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Bibliografia Básica
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, v. 1: parte geral. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 14.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
QUEIRÓZ, Paulo. Direito penal: parte geral. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumem Júris, 2010.
Bibliografia Complementar
BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 21. ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, v. 1. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 17. ed. Atualizada por
Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal, v. 1: Parte Geral. 28. ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, v. 1: Parte Geral. 25. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
CONCEITO: Segundo o princípio nulla poena sine crimine (nenhuma punição sem crime), a
pena é uma consequência jurídica da infração penal (crime ou contravenção penal). Desse
modo, praticado um fato típico e ilícito, e havendo a culpabilidade (imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), surge a possibilidade de aplicação da
pena.
A pena é a espécie de sanção penal consistente na privação de determinados bens
jurídicos, cujo pressuposto é a culpabilidade do agente. Pena é uma das espécies de sanção penal.
A outra é a medida de de segurança aplicada aos inimputáveis e aos semi-imputáveis.
Existem dois tipos de penas no Brasil: as PPL (Penas Privativas de Liberdade) e as Alternativas:
PPL - Reclusão
- Detenção
- Prisão Simples (Contravenções Penais)
FINALIDADE DA PENA
Existe uma relação dinâmica entre o Estado e a visão dos fins da pena, de sorte que as
teorias que justificam a pena encontram sua motivação em conformidade com a estrutura política
do Estado. Duas teorias se destacam: as TEORIAS ABSOLUTAS (pena com forma de
retribuição pelo crime cometido) e as TEORIAS RELATIVAS (pena como meio para se realizar
o fim utilitário da prevenção de crimes). Dessas duas teorias existem outras variantes
denominadas TEORIAS MISTAS, UNITÁRIAS ou ECLÉTICAS, mas sempre procurando uma
combinação das duas primeiras.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (...)
Nesta teoria, o Direito Penal serviria para controlar o intolerável, sendo a proteção subsidiária de
bens jurídicos.
É tripartida, contendo:
- fato típico (conduta, resultado, nexo causal e tipicidade, sendo a conduta uma ação voluntária
causadora de relevante lesão ao bem jurídico ou perigo intolerável de lesão ao bem jurídico.
- antijuridicidade – segundo substrato do crime.
- culpabilidade – composta de imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade
de conduta diversa MAIS a necessidade da pena, tratando-se de verdadeira culpabilidade
funcional, devendo haver a pergunta: a pena é funcional? A pena atinge a finalidade? Então,
Claus Roxin sustenta o Princípio da Intervenção mínima, sendo o Direito Penal subsidiário,
servindo para proteger bem jurídicos.
Ensina Roxin que para justificar o Direito de punir devemos separar 3 momentos distintos:
B) A imposição (aplicação)
Consiste na fase de individualização Judicial, é a aplicação da pena no caso concreto, nesse
momento podemos vislumbrar a prevenção específica já que o fim da pena será a ressocialização
do indivíduo, porém, segundo bem assevera Roxin, não é uma prevenção específica idealizada por
Enrico Ferri, já que a pena deverá ser limitada pela culpabilidade. Portanto, a função não é
exclusivamente de prevenção específica.
Paulo Queiroz de forma brilhante conclui as ideias de Roxin com relação aos 2 primeiros
momentos: "(...) a pena tem por finalidade a proteção subsidiária e preventiva, tanto geral como
individual, de bens jurídicos e de prestações estatais, por meio de um processo que salvaguarda a
autonomia da personalidade e que esteja limitado pela medida da culpa."
C) A execução da pena
Aqui podemos dizer que a função da pena é exclusivamente de reintegração social, ou seja, a
prevenção especial; porém, assevera Roxin que aqui deve-se respeitar à garantia constitucional da
autonomia da pessoa.
Sendo assim proibido será o tratamento coercitivo que interfira na estrutura da personalidade,
mesmo que de eficácia ressocializante, por exemplo, a castração de delinquentes sexuais.
Finalizando as ideias de Roxin bem disserta Paulo Queiroz : " Em suma, a finalidade
essencial da pena é proteger, por meio da prevenção geral, especial e subsidiariamente, bens
especialmente importantes".
1. Surgimento
O direito penal do inimigo surgiu nos idos de 1985, mas teve seu momento de maior expressão com o
atentado de 11 de setembro de 2001. Seria um direito para ser aplicado a genocidas, terroristas,
criminosos de alta periculosidade.
