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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
FILMES, DOCUMENTÁRIOS E VÍDEOS, SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O
ENSINO DE GEOGRAFIA

PIEDADE, Juciane Lucia Tonial1


PIRES, Mateus Marchesan2

RESUMO
O presente artigo tem por objetivo trazer uma contribuição em relação ao uso de
filmes, documentários e vídeos como linguagem nas aulas de Geografia. Este
trabalho é o resultado da implementação do Projeto e da Produção Didático
Pedagógica, realizada através do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, desenvolvido no Colégio Estadual de Ouro Verde – E.F.M., que teve como
público alvo os alunos da segunda série do ensino médio do período vespertino. O
projeto nasceu de uma inquietação em relação ao desinteresse dos alunos pelas
aulas em especial as de Geografia. Nesse sentido, selecionamos alguns filmes, um
documentário e um vídeo, abordando temas relevantes ao conteúdo que pudessem
ser trabalhados, verificando se a utilização da linguagem fílmica poderia atrair os
alunos e ter resultados significativos no processo de ensino aprendizagem. Os
alunos também foram instigados a realizarem produções de vídeos, sendo autores
do seu próprio conhecimento. A proposta de um trabalho diferenciado abordando os
conteúdos através de produções fílmicas demonstrou-se satisfatória, percebendo-se
um maior interesse e participação por parte dos alunos nas aulas, assim como o
desenvolvimento de uma postura crítica e reflexiva em torno do conhecimento
geográfico.

Palavras - chaves: Cinema. Filmes. Geografia.

Introdução

O presente artigo trata de uma reflexão teórico/prática discorrendo sobre


como as produções fílmicas podem contribuir no processo de ensino aprendizagem
nas aulas da disciplina de Geografia. Este texto é resultado da elaboração e
implementação do Projeto e Produção Didático Pedagógica, desenvolvido ao longo
1
Professora de Geografia da Rede Estadual de Ensino – SEED – PR. Lotada no colégio Estadual de
Ouro Verde – Ouro verde do Oeste – PR. Graduada em Estudos Sociais- Geografia.
2
Professor do Colegiado do Curso de Geografia da UNIOESTE, Campus Marechal Cândido Rondon –
PR. mateus_mpires@hotmail.com.
do processo de formação continuada por meio do Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná – PDE no ano de 2014/2015.
Para tanto, realizou-se um levantamento de referenciais teórico-
metodológicos e autores que pesquisam a temática relativa à utilização de filmes,
documentários e vídeos, assim como uma seleção de produções fílmicas
pertinentes, que poderiam ser assistidas e trabalhadas na segunda série do Ensino
Médio, possuindo uma relação com os conteúdos ministrados nessa série,
possibilitando uma reflexão pelo docente sobre o uso dos filmes em sala de aula,
evidenciando essa linguagem como meio de reflexão e percepção, analisando como
ela pode contribuir para o entendimento da realidade e fomentar a construção do
conhecimento geográfico, logo, a formação de cidadãos capazes de entender o
mundo em que vivem e agir nele.
No PDE, alguns trabalhos já foram desenvolvidos tendo o cinema como
objeto, tais como Viglus (2008), Hoffmann (2010), Silva (2012), Nigg (2012), Dias
(2012), estes trabalhos mesmo apresentando enfoques diferenciados no que se
refere a disciplinas e metodologias, ressaltam a importância do uso da linguagem
cinematográfica para a disciplina de geografia, pois, possibilitam debates, reflexões
e o desenvolvimento do senso crítico dos educandos. Também consideram que a
linguagem audiovisual deve fazer parte do cotidiano escolar, uma vez que já faz
parte do dia a dia dos alunos, cabendo aos professores fazer a mediação entre essa
linguagem e a construção do conhecimento. Em vários deles destacaram-se
algumas dificuldades em se utilizar os filmes no espaço escolar devido a problemas
de infra-estrutura na maioria dos colégios.

