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MULHERES E HETERONORMATIVIDADE: O PAPEL SOCIAL DA

MATERNIDADE FRENTE À LESBIANIDADE

AUTORA: MARIA CLARA GUIMARÃES SOUZA*


ORIENTADORA: PRISCILLA MELO RIBEIRO DE LIMA†

OBJETIVOS
Este estudo consiste na construção do quadro teórico e metodológico da pesquisa a ser
realizada, pela autora, no seu mestrado em psicologia. Este estudo objetiva investigar a
experiência de ser mãe e ser mulher vivenciada pelas mulheres lésbicas diante dos discursos
heteronormativos. Especificamente, objetivamos: (a) Analisar os aspectos históricos, culturais
e sociais que permeiam as representações acerca da maternidade no Brasil; (b) Compreender o
processo de tornar-se mãe vivenciado pelas mulheres lésbicas; (c) Analisar os aspectos
históricos, culturais, sociais e ideológicos das representações sobre o feminino; (d) Investigar
a construção da identidade das mulheres lésbicas e mães em um contexto heteronormativo; (e)
Analisar como os discursos hegemônicos heteronormativos estão presentes na vivência das
mulheres lésbicas.

REFERENCIAL TEÓRICO
Ao refletirmos acerca do lugar da mulher e de sua sexualidade na atualidade, faz-se
necessário refletir também acerca dos lugares de poder e do discurso hegemônico vigente.
Compreendemos que qualquer análise acerca da sexualidade feminina precisa passar por uma
análise crítica sobre a ordem patriarcal que sustenta o discurso hegemônico e que preconiza
uma única forma aceitável para o exercício da sexualidade. Essa ordem patriarcal é sustentada
pela estrutura de poder em que são demarcadas as relações entre o feminino e o masculino.
Como consequência, percebemos o estabelecimento de determinações desiguais nos papéis de

*
Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Goiás. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia (PPGP-UFG). Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEG).

Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília. Docente do Programa de Pós-
Graduação em Psicologia (PPGP-UFG).
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gênero socialmente instituídos em que o exercício da maternidade foi imposto à mulher
(SAFFIOTI, 2015). Diante da heteronormatividade e da desigualdade entre os gêneros,
historicamente se destinou ao homem o direito de dominação sexual, econômico e emocional
sobre a mulher (RICH, 2010; SAFFIOTI, 2015). Isso acarretou a impossibilidade das diversas
possibilidades satisfação do desejo e prazer delas, empregando um único modelo de viver a
sexualidade, destinando-a à reprodução e impedindo as mulheres o domínio autônomo de seus
corpos (LOURO, 2000; MATTAR, DINIZ, 2012).
O exercício da “sexualidade não é algo natural e inerente às pessoas, mas uma vivência
que envolve uma diversidade de rituais, linguagens, fantasias, representações, símbolos e
convenções. Processos profundamente culturais e plurais” (LOURO, 2000, p. 7). Materializado
nos corpos, a dimensão social do sexo não existe a priori dos discursos que o elaboram e o
definem (BUTLER, 2016). Assim, o conceito de natureza precisa ser repensado,
compreendendo-a como um conjunto de relações dinâmicas, formado por uma cultura e uma
história, em que nos corpos o sexo é naturalizado (LOURO, 2000). Rubin (1975), em estudo
acerca das teorias radicais sobre a sexualidade, afirma que “subjacente a esse corpo de trabalho
está a assunção que a sexualidade é constituída na sociedade e na história, não ordenada
biologicamente” (p. 12). O aparelho biológico humano pode ser pré-requisito para a vida
sexual. No entanto, entender a sexualidade em termos puramente biológicos tornaria
inacessível uma análise política desta (RUBIN, 1975).
A lógica binária heteronormativa constitui-se como uma norma social estruturada na
linearidade entre desejo, práticas sexuais, sexo e gênero, o que restringe a expressão sexual das
mulheres e dos homens a um modelo heterossexual (BUTLER, 2016). Dessa forma,
percebemos uma obrigatoriedade social e cultural de que os relacionamentos devem ser
homogêneos no sentido de respeitar as categorias sociais de raça/classe/idade (MATTAR,
DINIZ, 2012). Estas intersecções também influenciam o olhar da sociedade frente à
maternidade, legitimando significados distintos, aceitáveis ou não, de acordo com o lugar
social, condições materiais, fatores culturais e históricos em que a mulher está inserida (Mattar
& Diniz, 2012; Hirata, 2014). Neste cenário, o ‘ser mãe’ é determinado por concepções morais,
em que o padrão de normalidade é composto por “uma relação estável entre um casal
heterossexual monogâmico branco, adulto e saudável, que conta com recursos financeiros e
culturais suficientes para criar “bem” os filhos” (MATTAR, DINIZ, 2012, p. 114).

