
razão não fica acima da revelação, pensava Kant.

Cornelius Van Til


Talvez o melhor exemplo entre os pensadores evangélicos contemporâneos dalguém que
exalta a revelação sobre a razão seja o teólogo e apologista reformado, Cornelius Van Til
(nasc. 1895).
Ele aformava que se não existisse Deus — o Deus cristão — que criou e sustentou as
próprias leis e processos da razão, então o próprio pensar seria impossível. A razão, para
Van Til, é radical e realmente dependente da revelação.
Para ele, Deus é o criador da razão humana. Logo, toda a razão deve ser humilde serva da
revelação. A razão é sujeita ao julgamento de Deus, mas nunca pode colocar-se como juiz
de Deus. A revelação de Deus, portanto, sempre estará acima da razão do homem, nunca o
inverso. Deus não está sujeito às leis da lógica
Para Van Til, a lógica se aplica somente àquilo que é criado, não ao Criador. Deus é
soberano sobre tudo — até mesmo sobre as leis do pensamento. Conforme Van Til, o cristão
nunca deve capitular a transcendência de Deus a qualquer coisa, até mesmo às regras mais
fundamentais do raciocínio humano.

A REVELAÇÃO E A RAZÃO
A última categoria consiste naqueles cristãos que acreditam que há um interrelacionamento
entre a revelação e a razão. Dois grandes pensadores estão dentro desta tradição: Agostinho
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e Aquino.

Santo Agostinho
Agostinho (354-430) veio ao cristianismo de uma tradição de filosofia platônica, ao passo
que Aquino escrevia numa tradição aristoteliana. Os dois homens, no entanto, acreditavam
na injunção Bíblica (Isaias 7:9), "Se não crerdes, não entendereis." O relacionamento básico
da razão e da revelação é que o cristão pensativo procura tornar o crível inteligível. Procura
raciocinar acerca da sua revelação, e dentro dela.
Nas palavras de Agostinho, "a fé é o caminho do entendimento." Sem ter fé primeiramente,
a pessoa nunca viria a um pleno entendimento da verdade de Deus. A fé inicia a pessoa no
conhecimento. Neste sentido, Agostinho acreditava plenamente que a fé na revelação de
Deus é prévia à razão humana.

Agostinho também sustentava que ninguém em tempo algum acredita nalguma coisa antes
de ter alguma compreensão daquilo em que deve crer. Na realidade, Agostinho pensava
que ninguém deveria acreditar numa revelação que não tiver primeiramente julgado digna
de crença à luz da boa razão.
Mas visto que Agostinho acreditava que a fé é antes da razão, parece melhor chamar seu
ponto de vista de "revelação e razão." O entendimento é o galardão da fé. Ao passo que
Agostinho acreditava que "a fé é o caminho do entendimento" também acreditava que "o
entendimento é o prêmio da fé." O prêmio pela aceitação da revelação de Deus, mediante a
fé, é que a pessoa tem um entendimento mais pleno e completo da verdade.

Tomás Aquino
Aquino (1224-1274) considerava-se um seguidor fiel de Agostinho. Muitos filósofos
sustentam que a diferença básica entre eles é que Aquino tomou a verdade cristã de
Agostinho e a colocou na terminologia de Aristóteles (ao invés da terminologia de Platão,
que Agostinho empregou). Além disto, realmente parece haver uma mudança de ênfase,
porque Aquino ressalta o papel da razão mais do que Agostinho; pelo menos fala mais
acerca deste papel. A existência de Deus pode ser comprovada.
Aquino sustentava que, com a ajuda da revelação, o homem pode chegar a entender certas
verdades de Deus e até mesmo "comprová-las" filosoficamente.
Sabemos mediante a razão que Deus existe, mas é somente pela fé que sabemos que há três
pessoas num só Deus. Somente a revelação é base para a crença em Deus.
A evidência razoável é apoio para a crença. A fé em Deus não é baseada na evidência mas
sim, na autoridade do próprio Deus mediante Sua revelação. Mesmo assim, o crente tem
apoio razoável para sua fé nas evidências e milagres experimentais e históricos.
Desta maneira, Aquino aparentemente estava de acordo com Agostinho a respeito do inter-
relacionamento entre a razão e a revelação.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13


UNIDADE III
O QUE SE QUER DIZER COM DEUS?
...............................................................

”Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a
religião”.
..............................................................

DEUS E A FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Embora a maioria das pessoas tenha alguma crença em Deus, seus conceitos de Deus
variam grandemente. Basicamente, há cinco maneiras diferentes de considerar a Deus:
 O teísmo, que sustenta a existência de um Deus que está tanto além do mundo como
dentro d’Ele (Deus é transcendente e imanente);
 O deísmo, que acredita que Deus está além do mundo mas não dentro do mundo
(Deus é transcendente mas não imanente);
 O panteísmo, que acredita que Deus está no mundo mas não além d’Ele. Deus é o
mundo (Deus está imanente no universo, mas não transcendente sobre ele);
 O paneteísmo, que sustenta que Deus está no universo assim como a alma está no
corpo. Ou seja: o universo é o "corpo" de Deus, e Deus é a "alma" do universo;
 O deísmo finito acredita que Deus está além do universo mas não no controle
supremo d’Ele (em contraste com o teísmo).

Há, naturalmente, muitas variações dentro destas cinco categorias de crença. Por exemplo,
muitos deístas finitos acreditam que há apenas um deus finito (o monoteísmo finito); outros
acreditam que há muitos deuses finitos, com um que é supremo entre eles (henoteísmo); e
ainda outros acreditam que há muitos deuses, cada um com sua própria esfera de atividade
(politeísmo). Mas para os propósitos de classificação, podemos pensar primariamente em
cinco conceitos diferentes de "Deus".