2. Aspecto histórico
A Base Naval da Baía de Guantánamo ocupa cerca de 117 km² da costa da República de Cuba. É para
onde os EUA levam os piores criminosos. Alugam esta base desde 1903 por 5 mil dólares por ano.
Em uma era pós-finalista do direito penal, a teoria funcionalista converge para uma análise de
qual seria a verdadeira função do direito penal.
Em resumo: Segundo Günther Jakobs, modernamente existem dois modelos de direito penal: o
direito penal do cidadão e o direito penal do inimigo.
O direito penal do cidadão seria aquele em que o criminoso é julgado observando-se as regras
Culpabilidade do autor (ou culpabilidade pela conduta de vida): o criminoso é reprovado pelo
que ele é, e não propriamente pelo que fez. A pena vai ser proporcional, não ao fato que ele
praticou em si, mas ao que ele é, ao seu perfil ou estilo de vida.
O criminoso inimigo é aquele que pratica delitos por princípio, por ideologia, é o seu modo de
vida. Por isso, Jakobs defende que ele representa um perigo à vigência do direito.
Para o penalista espanhol Jesús Maria Silva Sanches, o criminoso inimigo apresenta 03
características.
A habitualidade criminosa;
O profissionalismo criminoso;
Integra alguma organização criminosa.
Atenção!
- Não há necessidade de o indivíduo começar a praticar um crime para que seja tratado como
inimigo (para que seja detido ou averiguado), bastando que seja um criminoso em potencial.
Em resumo: O direito penal do inimigo sustenta que o criminoso deve ser julgado sem as
garantias penais e processuais próprias de um Estado Democrático de Direito. A pena, nesse caso,
visa a sua eliminação ou inutilização social.
Enquanto no direito penal do cidadão vigora um processo democrático, com observância do devido
processo legal, no direito penal do inimigo vige um verdadeiro procedimento de guerra, de
intolerância, de “vale tudo”.
Questão: Por que parcela da doutrina critica a teoria de Jakobs, alegando não se tratar de
uma novidade?
Como eu posso chegar a conclusão de que em determinado país vigora o direito penal do
inimigo?
São características do ordenamento jurídico que adota o DPI:
1) Incriminação excessiva de atos preparatórios.
2) Cominação de penas desproporcionais.
3) Restrição ou suspensão de direitos e garantias penais ou processuais penais.
4) Rigor penitenciário no cumprimento das penas.
Cuidado!
Não obstante essas normas, a doutrina entende que não existe no Brasil o direito penal do inimigo,
porque as garantias materiais e processuais inerentes ao Estado Democrático de Direito são
preservadas a qualquer tipo de criminoso.
a) Princípio da Reserva Legal: (nullum crimen nulla poena sine lege) tanto a previsão da
conduta, quanto a cominação da pena, somente poderão ocorrer através da única fonte material
da norma penal, o Estado (CF, art. 22, I e parágrafo único).
b) Princípio da Legalidade: a pena, assim como a conduta incriminada, somente poderá
ser criada por lei (única fonte formal direta) da norma penal (CF, art. 5º, II). Também está
previsto no art. 1º do CP: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”.
c) Princípio da Anterioridade: a pena (assim como o crime) devem estar previstos em
lei, antes da prática do fato imputado (CF, art. 5º, XXXIX); isso quer dizer que não pode haver
punição de fatos praticados antes da vigência da lei penal.
d) Humanidade (ou humanização): nenhuma pena pode atentar contra a dignidade da
pessoa humana, de sorte que é vedada a aplicação de penas cruéis e infamantes. A pena deve ser
cumprida de forma a efetivamente ressocializar o condenado. A pena não poderá violar a
integridade física ou moral do condenado, conforme estabelece a Carta Magna nas alíneas de seu
art. 5º, XLVII (47), ao estabelecer que não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Pena de morte – Estado agindo como o criminoso mais cruel, pois informa ao
condenado a data e o modo com o qual será executado, com anos de antecedência.
Além dos casos de guerra declarada, em que a morte se dará por fuzilamento, existem
PRISÃO PERPÉTUA: preserva o corpo, mas fulmina a alma, por isso é cruel;
Pena de caráter perpétuo – conceito mais abrangente (vai além da prisão,
incluindo todas as espécies de penas).
Art. 75, § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao
limite máximo deste artigo.
