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Práticas educativas antirracistas

no currículo de sociologia do ensino médio:


o que temos trabalhado?

LUANE BENTO DOS SANTOS*

Resumo: Neste trabalho, temos por objetivo apresentar um relato de experiência de nossas
atividades pedagógicas enquanto docentes de Sociologia da Educação Básica no Estado do Rio
de Janeiro. Descrevemos algumas das atividades que temos realizado ao longo de sete anos de
magistério e como estas atividades visam aplicar a legislação federal de história e cultura
africana e afro-brasileira de n. 10.639/23 no currículo da sociologia. Sabemos que após
dezesseis anos da publicação da legislação federal ainda prevalece no contexto escolar e na
sociedade brasileira uma resistência para sua devida implementação. Neste sentido,
demonstramos como estas resistências que são os desafios presentes no contexto escolar
também estão presentes no campo de atuação da Sociologia. Por isso, temos somado esforços
para criar atividades, reflexões que priorizem o protagonismo, participação política e existencial
negra na sociedade brasileira. Acreditamos que seja necessário um olhar mais atento para os
currículos obrigatórios de Sociologia na Educação Básica.
Palavras-chaves: Educação Antirracista; Ensino de Sociologia; Lei Federal 10.639/2003;
Relato de Experiência; Educação Básica.
Anti-racist educational practices in the high school sociology curriculum: what have we
been working on?
Abstract: In this paper, we aim to present an experience report of our pedagogical activities as
sociology teachers of Basic Education in the State of Rio de Janeiro. We describe some of the
activities that we have carried out over seven years of teaching and how these activities aim to
apply the federal legislation of African and Afro-Brazilian history and culture of n. 10.639
/2003 in the Sociology curriculum. We know that sixteen years after the publication of federal
legislation, resistance to its proper implementation still prevails in the school context and in
Brazilian society. In this sense, we demonstrate how these resistances that are the challenges
present in the school context are also present in the field of action of Sociology. For this reason,
we have added efforts to create activities, reflections that prioritize black protagonism, political
and existential participation in Brazilian society. We believe that a closer look is required for the
compulsory curricula of Sociology in Basic Education.
Key words: Anti-racist Education; Social Sciences; Law 10.639/2003; Experience Report; High
school.

*
LUANE BENTO DOS SANTOS é doutoranda em Ciências Sociais pela Pontifícia
Universidade Católica/PUC-Rio; professora de Sociologia da Educação Básica no Ensino médio regular,
Formação de professores e na Educação de Jovens e Adultos/EJA; membra da Associação Brasileira de
Pesquisadores Negros/ABPN e Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais/ABECS

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Introdução Sociologia tem lidado com as
legislações federais de n. 10.639/2003 e
A presente exposição tem como
11.645/2008 pode contribuir muitíssimo
proposta apresentar as iniciativas
com os processos de democratização do
tomadas para inserção da Lei federal de
conhecimento e construção de novos
história e cultura africana e afro-
paradigmas sobre a realidade. Afinal,
brasileira sob n.10.639/2003 no
qual sociologia queremos lecionar, a
currículo de sociologia do ensino
sociologia transplantada tão criticada
médio. Temos desenvolvido, desde
pelo brilhante sociólogo brasileiro
agosto de 2013, trabalhos que buscam
Alberto Guerreiro Ramos (OLIVEIRA,
preencher as lacunas curriculares, o
2015) em seus trabalhos ou a sociologia
vazio epistêmico e invisibilidade da
atenta e comprometida em desvelar as
participação dos povos africanos, afro-
complexidades das relações étnico-
brasileiros e indígenas na construção da
raciais e sociais brasileiras? Não seria a
sociedade brasileira. Principalmente,
Sociologia escolar um caminho para
buscamos romper com os ideários de
mestiçagem contidos no senso comum e criarmos uma disciplina em
com as formas pontuais em que a consonância com a realidade do
população negra vem sendo estudante? Em outras palavras, a
representada nos livros didáticos de Sociologia escolar ao trabalhar as
sociologia, sendo elas: a partir das temáticas da Lei 10.639/2003 não
situações de conflitos, discriminações olharia para o universo de seus
raciais e processos de exclusões sociais estudantes, tendo em vista que os
persistentes. Para isso, temos mostrado negros no Brasil representam 54% da
o negro e a negra enquanto população brasileira? Como podemos
protagonistas de sua história, sujeitos trabalhar os conteúdos de Sociologia
ativos na luta contra as discriminações sem a relacionar com a realidade do
raciais, racismo, segregação e imenso contingente populacional negro
extermínio. Além disso, abordamos a brasileiro? Como podemos falar em
intelectualidade negra que não aparece patrimônio cultural sem abordar em
sistematizada nos livros didáticos, nos exercício simples as inúmeras
currículos e nem nos eventos manifestações culturais afro-brasileiras
comemorativos ocorridos no ambiente que necessitam de reconhecimento
escolar (por exemplo no dia da mulher estatal, como podemos falar de
não há nos murais escolares referências movimentos sociais sem reconhecer o
das existências de lideranças femininas papel dos movimentos negros para
negras e indígenas). mudanças paradigmáticas sobre a
realidade social, como pensar questões
Pensamos que seja urgente o debate da de interseccionalidades quando falamos
inserção do protagonismo negro e de gênero sem citar as intelectuais
africano no currículo de Sociologia negras que pensaram o conceito?
mesmo em tempos em que a disciplina
está sobre ameaça de sair da grade De que modo esperamos a identificação
curricular como obrigatória e ser diluída dos nossos estudantes com nossos
em outras matérias das humanidades 1 . conteúdos "obrigatórios" se eles não se
Apesar do contexto de retrocesso veem como protagonistas ou sujeitos
acreditamos que analisar como a ativos nestas construções? Por essas e
outras razões que não temos espaços
para descrever neste trabalho, temos
1 Veja a proposta do novo ensino médio. desenvolvido atividades que visam