TEÍSMO – O CONCEITO BÍBLICO DE DEUS


O conceito teísta de Deus é comum à tradição judaico-cristã. É a descrição do Deus da
Bíblia. Nem todos os teístas, no entanto, são cristãos. Três dos maiores pensadores clássicos
que articularam este ponto de vista foram Agostinho, Anselmo, e Aquino. Alguns
proponentes modernos importantes incluem Leibniz e, mais recentemente, C. S. Lewis.

Os Elementos Básicos do Teísmo


Há pelo menos três elementos básicos de um conceito teísta de Deus; esses elementos
tratam:
 Da natureza do próprio Deus;
 Da natureza da ação de Deus;

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14


 Da natureza da atividade de Deus.

Da natureza do próprio Deus


Para o Teísmo, Deus está tanto além do mundo (trasnscendente) quanto dentro d’Ele (imanente).
Conforme o teísmo, Deus não é o mundo (nem o universo), mas está "além" d’Ele, ou é
"mais do que" ele. Ou seja: Deus é transcendente. O universo é finito e limitado, e Deus é
infinito e ilimitado. Além disso, Deus está "no" universo. Isto quer dizer que Deus está
imanentemente presente como a causa sustentadora do universo.

Da natureza da ação de Deus


O teísmo sustenta que o mundo depende de Deus para sua própria existência. Sem o
sustento criador de Deus, o mundo não existiria. Tradicionalmente, esta doutrina tem sido
chamada a criação ex nihilo ("do nada"). Por "do nada" os teístas querem dizer que não teria
havido nada mais a não ser que Ele tivesse criado algo. Os teístas sustentam que Deus não
criou o mundo dalguma outra coisa. A crença teísta significa que Deus não criou o mundo
usando a si mesmo como matéria (ex Deo), como no panteísmo, nem dalguma matéria
preexistente (ex hulès), mas, sim, de nada mais (ex nihilo).

Da natureza da atividade de Deus


Deus pode agir sobrenaturalmente no mundo. O sobrenaturalismo é uma terceira implicação do
teísmo. O naturalista que não acredita em Deus considera que o universo é "tudo quanto
há." O teísta, por contraste, acredita que há mais - a saber: um âmbito sobrenatural. O teísta
acredita que o mundo é radicalmente dependente de um Deus todo-poderoso que criou o
mundo e que continuamente o sustenta. Segue-se logicamente que semelhante Deus
também pode intervir no mundo. Este tipo de intervenção especial no mundo é chamado
um milagre. Os teístas não acreditam que as leis naturais são fixas e imutáveis e, portanto,
invioláveis. Acreditam que as leis naturais são descrições da maneira regular de Deus
operar na Sua criação, mas que podem sofrer a intervenção Dele caso seja necessário. Os
milagres, portanto, são eventos que manifestam a maneira irregular ou especial de Deus
operar no mundo. É essencial ao teísmo manter a possibilidade dos milagres.

Argumentos Utilizados contra o Teísmo


Há vários argumentos dirigidos contra o teísmo. Mencionaremos aqui somente aqueles que
vêm dos "ateólogos" ou ateus.
Argumento 1: Deus é impossível.
Se Deus realmente fosse Todo-Poderoso, logo, poderia criar uma pedra tão pesada que Ele
não poderia erguê-la. Mas se Ele não poderia erguê-la, não seria Todo-Poderoso. Logo,
nenhum Deus deste tipo pode existir. Respondendo, alguns teístas notaram que Deus não
pode fazer alguma coisa que é impossível por definição. Assim como é impossível haver
um círculo quadrado, ou criar outro Deus não-criado, os teístas sustentam que é impossível
para Deus fazer uma pedra que Ele não pode erguer. Outros teístas explicam que o
problema começa com o emprego de um negativo duplo: "Se Deus não pode fazer uma pedra
que não pode erguer, logo, Ele não é onipotente." Se fôssemos colocar esta expressão em
notação lógica, no entanto, a declaração rezaria: "Qualquer pedra que Deus pode fazer. Ele
pode erguer." A declaração, feita nestas palavras, não apresenta qualquer limitação ao
poder de Deus.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15


Argumento2: Uma segunda objeção ateia é que Deus, por Sua natureza, deve ser auto-
causado, o que é impossível. Para o ateu, isto é impossível, porque ninguém pode causar
sua própria existência. A resposta do teísta é que Deus não é um Ser causado; é um Ser não
causado. E não há contradição alguma em afirmar que Deus não é causado por outro ou por
Si mesmo, mas, sim, é um Ser Necessário que existe sempre e necessariamente. Os teístas
também notam que nem todas as coisas precisam de uma causa, mas, sim, apenas algumas
coisas, a saber: coisas criadas precisam de causas. O Criador não é uma criatura, e, portanto,
não precisa de uma causa ou além de Si mesmo ou em Si mesmo.

Argumento 3: O mal é incompatível com Deus


A outra objeção principal ao teísmo é baseada no problema do mal. Freqüentemente tem
sido declarado na seguinte forma:
Se Deus fosse Todo-Poderoso, poderia destruir o mal.
Se Deus fosse todo-Bondoso, destruiria o mal.
Mas o mal existe.
Logo, não há semelhante Deus.
É possível que Deus não possa destruir o mal sem destruir a liberdade — que é
reconhecida como um bem até mesmo pela maioria dos ateus. Pode ser que a única maneira
que Deus pudesse eliminar o mal, falando a rigor, seria por meio de tornar os homens em
robôs. Mas se os homens fossem reduzidos a máquinas, já não haveria um mundo moral e
nem liberdade de escolha.
O argumento pode ser declarado da seguinte maneira:
Visto que Deus é todo-Bondoso. Ele tem a vontade de derrotar o mal.
Visto que Deus é Todo-Poderoso. Ele tem o poder para derrotar o mal.
O mal ainda não foi derrotado.
Logo, o mal será derrotado.
Ou seja, a própria natureza do Deus do teísmo exige que Ele faça qualquer bem possível
acerca da situação. Se não parece agora aos homens, como seres finitos, que isto é assim, é
porque não podemos ver o "quadro total" ou o "fim definitivo."