Cinema, educação e Geografia

O cinema é a arte de produzir e reproduzir imagens em movimento, usando


para isso instrumentos como câmeras e técnicas de animação ou efeitos visuais. É
um artefato cultural poderoso, uma vez que é universal e amplamente utilizado como
entretenimento, mas ao mesmo tempo um método eficaz de modificar as opiniões
influenciando o modo de pensar dos telespectadores.
Para Duarte (2009, p. 17), “muito da percepção que temos da história da
humanidade talvez esteja irremediavelmente marcada pelo contato que
temos/tivemos com as imagens cinematográficas”.
O cinema está presente na educação há muito tempo, sendo uma linguagem
centrada na chamada área de mídia-educação, no entanto, de uma maneira geral
não se reconhece sua devida importância na produção do conhecimento e na
formação geral do conhecimento dos sujeitos. Ou seja, o cinema ainda não é visto
pelos meios educacionais como um meio para construção do saber. Como afirma
Duarte (2009, p. 71), “a maioria de nós, professores, fazem uso dos filmes apenas
[...] para “ilustrar”, de forma lúdica e atraente, o saber que acreditamos estar contido
em fontes mais confiáveis”. Porém, esta visão precisa ser modificada, uma vez que:

Ver filmes é uma prática social tão importante, do ponto de vista da


formação cultural e educacional das pessoas, quanto a leitura de
obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais (DUARTE,
2009, p. 16).

Neste sentido, sabe-se que inúmeras iniciativas individuais de professores,


também instituições governamentais e não governamentais (ONGs) que promovem
atividades de exibição e discussão de filmes, vêm ajudando a construir uma cultura
de valorização do cinema em instituições escolares no Brasil, conferindo a essa
linguagem um caráter pedagógico.
A escola deveria explorar muito mais o cinema, pois:

Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a


reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o
cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores
sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte
(NAPOLITANO, 2008, pag. 11).

Assim, para diversificar as possibilidades educativas e culturais de educar


com o cinema é preciso entender que o mesmo “não é só uma máquina de produzir
significados, mas também arte, campo de produção de valores” (RIVOLTELLA,
2005, p.84). Portanto, o cinema na escola:

[...] é importante porque traz à escola aquilo que ela se nega a ser e
que poderia transformá-la em algo vivido e fundamental: participante
ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos
massificados, muitas vezes já deteriorados e defasados [...]
(ALMEIDA, 2001, p. 48).

Desse modo, as relações construídas entre espectadores e os filmes


constituem experiências culturais, esse é o maior interesse que o cinema tem para o
campo educacional – sua natureza eminentemente educacional que possibilita trazer
para os bancos escolares a realidade vivida.
A Geografia enquanto ciência que estuda o espaço, e as inter-relações que
nele transcorrem, entre homem e natureza, pode contribuir na formação de cidadãos
capazes de compreender o mundo em que vivem, portanto, uma de suas
prerrogativas é desenvolver a capacidade dos educandos de analisar, interpretar,
conceituar, representar e refletir sobre a realidade vivenciada.
Deste modo, o cinema nas aulas de Geografia possibilita a visualização de
diferentes paisagens, lugares, territórios, regiões, ou seja, o espaço geográfico.
Assim, ter contato com as imagens proporciona visualizar o mundo e percebê-lo em
constante transformação, permite também a construção de significados, assim como
a interação entre cotidiano e a paisagem.
Trabalhar com filmes nas aulas de geografia possibilita o conhecimento de
espaços que muitos de nossos alunos nem imaginam existir. Assim, o cinema como
mediador das relações entre sujeito e espaço, auxiliará o aluno no desenvolvimento
de sua criatividade, linguagem, memória, atenção e aprendizagem, pois, este poderá
conhecer melhor a sociedade em que está inserido e a si próprio.
As produções cinematográficas podem contribuir no processo de
aprendizagem de determinados conhecimentos geográficos. É perceptível que a
linguagem utilizada nos programas televisivos ou outras produções audiovisuais são
dinâmicas e às vezes emotivas, assim chamam a atenção principalmente dos
adolescentes e jovens, porém, tem um potencial como linguagem para o
aprendizado em qualquer faixa etária.
Muitas são as formas metodológicas para a exibição de filmes na sala de
aula, tornando-se um instrumento didático, todavia, desde que usado corretamente
não apenas para ocupar e “passar” o tempo.

Assim, dos mais comerciais e descomprometidos aos mais


sofisticados e “difíceis”, os filmes tem sempre algumas possibilidades
para o trabalho escolar (NAPOLITANO, 2009, p.12).