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Ao se discutir sobre a sexualidade feminina, precisamos discorrer acerca de categorias
como gênero, lesbianidade, heteronormatividade e discurso hegemônico. Pretende-se, neste
estudo, apropriar-se de definições que superem as concepções binárias, biológicas, que
afirmam que os órgãos sexuais são determinantes na construção das expressões de gênero e da
vivência sexual, pois “as subjetividades são históricas e não naturais” (RAGO, 1998, p.91).
Louro (2000) aponta que o exercício da sexualidade não é um atributo natural ao corpo, mas
um processo plural, histórico e cultural que envolve uma diversidade de práticas, linguagens e
rituais. Gêneros e sexualidades são construtos históricos moldados por redes de poder de uma
determinada sociedade, carregados da possibilidade de instabilidade e diversidade (LOURO,
2007). O uso do marcador gênero possibilitará uma análise crítica das desigualdades e
preconceitos que marcam a vivência das mulheres lésbicas e mães, que não se adequam a um
modelo heteronormativo (BUTLER, 2016; PIASON, 2012). Assim, gênero pode ser
compreendido como uma categoria de análise, socialmente imposta sobre um corpo sexuado,
constituído por meio da história e da cultura (SCOTT, 1989; SCHRAIBER, D’OLIVEIRA,
FALCÃO E FIGUEIREDO, 2005).
O conceito de gênero possibilita a desnaturalização acerca das variadas formas de ser
mulher, dentre elas destacamos a lesbianidade, a qual não se encaixa no discurso hegemônico
estabelecido sobre as identidades femininas. Segundo Rich (2010), há um apagamento da
lesbianidade na literatura, na política, na cultura e na história em virtude da heterossexualidade
compulsória, que direciona a existência feminina para os homens. A sexualidade das mulheres
é convencionada para o casamento e a um modelo de orientação sexual conforme as variadas
formas em que a vivência heterossexual é imposta. Isso ocorre por meio da idealização do amor
romântico heterossexual, na pornografia, na cultura do estupro, na divisão sexual do trabalho
e na prostituição. Para manter o controle sobre a sexualidade feminina direcionada à
reprodução e aos dispositivos heteronormativos, historicamente a vivência sexual das mulheres
foi monitorada pelas instituições sociais e religiosas, e por vários “mecanismos de
disciplinamento dos corpos das mulheres, como a castidades e o tabu da virgindade, a proibição
da masturbação, a medicalização dos sintomas da insatisfação com a expressão de gênero”
(SOARES, 2010, p. 2). Tais práticas constroem uma falsa consciência nas mulheres que apaga
da experiência feminina a sensibilidade erótica sobre a lesbianidade, pois parte-se do princípio
que a heterossexualidade é inerente a elas (RICH, 2010). Dessa forma, “a existência lésbica