DEÍSMO - O CONCEITO DEÍSTA DE DEUS


O deísmo é uma forma dessobrenaturalizada do teísmo; seu conceito de Deus é o conceito
bíblico de Deus menos os milagres. Certo famoso deísta norte-americano, Thomas Jefferson,
literalmente cortou todas as passagens milagrosas fora dos Evangelhos e colou as sobras
dessobrenaturalizadas num livro para recortes. Já foi publicada como a "Bíblia de Jefferson".
Os dois elementos principais do deísmo e suas perspectivas sobre a natureza de Deus e a
natureza do mundo são: ―Deus Está Além do Mundo‖ (é transcendente) e ―o Mundo Opera
Naturalmente‖.
Parao deísmo Deus é apenas a "primeira causa" e o princípio básico da racionalidade do
universo. Os deístas acreditam em um deus da natureza - um criador não intervencionista -
que permite que o universo corra o seu próprio curso de acordo com as leis naturais. Como
um "deus relojoeiro" iniciando o processo cósmico, o universo segue adiante sem necessitar
da supervisão de Deus. O deísmo acredita que as leis precisas e invariáveis definem o
universo como possuindo autofuncionamento e sendo autoexplicativo.

Deus é Transcendente no Universo, mas O Mundo Opera Naturalmente


O deísta acredita na transcendência de Deus. Deus é mais do que o universo; Ele é o Criador
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16
do mundo. Quanto a isto, o deísta toma partido com o teísmo Para o deísta a existência do
mundo depende de Deus e não é independente d’Ele.
Porém, os deístas acreditam que o mundo opera por lei natural.

O deísta acredita que a falta de intervenção de Deus seja devida ao fato de que ―Ele não
deseja interferir‖ com nossa vida. Alguns acreditam que seria uma má reflexão do caráter
de Deus como um Criador perfeito se tivesse constantemente de "consertar" Sua criação por
intervenções milagrosas. Outros simplesmente ressaltam o desejo de Deus no sentido de
que o homem, como criatura livre e autônoma, deva "viver por conta própria."
Seja qual for a razão, porém, os deístas negam o fato dos milagres, ou pelo menos sua neces-
sidade no relacionamento entre Deus e o mundo.

Avaliação do Deísmo
O Relacionamento entre Deus e o Mundo
O deísmo é edificado sobre um modelo mecanicista, alegando-se que Deus é o fabricante da
máquina. Mesmo assim, o teísta rejeita o modelo mecânico, preferindo um pessoal. Deus tem
relacionamento conosco mais como um pai com seus filhos. E qual pai não "interviria" para
salvar seus filhos necessitados? Quanto a isto, alguns teístas indicaram que nada é
realmente causado pela lei natural. A lei natural simplesmente descreve o que é causado por
Deus. Por exemplo, uma lei matemática nos informa que se alguém tem cinco moedas no
seu bolso e coloca mais três moedas no seu bolso, deverá então ter oito moedas ali. Mas essa
lei da matemática nunca poderá colocar qualquer moeda no bolso daquela pessoa. Da
mesma maneira, uma lei natural é apenas uma maneira de descrever como Deus faz as
coisas acontecerem de modo regular, e não é em si mesma uma causa de coisa alguma.

O CONCEITO PANTEÍSTA DE DEUS


O panteísmo é freqüentemente considerado um conceito ―oriental‖ de Deus, e o teísmo um
conceito "ocidental".
Panteísmo é a idéia de que Deus é tudo e tudo é Deus. Panteísmo é semelhante ao
politeísmo (a crença em muitos deuses), mas vai além do politeísmo ao ensinar que tudo é
Deus. Nesse caso, uma árvore é Deus, uma rocha é Deus, um animal é Deus, o céu é Deus, o
sol é Deus, você é Deus, etc. Panteísmo é a suposição por trás de muitas seitas e religiões
falsas (ex: Hinduísmo e Budismo, as várias seitas de unidade e unificação, e os adoradores
da mãe natureza).
Os panteístas acreditam que Deus abrange tudo quanto existe. Dentro deste arcabouço,
cinco tipos de panteísmo podem ser distinguidos.

Elementos Básicos de um Conceito Panteísta


Há vários elementos distintivos envolvidos no panteísmo. Cada um d’Eles pode ser visto
em contraste com o teísmo.

A natureza da criação
O panteísta crê na criação ex nihilo (a partir do nada), como no teísmo.

O relacionamento entre Deus e o mundo


O teísmo, sustenta que Deus está além do universo (transcendente) e que o universo não
pode conter a Deus, como disse rei Salomão, após construir o templo de Jerusalém: “Eis que
o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei!‖ (1 Reis
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17
8:27).
O panteísta acredita que Deus e o universo são um só. No pensamento do panteísta ―Deus é
o Tudo e o Tudo é Deus‖.

O mal não é real


Nas formas mais rígidas de panteísmo, o mal é uma mera ilusão, um erro da mente mortal.
Para panteísta, o mal parece ser real, mas não o é. Sabemos que isso não é uma verdade.
Paulo exortou: ... “para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus
ardis” (II Co 2.10-11).
O CONCEITO PANENTEÍSTA DE DEUS
O panenteísmo significa tudo-em-Deus. É talvez melhor entendido, no entanto, como Deus-
em-tudo ou Deus-no-mundo. O paneteísta acredita que Deus está no mundo assim como
uma alma está no corpo.
O teísta acredita que Deus está além do mundo (trascendente) e dentro d’Ele (imanente); o
panteísta acredita que Deus é o mundo; mas o panenteísta sustenta que Deus está no
mundo, como se Ele fosse ―a alma‖ do mundo.