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recuperar, introduzir e causar paradoxos perspectivas criadas no senso comum
em relação ao modo formal que a escolar e dentro dela mesma sobre sua
Sociologia está inserida na escola. Para atuação de reparação do legado racista.
nós a Sociologia em seu currículo Mas, ser sociólogo não significa ser
mínimo e livros didáticos trata as engajado e muito menos comprometido
questões de história e cultura africana e com pautas mais democráticas e
afro-brasileira como pontuais e antirracistas e isso transparece nos
enquanto problemas de discriminações discursos e performances de muitos
(o negrismo). Contudo, sabemos que colegas (não falamos aqui dos não
trabalhar a Lei 10.639/2003 é apostar na licenciados na área e sim dos docentes
construção de imagens, papéis sociais com a formação em Ciências Sociais ou
positivos e afirmativos acerca da Sociologia). Também não acreditamos
população negra. Por isso, remamos que o despreparo esteja relacionado
contra a maré e sempre buscamos apenas a falta de formação no nível
acrescentar nossos olhares racializados superior como muitos colegas da escola
sobre o conteúdo. Dessa maneira, alegaram para nós em entrevistas sobre
construímos a parte nossas atividades e o trabalho com a lei em suas áreas de
na maioria das vezes demonstramos os formação.
limites de um currículo de Sociologia Desde o ano de 2016, temos
eurocêntrico e distante de ser solicitado aos estudantes do ensino
intercultural. Um processo cansativo e médio regular e curso normal para
de disputa política em contextos realizarem entrevistas com seus
escolares que a Sociologia não é vista professores sobre a aplicação da
como uma disciplina formadora e no legislação 10.639/2003 em suas
senso comum escolar é colocada como disciplinas. As entrevistas são
bem resolvida para tratar as temáticas realizadas com professores de
das identidades, discriminações e diversas matérias e ocorrem no
questões raciais. Santos (2019, p.2) Colégio Estadual Pandiá Calógeras
comenta: (CEPC). Infelizmente, os resultados
são bem desmotivadores, boa parte
No tocante a disciplina Sociologia a dos colegas (dos 127 docentes) não
temática das relações étnico-raciais trabalham a Lei em seus currículos,
não é nova, pelo contrário, existe acreditam que a abordam ao falar
um histórico de literatura da existência de racismo e do
acadêmica que aborda a questão. processo de escravização dos povos
No entanto, no contexto escolar, africanos, alguns alegam a falta de
podemos observar que as relações formação para colocá-la em sala de
étnico-raciais são mencionadas aula, outros defendem o mito da
apenas quando tratam de temas mestiçagem e da harmonia racial
relativos a preconceito, entre negros e brancos. Cabe dizer
discriminação, segregação, que as entrevistas são solicitadas
desigualdades ou então quando em trabalhos interdisciplinares de
deseja-se trazer para o cenário o sociologia e filosofia). Trata-se de
assunto das cotas raciais. entrevistas semiestruturadas com
Geralmente, esses temas são perguntas abertas e fechadas
tratados no mês de novembro e (Diário de campo, autora, 2019).
perto da semana de consciência
negra.
Notamos que as posturas e práticas são
mecanismos de manutenção da ordem
A Sociologia tem um lugar de privilégio racializada e em concordância com o
sobre as outras disciplinas devido as mito da democracia racial. É mais fácil