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inclui tanto a ruptura de um tabu quanto a rejeição de um modo compulsório de vida” (RICH,
2010, p. 36), o que dificulta o encontro de um espaço de pertencimento social para estas
mulheres (MARCELINO, 2011). Diante disso, é necessário desnaturalizar as representações
sociais e históricas em que a dominação masculina e a heterossexualidade são dadas como
únicas e verdadeiras.
Nesse contexto em que a heterormatividade determina as formas aceitáveis de exercício
da sexualidade, o patriarcado apropria-se da norma heterossexual, e estrutura-se política e
socialmente nas relações, enquanto um modelo de discurso hegemônico. Segundo Saffioti
(2015), o patriarcado se constitui por meio da diferença sexual, baseado na exploração-
dominação do homem sob a mulher, e atribuindo ao masculino privilégios culturais, simbólicos
e materiais. A relação desigual entre os gêneros se estabelece na esfera pública e privada,
constituída pelo uso do poder, validando a dominação masculina, de modo a subjugar e oprimir
o feminino.
De acordo com a Análise de Discurso Crítica (ADC), os discursos constroem as
relações sociais de poder, sistemas de conhecimento, crenças e identidades sociais e são
construídos por esses elementos. Isso implica em uma relação dialética entre discursos e
estrutura social, seja ela política, ideológica, cultural e econômica (FAIRCLOUGH, 2001;
LIMA, LIMA & COROA, 2016). Desse modo, o discurso do patriarcado, enquanto um modelo
hegemônico dominante nas sociedades ocidentais, molda os valores ideológicos que oferecem
supostamente uma coerência às práticas sociais que determinam um padrão de ser mulher e ser
mãe aceitáveis socialmente, beneficiando grupos de poder. Nesse movimento, o patriarcado se
readapta no decorrer das mudanças culturais e históricas, ocupando-se das novas formas de
organização social, ideologias e modos de produção, de forma a permanecer no domínio
discursivo na sociedade civil e no Estado (SAFFIOTI, 2015).
Diante disso, compreendemos que quando a homossexualidade e a maternidade se
encontram articuladas, novas práticas sociais surgem. Entretanto, diante da realidade
hegemônica da heteronormatividade, a maternidade de mulheres lésbicas compõe duas
identidades conflitivas – o ser mulher como uma sexualidade “desviante” e o ser mãe cuja
identidade é socialmente esperada (SOUZA, 2005). A mulher mãe lésbica acaba por construir
um discurso de resistência diante de uma identidade social preconizada pela ideologia
dominante que prevê que uma mulher deve ser mãe e se manter em uma identidade

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heterossexual – como se a maternidade só fosse possível para mulheres não-lésbicas. Ou que
mulheres lésbicas não podem ter relacionamentos heterossexuais ou que não existem formas
alternativas de concepção sem relação sexual heterossexual.
Nesse sentido, entendemos a identidade como uma metamorfose em que o sujeito
interioriza personagens em interação com a atividade produtiva de acordo com as condições
sociais, políticas e institucionais em que está inserido. Quando adquirimos consciência dessa
identidade começamos a nomeá-la e caracterizá-la. As pessoas incorporam à sua identidade
papéis sociais, definidos por Ciampa (2007) como uma atividade padronizada previamente pela
sociedade e pelos outros. Assim, a construção das identidades está entrelaçada com o modelo
de produção dominante que oferece padrões de ser mãe e mulher, de modo a manter uma
estrutura social já estabelecida.
A experiência da reprodução e da sexualidade é mediada por relações de poder que
determinarão uma condição de maior ou menor suporte social conforme as práticas sexuais que
são aceitas ou negadas socialmente (LOURO, 2000; MATTAR, DINIZ, 2012). Por exemplo,
existe no imaginário popular, conforme Rich (2010) e Soares (2010), uma correlação entre
mulher e mãe que anularia a vivência erótica das mulheres, já que, nesse imaginário social, a
mãe é vista como um ser assexuado e santificado. Como a sexualidade lésbica não está
diretamente ligada com a reprodução, mas com a satisfação do desejo sexual e afetivo, ela é
considerada imoral, imprópria e negligenciada; o que tornaria a lesbianidade socialmente
incompatível com a maternidade (SOUZA, 2005). As mães ideais precisariam corresponder à
interação das diferentes características da mulher de acordo com os marcadores de raça, classe,
idade e parceria sexual. No discurso hegemônico contemporâneo, percebemos que as mães
ideais correspondem a mulheres brancas, jovens adultas, heterossexuais e com boa condição
socioeconômica. Logo, as mães lésbicas configuram uma forma de vivenciar a maternidade
que está em confronto com o modelo de mãe estabelecido nas relações sociais hegemônicas
(LOURO, 2000; MATTAR, DINIZ, 2012; PIASON, STREY, 2012; RICH, 2010).
De acordo com Saffioti (1987), “a identidade social da mulher, assim como do homem,
é construída através da atribuição de distintos papéis, que a sociedade espera ver cumpridos
pelas diferentes categorias de sexo” (p.8). Observa-se, na divisão dos papéis de gênero
estabelecida pela cultura patriarcal, que a sexualidade da mulher foi destinada para a
reprodução e exercício da maternidade. A família se constituiu, nessa ideologia, enquanto uma