Por exemplo:
Indivíduo condenado a 30 anos, já havia cumprido 20 anos, quando matou outro
condenado;
O juiz da execução, após receber a informação da nova condenação (carta de
guia) deverá desprezar o tempo já cumprido e somar o restante (10 anos), à nova
condenação que foi de 20 anos (totalizando 30 anos);
DESTA FORMA, O AUTOR CUMPRIRÁ, ININTERRUPTAMENTE 50
anos de pena.
Justificativa:
Solução encontrada pelo Estado para estabelecer a disciplina carcerária, caso
contrário, o condenado estando imune a qualquer nova condenação devido ao
limite de 30 anos, poderia, impunemente, delinquir dentro do sistema prisional.
Deportação quer dizer que a pessoa estrangeira embora não tenha praticado nenhum
crime, encontra-se irregular no país, razão pela qual terá que sair do país
compulsoriamente. Nesse sentido, Nucci esclarece que: "a deportação é a saída
compulsória do território nacional, quando o estrangeiro aqui se encontra de
maneira irregular, seja porque ingressou sem ter visto, este pode ter expirado ou
porque, a despeito de turista, exerceu atividade laborativa remunerada".
g) Princípio da Proibição da dupla punição (ou ne bis in idem): segundo o qual ninguém
poderá ser punido duas vezes pelo mesmo fato;
h) Princípio da Jurisdicionalidade: as penas somente poderão ser aplicadas por juízes criminais
e mediante a observância do devido processo legal (CF, art. 5º, XXXVII, LII, LIV e LV);
i) Princípio da Inderrogalidade (ou inevitabilidade): uma vez imposta a pena, não poderá esta
deixar de ser aplicada, salvo as exceções legais (anistia, graça, indulto, livramento condicional;
perdão judicial, etc.);
a) Penas Corporais: atingem a integridade corporal do criminoso. Podem ser supressivas (pena
de morte) ou aflitivas (causam sofrimento). Ex. lapidação, tortura, açoites, mutilações.
b) Penas Privativas de Liberdade: suprimem a liberdade temporariamente ou de forma
perpétua;
c) Penas Restritivas de Liberdade: restringem a liberdade sem impor recolhimento à prisão
(ex. confinamento, banimento);
d) Penas privativas e restritivas de direitos: há exclusão ou limitação de determinados
direitos;
e) Penas Pecuniárias: restrições ou absorções patrimoniais, como a multa e o confisco.
Segundo o art. 5º, XLVI CF: a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.
Nos termos do art. 32 CP: as penas são: I – privativa de liberdade; II – restritiva de direitos; III –
de multa.
As penas de reclusão e detenção são as duas espécies de penas privativas de liberdade para os
crimes; ao passo que a prisão simples é reservada às contravenções penais.
CRIMES – Reclusão
Detenção
Não existe diferença ontológica entre reclusão e detenção, mas uma de suas diferenciações está
no art. 33 “caput” CP: “a pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto. A de detenção, em regime aberto ou semiaberto, salvo em necessidade de transferência
para regime fechado.”
O CP adotou o modelo criado por Nelson Hungria na aplicação da pena privativa de liberdade:
sobre a pena simples ou sobre a pena qualificada o juiz vai calcular a pena seguindo três fases:
- Pena-base, segundo as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
- Em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes (art.65, CP) e agravantes (art. 61,
CP); - Por último, as causas de diminuição e de aumento (art. 68 CP).
Na primeira fase, o juiz fixará a pena-base analisando as oito circunstâncias judiciais descritas
no art. 59 do CP. A pena deverá ser fixada entre os limites legais, ou seja, não poderá ficar aquém
do mínimo nem acima do máximo abstratamente cominado.
Na segunda fase o juiz considerará as circunstâncias legais (atenuantes e agravantes) previstas
nos artigos 61 a 66 do CP, respeitando também os limites legais.
Na terceira fase o juiz irá considerar as causas de aumento e diminuição de pena, sendo que
estas poderão elevar a pena acima do máximo cominado ou deixá-la aquém do mínimo.
O juiz deverá observar a ordem das fases e não poderá haver compensação entre elas. Entretanto,
poderá ocorrer que não exista no caso concreto nenhuma circunstância agravante ou atenuantes,
nem causa de diminuição ou aumento de pena, hipótese em que a pena base (1ª fase) será a pena
definitiva.
Após a fixação da pena privativa de liberdade, observando-se as três fases, o juiz estabelecerá o
regime inicial de cumprimento da pena (art. 59, III) e, em seguida, verificará a possibilidade da
substituição da pena privativa de liberdade aplicada por outra espécie de pena (art. 59, IV).