Como alerta Napolitano (2009), o cinema é uma obra de arte ampla, que
congrega diferentes linguagens, mas é essencialmente comercial, por isso, ao
adentrar na escola deve-se recordar que a maioria dos filmes que temos contatos
não são produzidos com a função pedagógica, então o olhar didático do professor
será fundamental para conduzir o trabalho, cabendo a este, selecionar a produção
fílmica, justificando sua escolha pela temática a ser desenvolvida. Existem diversas
produções fílmicas, que abordam desde temas mais cotidianos, reais e até os de
ficção, assim como aspectos históricos, geográficos, culturais entre outros.
Os filmes não são neutros, muitos têm implícita a ideologia de quem os
produz, e isso precisa ser observado pelos professores, exigindo assim, uma análise
prévia do seu conteúdo e de sua linguagem.

[...] o papel do filme em sala de aula é o de provocar uma situação de


aprendizagem para os alunos e professores. A imagem
cinematográfica precisa estar a serviço de investigação e da crítica a
respeito da sociedade em que vivemos. Trata-se, portanto de um
movimento de apropriação cognitiva da relação espaço-imagem e
principalmente, da criação de sujeitos produtores de conhecimento e
reconhecimento de si mesmos e do mundo (BARBOSA, 2003,
p.113).

O primeiro passo para exibir um filme em sala de aula, é, realizar um


planejamento, escolher uma obra que venha ao encontro do conteúdo que esteja
sendo trabalhado, preparando-se assim uma aula introdutória, para que os alunos
consigam ter maior compreensão sobre o contexto do filme, explicitando sempre
para os alunos os objetivos que se quer com essa atividade, para não cair na
armadilha de que os filmes servem para “matar” o tempo da aula.
Outro passo é escolher um filme que seja compatível ao seu horário de aula,
porém, caso seja necessário usar mais aulas, pode ser desenvolvido um trabalho
multidisciplinar, uma vez que o mesmo filme pode ser trabalhado por diversas
disciplinas. Também em alguns filmes a exibição da obra deve ser completa para
que não se perca o enredo. Ao término da exibição faz se necessário conduzir, os
alunos a reflexão e discussão sobre a obra, sendo fundamental o papel de mediador
do professor neste processo. Debater é fundamental para construção do
conhecimento, é por meio do debate que cada um pode demonstrar sua opinião,
compartilhando diferentes maneiras de entender a mesma obra.
O documentário e os vídeos