O relacionamento entre Deus e o mundo


O teísmo alega que o mundo depende de Deus, mas que Deus é independente do mundo.
Os panenteístas, no entanto insistem que Deus depende tanto do mundo quanto o mundo
depende d’Ele. Ou seja: Deus e o mundo são interdependentes. O mundo, dizem eles, é a
concretização do de Deus, que é abstrato. Essa "natureza primordial" de Deus (espiritual)
entram na dimensão do espaço e do tempo e é concretizada através do mundo que vemos.
É como se o mundo fosse o ―corpo de Deus‖.
Os panenteístas sustentam Deus não é Criador soberano do mundo (como no teísmo) mas,
sim, um diretor de um processo mundial.

Sacrificando a supremacia de Deus


No panenteísmo, Deus foi "demovido" de Criador do mundo para Controlador cósmico, de
um ser transcendente sobre o mundo, para um ser dependente do mundo. Mas como
podem tanto o mundo quanto Deus dependerem um do outro para sua existência? Isto não é
tão incoerente quanto dizer que o tijolo de baixo está sustentando o tijolo de cima, e, ao
mesmo tempo, o tijolo de cima está sustentando o tijolo de baixo?

O CONCEITO FINITO DE DEUS


Nos tempos modernos, David Hume deu ímpeto à idéia de um deus finito ao citar o
problema do mal. Hume alegava que o melhor que um mundo imperfeito, tal como o
temos, pode comprovar é um deus finito e imperfeito. Hume concluiu e argumentou que a
existência do mal torna altamente improvável que exista um Deus Todo-Poderoso e
totalmente bom.
Talvez o representante mais forte do deísmo finito nos Estados Unidos, no entanto, foi
Edgar Brightman (1884-1953). Brightman considerava Deus como um tipo de "herói em
lutas," que desejava o bem para o mundo mas que não tinha a capacidade de garanti-lo.

Exposição do Deísmo Finito


Ao invés de examinar qualquer deísta finito específico, simplesmente resumiremos algumas
das doutrinas centrais da crença. Talvez a melhor maneira de entender o deísmo finito seja

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18


como contraste ao teísmo.

A natureza de Deus é limitada


O teísmo (crença bíblica de Deus) proclama que Deus é ilimitado no Seu poder e na Sua
bondade. O finitismo acha isto impossível, tendo em vista o mal persiste no mundo. Para o
deísta finito, se Deus fosse Todo-Poderoso, poderia destruir o mal, e se fosse de bondade in-
finita, Ele o destruiria mesmo. Mas visto que o mal não é destruído, Deus deve estar
limitado no Seu poder ou na Sua bondade. A crença num Deus absolutamente poderoso e
perfeito não explica os males do mundo - o desperdício, a crueldade, e a injustiça no mundo
natural, sem mencionar a falta de intervenção da parte de Deus na "desumanidade do
homem para com seu próximo."

A luta com o mal


De acordo com o deísmo finito, há um efeito salutar de entender que Deus é finito, pois nos
dá mais motivação para lutar contra o mal. Se, pois, Deus fosse Todo-Poderoso,por que,
pois, deveria eu lutar contra o mal ?
Um Deus absoluto poderia cuidar disto por conta própria, e o faria se fosse Todo-poderoso.

Avaliação do Deísmo Finito


Numerosas objeções têm sido propostas contra o conceito finito de Deus. Mencionaremos
de modo breve três delas.

Objeção ao Deísmo Finito - O mal não comprova que Deus é finito


O mal e a imperfeição no mundo não comprovam que Deus é finito. Deus pode ter algum
propósito bom com o mal, ou Conhecido a nós, ou, Não conhecido a nós mas, sim,
conhecido somente a Ele mesmo. Não precisamos abrir mão da crença em um Deus infinito.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 19


UNIDADE IV
DEUS EXISTE?
...............................................................

“A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia”.

..............................................................

CONCEITO DE DEUS

Antes de podermos responder à pergunta: Deus existe? Devemos determinar qual


conceito de Deus está em foco. Nesta unidade falaremos do Deus do teísmo cristão. O
enfoque estará sobre a questão de se existe, ou não, um Criador e sustentador de todo o
universo, onipotente, totalmente bom e infinito. Várias posturas são adotadas quanto a esta
pergunta. Alguns oferecem o que chamam de argumentos conclusivos para a existência de
Deus. Outros oferecem o que insistem que são provas de que Deus não existe. Ainda outros
sustentam que não podemos saber se Deus existe, ou não. Outro grupo de pensadores
prefere suspender o julgamento sobre a questão inteira. Finalmente, há aqueles que dizem
que têm boa razão para acreditar que Deus existe, mas que não há nenhuma prova
racionalmente inescapável da Sua existência.

ARGUMENTOS EM FAVOR DA EXISTÊNCIA DE DEUS


Um argumento importante para se comprovar a existência de Deus vem de Sto. Anselmo
(1033-1109). Este argumento é conhecido como o Argumento Ontológico.

Em teologia e em filosofia da religião, um argumento ontológico para a existência de Deus


é um argumento de que a existência de Deus pode ser provada a priori, isto é, bastando
apenas a intuição e a razão, não sendo necessária, portanto, prova material, ou seja, a
posteriori, porque sua comprovação material é a própria Criação. Os seres, ou criaturas, são
entendidos a posteriori como efeitos particulares, sensíveis e inteligíveis, de causas, que são
efeitos de outras causas, e assim sucessivamente, até uma causa primeira, criadora, de todo
o Ser. Como coisa alguma pode ser causa de si mesma, um princípio criador fora do Ser tem
de existir. Assim, o Ser (em grego, ontos), teologicamente entendido como a Criação, passa a
ser a prova da existência de Deus, porque Deus é a causa do Ser.

