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*Fisiologia Celular*
http://www.bionet.ua.pt/urina/page11.html
Processos Renais
A formação da urina envolve, ao nível do nefrónio, três etapas:
* Filtração Glomerular
* Reabsorção Tubular
* Secreção Tubular
Filtração Glomerular
É o processo através do qual há passagem de moléculas e água dos
capilares do glomérulo para a cápsula de Bowman. Apesar de grande parte das
substâncias filtradas acabarem por ser reabsorvidas, esta filtração não deixa de
ter uma baixa selectividade. Os fluidos filtrados têm que passar por três
camadas, sendo que, células do sangue e proteínas plasmáticas ficam retidas.
Neste processo estão envolvidas forças que favorecem a filtração e
outras opostas:
- Forças favoráveis à Pressão sanguínea no capilar glomerular (55 mm
Hg)
- Forças oposição à Pressão osmótica do plasma (30 mm Hg)
à Pressão Hidrostática da cápsula de Bowman
(15mm Hg)
2 –Controlo sobre o Kf
Para além do controlo sobre a arteríola aferente, a TFG pode ainda ser
ajustada consoante as alterações no coeficiente de filtração (Kf). A área de
filtração disponível, pode aumentar ou diminuir consoante as alterações nos
elementos contrácteis, das células “mesangiais” dos capilares glomerulares. A
permeabilidade vai ser determinada pela acção dos podócitos, existentes na
membrana glomerular.
Reabsorção Tubular
Reabsorção de Na+
A reabsorção do sódio está dependente da bomba sódio-potássio
localizada na membrana basolateral das células tubulares. Esta bomba
transporta Na+ das células tubulares para o espaço lateral, provocando a
diminuição intracelular e o aumento da concentração do espaço lateral.
Como a concentração intracelular de Na+ baixa devido à bomba de
sódio-potássio, o ião sódio move-se passivamente do lúmen tubular para as
células tubulares. Após ser bombeado das células tubulares para o espaço
lateral, o Na+ passa para o fluído intersticial e posteriormente para o capilar
peritubular por transporte passivo.
A reabsorção de sódio está sujeita a controlo hormonal através do
sistema angiotensina-aldosterona-renina, que estimula a reabsorção de Na+ no
túbulo contornado distal e no tubo colector. O nível de Na+ no corpo reflecte-se
no fluido extracelular. Quando este nível se encontra abaixo do normal ocorre a
saída de água do FEC diminuindo o volume do mesmo. Consequentemente o
volume de plasma também diminui, diminuindo também a pressão sanguínea.
Quando ocorre este fenómeno, as células granulares do aparelho
justaglomerular segregam uma hormona – renina –, que vai activar o
angiotensinogénio em angiotensina I. Ao passar pelos pulmões, a angiotensina
I é convertida em angiotensina II, sendo esta reacção catalisada por uma
enzima designada por enzima conversora de angiotensina (ECA). Por sua vez,
a angiotensina II vai estimular a secreção de aldosterona pelo córtex adrenal.
Assim, como resposta a um abaixamento da concentração de Na+ no corpo, a
aldosterona vai provocar o aumento da reabsorção deste ião, promovendo a
criação de novos canais de sódio na membrana luminal e de novas bombas
sódio-potássio na membrana basolateral, tanto no túbulo contornado distal
como no tubo colector. O sistema angiotensina-aldosterona-renina vai provocar
a retenção de sal e de H2O, restabelecendo assim a pressão arterial.
Enquanto que o sistema renina-angiotensina-aldosterona provoca a
reabsorção de Na+ quando necessário, variadas hormonas natriuréticas, como
o caso da hormona natriurética auricular (HNA), induzem a excreção de
elevadas quantidades de Na+ na urina, ou seja, inibem a reabsorção do
mesmo. O coração é o produtor da HNA, que é armazenada em grânulos de
células especializadas. Quando estas células expandem, como consequência
do aumento do volume do FEC, a HNA é lançada no coração. Este aumento,
que ocorre como resultado da retenção de Na+ e H2O, leva a um aumento da
pressão arterial sanguínea. A HNA promove então a natriurese e a diurese,
diminuindo o volume do plasma e consequentemente a pressão sanguínea.