Dentre os diferentes gêneros fílmicos que podem ser utilizados no ambiente


escolar, encontram-se os documentários e vídeos. Segundo Mascarello (2006), a
palavra documentário é usada para nomear um domínio específico do cinema,
sendo que começou a se estabelecer no final dos anos de 1920 e início dos anos de
1930, sobretudo, com a escola documental inglesa, essa, surgida na segunda
metade do século XIX no campo das ciências humanas, para designar um conjunto
de documentos com a consistência de “prova” a respeito de uma época. Assim, o
documentário possui uma forte conotação representacional, ou seja, o sentido de
documentário é comprovar ou retratar aquilo que “de fato” ocorreu num tempo e
espaço.
De acordo com Napolitano (2009 p. 30-31), os documentários representam
um dos gêneros de filme mais utilizados pelo professor em sala de aula e nos
projetos escolares, pois os mesmos oferecem muitas possibilidades para o trabalho
pedagógico, apresentando uma gama de temáticas como, por exemplo: a natureza,
o homem, a sociedade, a cultura, o que permite que este gênero cinematográfico
aproxime-se dos conteúdos escolares. Em sua grande maioria retratam de maneira
aprofundada a temática a qual se propõe embora não sejam neutros, nem
representem verdades absolutas, muitas vezes conseguem atingir sentidos que as
explicações orais não atingem. Cabe ao professor se preparar para atuar como
mediador deste gênero de filme em sala de aula.
O documentário que irá ser utilizado como recurso didático deve estar ligado
ao conteúdo que foi ou será abordado para que atinja o seu objetivo contribuindo na
aprendizagem do aluno.
De acordo com Napolitano (2009), podemos verificar que existe uma
quantidade diversa de tipologias de documentários com diferentes abordagens que
podem ser usados estabelecendo uma relação com os conteúdos escolares, neste
sentido uma maneira muito eficaz para ministrar conteúdos, que muitas vezes são
de difícil compreensão, é utilizar os Documentários de divulgação científica, que
possibilitam simplificar os paradigmas científicos em uma linguagem mais próxima a
do aluno.
Para estudar fenômenos da natureza, como inundações, avalanches,
furacões, terremotos, e suas consequências sociais e humanas, o professor pode
fazer uso de Documentários sobre fenômenos naturais.
Outro subgênero que também é de grande ajuda em determinados assuntos
são documentários sobre temas e problemas atuais, porém é necessário levar em
conta quem os produziu, pois, interferências ideológicas e interesses institucionais
podem ocorrer.
Os documentários com temas históricos oferecem muitas possibilidades
pedagógicas sendo que alguns retratam onde os fatos ocorreram e outros se
baseiam em depoimentos, fruto de pesquisas em acervos pessoais e públicos.
Para abordagem sobre diferentes culturas o documentário de cunho
antropológico, é o mais indicado, pois além de produzir material sobre as sociedades
indígenas ou nativas, tem produzido material visual com edição simples e com
estrutura narrativa mais clássica, podendo este complementar o documentário
jornalístico ou histórico.
Além dos documentários, os vídeos também apresentam uma série de
recursos para uso em sala de aula. Para Moran (1995), os vídeos são poderosos
meios de aprendizagem, mesmo que os alunos já tenham assistido ao conteúdo em
suas casas ou na internet, porque o contexto escolar favorece a expectativa de um
debate. Além disso, há temas em que recursos audiovisuais permitem a ativação de
sentidos que as explicações orais tradicionais não fornecem.
Existem diversas produções em vídeos que podem ser utilizados na escola,
tanto pelo professor enquanto recurso, como pelos alunos, em forma de pesquisa
sobre um determinado tema, ou ainda como espaço para disponibilizar as próprias
produções de vídeos. Há vídeos que podem ser utilizados especificamente em cada
disciplina.
No entanto, tanto o cinema como os documentários e vídeos não podem ser
banalizados na escola, pois tornam-se ineficientes, se a utilização for indevida ou
mal planejada.
Segundo Moran (1995), existem diversas e riquíssimas formas de se utilizar
os vídeos em sala de aula: como sensibilização para introduzir um novo assunto,
visando despertar a curiosidade e motivação; como ilustração de experiências
químicas, como conteúdo de ensino de forma direta e indireta; como documentários;
como intervenção; como expressão para mostrar nova forma de comunicação; como
avaliação de alunos; como integração e suporte para outras mídias, como a
televisão, o cinema e o computador.
O professor deve analisar sempre que possível os produtores e o conteúdo do
vídeo, procurando estabelecer conexão entre o discurso construído e um novo
discurso por parte dos educandos.
Alguns cuidados são necessários para não tornar inadequado o uso dos
vídeos em sala de aula. Estes não devem ser utilizados sem ligação ao conteúdo
que se está trabalhando, assim como também não devem ser utilizado como tapa-
buraco, ou seja, como solução para um problema como falta de professor, por
exemplo. Também não é indicado usá-los em todas as aulas ou sem discuti-los ou
ainda como o único recurso do professor, o que pode diminuir sua eficácia e
empobrecer a aula.

Os filmes, documentários e vídeos no Colégio Estadual de Ouro Verde, relatos


de uma experiência

A presente proposta de investigação teve como sujeitos os alunos da 2ª série


do Ensino Médio3, tendo como objetivo propor e avaliar a utilização dos recursos
audiovisuais, neste caso específico os filmes, documentários e vídeos nas aulas de
geografia.
Para contextualizar a importância desse recurso, partiu-se de uma proposta
inicial apresentando aos alunos a história do cinema mundial e no Brasil de forma
breve, pois segundo Duarte (2009 p. 21) “a história do cinema é longa, diversificada
e complexa”. Conhecer sua história é importante, pois a partir de seu conhecimento
ampliam-se a visão que se tem dessa linguagem e percebe-se sua evolução ao
longo do tempo.
Neste contato inicial realizamos uma sondagem verificando aspectos relativos
à cultura cinematográfica de nossos alunos. A primeira pergunta questionava se os
mesmos gostam de assistir filmes e 100% dos alunos responderam afirmativamente
a questão. Quando questionados sobre a frequência com que assistem filmes, estes
responderam: a) 50% assistem somente no final de semana; b) 33% assistem um
filme todos os dias; c) 13% assistem uma vez por semana; d) 4% raramente