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realimentar o mito da mestiçagem tivemos com outras experiências
pacífica do que mexer em feridas pedagógicas e de formação2.
abertas causadas pelas constantes Outro ponto relevante é que durante o
marcas das discriminações e legados
primeiro ano do ensino médio do Curso
escravagistas presentes no imaginário Normal a grade curricular tem um peso
social e fortemente enraizados em nossa
maior de conteúdos ligados à área de
cultura. Não repensar as relações raciais
Antropologia. Nesse caso, temos a
e sociais brasileiras a partir do olhar do facilidade de relacionar os conteúdos da
negro ou do indígena e manter uma
Antropologia com situações cotidianas
série de privilégios históricos. e as práticas culturais vivenciadas pelos
estudantes. Perguntas como: funk é
cultura, professora? Demonstram a
necessidade de os estudantes sentirem-
Assim, temos como foco aqui descrever se reconhecidos e respeitados em suas
as atividades realizadas com turmas do identidades. Estudar a origem do funk,
ensino médio do curso normal para as mãos e vozes que levaram a ser um
inserir a legislação de história e cultura grande movimento musical na
africana e afro-brasileira no currículo sociedade brasileira para o espaço
escolar de Sociologia. Para este intento, escolar é, sem dúvidas, uma das formas
relataremos as atividades que foram de flexibilizar o currículo, como
propostas e efetivadas com as turmas do também trazer à tona uma série de
primeiro ano escolar do Curso Normal experiências e aprendizagens muitas
as CN 1001, 1002 e 1003, no ano de vezes expulsas e apagadas na escola.
2019. Vale ressaltar que todas as Além de discutirmos as manifestações
atividades foram construídas conforme culturais próximas das realidades dos
observamos o desconhecimento acerca estudantes, colocamos o estudo de
de questões ligadas as culturas afro- outras manifestações culturais, tais
brasileiras ou africanas e que para nós como: Bloco afros, Capoeira, Jongo,
poderiam constar no currículo da Folia de Reis, Tambor de Criola,
disciplina. Neste sentido, a partir de Maracatu, Bumba Meu Boi, Ternos de
nossa formação, construímos sempre Congo dentre outras. Manifestações
que possível relação com temáticas que culturais que transmitem para os
pudessem aplicar a lei federal estudantes a diversidade étnica e legado
10.639/2003 na sala de aula. Precisamos das inúmeras culturas africanas que
dizer aqui que trabalhamos as atividades aportaram no Brasil através do tráfico
desde 2013, contudo, existe um de africanos escravizados. Este ponto é
processo de intermitência de nossa trabalhado quando vemos o conteúdo de
presença na grade de professores do cultura e identidade, entre o segundo e
curso normal, isto é, nem todos os anos terceiro bimestre. No caso das turmas
desde 2013 estivemos com as turmas do
primeiro ano escolar do ensino médio 2 De maio de 2018 a julho de 2019 lecionei
lecionando sociologia. Por essas razões, como professora substituta na Faculdade de
escolhemos o ano de 2019, para Educação da Universidade Federal
descrever as atividades que foram Fluminense/FEUFF. Uma disciplina obrigatória
realizadas, especialmente, por para as turmas de licenciatura em Pedagogia e
eletiva para outros cursos da faculdade. O
compreendermos que conseguimos período na universidade enquanto docente me
organizar ao longo do ano os nossos trouxe mais questões para o processo de ensino-
anseios e novos aprendizados que aprendizagem na Educação Básica.

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de formação de professores é solicitado matricular seus discentes e a falta de
que elas e eles pensem atividades para conhecimento sobre os discentes que
educação infantil e ensino fundamental adentram ao espaço escolar como novos
I. Atividades que trabalhem as estudantes, são os desconhecidos para o
manifestações culturais afro-brasileiras, corpo institucional escolar e isso nem
já que são patrimônios culturais sempre é confortável conforme temos
imateriais constituintes das culturas que vivenciado. Assim, o primeiro bimestre
chamamos de brasileiras e pouco é especial porque os professores buscam
comentadas como conteúdos a serem se aproximar dos discentes, avaliar sua
estudados. formação e os nossos estudantes estão
em processo de conhecimento da
Assim, procuramos entre uma temática instituição, das normas que regem
e outra as possibilidades de criar um aquela comunidade escolar e as culturas
currículo em que o negro, a cultura afro- que estão ali presentes. Para muitos
brasileira, adentrem sem parecer um estes fatos narrados são suficientes para
problema ou o famoso “folclore”. justificarem a ausência das leis
Nestas atividades, as culturas negras ou (10.639/2003 e 11.645/2008) em seus
afro-brasileiras são os eixos trabalhos. No entanto, pensamos que
mobilizadores das aprendizagens, são seja pertinente no primeiro bimestre
centrais para o desenvolvimento do uma breve apresentação da mesma.
conteúdo e estão lá também por serem
modos de aprender/ensinar que Em nossa prática temos realizados com
conciliam ludicidade, intelectualidade, as turmas do curso normal e ensino
memórias, pertença étnica e racial com médio regular desde ano de 2014 a
o currículo. apresentação das legislações federais,
no primeiro bimestre, entendemos que
A seguir descrevemos as atividades em no início é preciso demonstrar para os
que inserimos a legislação federal de discentes quais são os nossos
história e cultura africana e afro- compromissos políticos e pedagógicos
brasileira 10.639/2003 no currículo de firmados. Por isso dizemos que
Sociologia. Desse modo, colocaremos trabalhamos com as legislações federais
as descrições e resultados alcançados e solicitamos a pesquisa do que elas
das seguintes atividades: Autores significam. Dessa maneira, no ano de
Negros e Indígenas (Primeiro 2019 não poderia ser diferente, no
Bimestre); Manifestações Culturais primeiro momento, pedimos as três
Afro-brasileiras e Indígenas (Segundo turmas do curso normal que
Bimestre) e Oficina de tranças afro pesquisassem sobre as legislações
(Terceiro Bimestre). federais, lessem e comentassem se
Introdução aos autores negros e haviam feito ou visto ao longo das
indígenas no curso normal trajetórias escolares conteúdos relativos
as leis 10.639/2003 e 11.645/2008. As
No início do primeiro bimestre escolar é respostas indicaram o esperado, nas três
muito comum ouvir de colegas turmas pouquíssimos estudantes tiveram
professores as dificuldades que acesso aos conteúdos, atividades ou
enfrentam para apresentarem e eventos nos contextos escolares que
trabalharem os conteúdos curriculares visassem a participação de afro-
devido a situação de desorganização brasileiros, africanos e indígenas na
que as escolas se encontram. Situação sociedade brasileira e na história da
ocasionada pela falta de autonomia em humanidade. Os que tiveram a

