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REPÚBLICA DE ANGOLA

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MINISTÉRIO DO INTERIOR
SERVIÇO DE PROTECÇÃO CIVIL E BOMBEIROS

GRUPO TÉCNICO PARA REFORMA CURRICULAR DO CURSO DE BOMBEIRO


SAPADOR

RELATÓRIO DAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

1 INTRODUÇÃO
O Presente relatório tem como objectivo apresentar o balanço das acções
desenvolvidas no âmbito do grupo técnico criado por Despacho nº
124/GAB.C.SPCB/2021, de 07 de Dezembro, para reforma curricular do curso
de Bombeiro Sapador, visando uma revisão pontual para a melhoria contínua
dos resultados das aprendizagens técnico-científico.

O Grupo Técnico realizou várias sessões de trabalhos, durante os meses de


Dezembro, Janeiro e Fevereiro. Inicialmente foi feito a recolha dos documentos
reitores do curso de Bombeiro Sapador, isto é, os programas das disciplinas,
conteúdos, métodos de ensino, técnicas, sistemas de valores, conhecimento,
princípios, acções, avaliação de conhecimento, o redimensionamento e a
restruturação do plano pedagógico do curso em referência.

O trabalho realizado pela comissão técnica obedeceu a seguinte subdivisão:

Para o melhor funcionamento e dinamismo criou-se a subdivisão da comissão


estando assim composta subcomissões a técnica de execução e a de
supervisão e apoio. Ambas conceberam as linhas de actuação onde ficou
decidido as reuniões sistemáticas semanais que permitiu a melhor análise dos
documentos e das componentes do processo do ensino e aprendizagem.

Subcomissão técnica a qual criou-se à equipa de trabalho constituída pelos


Chefes de Departamentos das seguintes Direcções: Prevenção, Extinção,
Salvamento e Resgate e Redução de Riscos de Desastres, Educação
Patriótica, Recursos Humanos, Departamentos provinciais e Chefes das
Cátedras e integração de alguns instrutores da ENB de reconhecido mérito
com a seguinte tarefa.

1. Análise do programa do Curso de Bombeiro Sapador;


i. Grelha Curricular do Curso;
ii. Carga Horária;
iii. Perfil do Instrutor;
iv. Meios técnicos e didáctico-pedagógicos para a instrução;
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Subcomissão de Supervisão composta pela coordenação geral e os Chefes
das Direcções de acordo a composição inicial do Despacho que cria a
comissão. Que analisou os aspectos estruturantes do curso e de suporte ao
curso de Bombeiro sapador mormente:

 Autonomias Científica ENPCB;


 Autonomia Pedagógica ENPCB;
 Autonomia Administrativa;
 Autonomia Financeira da ENPCB;
 Processo de capacitação permanente do instrutor;
 Perfil de entrada e saída dos instruendos;
 Categoria dos Instrutores;
 Insucesso e sucessos formativos.

2. Resultados do processo de análise e discussão


Por se tratar de um grupo técnico, foi necessário dirigir os trabalhos de forma
aberta, a fim de que os integrantes se sentissem mais à vontade para exprimir os
seus pensamentos sobre a problemática da formação do Bombeiro Sapador.

Durante a vigência das subcomissões foram levantadas sessões que permitiu


analisar sem subjectividade e com maior profundidade a malha curricular, dos
programas das disciplinas fazendo uma análise SWOT “FOFA” que possibilitou
identificar os pontos fortes, fracos, as ameaças, transformá-las em Oportunidades e
como novidades deste documento em forma de proposta.

I. Pontos fracos:

Insuficiência carga horária lectiva;


Falta de revisão sistemática do Currículo de acordo as normas vigentes
no país num período não superior a 5 anos;
Falta de superação, capacitação e formação sistemática no âmbito da
formação contínua “permanentemente” dos instrutores;
Falta de regente das disciplinas específicas, gerais e transversais;
Falta Autonomia Financeira;
Falta de um Estatuto orgânico ENPCB;
Falta de um Regulamento Formativo;
Falta de um Projecto Pedagógico Científico e Cultural da Escola;
Insuficiências de conteúdos
Deslocamentos de conteúdos em algumas disciplinas curriculares,
principalmente naqueles que integram os domínios dos conhecimentos
específicos.