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organização social entre um casal “heterossexual-procriação-família” (SOARES, 2010, p.1).
Formado pelas figuras do patriarca e da mulher mãe, esposa e cuidadora. A organização da
família moderna ainda permanece como um ideal social contemporâneo (PONTES, FÉRES-
CARNEIRO, MAGALHÃES, 2017; RICH, 2010; SOARES, 2010).
Recorremos ao percurso histórico e cultural, no qual esse lugar da mulher como mãe na
família nuclear se organizou, processo que não é linear e hegemônico, construído por variadas
transformações na sociedade ocidental (ARATANGY, 2010; GRADVOHL, OSIS &
MAKUCH, 2014). Na Idade Média, as relações familiares se baseavam em interesses
econômicos, não havendo, geralmente, uma relação afetiva entre pais e filhos. Dessa forma, as
mulheres e as crianças não ocupavam um papel de importância social, sendo subjugadas ao
poder do pai/marido. Não havia um valor atribuído à maternidade e aos cuidados das crianças,
o que corroborava com as altas taxas de mortalidade e abandono infantil. Com o
desenvolvimento do sistema capitalista, ocorreu a divisão entre a dimensão pública e a privada.
A partir de então, a responsabilidade pelas crianças foi designada aos pais, de modo que cresceu
um valor social atribuído às mães (GRADVOHL et al., 2014; NEVES, 2008). A família
moderna se constituiu por meio da correlação entre a intimidade–casa–família–infância; o lar
se tornou um espaço privativo e não mais compartilhado com o coletivo. A divisão sexual do
trabalho obedeceu às diferenças entre os gêneros que passou a determinar à mulher o papel de
conservar a família, realizar as atividades domésticas, e se responsabilizar pelos cuidados dos
filhos; enquanto os homens ocupavam o lugar de provedores e de autoridade (SCOTT, 1989;
SAFFIOTI, 2015; SANTANA, 2010).
Com o advento do modelo de família moderna patriarcal, entre os séculos XVII e XIX,
o papel da mulher na sociedade foi destinado ao mundo privado e doméstico, e o do homem à
vida pública. Os cuidados relativos ao exercício da maternidade estavam diretamente ligados
às mulheres por terem a capacidade biológica de gerar filhos (GRADVOHL et al. 2014;
PATIAS, BUAES, 2012). Nesse sentido, a maternidade passou a ser um papel social imposto
às mulheres desde a infância, e considerada como um caminho para a realização pessoal. O
exercício da maternidade envolveria uma vida de sacrifícios em favor dos filhos, no qual o
amor e o cuidado são aspectos vistos como características inatas sobre as vidas femininas
(PATIAS, BUAES, 2012; MATTAR, DINIZ, 2012; GRADVOHL et al. 2014). Tais
representações são constituídas por obrigações morais, de modo que as mães que não