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oportunidade vieram de escolas 3 , em as surpresas com as histórias de vidas
São Gonçalo, que têm a tradição de dos escritores (as) negros (as) e
trabalhar em novembro ou indígenas. Chamou a atenção dos
pontualmente as questões relativas à Lei discentes as histórias de vida da
10.639/2003. Após essa sensibilização escritora Carolina de Jesus e do escritor
com questionamentos sobre o Daniel Munduruku. Estes foram muitas
apagamento dessas questões ao longo vezes mencionados como sujeitos de
de suas formações, solicitamos como trajetórias de vida impressionantes.
segunda atividade para as turmas que No segundo momento da atividade e
pesquisassem sobre escritores negros após observar os impactos positivos que
(as) e indígenas. a atividade trouxe para os discentes,
Na atividade sobre autores negros (as) e sugerimos que eles fizessem cartazes
indígenas, orientamos as turmas a sobre os (as) autores (as) negros (as) e
pesquisarem no mínimo 3 autores indígenas. Dividimos as turmas em 4
negros, 3 autoras negras, 2 autores grupos, dois grupos seriam responsáveis
indígenas e duas autoras indígenas e a por construírem cartazes sobre autores
relatarem em seus cadernos sobre suas negros, negras e indígenas poetas, os
trajetórias de vida e a relação com a cartazes deveriam conter as imagens
escrita. Salientamos a necessidade de dos intelectuais e seus poemas. Outros
sempre fazerem o recorte de gênero dois grupos seriam responsáveis em
mesmo quando trabalhassem com as criarem cartazes sobre escritores negros,
questões étnico-raciais. Nessa atividade, negras e indígenas e suas principais
os estudantes deveriam pesquisar sobre obras. As turmas fizeram os trabalhos e
a existência destes autores, seus livros, propusemos após a finalização dos
contos e poesias. No primeiro momento, cartazes que fossem expostos no mural
o exercício foi de natureza individual e principal da escola. Selecionamos os
convidamos os estudantes a exporem cartazes com melhores acabamento e
suas impressões acerca da existência escritas. Além disso, a turma CN 1003
destas intelectualidades não autorizadas, criou um cartaz interativo perguntado
deslegitimadas e não reconhecidas pelo aos estudantes da escola “Quantos
contexto educacional formal e pela autores negros/indígenas você já leu?”.
sociedade brasileira 4 . Como resultado A pergunta foi baseada nas campanhas
tivemos forte entusiasmo das turmas e de visibilidade de autores negros e
indígenas que têm acontecido nas redes
3 De acordo com as narrativas dos estudantes, sociais 5 oriundas de grupos de estudos
os Colégio Estadual Trasilbo Figueiras, no de autores negros e indígenas. Para a
bairro de Jardim Catarina, Instituto Educacional
nossa surpresa o cartaz foi respondido
Clarie Nanci no bairro da Brasilândia, Colégio
Estadual Raul Veiga, Colégio Estadual Coronel por estudantes e professores do Colégio
Serrado no bairro de Monjolos; Colégio Estadual Pandiá Calógeras, onde temos
Municipal Jaime Mendonça, bairro do Monjolos
e a Escola Municipal Eduardo Araújo de
Petrolina no Piauí trabalham de maneira pontual
temas relativos a legislação federal de história e 5 Nas redes sociais é muito fácil encontrar
cultura africana e afro-brasileira no mês de grupos, páginas, blogs e sites questionando o
novembro. lugar da autoridade bibliográfica e divulgando
4 Sobre a invisibilidade de intelectuais negros autores negros e indígenas. Para essa atividade,
no ambiente educacional veja a reportagem de falamos do grupo Lendo mulheres negras do
Conceição Evaristo na BCC Facebook:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil- https://www.facebook.com/lendomulheresnegra
43324948. s.

