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A RUA E A CIDADE: A avenida litorânea, contextualização histórica e sua in-

fluência na morfologia de São Luis.1

Arthur Ferreira Costa de Sousa2


Levi Medeiros Araujo Pires Leal3
Thais Serra de Carvalho 4
Lena Carolina Andrade Fernandes Ribeiro Brandão 5

RESUMO
O presente artigo visa discutir a influência da Avenida Litorânea na morfologia
de São Luis. A partir de uma análise histórica, será estudado seu processo de plane -
jamento, construção, ocupação e os impactos causados pelo seu surgimento. Sendo
assim, será analisado como se deu o planejamento e construção da Avenida, para
que se possa contextualizar como surge a proposta da implantação de uma via
costeira naquela região e quais eram as intenções por trás de sua construção. Após
isso, busca-se compreender como ocorreu a ocupação deste espaço e se corre-
spondeu às expectativas iniciais de quem o planejou, bem como as consequências
causadas pela criação e ocupação da avenida, tanto em aspectos ambientais quanto
socioeconômicos. Para isso, será realizado um estudo de cunho bibliográfico para
que se tenha embasamento na argumentação de como a Avenida Litorânea mudou
o cenário urbanístico de São Luis.

Palavras-chave: São Luis. Avenida Litorânea. Histórico. Ocupação. Impactos.

1 INTRODUÇÃO
(Será preenchido no check final)
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1 2° check do paper apresentado à disciplina de História da cidade na Universidade de Ensino


Superior Dom Bosco - UNDB
2 Aluno do 4° período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNDB
3 Aluno do 4° período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNDB
4 Aluno do 4° período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNDB
5 Professora orientadora
2.1 - Como se deu o desenvolvimento da Avenida Litorânea em São Luís-MA.
Na década de 70, com a inauguração da Ponte Governador José Sarney e a
Barragem do Bacanga, a cidade de São Luís-MA inicia seu crescimento para a
chamada “cidade nova”, a partir do “Plano de Expansão da Cidade de São Luís”,
concebido por Rui Mesquita, segundo Lopes (2008). Com isso, há a possibilidade de
acesso as regiões do São Francisco, Renascença, Ponta do Farol e Calhau, que
tornaram-se áreas atrativas para o mercado imobiliário. Dessa forma, com maior
foco populacional e econômico, na década de 1980 o projeto para uma orla na
cidade de São Luís se inicia, dando origem a Avenida Litorânea.
Os primeiros projetos para a região previam seu começo abaixo da, chamada,
Ponte do São Francisco, chegando até a Praia do Calhau, de acordo com Barbosa
(2012). Contudo, apenas em 1993 a Avenida Litorânea começa a ser construída,
com seu novo projeto ligando desde a Ponte Governador José Sarney à Ponte
Bandeira Tribuzzi, compreendendo um projeto em 3 etapas, conectando as praias
do São Marcos, Calhau e Caolho.
Entretanto, a construção apresentava problemas com relação a implantação
das barracas, poluição sonora, visual e falta da rede de esgoto. Somente em 2004,
houve a demolição das antigas barracas e construção de novas, que foram
contemplada com rede de esgoto, elétrica, hidráulica e chuveiros públicos, ademais
das modificações do calçadão e instalação do Posto de Bombeiros.
Assim, com condições físicas instaladas e naturais, há atração de diversos
tipos de pessoas, iniciando a instalação de restaurantes e hotéis na orla,
acrescentando usos variados ao longo da Avenida Litorânea, que apresenta focos
de utilização familiar, noturna, para prática de esportes, etc. A partir desse
crescimento do interesse populacional, o mercado imobiliário se expande para esses
locais, trazendo uma valorização da orla de São Luís, pois regiões litorâneas
historicamente são desejadas pela população de classe alta.
Com isso, ao mesmo tempo que há o crescimento da Avenida Litorânea o
mercado imobiliário a segue, consolidando ao seu redor regiões de alto e médio
padrão, como por exemplo a Península, o Calhau e Renascença. Dessa forma,
inicia-se um processo de segregação dentro da “cidade nova”, com a expulsão da
população mais pobre, para os locais próximos ao Anil, em valorização de uma
classe social mais elevada, que irá se instaurar ao longo da orla da cidade.
Em 2011, começam as definições e projetos para uma expansão da Avenida
Litorânea, de modo que essa tivesse extensão até a Praia do Olho d’Água,
ganhando uma interseção com a Avenida dos Holandeses, com construção de
ciclovias e um calçadão para o novo espaço.
Todavia, com a instauração da nova área, há um agravamento dos problemas
consequentes da construção da avenida, sendo estes cada vez mais visíveis a
população, como o enorme processo de gentrificação que ocorre na região. Além
disso, com a maior frequência da população e instauração de hotéis e bares há uma
grande quantidade de poluição na orla, por exemplo, os esgotos abertos, os dejetos
sólidos, entre outros. Ademais, da poluição sonora, poluição visual existentes e
eventuais bloqueios de ventilação natural, devido às construções presentes na orla.