OUTROS ARGUMENTOS EM FAVOR DA EXISTÊNCIA DE DEUS


Os evolucionistas sugerem que o universo originou-se do nada. Vamos verificar, porém,
que todo efeito tem uma causa. O desígnio evidente no universo deve apontar para uma
Mente Suprema. A natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, demonstra
assinalar a existência de um Governador pessoal. A história humana dá evidências duma
providência que governa sobre tudo.

ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20


O Cosmos e o Universo Provam a Existência de Deus
As coisas existentes apontam para uma causa. ―Há sinais dum desígnio inteligente em toda
a natureza. Não pode haver poesia sem poeta. Não pode haver cântico sem cantor. Não
pode haver leis sem legislador; e se o universo está sob o governo da lei, está de fato
debaixo do autor da lei‖.
A natureza por si só, não é capaz de originar-se a si mesma, ela não pode reproduzir-se, o
que vem a verificarmos que a existência de um universo demanda a existência de um
Criador, como sendo uma causa prévia e também eficiente. Cada efeito deve-se ter uma
causa adequada. Daí é dito que todo efeito tem uma causa. Portanto, deve haver uma Causa
Primeira que criou o universo.
Essa causa necessariamente tem e deve ser real, porque é impossível que o nada venha a
produzir mais que o nada. ―Ex nihilo, nihil fit” – do nada, nada pode surgir. A não-existência
não pode engendrar a existência‖.
A probabilidade de alguma coisa física vir a existir do nada é zero. Não se têm
conhecimento de um só evento ou estado físico observado por outro meio que se tenha
originado do nada.
Relacionado a isso, notificamos que Deus, através de poder infinito, fez com que a matéria
viesse a existência: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).
Quando uma casa é levantada, sabemos que por detrás dela está a figura de um construtor,
alguém que planejou a execução da mesma, verificou os detalhes, fez os planos e finalmente
a edificou. Uma casa prova necessariamente o fato de um construtor. Igualmente o universo
prova o fato de um Criador. ―Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou
todas as coisas é Deus‖ (Hebreus 3.4).

O Desígnio no Universo
Imaginemos um relógio. Alguém o fez. Com certeza não existiria do nada. Alguém vir a
declarar que não existiu um engenheiro que construiu o relógio, e que este veio a existência
de repente, seria o mesmo que ridicularizar a inteligência e a própria razão humana. Da
mesma forma, é uma grande insensatez presumir que o universo simplesmente apareceu ou
―aconteceu‖.
―O exame dum relógio revela que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas peças
são reunidas com um propósito prévio. Elas são colocadas (designadas) de tal modo que
produzem movimentos e esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as
horas. Disso inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém que o fez, e
em segundo lugar, que o seu fabricante compreendeu a sua construção, e o projetou com o
propósito de marcar as horas. Da mesma maneira, observamos o desígnio e a operação dum
plano no mundo e, naturalmente, concluímos que houve alguém que o fez e que sabiamente
o preparou para o propósito ao qual está servindo‖.

Se o desígnio e a formosura evidenciam-se no universo, logo, o universo deve ser obra dum
Arquiteto. Este arquiteto deve ser dotado de inteligência suficiente para explicar sua obra,
da mesma forma que um relojoeiro explica a construção do seu relógio. ―Assim como um
relógio indica um relojoeiro, as evidências do plano e propósito do mundo apontam para
um Criador com propósito‖.
Existem leis no universo que invariavelmente são cumpridas. Como surgiram essas leis?
Quem as estabeleceu? Isso implica necessariamente na presença de um legislador uma vez
que existem leis. Pois sem lei, não há a necessidade de um legislador.
O corpo humano, é algo fantástico, condizendo com um Criador Sábio, todas as suas partes
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21
se ajustam perfeitamente umas às outras e todas elas cooperam para o bom funcionamento
do corpo humano. O universo mostra sinais de ordem e desígnio; portanto, deve haver um
Planejador; e Deus, por definição, é o Criador e Planejador. Portanto, Deus existe.

―Se as coisas materiais estão sujeitas a leis, foram colocadas debaixo delas pelo Criador, e
assim aqueles processos maravilhosos que vemos na natureza são em si mesmos indicações
admiráveis da mente e do poder divino‖.
A ordem e organização útil em um sistema evidenciam inteligência e propósito na causa
que o originou; portanto, o universo tem uma causa inteligente e livre por ser caracterizado
por ordem e organização útil. ―O desenho revela o desenhista‖, e, portanto, a formação do
mundo revela a existência de um Criador.

O Fator da Intuição
Nossos próprios pensamentos implicam em um Deus que pensa, ou seja, a própria idéia de
Deus já é uma prova suficiente de Sua existência. É sugerido que todos os homens já tem a
idéia de Deus intuitivamente, e daí também encontramos prova de sua existência.
A mente humana aceita as evidências dos argumentos a favor de um Criador antecedente
ao Universo, com potência suficiente para criar a matéria do nada, com a sabedoria
necessária para governar e ordenar o universo; e com a santidade e justiça necessárias para
dar ao homem sua consciência e moralidade; pois atribuímos ao Ser que tem tais atributos
em grau sobre-humano a eternidade e a perfeição em todos os Seus atributos.