CÁLCULO DA PENA
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Nesta etapa, o juiz está atrelado aos limites mínimos a máximos previstos no preceito secundário
da infração penal. O art.59, no inciso II diz que – “a quantidade de pena aplicável, dentro dos
limites previstos”
1ª) culpabilidade – grau maior ou menor de reprovabilidade da conduta. Nucci ensina que a
culpabilidade das circunstâncias judiciais, é o conjunto de todos os fatores do art. 59 do CP, não
se desprezando a denominada intensidade do dolo ou grau de culpa, devendo ser analisados no
cenário da personalidade do agente, nos motivos ou circunstâncias do crime.
Para Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, deve ser observada pelo juiz a posição do agente
frente ao bem jurídico violado: menosprezo total (dolo direito), indiferença (dolo eventual) e
descuido (crimes culposos).
Ex: STJ, 5ª T., HC 298714, 15/09/2016 – “a elevação da pena base restou fundamentada pelo
fator culpabilidade haja vista que o autor, além de desferir vários tiros na vítima, muitos deles
foram realizados pelas costas, o que demonstra maior reprovabilidade da conduta.”
2ª) antecedentes do agente – São os fatos (considerados crimes) anteriormente praticados pelo
condenado, é a vida pregressa do agente.
- Inquéritos Policiais e ações penais em andamento: discutível na doutrina. Súmula 444 STJ: “É
vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”.
- Condenação que gera reincidência: é considerada como circunstância agravante na segunda
fase;
- Princípio do “non bis in idem” – Súmula 241 STJ: a reincidência penal não pode ser
considerada como circunstância agravante (2ª fase), e, simultaneamente, como circunstância
judicial (1ª fase como fator de maus antecendentes).
- Ato Infracional: não são considerados em nenhuma fase do cálculo da pena;
5ª) motivos do crime – são as causas que inspiraram o agente a praticar o crime. Os motivos
podem ser nobres ou não. Se o motivo constar no próprio tipo penal como elementar não poderá
ser considerado para exasperar a pena na 1ª pena, vez que as circunstâncias judiciais são
residuais. Ex. homicídio qualificado por motivo torpe: será considerado na 2ª fase e não na 1ª.
6ª) circunstâncias do crime – são os dados relacionados com o tempo e lugar do crime, bem
como com a maneira de sua execução. Não devem ser analisadas aqui as privilegiadoras,
agravantes, atenuantes ou qualificadoras.
As circunstâncias agravantes e atenuantes são dados que não alteram o crime (tipo penal básico),
mas sim a pena. Somente serão aplicadas se não forem utilizadas como elementares do crime ou
como forma qualificada ou privilegiada.
Exemplos:
- No crime de infanticídio (art. 123 CP) não se aplicará a circunstância agravante de crime
praticado contra descendente (art. 61, II, e), haja vista que o parentesco é elementar do crime.
Caso contrário, haveria bis in idem;
- No crime de homicídio doloso é prevista a causa de aumento de pena de 1/3 se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (art. 121, §4º, segunda parte).
Neste caso, não se aplicará a circunstância agravante do art. 61, II, h.
- No crime de Furto (155 CP) a circunstância de a vítima ser criança ou maior de 60 anos não
integra o tipo (não é elementar) e nem qualifica o delito (qualificadora ou causa de aumento de
pena). Desse modo, poderão incidir as agravantes descritas no art. 61, II, h.
2ª) quando a circunstância agravante for preponderante – uma agravante pode ser compensada
com uma atenuante, desde que uma não seja preponderante em relação a outra.
Art. 67 do CP: No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes
do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Pode haver concurso entre agravantes e atenuantes. Neste caso, nos termos do art. 67, a pena
deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, sendo elas as que
resultam dos motivos determinantes do crime (ex. relevante valor moral ou social), da
personalidade do agente (ex. menor de 21 anos na data dos fatos) e da reincidência.
Uma circunstância agravante pode ser compensada com uma atenuante, desde que uma não seja
preponderante sobre a outra. Ex. crime cometido contra ascendente (agravante) pode ser
compensado pela reparação do dano (atenuante), isto é, elas se anulam.
Se uma circunstância foi preponderante em relação à outra, não haverá compensação. Ex.
reparação do dano (atenuante não preponderante) não pode ser compensada por reincidência
(agravante preponderante).
Um preponderante por ser anulada por outra preponderante. Ex. reincidência (agravante
preponderante) por ser compensada com o motivo de relevante valor moral (atenuante
preponderante).