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trabalhado com as turmas do Curso sobre os estudantes, e as aproximações
Normal. entre professor e aluno já foram mais
efetivadas, por isso alguns colegas
Os autores negros e indígenas
alimentam a crença deste momento ser
pesquisados pelas turmas foram os
oportuno para iniciar temáticas
seguintes: Cristiane Sobral, Carolina de
transversais como raça, gênero,
Jesus, Conceição Evaristo, Graça
sexualidade, desigualdades sociais,
Graúna, Fábio Akin Kintê, Elaine
questões ambientais dentre outras.
Portiguará, Ailton Krenak, Olivio
Jekupé, Adão Ventura, Cidinha Silva, Analisamos de maneira diferente o
Machado de Assis, Nei Lopes, Joel período do segundo bimestre, para nós,
Rufino dos Santos, Cuti (Luis da Silva). o segundo bimestre será mais um
A atividade teve um saldo positivo entre momento para continuarmos os
os estudantes das turmas que trabalhos iniciados no primeiro
ministramos aulas e para os estudantes bimestre. Desse modo, não há
que estudam na escola, por um período descontinuidade das nossas práticas ao
curto de tempo 6 , ao adentrarem no tratar das relações étnico-raciais e das
colégio e verem pessoas negras e histórias e culturas africanas, afro-
indígenas ocupando o lugar de autoria brasileiras e indígenas. De acordo com
no contexto escolar. Ademais, a Gomes e Jesus (2013) no contexto
atividade foi simples e teve um período escolar brasileiro:
de execução curto de duas semanas, As mudanças a que assistimos nas
feitos em dois tempos de aulas. Isto no práticas escolares observadas
contexto do primeiro bimestre onde há podem ainda não ser do tamanho
diversas justificativas dos docentes para que a superação do racismo na
não começarem debates e atividades educação escolar exige, mas é certo
com as legislações de n. 10.639/2003 e que algum movimento afirmativo
está acontecendo. Em algumas
11.645/2008. Porém, cremos que seja
regiões, sistemas de ensino e
possível organizar atividades que escolas o processo está mais
centralizem as questões raciais e avançado, em outros ele caminha
interculturais no currículo escolar. lentamente e em outros está
Manifestações culturais afro- marcado pela descontinuidade. A
pesquisa revela, portanto, que não
brasileiras e indígenas
há uma uniformidade no processo
No segundo bimestre, os colégios da de implementação da Lei
rede estadual têm uma segurança maior 10.639/2003 nos sistemas de
em relação a presença de seus ensino e nas escolas públicas
estudantes, neste momento também é participantes. Trata-se de um
entregue aos professores os diários contexto ainda marcado por
tensões, avanços e limites
escolares com listagem de alunos que
(GOMES; JESUS; 2013, p. 32).
realmente estão vinculados a instituição
escolar. O período de desconhecimento Em Sociologia, o conteúdo curricular da
SEEDUCRJ, do segundo bimestre, tem
como tema a ser trabalho: cultura e
6 Os cartazes ficaram expostos na entrada identidade e os principais pontos a
principal da escola apenas por uma semana e até serem mencionados são: identificar o
hoje não sabemos por quê o período de tempo
foi tão curto. Também não foram devolvidos
homem como ser histórico e cultural e
para as turmas e não os encontrei pela compreender a importância do conceito
coordenação. antropológico de cultura; compreender

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os problemas decorrentes da visão levantamento e conversas com as
etnocêntrica e relativiza as diferenças turmas em torno dos conhecimentos
culturais e compreender a dinâmica das adquiridos com a atividade, pedimos
mudanças culturais e sua relação com as um trabalho escrito e com a realização
transformações das sociedades. de um plano de aula utilizando a
manifestação cultural investigada por
Neste bimestre, apresentamos os eixos
eles. Neste momento, os discentes
centrais e importantes para o respeito e
deveriam selecionar apenas uma
tolerância na sociedade brasileira.
manifestação cultural do estado e
Explicamos o conceito de cultura,
investigá-la. Além de entregar trabalhos
etnocentrismo e relativismo cultural e
escritos, eles tiveram que elaborar
como eles são fundamentais para
cartazes com resumos da manifestação
compreender a diversidade humana no
cultural e imagens, o objetivo do
globo terrestre, bem como as
trabalho, os métodos, técnicas e
atrocidades cometidas em nome da
referenciais teóricos utilizados. A
diferença, sejam elas nacionais, como
entrega foi realizada somente no
exemplo, as práticas de intolerância e
terceiro bimestre, devido ao período
racismo religioso no Brasil ou
curto do segundo bimestre escolar para
internacionais como os conflitos entre
executar a toda a proposta.
Israel e Palestina.
Posteriormente, discorremos sobre as Em relação ao trabalho escrito foi
diferenças regionais no país e como solicitado que os discentes pensassem
podemos identificar as manifestações estratégias para inserir a manifestação
culturais afro-brasileiras e indígenas cultural em suas futuras práticas
sendo caracterizadas como cultura pedagógicas, orientamos a fazerem um
brasileira, mas, na realidade, são plano de aula ou que descrevessem
culturas afro-indígenas. Aproveitamos a atividades em que as manifestações
oportunidade para questionar as culturais fossem centrais no conteúdo
contradições contidas nas ideias de curricular. Os resultados foram: a
identidade nacional. elaboração da atividade, criação de
materiais didáticos e reflexões dos
Para realizar a atividade das discentes sobre a presença das
manifestações culturais afro-brasileiras manifestações culturais afro-brasileira e
e indígenas dividimos a turmas em indígenas no contexto escolar. Vejamos:
grupos, cada grupo representava um
estado brasileiro, sendo os estados Docente: Por que é importante
trabalhados: Rio de Janeiro, Espírito estudar e inserir as manifestações
Santo, Bahia, Minas Gerais, culturais afro-brasileiras e
Pernambuco, Pará e Maranhão. Os indígenas no currículo escolar?
grupos deveriam pesquisar quais Discente I (CN 1003): Para
manifestações culturais afro-brasileiras enriquecer o conhecimento dos
e indígenas ocorriam no estado que alunos mostrando diversos tipos de
estavam responsáveis por representar. culturas que não são vistas
Encontraram as seguintes frequentemente ou nunca são vistas
manifestações: Folia de Reis, Jongo, na escola.
Samba de Roda, Capoeira, Catimbó,
Maracatu, Capoeira, Bloco Afro Ilé Docente: Por que é importante
Ayê, Tambor de Criola e Terno de estudar e inserir as manifestações
culturais no currículo escolar?
Congo. Após este primeiro