A História Humana
―A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma
providência dominantes. Toda a história bíblica foi usada para revelar Deus na história, isto
é, para ilustrar a obra de Deus nos negócios humanos‖.
Na história da humanidade, notamos o surgimento de grandes nações, bem como o seu
declínio da mesma forma. O engrandecimento de uma nação se dera ao fato de que temera
a Deus e observara-lhe os preceitos; o seu declínio se dera pelo fato de afastar-se das leis
morais do Legislador, a desobediência trouxe o desaparecimento do poderio que muitas
nações tiveram no passado, como exemplo, cito: Babilônia, Grécia, Roma, etc. A maneira
pela qual Deus trata com as nações, ou com indivíduos sugere sua ativa presença nos
negócios realizados pela natureza humana. A transformação de vidas pelo poder do
cristianismo é um bom exemplo. Pessoas que estavam escravizadas ao pecado, agora vivem
vidas exemplares.

O Consenso Comum
A crença na existência de um Ser Supremo é intuitiva. Desde os tempos mais remotos, há no
coração do homem uma consciência religiosa ou uma consciência da divindade. Quase
todas as nações e povos da terra, têm a crença num Ser Sobrenatural a Quem oram e a
Quem adoram. O homem, por causa de sua constituição, em tempos de calamidade, de
aflição, de angústia, de desespero, de grande perigo, ou perante a morte, sem sequer pensar
em suas ações, busca a um Ser Sobrenatural, ora a Ele, porque é uma criatura dependente,
reconhece a existência de um Ser Supremo, a Quem, por meio de sua consciência, reconhece
como Seu Criador e a Ele recorre instintivamente.
―Em qualquer lugar onde se fale uma língua humana, por mais inculta e pobre que seja,
nela sempre aparecerá um nome: Deus. Ora, essa idéia da existência do Criador espalhada
na consciência de todos os povos leva a concluir que um sentimento comum a todos os
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22
seres humanos não pode ser falso‖.
A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana.
Alguns podem objetar a isso dizendo que certas raças não crêem em Deus. O simples fato
de existir a idolatria, ou seja, a adoração de algo, ou alguém ou de deuses, já é fator
indicador que o homem procura algo para prestar culto e que tem a consciência religiosa
em seu ser. O homem certamente possui uma natureza religiosa e por isso procura um
objeto para dirigir sua adoração.

―O homem é incuravelmente religioso‖, que no sentido mais amplo inclui: (1) A aceitação
do fato da existência dum ser acima das forças da natureza. (2) Um sentimento de
dependência de Deus (ou de um Deus) como quem domina o destino do homem; este
sentimento é despertado pelo pensamento de sua própria debilidade e pequenez e pela
magnitude do universo; (3) A convicção de que se pode efetuar uma união amistosa (com a
divindade, seka ela qual for) e que nesta união ele, o homem, achará segurança e felicidade.
Desta maneira vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na existência de
Deus (ou da divindade).

DEUS E O MAL - O PROBLEMA DO MAL


Talvez mais controvérsia tenha sido gerada a respeito do problema do mal do que acerca de
qualquer outra questão que abrange o assunto da existência de Deus. Alguns alegam que o
mal refuta a existência de Deus; outros insistem que comprova Sua perfeição absoluta. Na
nossa discussão, faremos um levantamento das várias respostas à questão do mal. Há três
maneiras básicas de fazer o relacionamento entre Deus e o mal. Primeiramente, pode-se
afirmar a realidade do mal e negar a Deus (o ateísmo). Em segundo lugar, pode-se afirmar a
Deus e negar a realidade do mal (o panteísmo). Finalmente, pode-se procurar demonstrar a
compatibilidade entre Deus e o mal.

O CETICISMO
A palavra Ceticismo é derivada do verbo grego sképtomai, que significa ―examinar‖ ou
"observar" e é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a
respeito da verdade. Ceticismo o que implica numa condição intelectual de questionamento
permanente e na inadmissão da existência de fenômenos metafísicos, religiosos e dogmas .
O ceticismo costuma ser dividido em duas correntes: O Ceticismo filosófico e o Ceticismo
científico.

Ceticismo Filosófico
O Ceticismo filosófico originou-se a partir da filosofia grega. Uma de suas primeiras
propostas foi feita por Pirro de Élis (360-275 a.C.), que viajou até a Índia numa das
campanhas de Alexandre, o Grande para aprofundar seus estudos.
O ceticismo filosófico tenta refutar a concepção absoluta de verdade e mentira e defende
que a certeza absoluta do conhecimento é impossível.
Ou seja,o ceticismo filosófico é procurar saber, não se contentando com a ignorância
fornecida atualmente pelos meios públicos, por meio da dúvida. Opõem-se ao dogmatismo,
que defende que alguns dogmas são indubitáveis e não sujeitos a qualquer tipo de revisão
ou crítica. Dogmatismo é uma atitude natural e espontânea que temos desde criança. É uma
tendência a crer que o mundo é do jeito que aprendemos.

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Ceticismo Científico
O ceticismo científico tem relação com ceticismo filosófico, mas eles não são idênticos.
O termo cético é usado atualmente para se referir a uma pessoa que tem uma posição crítica
em determinada situação, geralmente por empregar princípios do pensamento crítico e
métodos científicos (ou seja, ceticismo científico) para verificar a validade de idéias. Os
céticos vêem a evidência científica como fundamental, já que ela provê provavelmente o
melhor modo de se determinar a validade de uma idéia.
Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não
necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente.
A necessidade de evidências cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais
evidente na área da saúde, onde utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus
riscos e benefícios pode levar a piora da doença, gastos financeiros desnecessários Por esse
motivo, no Brasil, por exemplo, é vedado aos médicos a utilização de práticas terapêuticas
não reconhecidas pela comunidade científica.