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça
particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
REINCIDÊNCIA
Conceito: repetir o fato punível.
Requisitos da reincidência:
art. 63 do CP + art.7º contravenções penais
Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 7º da LCP - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
Brasil, por motivo de contravenção.
Crime
Novo crime Reincidente
(Brasil / exterior)
Crime
Contravenção Reincidente
(Brasil / exterior)
Contravenção
Crime Não reincidente
(Brasil)
Contravenção Nova
Reincidente
(Brasil) contravenção
Contravenção Nova
Não reincidente
(exterior) contravenção
Obs: As Contravenções Penais estão dispostas no Decreto Lei n. 3.688/1941 (Lei das
Contravenções Penais), que comina penas de Prisão Simples ou Multa.
REQUISITOS DA REINCIDÊNCIA:
1º) prática de um crime anterior (no Brasil ou no estrangeiro). O crime anterior ou crime posterior
podem ser dolosos ou culposos, tentados ou consumados. Ex. lesão culposa (crime 1) e tentativa
de homicídio (crime 2);
3º) cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória (no País
ou no estrangeiro) por crime anterior.
Fonte: AZEVEDO, Marcelo André de; SALIM, Alexandre. Direito Penal – Parte Geral. São Paulo: Ed. Juspodvm. 2018. p. 480-481.
Fonte: AZEVEDO, Marcelo André de; SALIM, Alexandre. Direito Penal – Parte Geral. São Paulo: Ed. Juspodvm. 2018. p. 480-481.
REINCIDÊNCIA REAL: verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime depois
de ter cumprido pena pelo delito anterior.
SISTEMA DA TEMPORARIEDADE
Súmula 74 do STJ: “para efeitos penais o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil.”
O novo CC prevê que a pessoa se torna capaz aos 18 anos, mas esse inciso não foi revogado,
ainda persiste que os menores de 21 anos na data do fato, terão penas atenuadas, porque o direito
penal está com a idade cronológica e não com a capacidade civil.
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Não se pode confundir com causas de aumento e de diminuição de pena com circunstâncias
agravantes e atenuantes.
- QUALIFICADORA
- substitui a pena simples, servindo de norte para a o cálculo da pena.
CAUSA CONCORRENTE: uma causa de aumento concorrendo com uma causa de diminuição.
O juiz deve aplicar as duas.
Art.68 do CP. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do Art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de
aumento.
*** Mas o juiz primeiro aumenta e depois diminui ou diminui e depois aumenta?
Há duas correntes:
1ª corrente: o juiz primeiro diminui e depois aumenta, seguindo mandamento do art.68 do CP.
2ª corrente: primeiro aumenta e depois diminui, pois o cálculo fica mais benéfico para o réu.
Prevalece.
Circunstâncias: São dados acessórios que aumentam ou diminuem a pena, podendo ser
encontrados tanto na Parte Geral quanto na Especial do Código Penal, como por exemplo:
Reincidência (art. 63) e o Furto Noturno (§ 1º do art. 155);
Subjetivas: caráter pessoal (ligadas ao agente), ex.: “o parentesco com a vítima” (Caso
Isabella);
Objetivas: ligadas ao fato (furto noturno; idade da vítima (criança ou idoso); emprego de
meio cruel; recurso que dificulte a defesa da vítima etc;
ATENÇÃO:
Circunstâncias Subjetivas jamais se comunicam – sendo irrelevante se os
coautores ou partícipes à conheciam, como por exemplo “a reincidência”;
Circunstâncias Objetivas – se comunicam, desde que os coautores ou
partícipes delas tivessem conhecimento, como por exemplo o horário do furto (período
noturno); meio cruel (asfixia) etc;
Elementares – (objetivas ou subjetivas) – se comunicam, de acordo com o
conhecimento dos demais agentes, por exemplo no “peculato”, se os coautores sabiam que o
partícipe era funcionário público, caso contrário responderão por furto.
CONCLUSÃO:
Circunstâncias incomunicáveis
Art.33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A
de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.
§1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
§3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos
critérios previstos no Art. 59 deste Código (análise das circunstâncias judiciais para a fixação
da pena necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime)
O sistema prisional no Brasil, por uma questão de política criminal, é o progressivo, ou seja,
todo preso tem direito a avançar no cumprimento de sua pena diminuindo a rigidez do regime
do fechado passando pelo semiaberto e finalmente o aberto.