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correspondem a estes valores são culpabilizadas e descriminadas. A figura das boas mães é
caracterizada pelo amor incondicional aos filhos, a docilidade, o recato e o desprendimento de
si mesma. Esses valores atribuídos a elas fomentam o mito do instinto materno, a partir do qual
a maternidade seria uma tendência natural e inata ao feminino (PATIAS, BUAES, 2012;
SANTANA, 2010; SANTOS, 2010). Em contraponto à ideia de instinto materno, partimos da
percepção da maternidade como um fenômeno social em que as
relações sociais extrapolam o sentido biológico de gestar e parir,
podendo ser visibilizada por vínculos sociais e relações de parentesco
que não se fundam em laços sanguíneos. É portadora de múltiplos
sentidos que se articulam com o contexto, a trajetória da mulher, sua
sexualidade, desejo ou não de maternidade, a construção das
identidades e reconhecimento social (SOARES, 2010, p.6).
A família nuclear formada por pai, mãe e filhos começa a sofrer alterações, entre as
décadas de 1970, 80 e 90, quando mais famílias passaram a ser chefiadas por mulheres. As
principais mudanças referem-se à saída das mulheres de classe média para o mercado de
trabalho, educação dos filhos, controle da natalidade e legalização do divórcio (NEVES, 2008,
TERUYA, 2016). As tecnologias contraceptivas proporcionaram a separação entre a
experiência da sexualidade e da reprodução, o que rompeu com o determinismo biológico da
relação sexual voltada apenas para a reprodução. Além disso, a contracepção possibilitou às
mulheres um maior o poder e autonomia sobre seus corpos (GRADVOHL et al. 2014; LOURO,
2000; SANTANA, 2010). Nas organizações familiares que não correspondem a um modelo de
pai, mãe e filhos, abre-se a questão do exercício da maternidade entre duas mães que fomentam
problematizações sobre as funções paternas e maternas. Que nestes relacionamentos constroem
maior flexibilidade entre esses papéis (GRADVOHL et al. 2014; LIRA et al. 2015).
Com o crescimento dos movimentos feministas, as mulheres lésbicas engajaram-se na
luta não apenas como homossexuais, mas como mulheres, iniciando o feminismo lésbico, no
final dos anos 1960. O grupo lésbico reivindicava a sua presença no movimento e o debate
sobre as questões de gênero que eram restritas a relação de homens e mulheres, com a proposta
da criação de uma Comissão de Direitos Humanos para Gays e Lésbicas. Já em 1970, ocorreu
o baby boom lésbico, em que mulheres lésbicas entre 30 a 45 anos, com suas companheiras,
decidiam cuidar de uma criança por meio de adoção ou gravidez. Com maior aceitação social
da lesbianidade, estudos e conferências discutiram as novas formas de família com duas mães,

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discussões também presentes no VII Encontro Brasileiro de Homossexuais de 1993 (SOUZA,
2005).
No momento histórico em que as famílias brasileiras alcançaram novas configurações,
há uma efervescência dos movimentos sociais no Brasil, considerando o momento de
redemocratização do país durante a década de 1980. Destacamos o movimento de lésbicas,
gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) e os movimentos feministas que marcaram
uma revolução sexual e cultural das mulheres. Como consequência, as mulheres começaram a
sair do espaço doméstico para ocupar lugares públicos, de modo a romper com um padrão
moral vigente que estruturava a organização familiar (SANTANA, 2010). Nota-se a crescente
obtenção de direitos referentes à liberdade de expressão das sexualidades e gêneros, de modo
a não restringi-los a uma esfera moral e privada (DUARTE, 2014; MATTAR & DINIZ, 2012;
MELLO, BRITO E MAROJA, 2012).
Atualmente, observamos a tentativa do movimento LGBT pela formulação dos direitos
sexuais desde 1990, como meio de tornar a orientação sexual e identidade de gênero categorias
livres de discriminação e violência. A questão que envolve a livre expressão sexual foi colocada
em pauta em 1994, na Conferência Mundial de Desenvolvimento, em Cairo, diante da epidemia
da Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) no Brasil. Assim, os direitos sexuais são
explicados como a livre vivência sexual e expressão dos gêneros, de forma saudável e segura,
sem discriminações, preconceitos, estigmas, coação e violências (DUARTE, 2014; MATTAR,
DINIZ, 2012).
Dentre as conquistas da luta dos movimentos feministas e do movimento LGBT,
podemos destacar a concepção da equidade entre os gêneros que mesmo não acontecendo no
cotidiano das práticas discursivas está descrita na Constituição Brasileira de 1988 art. 226,
parágrafo 5º (BRASIL, 1998). Além disso, em 2013, o Tribunal de Justiça aprovou, o ato
normativo, em que é reconhecido legalmente o casamento entre casais homossexuais
(BRASIL, 2013). Diante da aquisição de direitos desses movimentos, elencando as questões
de gênero e sexualidade como uma demanda pública, políticas sociais surgiram considerando
as especificidades das mulheres lésbicas.
A década de 1990 foi marcada por um crescimento do movimento lésbico no Brasil.
Aconteceu a realização do I Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) no Rio de Janeiro, em
1996, originado dos projetos e instituições coordenados por mulheres lésbicas no município. O