A primeira acção da HNA é inibir a reabsorção do Na + no túbulo distal,
aumentando a excreção do mesmo na urina. O aumento da excreção de Na+
ocorre devido à inibição de dois passos do sistema renina-angiotensina-
aldosterona: inibe a secreção de renina pelos rins, e a secreção de aldosterona
pelo córtex adrenal.
“Máximo tubular”
Cada transportador é específico para um determinado tipo de
substâncias. Existe uma quantidade limitada de reabsorção de cada substância
pois há um número limitado de cada transportador. A taxa máxima de
reabsorção é alcançada quando todos os transportadores específicos para uma
determinada substância se encontram saturados. Este transporte máximo é
denominado por máximo tubular (Mt). Com excepção do Na+, todas as
substâncias reabsorvidas activamente possuem um máximo tubular. Qualquer
quantidade de substância filtrada que exceda o máximo tubular, deixa de ser
reabsorvida e é excretada através da urina.
Reabsorção de glucose
A quantidade de cada substância filtrada por minuto é denominada por
carga tubular e pode ser calculada por:
Carga tubular de uma substância = concentração plasmática x TFG
Reabsorção de fosfato
Os rins contribuem directamente na regulação de alguns electrólitos,
como o fosfato e o cálcio, pois o limiar de reabsorção destes iões inorgânicos é
igual às suas concentrações plasmáticas normais.
O excesso de fosfato ingerido durante as refeições de um indivíduo, é
rapidamente excretado na urina, conseguindo assim os rins manter a
concentração de fosfato no plasma.
A reabsorção de fosfato está também sujeita a controlo hormonal,
através da hormona paratiróide que altera o limiar de reabsorção do mesmo.
Reabsorção de água
Os espaços laterais são hipertónicos devido ao transporte activo de Na+
das células tubulares para estes. Como resultado da acção da bomba de sódio-
potássio, a concentração de ião sódio no fluído tubular e nas células tubulares
diminui, aumentando no espaço lateral. Este gradiente osmótico induz a
difusão da água, através de aquaporinas, do lúmen tubular para os espaços
laterais.
A reabsorção da água filtrada ocorre também pelo facto da pressão
osmótica ser muito maior nos capilares do que em qualquer local dos túbulos,
devido à presença de proteínas não filtradas, nestes. Assim, a pressão
osmótica tende a “puxar” a água dos espaços laterais para os capilares e a
pressão hidrostática tende a “empurrar” a água dos espaços laterais para os
mesmos.
Reabsorção de ureia
Devido à reabsorção de H2O no túbulo contornado proximal, os 125
ml/min de filtrado ficam progressivamente reduzidos, ficando apenas 44 ml/min
de fluído no fim do túbulo proximal. Substâncias que tenham sido filtradas mas
que ainda não tenham sido reabsorvidas ficam cada vez mais concentradas no
fluido tubular, devido à reabsorção de água. A ureia é uma dessas substâncias.
Assim, um gradiente de concentração é criado e a ureia passa, por
difusão, do túbulo para os capilares. Devido ao facto das paredes dos capilares
peritubulares serem moderadamente permeáveis à ureia, apenas 50% da ureia
filtrada é passivamente reabsorvida.
Reabsorção de “desperdícios metabólicos”
Outros produtos filtrados não necessários ao corpo, tal como a creatinina
e o fenol, encontram-se muito concentrados no fluído tubular devido à
reabsorção de água. Estes produtos não são reabsorvidos pois a parede
tubular é impermeável a estes, permanecendo assim no túbulo sendo
excretados em elevada concentração na urina.
Secreção Tubular
No tubo contornado distal e no tubo colector pode ocorrer a secreção
activa de certas substâncias (iões K+, H+ e aniões e catiões orgânicos), a partir
do plasma sanguíneo para o lúmen tubular, para formação da urina.
- secreção de H+: dá-se ao nível de todos os tubos constituintes do
nefrónio, permitindo a regulação do equilíbrio ácido-base do organismo.
Alterações na secreção deste ião podem levar a situações graves de acidose
ou alacalose no organismo;
O fluido intersticial
mantém uma concentração
uniforme em todo o organismo
muito próxima de 300 mOsm/L.
Para que seja possível
produzir urina com diferentes
concentrações, que podem
variar entre 100 a 1200 mOsm/L,
existe um Gradiente Osmótico
Vertical, que é mantido no fluido
intersticial da medula de cada
rim.