2.2 A mudança na ocupação e no modo de uso da Avenida Litorânea.


Foi realizado todo um planejamento urbano que pretendia melhorar e
modificar toda a Avenida Litorânea, com a finalidade de transforma-la em algo mais
moderno, lucrativo, interativo e proveitoso para a cidade, a ideia inicial era de tornar
toda o espaço em um local para voltado principalmente para comportar uma grande
quantidade de famílias e atração turística.
As principais reformas incluem a construção de uma grande quantidade de
prédios residenciais, já que, com uma linda vista fornecida do mar pelos
apartamentos, o preço de mercado pelo aluguel poderia ser maior; grandes
restaurantes voltados e especializados a pratos de tema marinho, possuindo uma
grande lista de especiarias com frutos do mar, e com altos preços que seus clientes
poderiam escolher e pagar; reforma nas ruas bem como a criação de uma Avenida
que contornava todo o litoral, possuindo uma grande capacidade para comportar
vários automóveis, já que o Estado presumiu que com todo esse núcleo de mercado
imobiliário e pontos culturais, haveria muita movimentação por essa área assim que
a reforma estivesse pronta.

Dentro desse contexto temos os seguimentos turísticos relacionados ao


meio ambiente, como por exemplo, o Turismo Litorâneo [...] se destaca
principalmente na Região Nordeste e se fundamenta no consumo de
recursos existentes nas destinações turísticas. (JUNIOR, 2007, p. 15).

Claro que o Estado estava ciente do custo elevado que seria necessário para
tornar esse projeto em realidade, no entanto, também estavam a par da grande con-
tribuição econômica que seria adquirida para o governo com essa proposta, através
do dinheiro adquiridos dos próprios residentes do local e principalmente do turismo.
Com a reforma concluída, foi possível se atentar ao grande núcleo de
pessoas que se encontravam na Avenida da Litorânea, tanto da população local
quanto dos turistas. Então, a proposta trouxe benefícios a cidade e renda
econômica, o que contribuiu para o abando e desvalorização do Centro Histórico, já
que as pessoas agora, poderiam desfrutar de um novo e moderno, espaço ambiental
e cultural.
Com a grande quantidade de clientes que se localizavam na Avenida
Litorânea, pequenas comércios autônomos se deslocaram para aquela área, princi-
palmente para o parquinho, na finalidade de adquirir mais lucros. Por conta disso, a
paisagem se modificou. Com isso, a avenida possui vários pontos comerciais distin-
tos, tornando-se um imensa rede de venda e compra.
À vista disso, com essa vasta comercialização, foram atraídas mais pessoas
para a Litorânea, principalmente, os próprios moradores de lá, que
consequentemente tornou a Avenida ainda mais movimentada, e com a vasta
variedade de entretenimentos, restaurantes e lojas, trouxe ainda mais riqueza para a
cidade, agregando mais conforto e lazer para seus frequentadores, assim como,
criando uma maior relação da população com a cidade.
Dessa forma, com o grande crescimento populacional de São Luís, foram
realizado projetos e propostas a fim de controlar esse grande numero de moradores.
Contudo, um projeto sem um planejamento adequado, pode desencadear diversos
problemas futuros, que geram a degradação e a desvalorização de um espaço, de
maneira similar ao que aconteceu com o Centro Histórico.