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Seminário partiu do objetivo de construir um lugar para tratar de questões específicas da
lesbianidade. Em 2003, foi constituída a Liga Brasileira de Mulheres Lésbicas como um
movimento social de mulheres lésbicas feministas, promovido por meio de discussões e
encontros no III Fórum Social Mundial (MARCELINO, 2011; PIASON, 2013). Surgiram
conferências, estudos e campanhas que evidenciavam a segregação, patologização, exclusão
social da comunidade LGBT. Isso tem possibilitado desnaturalizar as violências que as
mulheres lésbicas estão suscetíveis devido às ideologias homofóbicas.
Recentemente, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde Integral
LGBT, especificando a realidade social e as demandas das mulheres lésbicas em prol de
promover a saúde integral destas pessoas (BRASIL, 2013). Entretanto, estudo de Silva e Soares
(2013) mostra que os trabalhadores que atuam na saúde pública não estão preparados para
atender as demandas específicas das mulheres lésbicas. Os autores apontam que as práticas dos
profissionais estão permeadas por ações preconceituosas e dirigidas para um modelo
heterossexual. Verifica-se dificuldade da incorporação das diretrizes da política na atuação
profissional. De modo que, as demandas de saúde do público de lésbicas são (in)visibilizadas
em um espaço que não oferece abertura para a discussão sobre outras formas de sexualidades
e maternidades que não correspondem ao modelo composto por pai, mãe e filhos.
Mello et. al (2012) assinalam que as políticas públicas direcionadas para a população
LGBT ainda são incipientes. Ademais, estas lutas perpassam discussões permeadas por
discursos moralistas e religiosos na comunidade civil e na política brasileira; o que parece
acarretar o imobilismo do Congresso frente às reivindicações da população LGBT
(CARRARA, 2010; MELLO et.al., 2012). A realidade revela a existência da discriminação e
preconceito, reproduzidas em práticas de opressão que acarretam em inúmeras violações dos
direitos humanos das mulheres lésbicas. Apesar das transformações promovidas pelos
movimentos sociais frente aos direitos das mulheres, os contextos político, econômico,
ideológico e cultural brasileiros, (in)visibilizam as demandas da lesbianidade. Faz-se
necessária, portanto, a criação de políticas públicas e uma transformação social e política que
promova e garanta os direitos desse público (DUARTE, 2014; MATTAR, DINIZ, 2012).
Para a construção do presente projeto, fez-se necessário o diálogo interdisciplinar entre estudos
das ciências humanas que abarcassem o retrato social da maternidade vivenciada pelas
mulheres lésbicas. Além da riqueza que provém esta interação, percebe-se a escassez de