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Discente M (CN 1003): É Oficina de tranças afro como
importante para que sirva como um ferramentas de ensino para práticas
complemento as outras matérias. antirracistas
As matérias focam apenas em um
olhar eurocêntrico, se não fossem Durante o terceiro bimestre,
assim muitos outros alunos que percebemos que era necessário intervir
como eu não conhecem as
na formação dos discentes enquanto
manifestações culturais do seu
próprio país poderiam conhecê-las
futuros professores da educação infantil.
e saberiam mais sobre a cultura Oferecemos como ferramenta
afro e indígena que são muito ricas antirracista para nossas turmas a
atividade não obrigatória: oficina de
A respeito das considerações finais os tranças. Com esta atividade,
grupos expuseram o seguinte: procuramos ensinar para os estudantes
as técnicas e práticas de manipulação e
Este trabalho visa muito a cultura cuidados dos cabelos crespos e
afro-brasileira e indígena e isso é cacheados. Além de ser professora de
essencial de ser estudado, pois
sociologia, venho de uma família de
expande o conhecimento geral de
cultura (Grupo CN 1001) mulheres negras trançadeiras e minhas
pesquisas acadêmicas estão centradas na
Podemos concluir com este demonstração dos conhecimentos
trabalho, que teve como intuito etnomatemáticos presentes nos
informar sobre uma manifestação trançados, os valores éticos, sociais,
cultural bem conhecida [Bumba estéticos, as formas de sociabilidades e
meu Boi], que mesmo assim muitos os processos identitários que se
ainda não conhecem e muitos inscrevem no fazer/saber das tranças e
profissionais não sabem e não
nas culturas negras.
aplicam esta manifestação cultural
[em seus currículos] como as leis
A atividade nasceu de reflexões que
10.639/2003 e 11.645/2008. Com a
elaboração do trabalho aprendemos venho tomando ao longo do magistério
muito sobre a manifestação e de minha formação intelectual.
cultural, como surgiu, como Pesquisas de relações étnico-raciais e
acontece etc. (Grupo CN 1002, educação (CAVALLEIRO, 2005;
grifos nossos) OLIVEIRA, 2005) indicam que durante
a primeira infância as práticas racistas
Notamos que a atividade solicitada são exercidas nos corpos de crianças
trouxe novos olhares em torno das negras e mestiças. Neste sentido, na
manifestações culturais e contribuiu, de educação infantil e no maternal também
algum modo, para a desconstrução dos vemos a efetivação de práticas
olhares etnocêntricos, preconceituosos e discriminatórias e racistas. Não é uma
racistas tão arraigados em nossa regra, mas, muitos estudantes do curso
sociedade. Apesar de não ser um projeto normal quando conseguem trabalhar na
que esteja transversalizado em outras educação, se tornam auxiliares de
disciplinas a elaboração da atividade creche, auxiliares de professores,
levou os discentes a questionarem professores da educação infantil e do I
outras áreas de conhecimento (dentro da ciclo do ensino fundamental. Como a
escola e a total ausência das temáticas grande maioria estes profissionais
em seus currículos explícitos e ocultos. poderão ter práticas que reafirmam o
racismo e as discriminações raciais,
uma destas práticas é o não cuidado dos