São muitas as melhorias que precisam ser feitas no município para poder
receber bem os turistas, um ponto seria a questão da infraestrutura. Precisa
ser investido na área hoteleira, pois até o momento o município não possui,
melhorar a estrutura dos restaurantes, pois não estão equipados para
receber números expressivos de turistas, também precisa ser investido na
melhoria dos acessos aos pontos turísticos. (PREGIGER, 2014, p.69).

No caso da Litorânea, problemas comuns e simples de serem resolvidos se


tornaram bastante inconvenientes assim como agressivos para as pessoas que
ficavam ou passavam por la. Como visto, há grande quantidade e lotação de
automóveis, sem que houvesse estacionamentos suficientes a serem oferecidos,
gerando engarrafamentos, bem como destruição do espaço voltado aos pedestres,
já que com a falta de vagas, os motoristas se viam na necessidade de estacionar
nas calçadas e praças, o que degradou toda a estrutura do solo, dificultando a
locomoção segura a pé e a acessibilidade. Outro motivo que causou o
fragmentação dos visitantes foi a falta de manutenção, principalmente, uma ausên-
cia de cuidados na área do parquinho, já que a estrutura dos brinquedos foram
bastantes agredidas pelo sal que vinha da maresia, gerando ferrugem, problemas de
sustentação e segurança. Além de que, com a grande quantidade de moradores,
turistas e comerciantes, gerou uma grande poluição, principalmente nas praias e nos
espaços de lazer, visto que todo o local gerava uma quantidade de lixo considerável,
em especial de plástico, o que ataca a segurança da vida marinha do local, criando,
também, um mal cheiro ao ambiente, por conta de todo o lixo exposto e
principalmente pelo esgoto, já que toda a rede de saneamento não era eficaz e
suficiente.

2.3 - Impactos sociais, ambientais e econômicos


A construção da Avenida Litorânea alterou drasticamente a realidade de São
Luis, modificando toda a estruturação da parte nova da cidade e gerando grandes
impactos sociais, econômicos e ambientais.
Como dito anteriormente, a expansão da cidade para o norte da ilha se deu
graças a necessidade de gerar novos espaços urbanos, já que a economia e popu-
lação estavam crescendo vertiginosamente e a região ao sul do rio Anil não compor-
tava mais a cidade. Com isso, na década de 90 surge a necessidade da construção
de uma avenida costeira nessa nova região.
Nessa linha de pensamento foram desenvolvidos projetos visando à urban-
ização e aproveitamento sócio espacial da área, que passou por um
processo de especulação imobiliária e projetos voltados para a indústria do
turismo, entretanto, vem apresentando sérios problemas socioambientais.
(LIMA, 2013, p. 1)

O desenvolvimento da Avenida Litorânea, entretanto, gerou diversos proble-


mas. Dentre as questões sociais temos a gentrificação da região, que devido à es-
peculação imobiliária se tornou uma das zonas mais caras de São Luis, com a con-
strução de edifícios de alto padrão e, em consequência, há a expulsão da população
ribeirinha que ali residia. Além disso, outro problema grave foi a desvalorização de
outras regiões da cidade. Pois, a orla da avenida litorânea é um dos maiores pontos
de atividades físicas, turismo e boemia da cidade, fazendo com que outras regiões
como o centro histórico fossem esquecidas pela população e pelo estado, entrando
em um grave processo de abandono e desvalorização de todo o local.