II. Pontos fortes:

 Existência um currículo que vincula os princípios científicos;


 Existência das tendências pedagógicas;

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 Observância ao princípio da flexibilidade do currículo;
 Existência de uma escola apesar de não ser a desejada
 Possui um corpo de Instrutor jovem com predisposição de aprender;
 Localização geográfica;
 Existência de Quartel Escola;
 Sistema de cooperação com as escolas congéneres do MININT e das
FAA;

III. Ameaças:
a. Base material de estudo Maior,
i. Infra-estrutura degrada;
ii. Insuficientes salas de aulas;
iii. Falta de serviços de apoio à Instrução;
iv. Falta de polígonos de instrução na formação básica militar;
v. Falta de polígonos de extinção de incêndios;
vi. Falta de polígonos de preparação física;
vii. Falta de polígonos de apoio a formação na área de resgate e
salvamento;
viii. Falta de polígono de condução;
ix. Falta de laboratórios forense de incêndios;
x. Falta de laboratório informático;
xi. Falta de uma biblioteca;
xii. Falta de um centro de línguas;
xiii. Falta de um refeitório funcional;
xiv. Falta de cozinha condigna;
xv. Falta de balneário para os formandos;
b. Base material de estudo menor.
i. Detioração do material de apoio a instrução pelo tempo de vida útil;
ii. Faltas de viaturas de combate e extinção de incêndio para a instrução;
iii. Falta de ambulância Vital Básica para apoio a Instrução;
iv. Falta de viatura de descontaminação de ambientes contaminados para
apoio a instrução;
v. Falta de viaturas de resgate para apoio a instrução;
vi. Projectores nas salas de aulas;
vii. Computadores nas salas de aulas e nas áreas;
viii. Manuais de apoio;
ix. Meios técnicos de apoio as aulas em todas as especialidades;
x.
3. Analise dos meios, equipamentos ou materiais de ensino

Considerando que o presente grupo técnico foi criado para reformular o curso de
Bombeiro Sapador, sendo que o ensino não é somente ter um bom currículo
pedagógico, mas é sempre acompanhado com a boa capacitação do instrutor e que
este tenha consigo um conjunto de meios, equipamentos ou materiais de ensino
que visam essencialmente facilitar na apreensão e ensino do conteúdo. Deste feita,
foi feito uma análise da base material de estudo (BME) da ENB e as ferramentas à
disposição do instrutor para que a formação decorra sem sobressaltos, no entanto
foram detectadas as seguintes situações:

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 A Escola Nacional não dispõe de um polígono de treinamento, o que tem
contribuído para que a maioria das aulas sejam teóricas, ao invés de
práticas. De acordo com os princípios da Andragogia - ciência de orientar os
adultos a aprender, o ser humano retém 10% do que lê, 20% do que escuta,
30 % do que vê, 50% do vê e escuta e 80% do vê, ouve e logo prática
(BEZERRA, P.22,2009). O que implica dizer, a teoria e a instrução são de
suma importância para basilar todo aprendizagem, no entanto a forma mais
eficiente de conservar o conhecimento é através de interacção dos sentidos
na prática.

A actividade do Bombeiro é considerada intensa, sendo que os treinamentos


garantem o conhecimento de técnicas e modo de agir e actuar no teatro
operacional. A falta de treinamento técnico e táctico, retira do bombeiro a
capacidade de intervir, sendo que para qualquer intervenção que este profissional
realizar a chance de fracassar é maior.

 A Escola possui um número insuficiente de salas de aulas. Praticamente


existem 2 salas de aulas, mas não com padrões recomendados. As mesmas
salas têm problemas de falta de aparelhos de ventilação e falta de pintura.
Estes espaços na Escola Nacional, são considerados como sagrados e
devem proporcionar um ambiente saudável para que o processo de ensino e
aprendizagem decorra sem sobressaltos.
 A Escola Nacional não dispõe de computadores nem projectores multimédia.
Hoje as tecnologias são consideradas ferramentas essenciais para
viabilização do processo do ensino e aprendizagem, conforme é acreditado
pela UNESCO “as TIC´s podem contribuir na equidade e acesso universal da
formação profissional, na qualidade de ensino-aprendizagem e no
desenvolvimento profissional dos formadores e formandos”. Há toda
necessidade de se reverter esse quadro, de modo que os resultados das
aprendizagens sejam melhorados.
 A Escola Nacional não dispõe de meios técnicos destinado a instrução,
designadamente viaturas de extinção, de resgate, ambulâncias e outras; falta
de equipamentos de protecção e salvamento; fatos de protecção e
aproximação, entre outros equipamentos para a instrução. O bombeiro
sapador, sai da Escola Nacional sem aprender a manusear ou utilizar os
meios de trabalhos nos Quartéis, o que de certa maneira pode levar ao
insucesso durante o teatro operacional.

