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A ventilação natural e o

projeto. Princípios e funções


da ventilação. Exemplos.
A VENTILAÇÃO NATURAL
• A ventilação significa o processo de suprimento
de ar por meio natural ou mecânico.
• Quando há movimento do ar, em um ambiente,
através de aberturas intencionalmente dispostas
e sem a utilização de energia ativa, diz-se que há
a ventilação natural.
A VENTILAÇÃO NATURAL
• Resolver adequadamente e de forma
passiva a ventilação em uma edificação
significa conhecer:
– exigências dos usuários (higiene, conforto);
– as características climáticas da região e do
entorno;
– características construtivas (sistema,
materiais e componentes).
Clima Quente e
Úmido

- Habitações
leves e
permeáveis
aos ventos.
- Disponibilidade
de ventilação
natural.
Clima Quente e
Seco

- construções
compactas e
impermeáveis
ao vento seco,
- pequenas
aberturas
FUNÇÕES DA VENTILAÇÃO
• exigências relativas à higiene,
saúde e segurança;
• exigências relativas ao
conforto higrotérmico dos
usuários;
• exigências relativas à durabilidade
dos materiais e componentes de
uma construção.
• É sensato prever algum esquema de
ventilação mecânica para fazer frente aos
períodos de calmaria.

• Eles devem ser usados esporadicamente


e seu baixo consumo de energia propicia
um sistema auxiliar altamente eficiente
para complementar os processos de
resfriamento passivo.
Princípios e fatores da
ventilação natural
• - o ar em movimento possui inércia, como
qualquer corpo em movimento, ou seja,
continua na mesma direção até encontrar
interferência;
• - o ar em movimento produz fricção quando
entra em contato com outros corpos. Esta
fricção tende a reduzir a velocidade do ar;
• - o ar é movido por diferenças de pressão, ou
seja, de zonas de alta para zonas de baixa
pressão.
• Gradiente do vento
Ao analisar o vento, a partir da dinâmica dos fluidos, vemos que o gradiente de
velocidade tem comportamento logarítmico, justificado pela viscosidade
(capacidade de escoar) da matéria. Quanto maior a altura, maior a velocidade do
vento.
• Efeito da capacidade térmica
– Brisas mar → terra (brisas marinhas).

– Brisas terra → mar (terral).

Brisas diurnas e noturnas. Fonte: Adaptado de Boutet, 1987.


• Influência da topografia
– Efeito do perfil geográfico.

Efeito do perfil da encosta no padrão do vento. Fonte: Adaptado de Aynsley et al, 1977.

– Efeito dos vales (brisas


noturnas e zonas de
estagnação).
– Efeito das montanhas
(a barlavento e a
sotavento).
Os vales podem propiciar a formação de ar estagnado.
VENTILAÇÃO E PROJETO
• Dados meteorológicos do vento - dados
horários necessários:
– Direção
– Freqüência
– Velocidade
– Períodos de calmaria
• Objetivos:
– Conhecer a oscilação nas características do vento, ao
longo do dia e do ano, para avaliar o potencial de uso
da ventilação natural como estratégia de projeto.
• Zonas de conforto e linhas de
ventilação.

Carta biclimática. Fonte: Lamberts et al, 1998.


Ambientes que captam o vento
http://arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/tecnologia-
membrana-fachada-bioclimatica-arena-pantanal
http://arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/eco
eficiencia---proposta-sustentavel
Ventilação no
exterior de ambientes
• A edificação, como volume, gera fluxos de ar ao redor de si.
• O vento, ao chocar-se com esse volume, tende a manter a
trajetória anterior depois de ter sido desviado.
• tende a formar, a sotavento, uma massa de ar estagnado de
baixa pressão, formando um redemoinho, que é denominado
de cavidade, sombra de vento ou zona de sucção.
• A superfície do solo tem
alta influência na
velocidade de vento.
• Sob circunstâncias
ideais, a influência da
superfície terrestre (solo)
causa vetores de
velocidade de vento em
camadas sucessivas, até
uma camada superior na
qual a fricção não mais
produz efeito no vento.
Ventilação nos espaços exteriores

• Configuração do conjunto edificado:


– Arranjos com distribuição ortogonal

Fluxo do vento em torno de edifícios com diferentes arranjos.


Ventilação nos espaços exteriores

• Configuração do conjunto edificado:


– Fluxo do vento em assentamentos com distribuição
em "tabuleiro de xadrez".

Fluxo do vento para assentamento em “tabuleiro de xadrez”.


Efeitos Princípios de Controle

Efeito Pilotis: fenômeno de corrente Orientação paralela ao vento


de ar sob o edifício. A entrada de ar predominante; base dos edifícios
se faz de forma difusa, mas a saída é com vegetação ou construções;
a jato. aumento da porosidade do
edifício.

Efeito Esquina: fenômeno de Arredondamento dos cantos,


corrente de ar nos ângulos das adensamento com vegetação ou
construções construções próximas.

Efeito Barreira: fenômeno de Barreiras ortogonais com pelo


corrente de ar com desvio em espiral menos duas vezes as alturas dos
edifícios; espaçamento adequado
entre construções

Efeito Venturi: fenômeno de Adensamento do entorno,


corrente formando um coletor dos abrindo ou fechando o ângulo
fluxos criados pelas construções crítico;
projetadas em um ângulo aberto ao
vento.