3
Participaram da Implementação Didática Pedagógica 30 alunos do período vespertino do Colégio
Estadual de Ouro Verde, localizado na região oeste do Paraná no município de Ouro Verde do Oeste.
assistem filmes. Os alunos que raramente assistem filmes, afirmaram não ter tempo
para assistir, pois trabalham ou praticam esportes e estudam.
O que chama a atenção é que uma grande parcela dos alunos, 33% assistem
filmes todos os dias, isso demonstra como os alunos tem contato com essa
linguagem audiovisual. Esses alunos encontram-se na faixa etária de 15 a 16 anos,
como a grande maioria ainda não está inserida no mercado de trabalho, acredita-se
que tenham tempo para assistir filmes e programas televisivos.
No que tange aos gêneros fílmicos4 assistidos, os alunos afirmaram ter
preferência por filmes de: a) 70% ação; b) 42% romance, c) 40% comédia; d) 38%
terror e) 24% aventura; f) 15%animação g) 13% suspense; h) 13% ficção científica, i)
10% drama; j)7% Históricos, apresentando assim, uma diversidade de gêneros
assistidos, destacando-se entre eles o gênero de ação.
Quando questionados se os filmes podem ajudar na compreensão dos
conteúdos de geografia, 100% dos alunos responderam que sim. Entre as
respostas, selecionamos algumas: “podemos ver fatos e acontecimentos
relacionados ao conteúdo de geografia” (Aluno A, 2015); “Entendemos melhor
porque tem imagens” (Aluno D, 2015); “Os filmes demonstram lugares, como eram
na época” (Aluno H, 2015); “Com a ajuda do filme, a explicação do professor fica
mais clara” (Aluno J, 2015) “Sim, os documentários mostram fatos e diversos
assuntos que estamos estudando” (Aluno M, 2015).
Os alunos indicam em suas respostas que os filmes possibilitam ver fatos e
acontecimentos relacionados os conteúdos geográficos, e entendem que essa
linguagem permite visualizar as modificações que ocorre no espaço, quando
afirmam que os filmes “mostram lugares como eram na época”.
O aluno M, cita a importância do gênero documentário, pois, através deste
gênero muitos fatos históricos e assuntos são trabalhados em sala de aula
relacionada aos conteúdos estudados, para o aluno, o documentário representa uma
possibilidade de aprendizagem.
Por meio dos resultados obtidos com essa investigação inicial ficou claro que
os alunos gostam de assistir filmes e o fazem com bastante freqüência e quando
exibidos nas aulas ajudam na compreensão dos conteúdos. Por isso, é tão
importante usá-los na escola.

4
Os alunos poderiam nesta pergunta assinalar mais de um gênero.
Os chamados “filmes de escola” propiciam bons debates sobre os
problemas que enfrentamos no dia a dia da atividade educacional e
como a linguagem da maioria deles é simples de fácil compreensão e
o enredo é construído de forma a torná-los acessíveis a pessoas de
todas as idades, em geral, eles podem ser exibidos a estudantes de
todos os níveis de ensino (DUARTE, 2002 p. 73).