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estudos sobre a temática nas ciências psicológicas. Pesquisa realizada por Borges et. al (2013),
retrata a defasagem de discussões sobre gêneros e sexualidades nas grades curriculares dos
cursos de psicologia. Nos programas de pós-graduação, Stricto Sensu, no entanto, percebe-se
uma abertura e criação de disciplinas voltadas para estas temáticas na última década. Na
história da ciência psicológica, derivada de um modelo médico, houve uma prevalência da
análise das categorias gênero e sexualidade como identidades sexuais fixas, de caráter inato e
natural, discutidas enquanto um fenômeno biológico ou com um aspecto da psicologia
individual. Percebemos que a Psicologia enquanto área de produção de saberes, na
contemporaneidade, começou a revisitar suas práticas e epistemologias para romper com uma
visão de sujeito a-histórico, isolado da sua cultura. No entanto, estudos que compreendem os
marcadores gênero e sexualidade por meio de uma perspectiva feminista, histórica e não
essencialista ainda são marginais (BORGES, 2009; BORGES et. al., 2013; MELO,
BARRETO, 2014; NARVAZ, KOLLER, 2007; NARVAZ, 2009).

METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa de campo, que será realizada no sudoeste goiano, com caráter
qualitativo. A pesquisa qualitativa se caracteriza como ferramenta de exploração e
compreensão dos significados, individuais e coletivos, sobre a vida cotidiana dos sujeitos de
acordo com o problema social investigado (CRESWELL, 2010; GERHARDT, SILVEIRA,
2009). Construir uma pesquisa qualitativa no campo da Psicologia é um modo de reconhecer
que as subjetividades e as vivências são uma construção discursiva (SANTOS et. al, 2018).
Nesse sentido, utilizaremos entrevistas narrativas por meio de histórias de vida, de modo a
viabilizar o acesso à experiência da maternidade vivenciada pela mulher lésbica.
A utilização de narrativas de vida consiste em um método e objeto de análise discursiva.
As entrevistas narrativas são empregadas no contexto das pesquisas (auto)biográficas como um
meio de entrar em contato com a dimensão subjetiva da experiência de vida das pessoas. A
narração se estrutura na forma de uma ação que abarcará na fala uma sequência de
acontecimentos (BAUER, 2003; FLICK, 2004; SANTOS et. al, 2018).). Toda narrativa de vida
constitui uma experiência individual e coletiva do participante, pois a vida do sujeito é
atravessada pela cultura, a sociedade, os sistemas econômicos e o momento histórico o qual
está inserido. Contar sobre a história de vida está para além de uma descrição simplificada dos

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fatos vividos, pois corresponde a um lugar de reconstrução de significados que pode fomentar
transformações sociais e fortalecer discursos de resistência (SANTOS et. al, 2018).
Este estudo parte do foco de compreender o ser mãe e o ser mulher experienciado pelas
mulheres lésbicas diante de um modelo heteronormativo, considerando o contexto econômico,
social, cultural e histórico no qual estão inseridas. Para tanto, investigaremos a construção da
identidade das mulheres lésbicas e mães como um discurso de resistência. Ademais, a
pesquisadora realizará uma análise sobre os principais aspectos das maternidades no Brasil e
os elementos sociais, históricos, culturais e ideológicos presentes nas representações do
feminino.

Procedimentos metodológicos
A amostra será composta por cinco mulheres lésbicas e mães, maiores de dezoito anos,
que tiveram filhos biológicos em relacionamentos heterossexuais e posteriormente se
declararam lésbicas. Ou seja, além do critério de inclusão/exclusão ser a idade, a escolha pela
maternidade também será um critério. Isso implica que não incluiremos mulheres que foram
engravidadas contra a sua vontade, como acontece em estupros. A divulgação da pesquisa para
o levantamento de possíveis participantes se dará via redes sociais em grupos de discussão
voltados para esse tema As entrevistas ocorrerão de forma presencial nas salas do Serviço de
Psicologia Aplicada – SPA da Universidade Federal de Goiás, campus Jataí, e registradas por
meio de áudio gravação e, em seguida, transcritas na íntegra. O projeto de pesquisa será
submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa via Plataforma Brasil.
A entrevista narrativa é uma entrevista aberta, ou seja, não existe um roteiro de
perguntas, e será dividida em quatro momentos. Inicialmente, a pesquisadora irá preparar as
participantes para o momento da entrevista, estabelecendo um rapport e propondo, em seguida,
a seguinte questão gerativa da narrativa: “gostaria que você me contasse sobre a sua história de
vida”. No segundo momento, as participantes contarão sobre a sua história de vida. A entrevista
poderá ser realizada em mais de um encontro, de acordo com a necessidade das mulheres
entrevistadas. A pesquisadora não interromperá o relato das participantes, ouvindo de forma
empática e estimulando-as. O pressuposto é que as entrevistadas se sintam confiantes e
espontâneas para falar, sem interrupções externas. No terceiro momento, ao final da entrevista,
a pesquisadora retornará com perguntas mais específicas em pontos da narração que não