Vasa Recta
Os vasa recta apresentam-se como ansas que se dispõem através da
zona medular e que depois regressam ao córtex renal. Têm como função a
remoção do excesso de H2O e de solutos da medula.
Apresentam um mecanismo de Contra-Corrente, pelo que, o fluxo de
sangue em contra-corrente ajuda a explicar as elevadas concentrações de
cloreto de sódio na medula. Á medida que o sangue desce pelos ramos
descendentes dos vasa recta, o NaCl é difundido do líquido intersticial para o
sangue, o que provoca um aumento da osmolaridade medular. Por outro lado,
quando o sangue se desloca pelos ramos ascendentes dos vasa recta, a
grande difusibilidade do cloreto de sódio através da membrana capilar permite
que o NaCl seja mais uma vez libertado no líquido intersticial.
Desta forma, os vasa recta irrigam a medula sem comprometer a grande
concentração em solutos do fluido intersticial.
Ansa de Henle
Tal como os vasa recta, possui um mecanismo de contra-corrente que
vai igualmente permitir a manutenção do gradiente osmótico vertical.
Sendo assim, a ansa descendente de Henle é altamente permeável à
H2O, que vai ser removida para o ramo ascendente dos vasa recta. Além disso,
esta ansa é também altamente permeável ao NaCl. Por outro lado, a ansa
ascendente possui um mecanismo de transporte activo bastante eficaz para
remover o NaCl para o fluído intersticial. Assim, cada vez que o NaCl sai do
ramo ascendente difunde-se para o ramo descendente, o que aumenta
osmolaridade do fluido tubular em direcção à ponta da ansa. Ao mesmo tempo,
uma grande quantidade de NaCl entra no sistema tubular pelo filtrado
glomerular, e é também transportado para fora do ramo ascendente. Por estas
razões, diz-se que a ansa de Henle possui um sistema de multiplicação de
contra-corrente.
Distribuição da Ureia
A distribuição da ureia vai também permitir manter uma elevada
osmolaridade na medula renal. Como tal, esta, difunde-se do líquido intersticial
para o ramo descendente da ansa de Henle. Por outro lado, difunde-se do tubo
colector (permeável à ureia) para o líquido intersticial.
Relativamente à reabsorção
de H2O sabe-se que, 65% é
reabsorvida no Tubúlo proximal,
15% na Ansa de Henle
(descendente) e 20% é mantida no
filtrado. Isto significa que dos
180L/dia filtrados, cerca de 36L/dia
têm de ser reabsorvidos. Para tal
ocorrer, o tubúlo contornado distal e tubo colector têm de se tornar permeáveis
a H2O. Essa situação só é possível na presença da Hormona Antidiurética -
Vasopressina (ADH).
Esta hormona, secretada pela neuro-hipófise, liga-se a receptores na
membrana basolateral das células tubulares (tubo colector e tubúlo contornado
distal) e activa o cAMP. Este mensageiro secundário vai aumentar a
permeabilidade a H2O, da membrana luminal oposta, aumentado o número de
canais de água na membrana.
Consoante a acção da ADH, a osmolaridade do sangue pode ou não
aumentar. Contudo, a acção desta, não pode impedir a 100% a excreção da
urina, pois um volume minímo de urina tem de ser obrigatoriamente excretado
(0,5L/dia).
Proteínuria - Albuminúria
Presença de proteínas no sangue. O caso mais frequente é o da albumina.
Este fenómeno indica que há uma permeabilidade excessiva nos glomérulos.
Quando os valores de concentração de proteína na urina são acima do normal
mas abaixo de determinadas concentrações considera-se a doença como
microproteínuria.
Hematúria
Não é propriamente uma doença mas sim uma manifestação que poderá ter
várias origens. Caracteriza-se pela cor avermelhada da urina, sendo na maior
parte dos casos devida à presença de sangue.
Cistites
Infecções na bexiga que provocam dificuldade na micção e ao mesmo tempo
uma maior necessidade de urinar. Em casos muito graves esta doença pode
originar úlceras na bexiga.