A linguagem cinematográfica oferece a vantagem de conseguir demonstrar


uma situação ou o transcorrer de uma ação além de causarem também,
dependendo do filme, um momento emotivo. Assim, para o desenvolvimento desta
proposta foram selecionados três filmes, um documentário e um vídeo, os quais
estabelecem uma relação entre os conteúdos a serem trabalhados nesta série.
Antes da exibição dos filmes, para despertar a curiosidade dos alunos,
ofereceu-se algumas Informações sobre o enredo do filme e como se relacionaria
com os conteúdos, assim como aspectos do próprio filme tais como: ano de
gravação e produção, gênero, elenco, curiosidades de produção, visando melhorar a
compreensão e justificando a escolha do gênero fílmico.
Uma das práticas realizadas foi à disponibilização das sinopses, as quais
foram lidas para contextualizar os filmes a serem apresentados. Napolitano (2009),
afirma que a sinopse – de preferência diferente daquela veiculada na contracapa
dos filmes – é o primeiro passo para a assimilação e fixação do conteúdo narrativo.
Os alunos também foram orientados a tomar nota sobre algumas questões para
debater e desenvolver as atividades posteriores ao filme.
Nessa prática metodológica os alunos destacaram a pertinência da sinopse,
pois, não era comum utilizá-las ao assistirem filmes nas aulas, obtendo por meio
delas uma prévia dos filmes.
Os filmes exibidos em sala foram: Adeus, Lênin 5 com o qual se estabeleceu
uma relação com o contexto da Guerra Fria e a Queda do Muro de Berlin e A
Revolução dos Bichos6 contextualizando os conteúdos sobre Capitalismo e o
Comunismo.

5
Direção: Wolfgang Becker. Gênero: Comédia dramática. Gênero: Comédia dramática. Ano de
produção: 2002. Tempo de duração: 121 mim.
6
Direção: John Halas, Joy Batchelor. Gênero: Animação, drama, Comédia. Ano de produção: 1954.
Tempo de duração: 1h13 min. Curiosidades Segunda animação longa metragem produzida na
Inglaterra.
Constatou-se que o momento posterior à exibição do filme foi de suma
importância, pois é nele que se estabelece a verificação do entendimento do filme
pelos alunos e sua relação com o conteúdo, sendo o momento ideal para o
professor mediar o trabalho fomentando o debate e sistematizar o conhecimento.
Neste contexto, os alunos foram instigados a realizarem debates, dialogando
sobre alguns aspectos fílmicos como produção, cenário e a relação entre as
personagens do filme e as personagens da História, assim como sua relação aos
conteúdos estudados. Os alunos fizeram diversos questionamentos participando
ativamente, interagindo com o grupo e contribuindo na compreensão dos filmes.
Também realizaram produções de textos sistematizando a aprendizagem,
demonstrando que os objetivos foram atingidos resultando em produções bastante
consistentes.
Em relação ao filme A Revolução dos Bichos, alguns alunos não gostaram
deste gênero fílmico, pois acreditamos que o mesmo interfere nas emoções e na
percepção que os alunos possuem das relações de trabalho e exploração. Ele
estabelece um conflito entre o que é humano e o que é animal, isso gera
inquietações. Mesmo assim, compreenderam como a obra estabelece relações entre
a representação fictícia e os acontecimentos históricos.
Ao propormos o trabalho com documentários os alunos relataram que na
maioria das vezes só os assistem na escola ou quando querem pesquisar sobre um
determinado tema, ou seja, esse gênero não faz parte do dia a dia dos alunos,
percebendo-se assim, a importância de usá-los no espaço escolar, pois apresentam
uma gama de tipologias que muito contribuem para o trabalho pedagógico.
O documentário escolhido para o desenvolvimento do trabalho foi
“Globalização Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá” 7, em que aborda
diversos aspectos da Globalização e do Sistema Capitalista do ponto de vista do
geógrafo Milton Santos, com uma perspectiva de surgimento de uma “nova
globalização” nos países periféricos.
Antes de exibir o documentário, fez-se uma explanação para os alunos sobre
as questões de desigualdades vivenciadas pelos países subdesenvolvidos no
mundo globalizado. E em seguida a exibição, foi realizada um debate, reprisando