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cabelos de crianças negras e mestiças. As oficinas aconteceram durante dois
Os próprios discentes, no período de dias de aulas, no mês de setembro, nas
estagio obrigatório, observam que as três turmas do primeiro ano do curso
crianças negras são menos penteadas e normal. Para sua realização solicitamos
pouco toucadas pelas professoras e suas aos discentes que levassem
auxiliares “Professora, eu estou equipamentos necessários para o
fazendo estágio numa escola e a turma aprendizado: boa vontade, interesse,
que acompanho só têm três meninas paciência, seus cabelos, pentes de cabo
negras e eu vi que a professora não fino e de dentes largos, grampos, lã,
penteia os cabelos delas. Penteias de cabelos sintéticos.
todas as alunas menos das negras”
No dia da primeira oficina, dia 13 de
(Discente P. CN 1002)”. Como
setembro de 2019, a primeira turma da
combater a este quadro de
manhã, CN 1003 estava muito
discriminações recorrentes têm sido as
entusiasmada em aprender as técnicas e
nossas perguntas? Uma tentativa de
práticas de trançar cabelos. Neste dia,
enfrentamento foi a elaboração da
abordamos os processos de (re)
oficina de tranças e penteados afro
existência que atravessavam o
como ferramenta de ensino antirracista.
fazer/saber das tranças, contamos a
história de nossa tia-avó, Dona Irene,
No terceiro bimestre o conteúdo que sempre usou tranças organizadas de
sugerido no currículo mínimo de modo complexos ao longo da cabeça,
Sociologia da SEEDUCRJ é Cultura e contamos a história de nossa mãe e o
Identidade e os temas sugeridos são: uso atual de seus dreadlocks após
estabelecer a relação entre a construção aposentadoria do serviço doméstico nas
da identidade individual e o casas de “família” brasileiras, falamos
pertencimento aos diferentes grupos e sobre a trança ser mais antiga que os
instituições sociais; identificar os processos capitalistas de moda,
marcadores sociais da diferença na comentamos rapidamente os saberes
contemporaneidade e perceber sua inter- etnomatemáticos contidos nas divisões
relação na e reprodução das e medições de cada trançados. Para
desigualdades e compreender o sensibilizar a turma, levamos também
processo de construção da identidade e livros e materiais didáticos de aplicação
das culturas nacionais e suas das legislações.
implicações étnico-raciais e nas
identidades regionais. Como a questão dos cabelos crespos e
cacheados para pessoas negras e
Neste caminho, elaborarmos a atividade mestiças envolvem uma série de
da oficina de tranças pensando nos processos dolorosos ocasionados pelo
processos de identidade negra, sistema racista:
identidade profissional (ser trançadeira) O cabelo do negro na sociedade
e as culturas que os fazeres e saberes brasileira expressa o conflito racial
das tranças estão circunscritos. Ademais vivido por negros e brancos em
como eles poderiam ser para as futuras nosso país. É um conflito coletivo
educadoras um auxílio em situações de do qual nós participamos.
persistências de discriminações Considerando a construção
baseadas no fenótipo, como são as histórica e do racismo brasileiro, no
discriminações raciais contra pessoas caso dos negros o que difere é que
a esse segmento étnico/ racial foi
negras e mestiças.
relegado estar no polo daquele que

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sofre o processo de dominação docente (candomblecista e Iyawo de
política, econômica e cultural e ao Iyemonjá do Ilé Axé Iyalodé Osun
branco estar no polo dominante. Karé). Ver A. participando das oficinas,
Essa separação rígida não é aceita deixando sua cabeça ser tocada foi
passivamente pelos negros. Por isso
muito emblemático e bonito.
mudar o cabelo pode significar a
tentativa do negro sair do lugar da A participação dos poucos meninos nas
inferioridade ou a introjeção deste. oficinas e suas observações sobre as
(GOMES, 2002, p. 40)
práticas de racismo no contexto escolar
Ao longo da atividade, trabalhamos também foram para nós relevantes.
frases positivas em relação a aparência Acreditamos que pelas questões que
dos fios crespos: Não existe cabelo envolvem a construção do gênero
duro, existe cabelo crespo! Todo cabelo masculino em nossa sociedade muitos
deve ser tratado com amor e cuidado!, se sentiram constrangidos em aprender
O cabelo crespo precisa ser penteado a trançar, mas participaram do debate e
com paciência, pois é delicado!, Os deixaram seus cabelos para serem
cabelos crespos, assim como sua cabeça trançados pelas colegas da classe.
não toleram o excesso de creme para No segundo dia da oficina também
esconder o volume!, Excesso de cremes trabalhamos com música, na turma CN
causam caspas e outros malefícios para 1003 ouvimos o poema de Fabios Akin
a saúde capilar!, O cabelo crespo é Kintê “Duro não é o cabelo”, na turma
perfeito para ser trançado porque enrola CN 1001 ouvimos também o poema e
nele mesmo!, Quanto mais crespo o outras músicas voltadas aos debates da
cabelo mais fácil para aprendermos a identidade negra e deixamos como
trançar! trilha sonora.
No segundo dia, dia 20 de setembro, A atividade chamou atenção dos
tivemos a participação da trançadeira estudantes de outras turmas da escola,
Marilene do Projeto Consciência mas combinamos com a turma que só
Dreads. A trançadeira que mora em faríamos penteados trançados nos
Copacabana ao saber sobre a oficina membros pertencentes ao primeiro ano
com minhas turmas através da rede do CN e que estivessem inscritos na
social Facebook se propôs a ir conversa atividade.
e ensinar seu fazer/saber na escola. O
relato de Marilene demonstrou como as Algumas estudantes aprenderam as
tranças podem gerar autonomia para técnicas e prática de trançar cabelos no
mulheres que estão afastadas do primeiro dia da oficina e outras no
mercado de trabalho formal. Devido à segundo, outras apenas observaram e
distância de Copacabana para São foram trançadas. O propósito da
Gonçalo a participação da trançadeira atividade foi trazer para um currículo
ocorreu apenas na turma CN 1002, mas, tão engessado como é o de Sociologia
os relatos dos discentes foram muito uma prática pedagógica que o
significativos em relação a participação movimentasse. Pensamos que seja
da trançadeira. Ouvi da discente A. o possível ensinar identidade e cultura
seguinte “Professora, nós deveríamos vivenciando, valorizando, se
ter sempre aulas assim”. O que nos aproximando de elementos identitários.
surpreendeu, principalmente porque A. Para além de ensinar o que é o self e o
demonstrava bastante incomodo durante me para os estudantes, é necessário que
as aulas devido à pertença religiosa da toda a energia para ensinar cultura e