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ficaram claros acerca do problema de pesquisa. Ou seja, as possíveis perguntas que serão feitas
ao final estão ligadas à forma como a narrativa será feita pela participante e não são perguntas
elaboradas a priori. No último momento, após desligar o gravador, a pesquisadora estará aberta
para ouvir e anotar novos relatos das entrevistadas (BAUER, 2003; FLICK, 2004). As
informações obtidas terão caráter sigiloso. A qualquer momento, durante a execução da
pesquisa, as pessoas poderão desistir da participação sem prejuízos.
A pesquisa se desenvolverá em dois anos, dividida em duas etapas. Primeiramente, será
realizada uma revisão bibliográfica sobre os principais aspectos que envolvem as maternidades,
as representações do feminino, discursos hegemônicos e de resistência. Em segundo, ocorrerá
a obtenção dos dados por meio das narrativas, que serão analisadas de acordo com os
pressupostos dos estudos feministas, por meio das autoras: Heleieth Saffioti; Judith Butler;
Guacira Lopes Louro; Donna Haraway; Monique Wittig; Adrienne Rich, Joan Scott e Gayle
Rubin, dentre outras. O uso das narrativas é valorizado nas investigações feministas,
considerando a construção de um espaço profícuo para o compartilhamento de experiências
dos modos de ser mulher. Esse espaço possibilita a reformulação de significados do cotidiano
feminino e um lugar de escuta e não-silenciamento (SANTOS et. al. 2018). Ademais, como
referencial de análise, será utilizado os pressupostos da Análise Crítica do Discurso (ACD),
com destaque para os estudos de Norman Fairclough, e os pressupostos da Psicologia Social
sobre identidade social.

RESULTADOS ESPERADOS
Tal estudo pretende construir um lugar de escuta e diálogo sobre os significados das
maternidades e sexualidades, e como as mulheres lésbicas (re)significam suas histórias diante
do fato de a lesbianidade ainda ocupar um espaço de invisibilidade e silêncio na sociedade
contemporânea (PIASON, 2013; PIASON, STREY, 2012). Diante disso, é necessário
desnaturalizar as representações sociais e históricas em que a dominação masculina e a
heterossexualidade são dadas como únicas e verdadeiras. Espera-se que esse espaço de escuta
proporcione um lugar de ressignificação e reflexão das histórias de vida dessas mulheres, além
de evidenciar o processo de se tornar mãe e mulher em um sociedade que determina única
forma de ser e se relacionar. Além disso, pretende-se construir um lugar de compartilhamento
de experiências dos modos de ser mulher que possibilite a reformulação de significados do

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cotidiano feminino, de forma a fomentar transformações sociais e fortalecer discursos de
resistência.

CRONOGRAMA

Mês inicial: Mês inicial: Mês inicial: Mês inicial: Mês Mês inicial: Mês incial:
Mar. 2018 Abr. 2018 Set. 2018 Jan. 2019 inicial: Set.2019 Mar. 2020
Mês final: Mês final: Mês final: Mês final: Mar. Mês final: Mês final:
Abr. 2020 Set. 2018 Abr. 2020 Mar. 2019 2019 Set.2019 Abr.2020
Mês final:
Set.2019
Revisão Elaboração Escrita da Obtenção Análise Qualificação Defesa da
Literária do projeto de Dissertação dos dados dos dados da Dissertação
pesquisa Dissertação

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