7
Produção brasileira do cineasta Silvio Tendler, narrada por Betlh Goulart, Fernanda Montenegro,
Milton Gonçalves, Osmar Prado, Matheus Naschtergaele com participação especial de Zélia Duncan.
Produtora: Caliban. Ano 2006. Vídeo: Disponível em <https: //www.youtube.com/watch?v=-
UUB5DW_mnM> acesso em 10/out/2014.
alguns trechos do documentário pela solicitação dos alunos para tirarem dúvidas e
entenderem melhor o contexto. Durante o debate, os alunos demonstraram entender
que à globalização do jeito que se apresenta exclui muitos países e muitas pessoas
sofrem sem acesso a tecnologia, água e alimentos. A segunda parte desta atividade
foi uma pesquisa sobre Milton Santos e sua atuação como geógrafo e suas obras.
Organizou-se também, um momento extraclasse (no período noturno), sendo
uma “seção de cinema”, intitulada Cine-Geo, os alunos assistiram ao filme Treze
dias que abalaram o mundo 8, o qual apresenta o momento histórico da Guerra Fria,
a Bipolaridade e a Corrida Armamentista e Aeroespacial. Esse momento foi
diferenciado para os alunos, houve uma grande participação, mesmo sendo em
contra turno. A atividade contribuiu significativamente para o processo de
aprendizagem. Observamos, a partir do trabalho realizado com comentários com os
alunos que o senso crítico foi despertado, e de meros espectadores passaram a
sujeitos críticos.
Em outro momento, no intuito de vivenciar o cinema em seu contexto,
propiciou-se uma visita ao cinema, onde os alunos assistiram a um filme em
ambiente próprio. Sabemos da carência, especialmente nas cidades pequenas, das
salas de projeção cinematográfica, como destaca Duarte (2009) o Brasil é um dos
países em que o ingresso do cinema está entre os mais caros do mundo, e muitas
pessoas não conseguem ter acesso a essa arte. Além disso, não se considera no
país a importância da exibição e produção de filmes como expressão artística, ao
contrário das sociedades e países mais desenvolvidos do mundo contemporâneo,
onde os seus bens culturais audiovisuais, incluindo o cinematográfico, são vistos
como recursos estratégicos para a construção e a preservação da identidade
nacional e cultural do seu povo.
O filme em cartaz era Maze Runner 2 - Prova de Fogo, um filme de ficção
científica. A maioria dos alunos relatou que só vão ao cinema em momentos
proporcionados pelo colégio. Percebe-se assim a carência de espaços específicos,
que contribuam com o desenvolvimento da cultura cinematográfica, e de maneira
geral por acesso a cultura. De acordo com Alencar (2007), o cinema possibilita o

8
Direção: Roger Donaldson. Roteiro: David Self. Gênero: Ação, Ficção Científica. Ano de produção:
2015. Duração: 130 min.
encontro entre pessoas, amplia o mundo de cada um, mostra na tela o que é familiar
e o que é desconhecido e estimula o aprender.
Com relação aos vídeos, utilizou-se um vídeo disponível no Youtube, o qual
representa com imagens e narração9 o poema Eu, Etiqueta de Carlos Drummond de
Andrade, abordando o conteúdo sobre consumismo e as necessidades que as
pessoas têm com a própria imagem, e com a busca de satisfação pessoal perante o
olhar dos outros. Na atual sociedade de consumo, o homem transformou-se em ser
industrial em “anúncio itinerante”, como afirma Drummond, movido pelos apelos
emocionais da propaganda que modela o comportamento das pessoas e a sua
identidade.
A partir do poema realizaram-se diversas atividades onde os alunos
participaram com empenho, buscando contextualizar o poema as suas experiências
vividas. Uma destas atividades foi à releitura de uma estrofe escolhida pelos alunos.
Percebeu-se claramente o entendimento do conteúdo trabalhado e das relações
deste no cotidiano. Constatou-se a grande importância do material audiovisual como
instrumento aliado da aprendizagem.
Como forma de interação entre os conteúdos estudados, buscou-se que os
alunos em grupos produzissem vídeos com a temática: Capitalismo e Consumismo.
Para isso, foram orientados a partir dos seguintes passos a seguir:

Imagem nº 1 – Instruções para produção de vídeo:

Fonte: SEABRA, Carlos. 2010, p. 09.