 A Escola Nacional não tem uma quota financeira própria. Sendo uma
instituição que lida com o processo de instrução e formação do pessoal do
SPCB, tem gastos correntes avultados e a mesma por falta de um

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orçamento, não tem conseguido dar respostas. Por exemplo, a mesma
instituição necessita permanentemente capacitar os instrutores com
formações que podem melhor os níveis de conhecimentos e habilitá-los para
que desempenham a sua missão com mais profissionalismo, está com
problema do seu carimbo, problemas de aquisição de cartolinas e tinteiros
para emissão de certificados, pois que muitas das vezes os formandos
frequentam um curso e Escola não consegue certificá-los por falta de
capacidade;
 Os instrutores da Escola Nacional, dificilmente frequentam cursos de
capacitação ou actualização de conhecimentos. Não existem a nível do
SPCB um programa específico que visa capacitar os instrutores da Escola
Nacional, sendo certo de que aquele que não actualiza os seus
conhecimentos podem ficar no tempo. Os instrutores um número muito ínfimo
fez o curso em Portugal em 2010, de lá para cá já não beneficiaram de
nenhuma formação. Essa situação também tem levado ao insucesso.

ATT: Estas ameaças devem passar em formas de proposta que faram parte das
oportunidades,

As situações identificadas serviram de ponto de partida para restruturar o currículo


da formação inicial do bombeiro, observando o caracter Didáctico- pedagógico,
político, a fundamentação teórica, o paradigma de projecto, a contextualização e a
flexibilidade do próprio processo de ensino e aprendizagem, sendo que o curso de
Bombeiro Sapador deve responder a formação integral com consecutividade aos
níveis de formação e estar em correspondências as respostas objectivas técnico-
profissional.

Nesta conformidade, com as insuficiências detectadas e tendo como o enfoque o


objectivo central da criação deste grupo técnico, foram desenvolvidas a seguintes
acções:

 Redimensionamento do processo formativo do curso de Bombeiro sapador


na ENPCB, para responder as dimensões e indicadores operacionais;
 Restruturação e contextualização do perfil profissional do agente de
Bombeiro e de protecção civil;
 Replanificarão reorganização do programa e conteúdos temáticos das
disciplinas;

Essa acção desenvolvida permitiu determinar e agrupar os conteúdos em unidades,


áreas de conhecimento, módulos e sequência lógica.

4. Conteúdo programático e carga horária do programa do curso


Em termos de cargas horária, fez-se uma análise do tempo que decorre o curso de
Bombeiro Sapador, onde se considerou que o curso de bombeiro Sapador é o curso
chave para a formação e instrução inicial do efectivo para a carreira de Bombeiro. O
mesmo era ministrado em 4 meses, sendo que a carga horaria era ínfima em
relação ao conteúdo que o agente deve aprender. No entanto, a proposta do
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programa que essa Comissão apresenta é para 6 meses e com uma carga horária
600 horas.

Relativamente em termos de carga horária foi dado mais peso a área de formação
específica, com 70%, área de formação geral com 20% e a transversal com 10%,
isso de formas a garantir melhores valências técnicas e competências profissionais,
dotando aos formandos de conhecimentos técnico, habilidades e um conjunto de
competências virados ao saber e saber fazer.

Especificas 70% GERAL 20% TRANSVERSAL 10%


Prevenção de incêndio Instrução Militar Educação Patriótica
Extinção de incêndio Comunicações
Resgate e Salvamento Gestão integral de Risco e
Protecção Civil
Atendimento Pré-Hospitalar
Técnica operacional e
Bombagem
Matérias Perigosas
Estágio curricular

Em termos de conteúdos na versão anterior do programa do curso de Bombeiro


Sapador continha a seguinte grelha curricular:

Grelha curricular versão 2019 e distribuição de carga horária


TIPO DE AULA E AVALIAÇÃO
Nº DISCIPLINAS H AT AP SEM AVA
1 Educação Patriótica. 28 27 01
2 Direitos e Legislações Complementares. 28 27 01
3 Instrução militar. 14 13 01
4 Prevenção 44 30 12 02
5 Extinção 118 51 65 02
6 Matéria Perigosa 26 10 15 01
7 Salvamento 64 20 42 02
8 APH 55 25 28 02
9 A Protecção Civil e a Gestão de Desastres em Angola. 28 12 15 1
10 Telecomunicação. 28 16 11 1
TOTAL------------------------------------------------------------ 433 231 188 14