Efeito de canalização: fenômeno de Traçado urbano sob incidência


corrente de ar que flui por um canal a entre 90° e 45°; afastamento das
céu aberto formado pelas construções construções; espaçamento entre
edificações.
Ventilação nos espaços exteriores

• Forma e tipologia dos edifícios:


– A dimensão da esteira varia em função da direção
dos ventos e da forma do edifício.

Comportamento de ar em torno em “L”e em “U”. Fonte: Evans, 1979 e Boutet, 1987.


VEGETAÇÃO E FLUXO DE AR
• obstrução: bloqueio do
fluxo de ar;
• deflexão: desvio da direção
do fluxo de ar e,
conseqüentemente, de sua
velocidade;
• filtragem: redução da
velocidade do vento
conforme a permeabilidade
da barreira;
• condução: direcionamento
do fluxo de ar, modificando
sua velocidade
VENTILAÇÃO NO
INTERIOR DE AMBIENTES
Ventilação natural por diferença
de temperatura
• Baseia-se na diferença entre
as temperaturas do ar
interior e exterior
provocando um
deslocamento da massa de
ar da zona de maior para a
de menor pressão.
• Quando, nestas condições,
existem duas aberturas em
diferentes alturas, se
estabelece uma circulação de
ar da abertura inferior para a
superior, denominada efeito
chaminé.
Efeito chaminé
• não é muito eficiente:
– em casas térreas pois depende da diferença
entre as alturas das janelas;
– para climas quentes, especialmente no verão,
já que depende, também, das diferenças
entre a temperatura do ar interior e exterior.
• Neste caso, deve-se dar maior
importância à ventilação dos ambientes
pelo efeito do vento.
Ventilação natural por
forças aeromotivas

• É o resultado das diferenças de pressão que


ocorrem na edificação:
– Zonas de alta pressão (barlavento)
– Zonas de baixa pressão (sotavento)
• São determinadas pela GEOMETRIA DA
EDIFICAÇÃO
• Localização das
aberturas:
– Efeito da localização das
aberturas de entrada em
edifícios baixos.

Efeito da localização das aberturas


numa edificação térrea. Fonte: Olgyay, Efeito da localização das aberturas em paredes adjacentes.
1963 e Evans, 1980. Fonte: Givoni, 1976.
• Localização das aberturas

Efeito da localização do shed em edificações. Fonte: Gandemer et al, 1992.


• Tipologia das
aberturas
• A tipologia das
aberturas depende,
além da
necessidade de
ventilar, dos
diversos
requerimentos
envolvidos no
projeto: iluminação
natural, insolação,
chuva, privacidade,
segurança, vista,
etc. Janelas venezianas em Maceió/AL e
Alcântara/MA.
Tipologias básicas de janelas
Tipologias básicas de janelas
• Tipologia das aberturas

O "peitoril ventilado" constitui-


se em uma solução
interessante, especialmente
quando chuvas e segurança
são fatores preponderantes,
e quando ventilar as zonas
mais baixas dos ambientes
se constitui em requerimento
essencial (ex: quartos).
• Projeções verticais:
– Projeções verticais podem ser usadas para alterar os campos de
pressão em torno das aberturas, modificando o padrão da ventilação.
Podem funcionar também como captadores de vento horizontais.

Componentes verticais afetam o conjunto de pressões desenvolvidas na


entrada do ar, alterando o padrão de distribuição do fluxo do ar. Fonte:
Koenigsberger et al, 1976.
• Projeções verticais:
– Em construções baixas, o efeito de projeções
verticais pode ser significativo, dependendo da
posição e tamanho da projeção, bem como da
direção do vento.
– A ventilação pode ser incrementada em função
do aumento da diferença de pressão criada por
essas projeções; mas posições inadequadas
podem obstruir os ventos dominantes.

Projeções verticais podem interferir no fluxo de ar. Fonte: Fleury, 1990.


• Projeções horizontais
• As projeções horizontais mais comuns são: beirais, marquises,
brises horizontais e varandas.

Efeito das projeções horizontais no fluxo de ar nos edifícios.


– Marquises ou
brises horizontais
logo acima das
aberturas
redirecionam o
fluxo para o teto
pois eliminam o
componente que
direcionaria o fluxo
para a parte mais
baixa do ambiente.
• Um pequeno
afastamento da
projeção horizontal
restaura parte do
padrão existente
antes da mesma ser Efeito das projeções horizontais no fluxo de
colocada. ar no interior dos ambientes. Fonte: Olgyay,
1963 e Bowen, 1981.
• Efeito da divisão do espaço interno
– Paredes internas podem modificar a circulação do
ar no interior dos ambientes, e até mesmo reduzir
consideravelmente a velocidade do ar.

As divisões do espaço interno afetam a configuração do fluxo de ar. Fonte: Givoni, 1976.
A inserção de captadores de
vento no corredor central
contribui para a ventilação dos
ambientes localizados à
sotavento. O mesmo
dispositivo pode incrementar a
ventilação nas salas à
sotavento quando utilizados
como exaustores.

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