O ATEÍSMO: A NEGAÇÃO DA REALIDADE DE DEUS


No grego antigo, o adjetivo atheos é formado pelo prefixo a, significando "ausência" e o
radical "teu", derivado do grego theós, significando "deus". O significado literal do termo é,
então, "sem deus".
A palavra passou a indicar de forma mais direta pessoas que não acreditavam em deuses no
século V a.C., adquirindo definições como "cortar relações com os deuses" ou "negar os
deuses".
Modernas traduções de textos clássicos, por vezes tornam atheos em "ateu". O termo era
frequentemente usado pelas duas partes, no sentido pejorativo, no debate entre os
primeiros cristãos e os helênicos.
No século XX, a globalização contribuiu para a expansão do termo para referir-se à
descrença em todos os deuses, embora ainda seja comum na sociedade ocidental descrever
o ateísmo como simples "descrença em Deus‖.
Os ateus tendem a ser céticos em relação a afirmações sobrenaturais citando a falta de
evidências práticas. Os ateus têm oferecido vários argumentos para não acreditar em
qualquer tipo de divindade. Estes incluem o problema do mal (―se Deus existe porque não
destrói o mal‖, perguntam os ateus), o argumento das revelações inconsistentes e o
argumento de descrença. Outros argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e históricos.
Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da população mundial descreve-se como ateia,
enquanto 11,9% descreve-se como não-religiosa.
De acordo com outra estimativa, as taxas de ateísmo auto-relatado são mais altas em países
ocidentais, embora também varie bastante em grau — Estados Unidos (4%), Itália (7%),
Espanha (11%), Reino Unido (17%), Alemanha (20%) e França (32%).
A posição atéia está na extremidade oposta do espectro da posição panteísta. Os panteístas
afirmam a Deus e negam o mal; os ateus afirmam o mal e negam a Deus.

ARGUMENTOS ATEÍSTAS EM FAVOR DE SUA DESCRENÇA NA DIVINDADE


O problema do Mal
Um dos argumentos ateus formulados é normalmente atribuído ao filósofo Epicuro, que é o
―problema do mal‖, pode ser esquematizado como se segue:
1. Se um deus perfeitamente bom existe, então o mal não existe.
2. Há mal no mundo.
3. Logo, um deus perfeitamente bom não existe.
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Um dos argumentos usados pelos teístas para advogar a causa de Deus é que Ele permite
o mal a fim de produzir um bem maior.

Argumento das “Revelações Incosistentes”


Abaixo estão as considerações feitas pelos ateus em faver desse argumento:
1. Há muitas revelações divinas apresentadas por diferentes religiões;
2. Estas revelações não estão perfeitamente de acordo entre si;
3. As contradições e desacordos entre revelações diferentes não estão de acordo com a
existência de Deus;
4. Logo, provavelmente Deus não existe.
5.
O Argumento de Descrença
O argumento da descrença é um argumento formulado pelo filósofo Theodore Drange que,
ao contrário do similar argumento de ocultação divina, alega que toda a descrença em Deus,
não só a racional, constitui evidência contra Sua existência.

O FINITISMO: O BEM NÃO TEM PODER INFINITO NA SUA LUTA CONTRA O MAL
Basicamente, o deísmo finito, embora não negue nem o mal nem a realidade de Deus, nega
a infinitude de Deus. Deus ou não é infinito no amor e não Se importa em vencer o mal
(chamado sadismo), ou, não é infinito em poder e não poder vencer o mal. Poucos ressaltam
o primeiro ponto de vista, mas muitos têm sustentado o último. O argumento básico em
prol do finitismo é o seguinte:
(1) Deus existe.
(2) Se Deus fosse onipotente, destruiria todo o mal.
(3) O mal não está destruído.
(4) Logo, Deus (ainda que deseje destruir o mal) não é onipotente.

Há vários problemas na resposta do deísmo finito diante do mal. Primeiramente, não é


realmente uma solução ao mal. Deixa o mal sem ser derrotado e a situação em conflito
perpétuo. A única garantia verdadeira de que o mal será derrotado é se há um Deus
infinitamente amoroso e poderoso — a própria premissa que o deísmo finito abandonou.
Em segundo lugar, não há necessidade de deseperar-se acerca do poder de Deus e perder a
fé na Sua infinitude simplesmente porque o mal ainda não foi destruído. Se há um Deus infi-
nitamente bom e poderoso (conforme declara o teísta), logo. Ele mesmo é a prova de que o
mal será destruído um dia exatamente conforme prediz a Bíblia (Ap 21-22). Além disto,
conforme muitos teístas, um deus finito não é Deus de modo algum. Pois se todo ser finito
precisa de uma causa, logo, há uma Causa de todos os seres finitos que não pode ser cau-
sada ela mesma, ou seja: Deus.

O NECESSITARIANISMO: ERA IMPOSSÍVEL PARA DEUS EVITAR A CRIAÇÃO DE


UM MUNDO MAU
Os necessitarianos são geralmente panteístas, embora alguns teístas tenham adotado esta
premissa panteísta a fim de explicar o mal. Os teístas tradicionalmente sustentam que Deus
era livre para criar ou não criar o mundo. Os necessitarianos argumentam que Deus não era
livre; era necessário, para Deus, criar este tipo de mundo, e o mal é um resultado necessário.
O argumento assume muitas formas, mas pode ser declarado basicamente da seguinte
maneira:
(1) A criação flui necessariamente de Deus.
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(2) A criação necessariamente envolve imperfeições.
(3) Logo, o mal é necessário.

Não é necessário dizer que há alguns problemas sérios com o necessitarianismo.


Primeiramente: por que é necessário, para Deus, criar? Um Ser Necessário não precisa por
natureza fazer alguma coisa; simplesmente precisa ser o Ser Necessário que Ele é. Além
disto, todos os demais seres são seres contingentes, e o contingente não pode impor
qualquer necessidade sobre o Necessário. Em segundo lugar, mesmo se Deus fosse
obrigado a criar (que não é o caso), não há razão porque tinha de criar um mundo mal. Não
faz sentido algum alegar que um Ser Perfeito necessariamente tinha de criar um mundo
imperfeito. Certamente não há necessidade metafísica para que Deus criasse um mundo mau.
Um argumento forte poderia ser feito em prol do caso exatamente oposto. Nem há qualquer
necessidade mora/que Deus crie um mundo mal. É contra-senso dizer que Deus é
moralmente obrigado a produzir o mal.