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identidade apresente em alguma medida forma de construir outros modos do
ligações com as legislações federais. fazer sociológico. Sabemos dos
Ao oferecemos a oficina para nossos desafios, recursas e silenciamentos que
alunos construímos aproximações a nossas vozes e práticas têm passado,
partir de um elemento identitário que mas quem pode calar o pensamento ou a
para nós tem um valor para além de ação após fechar a porta da sala de aula,
acadêmico. Tranças tem um valor quem pode impedir uma práxis
afetivo porque pertence ao universo educativa?
feminino que fomos socializadas.
Sensibilizar estudantes a partir de Referências
nossas experiências não é um caminho
CAVALLEIRO, Eliana. Discriminação Racial e
confortável, mas não criar/ pensar em Pluralismo nas Escolas Públicas da Cidade de
ações para combater as discriminações é São Paulo. BRASIL. Educação e Anti-
um movimento que não acreditamos racismo: Caminhos Abertos Pela Lei Federal
que seja eficaz. De tudo isso, como 10.639/03. Brasília: SECAD/MEC, 2005. p. 65-
resultados alcançados notamos a 104.
afetividade e os comentários que GOMES, N.L.; JESUS, R. E. As práticas
ouvimos de A. da CN 1002 e de M. da pedagógicas de trabalho com relações étnico-
CN 1003 “Professora essa atividade foi raciais na escola na perspectiva de Lei
10.639/2003: desafios para a política
uma das melhores que já participei na educacional e indagações para a pesquisa.
escola. Eu estou muito feliz. Amo usar Educar em Revista, n. 47, p. 19-33, 2013.
tranças. Obrigada”. GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e
Conclusão conceitos presentes no debate sobre relações
raciais no Brasil: uma breve apresentação. In:
Consideramos de extrema importância Educação anti-racista: caminhos abertos pela
repensar o currículo de Sociologia, Lei Federal n.10.639/2003. Brasília: SECAD-
questionar os lugares e cânones MEC, 2005
intocáveis da área, principalmente se KINTÊ, Fabio. Muzimba: na humildade, sem
desejamos trabalhar com leis anti- maldade. São Paulo: Editora Independente,
hegemônicas, antirracistas e 2016.
anticolonialistas Lei 10.639/2003 e Lei OLIVEIRA, Fabiana. Relações raciais na
11.645/2008. Trabalhar centrados nestes creche. In: OLIVEIRA, Iolanda; SILVA,
Petronilha Gonçalves e; PINTO, Regina Pahim
critérios é sim um compromisso da
(org.). Negro e Educação: escola, identidades,
Sociologia que apesar de seu histórico cultura e políticas públicas. São Paulo: Ação
racista alega na contemporaneidade ser Educativa, ANPED, 2005.
comprometida com a edificação de OLIVEIRA, Lúcia Lippi. A sociologia de
sociedades democráticas. É presente no Guerreiro Ramos. Caderno CRH, v. 28, n. 73,
discurso dos sociólogos o compromisso p. 9-13, 2015.
de contribuir enquanto cientistas para a SANTOS, Luane Bento dos. Relações Étnico-
manutenção da ordem democrática, no raciais no ensino de Sociologia do Ensino
entanto qual democracia poderemos Médio. In: I Seminário de Ciências Sociais e
construir a partir da sociologia se esta Educação. Anais do I Seminário de Ciências
não repensar o seu lugar nas relações Sociais e Educação, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
étnico-raciais e nos discursos anti-
negro, principalmente dentro do
contexto escolar. Por essas razões, Recebido em 2020-04-01
relatar nossas práticas têm sido uma Publicado em 2021-01-01

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