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TESTES DE AVALIAÇÃO

UNIDADE 3: FARSA DE INÊS PEREIRA


NOME: DATA N.º TURMA

TESTE DE EDUCAÇÃO COTAÇÃO: 200


LITERÁRIA pontos

PARTE A (30 pontos)

1. Estabelece a correspondência entre as frases de modo a obteres afirmações verdadeiras


sobre Gil Vicente e a sua época.

1. Gil Vicente, nasceu por volta de 1465, e… a......em castelhano e português.

2. Desempenhou um importante papel na corte b.......apresenta características medievais e renas-


de D. Manuel, tendo sido… centistas.

3. Escreveu autos, comédias e farsas em… c.....apresentou a sua primeira peça em 1502.

4. Considerado um escritor de transição, a d.......autos, farsas e alegorias.


obra de Gil Vicente…
e.......responsável pela organização de festas
5. O teatro de Gil Vicente, através da palacianas.
sátira, pretende…
f........denunciar os vícios e costumes de uma épo-
6. A obra vicentina pode agrupar-se em… ca em mudança.

Parte B (120 pontos)

Lê o excerto da obra Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, e responde às questões apresentadas.

Fica fechada Inês Pereira e lavrando canta:


Quem bem tem e mal escolhe
por mal que lhe venha nam s’anoje.

Falando: Renego da discrição


comendo ò demo o aviso,
5 que sempre cuidei que nisso
estava a boa condição.
Cuidei que fossem cavaleiros
fidalgos e escudeiros,
nam cheos de desvarios,
10 e em suas casas macios,
e na guerra lastimeiros1.
Vede que cavalaria

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vede já que mouros mata


quem sua molher maltrata
15 sem lhe dar de paz um dia.
Sempre eu ouvi dizer
que o homem que isto fizer
nunca mata drago em vale2
nem mouro que chamem Ale
20 e assi deve de ser.
Juro em todo meu sentido
que se solteira me vejo,
assi como eu desejo,
que eu saiba escolher marido.
25 À boa fé, sem mau engano,
pacífico todo o ano
e que ande a meu mandar.
Havia-m’eu de vingar deste
mal e deste dano.

Entra o Moço com ũa carta, e diz:

30 Moço – Esta carta vem dalém,


creo que é de meu senhor.
Inês – Mostrai, cá meu guarda mor,
e veremos o que i vem.

Sobrescrito: À senhora mui prezada


Inês Pereira da Grã,
35 à senhora minha irmã em
Tomar3 lhe seja dada.
De meu irmão. Venha embora.
Moço – Vosso irmão está em Arzila
eu apostarei que i vem
40 nova de meu senhor também.
Inês – Já ele partiu de Tavila?
Moço – Há três meses que é passado.
Inês – Aqui virá logo recado
se lhe vai bem, ou que faz.
45 Moço – Bem pequena é a carta assaz.
Inês – Carta de homem avisado.
As Obras de Gil Vicente, vol. II, dir. cient. José Camões, Lisboa, Centro de Estudos de Teatro da FLUL e INCH, 2002

Vocabulário:
1 lastimeiros – cruéis. 3 Tomar – local onde se desenrola a ação.
2 nunca mata drago em vale – nunca pratica feitos.

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2. Integra o excerto na estrutura interna da obra.

3. Apresenta a perspetiva de Inês em relação aos Escudeiros, justificando a tua resposta com
expressões textuais.

4. Refere a decisão de Inês, perante a situação em que se encontra, apresentando os elementos


textuais que comprovam a tua resposta.

5. Partindo do teu conhecimento da obra, explicita de que forma o conteúdo da carta que Inês
recebeu permite o evoluir da ação.

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Parte C (50 pontos)

O cómico é uma presença constante nas obras de Gil Vicente e, como tal, também está presente
na Farsa de Inês Pereira.

Escreve uma exposição entre 120 e 150 palavras sobre a forma como Gil Vicente utiliza, na
Farsa de Inês Pereira, o cómico para denunciar/criticar os costumes da época.

A tua exposição deve respeitar os seguintes tópicos:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual refiras dois tipos de cómico presentes na obra em questão e
expliques a forma como estão ao serviço da crítica;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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SOLUÇÕES

Parte A
1. c.; 2. e.; 3. a.; 4. b.; 5. f. 6. D

Parte B
2. Após o casamento com Inês, Brás da Mata parte para o Norte de África deixando-a fechada em casa e vigiada pelo Moço. Assim,
neste excerto, encontramos Inês sozinha a lamentar-se da sua sorte, uma vez que casou com o homem que tinha idealizado mas
não conseguindo a liberdade que desejava.
3. Antes do casamento, o Escudeiro mostrou-se delicado, meigo, atencioso. Contudo, após o casamento, revelou-se um homem cruel
e tirano na medida em que impediu Inês de cantar e de sair de casa. Desta forma, Inês percebeu que foi enganada pelo marido, uma
vez que para ela, os Escudeiros deviam ser «em suas casas macios e na guerra lastimeiros».
4. Revoltada com a situação em que se encontra, Inês jura que se fosse de novo solteira («Juro em todo meu sentido / que se
solteira me vejo») escolheria um outro homem para marido, um que fosse dócil e que lhe fizesse todas as suas vontades («À
boa fé, sem mau engano, / pacífico todo o ano / e que ande a meu mandar.»)
5. Na carta que recebeu, Inês toma conhecimento da morte do marido no Norte de África. Desta forma, vendo-se
novamente solteira, Inês tem a oportunidade de escolher um marido que correspondesse às suas necessidades. É assim que Inês aceita
casar com Pero Marques, o pretendente que tinha rejeitado e no qual ela reconhece as características ideais para a sua nova vida.

Parte C
Tópicos de resposta:
Cómico de caráter:
– Escudeiro no seu discurso galanteador e elegante quando na verdade não passa de um cobarde, pobre e com manias de grandeza;
– Pero Marques com a sua simplicidade e ignorância não está ao nível de Inês, mas promete não casar senão com Inês.

Cómico de situação:
– quando Pero Marques não sabe para que serve uma cadeira e se senta ao contrário;
– quando no episódio final, Pero Marques carrega Inês às costas.

Crítica evidenciada:
– crítica aos Escudeiros que vivem de aparências;
– crítica aos ingénuos que, desconhecendo as regras de convivência social se deixam manipular pelos outros.

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