O IMPOSSIBILISMO: DEUS NÃO PODERIA PREVER O MAL


Esta posição é sustentada por alguns teístas. Declaram que Deus é onipotente e onisciente,
mas negam que Ele pudesse prever que o mal ocorreria quando criou o mundo. Logo, Deus
está exonerado da acusação do mal porque não sabia o que criaturas livres fariam quando
Ele as criou. O raciocínio em prol do Impossibilismo é o seguinte:
(1) Deus pode saber qualquer coisa que é possível.
(2) Deus não pode saber o impossível.
(3) É impossível saber de antemão o que criaturas livres farão.
(4) Logo, Deus não sabia que criaturas livres pecariam quando Ele as fez.

Há pelo menos duas falhas sérias neste ponto de vista. Primeiramente, mesmo se Deus não
soubesse o que criaturas livres fariam, sabia, decerto, o que poderiam fazer quando as fez
livres. Em segundo lugar, se Deus é um Ser eterno, conforme os teístas tradicionalmente
têm sustentado, é, pois, incorreto falar d’Ele sabendo "de antemão." Se Deus está acima do
tempo, logo, sabe tudo num único agora eterno. Ou seja: não sabe realmente de antemão:
simplesmente sabe. E se Deus sabe no eterno presente aquilo que flui da criação, logo, sabe o
mal que flui daí. Além disto, os impossibilistas têm dificuldade em justificar o argumento
de que Deus não possa saber atos futuros livres.

O TEÍSMO: DEUS USA O MAL PARA FINS BONS


Subentendida no decurso da discussão tem estado a suficiência da explicação teística do
mal, a saber: que Deus permite o mal a fim de produzir um bem maior. Há vários elementos
nesta teodicéia. Primeiramente, Deus livremente criou o mundo, não porque precisava
fazê-lo, mas, sim, porque desejava criar.
Em segundo lugar, Deus criou criaturas semelhantes a Ele mesmo que poderiam amá-Lo
livremente, mas tais criaturas poderiam também odiá-Lo.
Em terceiro lugar. Deus deseja que todos os homens O amem, mas não forçará nenhum
d’Eles a amá-Lo contra sua vontade. O amor forçado não é amor. Em quarto lugar. Deus
persuadirá a amá-Lo tantos quanto for possível (II Pe 3.9). Deus outorgará àqueles que não
querem amá-Lo a escolha livre d’Eles - eternamente (ou seja, o inferno).
Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos Seu amor (visto que Ele
primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos. Demonstra quão
grandioso Ele é, que Ele amará até mesmo aqueles que O odeiam. (Jesus disse acerca
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daqueles que O crucificavam: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas
23.34). Destarte, no fim o máximo bem será atingido de várias maneiras.

Primeiramente, Deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens ("Porque Deus
amou ao mundo de tal maneira" Jo 3.16). Em segundo lugar. Deus terá salvo tantos quanto
podia salvar sem violar o livre arbítrio d’Eles (I Tm 2.1; II Pe 3.9).
Os que não forem salvos receberão o destino que eles mesmos livremente escolheram; logo,
o bem da sua liberdade será respeitado. Finalmente, no decurso de tudo Deus será
glorificado sendo que: a) Prevaleceu Sua vontade soberana;
b) Seu amor é engrandecido, quer seja aceito, quer seja rejeitado;
c) Ele derrotou o mal por meio de perdoar o pecado (mediante a cruz) e por meio de separar
o bem do mal para sempre (mediante o juízo final);
d) Produziu o melhor mundo que é possível conseguir (onde o maior número possível de
homens é salvo, e mantido fora do alcance do mal para sempre).

Há dois aspectos muito importantes desta teodicéia que devem ser ressaltados. Primei-
ramente, é uma teodicéia da "melhor maneira" (em contraste com o "melhor mundo"). Ou
seja: este presente mundo mau não é o melhor mundo possível, mas é a melhor maneira de
se galgar o melhor mundo. Permitir o mal é uma condição prévia de produzir o melhor
mundo.
Em segundo lugar, esta solução não é uma teodicéia da alma que faz, mas sim, da alma que
decide.

Não se concebe de Deus como sendo um manipulador cósmico do comportamento, que está
programando as pessoas a entrar no céu contra a vontade delas. Deus opera com os homens
apenas com seu "consentimento informado." Deus nunca vai além da liberdade e da
dignidade para salvar os homens custe o que custar não ao custo da liberdade ou dignidade
d’Eles. Todo aquele que quiser poderá vir, mas todo aquele que não quer não será forçado a
vir. Num mundo verdadeiramente livre.

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BIBLIOGRAFIA

 BROWN, Colin – FILOSOFIA & FÉ CRISTÃ - 2ª Edição, São Paulo, Editora Vida Nova, 1999.
 ZILLES, Urbano – FILOSOFIA DA RELIGIÃO - 3ª Edição, São Paulo, Editora Paulus, 1991.
 GEISLER, Norman L. e FEINBERG, Paul D. – INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - uma perspectiva
cristã - 2ª Edição, São Paulo, Editora Vida Nova, 1996.
 LANGSTON, A.B. – Esboço de Teologia Sistemática - 12ª impressão, Rio de Janeiro, Editora
JUERP,1999.
 CHAMPLIN, R.N., Ph. D. – Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – 9ª Edição, São Paulo,
Editora Hagnos, 2008.
 BERKHOF, Louis - Teologia Sistemática - 6ª Edição, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1990.

SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO


O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. A abordagem
aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados de
apoio à matéria estudada, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.

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