Enurese
Problema que afecta as crianças por volta dos cinco anos. Caracteriza-se por
perda de urina quer diurna como nocturna. É considerada um sintoma e não
uma doença. Este problema pode estar associado a um subdesenvolvimento
do diafragma pélvico levando à perda incontrolada de urina.
Insuficiência Renal Aguda
É causada por uma agressão repentina ao rim, por falta de sangue ou pressão
para formar urina ou obstrução aguda da via urinária. Pode estar associado a
problemas circulatórios ou problemas no controlo da pressão glomerular. A
principal característica é a total ou parcial ausência de urina.
Hidronefrose
Doença em que o volume da pélvis renal
aumenta para conseguir albergar uma maior
quantidade de líquido. Pode ser provocada
por uma malformação do uréter ou por
infecções que levam a que a capacidade de
transporte do uréter seja diminuída.
Ureterohidronefrose
Tem o mesmo tipo de comportamento que a
doença anterior, contudo nesta o aumento
de volume ocorre nos ureteres e não no rim.
http://www.uro.com.br/hidronef.gif
Estenose
Esta doença caracteriza-se como um estreitamento de um canal, podendo
atingir qualquer estrutura tubular no nosso organismo. No caso do sistema
urinário, esta doença pode atingir os ureteres ou a uretra. O efeito provocado
por esta doença é semelhante à HPB e pode levar ao aparecimento de
Hidronefrose e Ureterohidronefrose.
Artresia
Tal como a estenose esta doença também é caracterizada por um
estreitamento de um canal, contudo nesta doença o estreitamento é provocado
por uma malformação.
Cancro
O cancro é hoje em dia uma das doenças mais temidas e cada vez mais
mencionada. O sistema urinário é também alvo deste problema. O cancro pode
ocorrer em qualquer corpo celular. No caso do sistema urinário os órgãos mais
atingidos são os rins e a bexiga. No sexo masculino o cancro da próstata é
também um dos cancros com maior taxa de incidência e que têm uma
interferência directa com o sistema urinário podendo provocar HPB.
O cancro da bexiga é talvez o de mais fácil abordagem, podendo o órgão ficar
funcional mesmo após cirurgia. No caso dos rins o problema é mais
complicado, sendo muitas vezes necessário recorrer a transplantes ou a
hemodiálise. Dado ser o rim o órgão responsável pela excreção de
substâncias, a quimioterapia é muitas vezes posta de parte ou então conciliada
com hemodiálise para que possam ser eliminados os tóxicos resultantes deste
tipo de tratamento. Assim o tratamento de cancros nos rins é muito delicado e
complicado.
Medicação
A medicação para problemas renais é muitas vezes “um pau de dois gumes”
querendo dizer com isto que, apesar do tratamento a que se destina, alguns
produtos resultantes do metabolismo do medicamento são tóxicos e
necessitam de alguma capacidade excretora. Se o rim não possuir
funcionalidade suficiente para a excreção destes metabolitos o doente pode vir
a sofrer de outras complicações.
Transplante
O transplante é muitas vezes um último recurso para doentes que têm ambos
os rins afectados ou em que a capacidade de um não é suficiente para
assegurar uma correcta excreção. Contudo, tal como todos os transplantes, os
doentes necessitam muitas vezes de esperar muito tempo por um doador
compatível. Além da espera há ainda o factor de risco associado à operação.
Hemodiálise
Quando nenhum dos anteriores pode ser utilizado ou não se encontra
disponível, recorre-se a este tratamento. A hemodiálise simula um rim
realizando uma filtragem artificial. O doente é ligado a uma máquina onde o
seu sangue vai circular e vai ser filtrado. A máquina usa um sistema de
membranas artificiais através do qual retém a maior parte dos resíduos
prejudiciais ao organismo funcionando como os nefrónios.
Dada a constante produção de substâncias tóxicas pelo organismo, o doente
tem que ser ligado à máquina pelo menos uma vez de dois em dois dias,
dependendo do grau de insuficiência renal.
Referências
* Http://kidney.niddk.nih.gov
* Http://www.abcdasaude.com.br
* Http://www.bionet.ua.pt/urina
* Http://www.clubedoaudio.com.br
* Http://www.cnnet.clu.edu
* Http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br
* Http://www.imbiomed.com.mx
* Http://www.emedicine.com
* Http://www.seade.gov.br
* Http://www.uro.com.br