Grelha curricular versão 2022 e distribuição de carga horária

TIPO DE AULA E AVALIAÇÃO


Nº Classe
DISCIPLINAS UC HO AT AP AVA
1 Educação Patriótica Transv 2 28 27 01
2 Instrução Militar. (noções de inteligência geral 2 28 08 19 01
militar)
3 Prevenção Espcif 3 45 44 01
4 Extinção Espcif 9 130 45 83 02
5 Técnicas Operacionais e Bombagem Especi 2 28 14 12 02
6 Matérias Perigosas. (matéria de Especi 2 28 15 12 01
sobrevivência)
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7 Salvamento. Espcif 5 77 32 43 02
8 A.P.H Espcif 4 60 25 33 02
9 Gestão integral de Riscos e protecção Civil Geral 2 28 25 02 01
10 Comunicações Geral 2 28 20 07 1
11 Estágio Curricular 8 120 120
TOTAL 600 255 331 14

ATT: fazer mesão da introdução das novas disciplinas


Noções básicas de inteligência militar;
Matérias de sobrevivência;
Topografia para orientação no terreno;
Estágio operativo e pratica de Comando;

5 Considerações Finais

O Trabalho desenvolvido por esse Grupo Técnico, visou essencialmente reformular


a grelha curricular do Curso de Bombeiro Sapador. Sendo que se trata de uma
acção formativa voltada para o ingresso na Carreira de Bombeiro, conforme é
estipulado no Regime de carreira do SPCB, Decreto-presidencial nº 36/14 de 18 de
Fevereiro, o mesmo deve atender as valências necessárias para o exercício da
missão do Bombeiro.

No entanto, a conclusão de uma formação bomberística deve garantir ao Bombeiro


o saber, saber fazer e saber ser ou estar. O que isto quer dizer, o Bombeiro
aprende as suas competências através da experiência, treinos e da instrução.

6 Propostas e sugestões

Considerando que para prática de Bombeiro, a instrução e o treino fazem parte do


serviço operacional dos Bombeiros, sendo que as duas garantem os níveis de
eficácia individual e colectiva do Bombeiro. Tendo em vistas as insuficiências
identificadas a Comissão propõe e sugere o seguinte:

1. Que a presente proposta do programa do curso de Bombeiro Sapador, seja


implementado a partir do ano de instrução 2022.

2. Que o Comando do SPCB, faça um investimento a curto prazo na


requalificação da Escola Nacional, com a construção de um centro de treino
específico para melhorar os níveis de formação, instrução e treino do pessoal
que frequentam não só o Curso de Bombeiro Sapador, mas também outros
cursos dentro da especialidade do SPCB, bem como que se aumente mais
salas de aulas de formas a aumentar a capacidade formativa da Escola
Nacional.

3. Que se melhore as condições das salas de aulas existentes com a aquisição


de lâmpadas, aparelhos de ar condicionados e se dê o devido acabamento
da pintura da Escola Nacional, interrompido no mês de Novembro de 2021.
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4. Que se potencialize a Escola Nacional com meios tecnológicos para o
ensino, designadamente Computadores Portáteis, Projector Multimédia e
outros.

5. Que se faça uma aquisição local de meios técnicos essenciais para as aulas
de salvamento e resgates, atendimento pré-hospitalar e extinção de
incêndios.

6. Que se faça a instalação de internet na Escola Nacional, atendendo a


importância deste recurso para os processos investigativo e ensino
aprendizagem.

7. Que se transforme a Escola em órgão dependente orçamental, isto é,


conforme os Comandos Provinciais que mensalmente através das
Delegações provinciais do MININT, recebem uma quota financeira para
atender as suas despesas correntes, tendo em vista aquilo que são as
necessidades desta instituição.

8. Que se garante um financiamento para a capacitação de instrutores da


Escola Nacional, à nível de Mestrados, tendo em vista a actual situação em
que muitos nunca beneficiaram de um curso de actualização.

GRUPO TÉCNICO PARA REFORMA CURRICULAR DO CURSO DE BOMBEIRO


SAPADOR, Em Luanda aos _____/_____/2022.

O COORDENADOR

MANUEL CACULO GONÇALVES


**COMISSÁRIO BOMBEIRO**

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