Com a implantação do projeto de urbanização da área costeira norte da


cidade, no caso a "Avenida Litorânea", percebe-se que a relação entre os
frequentadores e o ambiente frequentado é muito distinta, uma vez que a
grande maioria dos frequentadores do local prefere a prática de atividades
de lazer como o uso das praias ao longo da avenida, além do uso do
espaço urbano para lazer e entretenimento noturno no caso dos bares e
restaurantes da avenida, bem como o uso do comércio do local, hotéis e o
parque infantil. (BARBOSA, 2012, p. 67)

Os arredores da avenida são muito valorizados, sendo ocupados por casas


de luxo, condomínios e edifícios residenciais de alto padrão, hotéis bem como al-
guns edifícios comerciais. Ademais, a vista para o mar e o fato de estarem entre
duas grandes vias, a Avenida Litorânea e Avenida dos Holandeses faz com que os
bairros de São Marcos, Calhau e Caolho sejam alguns dos mais caros da cidade.
Essas vias serviram como eixos de ligação entre vários bairros da cidade e respon-
sáveis pela rápida expansão da cidade até o limite municipal na fronteira com São
José de Ribamar, tornando o acesso à regiões, até então remotas, mais fácil. Dessa
forma, com o grande aumento da população nessa parte da cidade, naturalmente, o
comércio também começa a ir cada vez mais para estes bairros distantes, fomen-
tando a economia. Porém a presença dessas novas edificações sem que antes hou-
vesse infraestrutura gerou seríssimos problemas ambientais.
Assim como já foi citado, até o início dos anos 2000 mal havia saneamento
básico na região. Contudo, mesmo após inúmeras reformas ainda é possível obser-
var esgoto sendo jogado no mar à céu aberto. Assim, as praias de toda a extensão
da Avenida Litorânea são consideradas impróprias para banho no momento em que
este artigo está sendo escrito. Apesar disso, muitos banhistas ainda se aventuram
em entrar no mar.

[...] os efluentes oriundos de bares e prédios residenciais localizados na


årea de estudo e no seu entorno são despejados na areia da praia ou
mesmo direto no mar, in natura, causando graves prejuizos ambientais e
econômicos, já que muitos potenciais visitantes das praias deixam de visitá-
las devido ao elevado indice de coliformes fecais da água, o que impede os
banhistas de apreciarem e se deleitarem a beleza natural da área. (BAR-
BOSA, 2012, p. 67)

Além disso, bares, ambulantes e transeuntes descartam lixo de maneira inad-


equada. Sendo, comum se observar pilhas de cascas de coco, latas, restos de co-
mida e outros produtos descartáveis que são jogados da rua por empresários e fre-
quentadores sem consciência ambiental.
A associação desse lixo com o esgoto à céu aberto e das estruturas abandon-
adas que sofrem a influência da maresia geram uma poluição visual significante, que
acabam tirando a beleza das praias do foco de quem frequenta o espaço, desval-
orizando os espaços públicos da região. Atualmente muitas pessoas que moram
próximas à região não frequentam a mesma, pois se sentem inseguras, sensação
essa que é causada justamente pelo aspecto de abandono.
Outrossim, mais um grave problema é o de queimadas nas dunas. Em perío-
dos de seca é comum que hajam grandes incêndios oriundos do descarte irregular
de bitucas de cigarro, trazendo graves prejuízos ao meio ambiente e aos moradores
dos arredores, que veem suas residências cheias de fumaça e fuligem. Além do
perigo à integridade das pessoas há a chance de algumas sofrerem consequências
da inalação dessa fumaça, podendo desenvolver problemas respiratórios.
3 DISCUSSÃO DO TEMA
(Será preenchido no check final)

4 CONCLUSÃO
(Será preenchido no check final)

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A.C.L. ESPAÇO URBANO E PERCEPÇÃO DO AMBIENTE NA


"AVENIDA LITORÂNEA" EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. São Luís, 2012.

GIL, Antônio Carlos. "Como classificar as pesquisas." Como elaborar projetos de


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LIMA, Cristiane dos Santos. A EXPANSÃO URBANA EM SÃO LUÍS-MA A PARTIR


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