A lógica é recuperar o indivíduo e reinseri-lo aos poucos novamente na sociedade para que não
volte mais a delinquir. Outro objetivo do sistema é manter os criminosos de maior
periculosidade nos regimes mais rigorosos e separados dos demais que cometeram crimes de
menor potencial ofensivo. A Lei nº 7210, de 1984, conhecida como Lei de Execução Penal,
traz o que cada regime deve ter.
No regime fechado, a execução da pena deve ser em estabelecimento de segurança máxima ou
média. Neste caso, a cela deve ter no mínimo 6 m² e, em caso de penitenciárias femininas,
gestantes e mães com recém-nascidos devem ter uma área especial.
No regime semiaberto, o cumprimento da pena deve ocorrer em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar. Aqui, o condenado poderá ser alojado em locais coletivos e sua pena
estará atrelada ao seu trabalho. Um exemplo comum nesse tipo de prisão é reduzir um dia de
pena a cada três dias trabalhados.
No regime aberto, o preso cumpre a pena em casa de albergado, que é um presídio de segurança
mínima, ou estabelecimento adequado — as limitações, neste caso, são menores. Neste caso, os
presos permanecem no local apenas para dormir e aos finais de semana, e exige-se que ele
trabalhe ou prove que tem condição de ir para o mercado de trabalho imediatamente após a
progressão.
Admite:
1. Fechado – pena superior a 8 anos.
2. Semiaberto – pena superior a 4 anos e não superior a 8 anos, desde que não reincidente.
O acusado reincidente iniciará no fechado.
Se o acusado for reincidente, a lei quer que ele inicie o regime fechado, mas a lei é muito
rigorosa. Por isso surgiu a Súmula 269 do STJ: “é admissível a adoção do regime prisional
semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos, se favoráveis as
circunstancias judiciais.”
Segundo a Lei de Execuções Penais (arts. 82 a 104) a sanção penal deverá ser cumprida nos
seguintes estabelecimentos penais:
a) Penitenciária (art. 87 LEP) – destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime
PROGRESSÃO DE REGIME
De acordo com o art. 33, §2º do CP e art. 112 da LEP, a pena privativa de liberdade será
executada de forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso.
Regra Geral: deve haver o cumprimento de pelo menos 1/6 da pena no regime anterior
(requisito objetivo) e ostentar o condenado bom comportamento carcerário, comprovado pelo
Diretor do Estabelecimento Prisional (requisito subjetivo).
Desde a Lei n. 10.792/03 não se exige mais o exame criminológico, mas não impede que o Juiz o
requeira, sendo a decisão devidamente fundamentada.
PRISÃO SIMPLES
Admite somente:
1 - Semiaberto
2 - Aberto.
A prisão simples não admite regime fechado, apenas o semiaberto e aberto, e geralmente as penas
são cumpridas em casas de albergado ou estabelecimento adequado. Em casos de regime
semiaberto, os infratores devem ser mantidos em celas separadas de indivíduos que cumprem
pena de reclusão e detenção.
Instituído pela Lei N. 10.792 de 1º de dezembro de 2003, desde sua edição tem sido alvo de
severas críticas doutrinárias, contudo, ambos os tribunais superiores já decidiram acerca de sua
validade (STF, HC 93.391, rel. Min. Cezar Peluso, j. 15-4-08 e STJ, HC 92.714, rel. Min.
Napoleão Nunes Mais Filho, j. 6-12-07;
Previsto nos artigos 52 e 53 da LEP:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de
duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.
A pena restritiva de direito é uma espécie de pena alternativa, não podendo ser confundida com a
alternativa pena.
Obs: Cuidado com a lei de drogas, porque a lei 11.343/06 ampliou as espécies de restritivas de
direitos, no seu art. 28: Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
PENA DE MULTA
2 . Cominação:
a) Multa abstrata (sanção principal – CP, arts. 32. III e 58): pena de multa cominada no tipo
penal (pena abstrata). Na sentença condenatória, a pena de multa é aplicada diretamente pelo juiz,
ou seja, não é substitutiva da pena privativa de liberdade.
b) Multa substitutiva ou vicariante (CP, art. 44, §2º e art. 60, §2º): na sentença condenatória,
primeiro aplica-se a pena privativa de liberdade para depois realizar-se a substituição pela multa.
Assim, mesmo que o tipo não tenha previsto a pena de multa (multa abstrata), pode o juiz aplicá-
la (multa substitutiva).
ATENÇÃO: Súmula 171 STJ: “Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de
liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa”.