9
Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/MjAyODM0/> acessado em 07/12/15.
Para a produção de vídeos é importante seguir alguns passos: primeiramente
é necessário definir a temática a ser trabalhada, é ela que norteará todo o trabalho
de produção, assim como a abordagem ou direcionamento do que será
desenvolvido. Esta escolha deve ser feita com o consenso de todos os integrantes
do grupo, por isso, é importante um tempo para o grupo amadurecer as idéias e
garantir unidade durante o processo de produção.
Definidos a temática e a abordagem da mesma, é preciso estabelecer um
roteiro do que serão filmados, como: ambientes, figurinos, assim como os recursos
(filmadoras e câmaras) que serão utilizados para as gravações. O processo de
filmagem deve acontecer com muito cuidado verificando se está sendo seguido o
roteiro e se os aparelhos estão funcionando corretamente.
Após o processo de filmagem é hora de editar em áudio e vídeo o que foi
produzido. O grupo novamente precisa estar bem entrosado para escolher as
melhores cenas, colocar introdução, trilha sonora e fazer os agradecimentos e
créditos necessários.
Os vídeos produzidos estimularam a criatividade dos alunos e os conduziram
a organizar o conteúdo proposto apresentando-o com outra linguagem, não tão
convencional. Muitos vídeos tiveram uma qualidade satisfatória. Os alunos
pensaram no formato (programa de entrevista) como podemos observar na imagem
abaixo, atribuíram titulo, inseriram som, legendas, abertura, figurino e créditos.

Imagem nº 2 – Imagens do vídeo produzido pelos alunos

Fonte: PIEDADE, Juciane L.T., 2015.


A grande dificuldade encontrada foi converter os vídeos para que fossem
exibidos na TV Pen drive, diante da carência que a escola possui com relação à
disponibilidade de materiais tecnológicos adequados para o uso pedagógico.
Para finalizar foram realizadas as apresentações dos vídeos produzidos pelos
alunos, demonstrando que os educandos podem ser autores do seu conhecimento e
que o professor é essencial como mediador nesse processo, em que os alunos se
apropriam de conteúdos que antes lhes eram de difícil compreensão.

Considerações finais

A pesquisa, vinculada às práticas adotadas, foi uma oportunidade para


investigar e fundamentar cientificamente as inquietações metodológicas acerca do
uso da linguagem fílmica em sala de aula.
Os filmes têm grande importância no contexto escolar, destacando que seu
uso não pode ser aleatório, é necessário um planejamento e uma avaliação prévia
de quando, como e em que situação utilizá-los e a constante mediação do professor.
Entretanto, muitos são os seus aspectos positivos como nos aponta Moran
(1995), desperta a curiosidade dos alunos e motiva para novos temas, induz ao
desejo de pesquisar, auxilia o professor a mostrar o que é falado em sala de aula,
visualiza conteúdos do livro didático com imagens desconhecidas que às vezes
ficam apenas no imaginário do aluno.
Além destes aspectos citados, tem-se a possibilidade de trazer para a sala de
aula outros espaços, distantes dos alunos, ou paisagens e tempos históricos,
propiciando discussões e uma interação entre os conteúdos estudados e os
assuntos do cotidiano.
Ao incorporar a linguagem fílmica muda-se a rotina das aulas onde se utiliza
apenas o livro, o giz e o quadro, acrescentando outras linguagens para os alunos
que no seu cotidiano, especialmente os adolescentes que já interagem com as
novas tecnologias.
Percebeu-se que a maioria dos alunos que participaram deste projeto
demonstra uma excelente leitura crítica, porém alguns alunos apresentam limitação
na interpretação, pois, não estão acostumados a relacionar as produções fílmicas
aos conteúdos escolares.
A produção de vídeos foi realizada com empenho e participação dos alunos
demonstrando que é possível trabalhar na perspectiva da produção do próprio
conhecimento e da superação das dificuldades. Muitos alunos relataram terem
aprendido muito, e que querem continuar estudando dessa forma. É perceptível
também a aproximação dos alunos com a professora estabelecendo-se com esta
uma afetividade e identidade, diminuindo a inclusive a indisciplina na sala de aula.
Cabe ressaltar que durante a execução desse projeto encontrou-se algumas
dificuldades, entre elas a indisponibilidade do laboratório de informática da escola.
Portanto, os resultados obtidos apontam que a utilização de filmes, documentários e
vídeos na prática no ensino de Geografia contribuem na aprendizagem, favorecendo
a construção do conhecimento.
Acreditamos que essa proposta trará frutos, instigando outros docentes a
utilizarem o cinema na escola, compreendendo a sua potencialidade pedagógica.
Como relatado, durante o Grupo de Trabalho em Rede, que a partir da nossa
proposta, outros professores ficaram motivados a desenvolver práticas com o
cinema nas aulas de geografia.

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