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RESUMO
INTRODUÇÃO
Piaget & Inhelder (1966) diz que durante o período sensório-motor, entre um ano
e meio e dois anos de idade surge à função simbólica, fundamental para a evolução das
condutas subsequentes. Essa função “[...] consiste em poder representar alguma coisa (um
“significado” qualquer: objeto, acontecimento, esquema conceptual etc.) por meio de um
“significante” diferenciado e que só serve para representação: linguagem, imagem mental,
gesto simbólico etc.” (PIAGET & INHELDER, 1966, p.46). Essa função é empregada pelos
linguistas como função semiótica, pelas discussões cuidadosas sobre símbolos e sinais. De
acordo com a função simbólica a criança terá apreendido um significado por meio de um
significante, sendo este, por exemplo, a linguagem, a maneira como ela expressará o
significado.
A imagem mental pode vir cedo ou mais tarde que o desenho gráfico. Não se
observa traços no nível sensório-motor. O descobrimento do objeto permanente é facilitado e
surge a imitação interiorizada. Nesse aspecto iniciamos a discussão para o caso de crianças
que apresentam deficiência e/ou limitações sensoriais. Em caso de uma criança cega, de que
maneira a imagem mental é estabelecida e/ou contribui no surgimento da linguagem e
desenvolvimento cognitivo? Esse questionamento e outros quanto à limitação sensorial, física
e cognitiva faremos no capítulo em que relacionamos a educação, as condições de deficiência
e o desenvolvimento da linguagem na criança.
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Expressão usada por Piaget & Inhelder (1966).
Para o autor é importante iniciar o estudo em unidades, pois “[...] é no significado
da palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal. É no significado, então,
que podemos encontrar às respostas as nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a
fala” (VYGOTSKY, 2005, p.5). Uma palavra não tem significado em um objeto separado,
mas compreende um grupo ou classe de objetos, assim cada palavra é uma generalização em
que a criança realiza com apoio de seu pensamento.
Vygotsky (2005, p.47) diz que a linguagem não necessariamente depende do som,
assim a comunidade surda considera a Libras uma linguagem própria por uso de sinais. Aqui
retomemos os questionamentos sobre o surgimento e desenvolvimento da linguagem em
crianças com deficiência, especificamente aos surdos, mas é importante destacarmos a
diferença entre linguagem e fala a linguagem para o autor está intimamente ligada ao
pensamento e a fala é um mecanismo pelo qual expressamos ou emitimos sons, que podem ou
não ter relação com o pensamento, assim, em que difere a capacidade de surgimento da
linguagem para crianças que nascem surdas para as que não apresentam surdez? Os surdos
tem a capacidade de se comunicarem, embora estejam limitados com a audição, Vygotsky
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Para exemplificar os estudos de Koehler, em estudos com macacos, o aparecimento do intelectuo é
embrionário, não relacionada à fala.
(2005) deixa claro que a ausência do som não interfere no surgimento e desenvolvimento da
linguagem, há interpretação da leitura labial e dos movimentos.
Para Vygotsky (2005) “[...] a palavra é para a criança uma propriedade do objeto,
mais do que um símbolo deste... a criança capta a estrutura externa palavra-objeto mais cedo
do que a estrutura simbólica interna” (VYGOTSKY, 2005, p.61). Percebe a relação entre a
fala e o pensamento, pois a associação feita pela criança ao falar é uma estrutura simbólica
interna, “[...] o pensamento e a fala se desenvolvem ao longo de linhas distintas e que, num
certo ponto, essas linhas se encontram” (VYGOTSKY, 2005, p.62). Nesse momento retoma-
se a ideia inicial, dita neste trabalho, em consonância a teoria de Vygotsky que não se pode
estudar o surgimento e desenvolvimento da linguagem sem dissociar do pensamento. Isso
acontece mediante mudanças estruturais e funcionais na criança. Essa associação, relação não
difere do desenvolvimento da linguagem e da inteligência em crianças que nascem com
deficiência, pois essa relação e estágios surgem, embora que de forma lenta. Essas mudanças
estão relacionadas também a aspectos sócio-culturais da criança, “O desenvolvimento do
pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos instrumentos lingüísticos do
pensamento e pela experiência sócio-cultural da criança” (VYGOTSKY, 2005, p.62), há
também transformação do biológico para o sócio-histórico.
REFERÊNCIAS