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Falácias Informais

 Petição de princípio

O que está dito nas premissas volta a ser repetido na conclusão

 Falso Dilema

Quando nas premissas só apresentam duas possibilidades sendo que existem mais

 Apelo à ignorância

Tentar provar que uma proposição é falsa porque ainda não se provou verdadeira ou vice-versa

 Ataque à Pessoa

Tenta-se descredibilizar a pessoa atacando-a ao invés de discutir o argumento

 Derrapagem (ou bola de neve)

Introduz uma cadeia de acontecimentos que nos leva a uma conclusão falsa ou muito improvável

 Espantalho

Para contrariar o argumento apresenta-se uma versão distorcida e fraca

 Falsa Relação Causal

Existe uma relação entre as premissas e a conclusão falsa (talvez introduzida de propósito)

 Ad Populum (Apelo ao Povo)

A opinião da maioria é a verdade das premissas e da conclusão

Livre Arbítrio
Determinismo Radical:
Tese: “Todas as nossas ações são o resultado necessário dos acontecimentos anteriores: são, por
isso, efeitos de causas necessárias. Fazemos o que o nosso passado determina que façamos e não
aquilo que queremos. Assim, como as nossas ações não dependem de nós, mas de fatores que não
podemos controlar, não somos livres.”

Todas as nossas ações estão inseridas num conjunto de acontecimentos sucessivos. E partem de
acontecimentos com uma causa e um efeito explicado segundo as leis da natureza.
O determinismo radical afirma que o homem não é livre e a liberdade é uma ilusão, ou seja, todas
as nossas decisões e escolhas estão determinadas e por isso não é possível ao ser humano mudar
ou alterar o curso dos acontecimentos.

Os argumentos do determinista radical:

1) Todos os acontecimentos, sem exceção, são casualmente determinados por


acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza

2) As escolhas e ações humanas são acontecimentos

3) Logo, todas as escolhas e ações humanas são casualmente determinadas por


acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza (não são livres).

Conclusão: Neste sentido de liberdade o que está em causa é a liberdade de podermos escolher
sob a nossa vontade (não a liberdade social ou política). O determinista radical afirma que não
temos liberdade de vontade e escolha porque mesmo estas estão determinadas
independentemente da escolha ou vontade que eu tenha, já são o resultado da ação determinada.

A resposta à crítica ou objeção do problema da responsabilidade no determinismo radical é dada


pela tese e os argumentos do compatibilismo (ou determinismo moderado)

Compatibilismo (ou Determinismo Moderado)


Tese: “É livre a ação em que o agente não é impedido por fatores externos de realizar a ação. Na
ausência destes obstáculos, o agente pode fazer o que tem vontade de fazer. Se as causas de uma
ação estão em mim (nas minhas crenças e desejos), então são livres. Se não são causadas pelas
crenças e desejos que constituem a minha personalidade, então não são livres.”

No compatibilismo é abordada uma ideia de livre-arbítrio(libertismo) e determinismo (radical) em


simultâneo, ou seja, ambos são possíveis e verdadeiros, são compatíveis, daí o nome
compatibilismo. Existem ações livres e não livres.

As ações livres têm causa em nós, agentes e correspondem às nossas crenças, desejos, motivos e
vontade, conseguimos controlar e dependem de nós.

As ações não livres são as que têm uma causa exterior a nós, não dependem de nós, não as
conseguimos controlar, as que somos obrigados a executar.

O compatibilismo (determinismo moderado) assume uma posição de equilíbrio entre as ações


livres e não livres (e consequentemente determinismo radical e libertismo). Atribui
responsabilidade às ações que dependem de mim, têm causa em mim e que eu controlo.

Todas as ações, tanto livres como não livres, têm uma causa.
Problema do Compatibilismo:

Aqui afirma-se que podemos agir livremente segundo as nossas crenças, desejos ou estados de
espírito, no entanto esses fatores são condicionantes, logo a ação não é totalmente livre.

As nossas escolhas e ações são livres se não forem um seguimento de uma cadeia de
acontecimentos passada.

Libertismo
O libertismo defende que todas as nossas ações são livres porque ao agirmos damos origem à
causa e assim contruímos uma nova cadeia de acontecimentos. Se somos os criadores da 1ª causa
não somos condicionados nem determinados de forma alguma. Somos livres no pensamento,
vontade, decisão e escolhas. Não há impedimentos para sermos livres. Não somos o resultado de
condicionantes nem do passado.

Para os libertistas somos completamente livres, mas também responsáveis. O libertismo defende
que as origens das nossas ações têm uma causa completamente livre e a consequência é assumir
inteiramente a responsabilidade das nossas ações.

Objeção/Crítica ao Libertismo

Ao afirmar que somos completamente livres os libertistas não ponderam as condicionantes físicas,
ou seja, somos livres no pensamento, porém não a nível físico. Também o conceito de ação
humana (intencional, voluntária e consciente. Situada num tempo e num espaço) se é situada num
tempo e num espaço é determinada, por ter causas exteriores.
A Ação Humana
Para ser considerada uma ação humana têm de ser intencional, consciente e voluntária.

Consciente: estado de lucidez, despertez, racional em todos os momentos

Voluntária: depende da minha vontade, é conduzida pelo meu pensamento e estado de


consciência. Tem causa em mim e não depende de nenhum fator externo

Intencional: Cumpre sempre um propósito ou um fim

Rede Concetual da Ação Humana


Conjunto de conceitos que estão ligados entre si e fazem com que a ação humana possa ser
analisada e compreendida em 5 momentos

Momentos:

A Intenção (1º momento): Desejos e crenças, quando há uma intenção há um desejo e um


acreditar. Responde à pergunta “Para quê da ação?”

O Motivo (2º Momento): Responde à pergunta “O porquê da ação?” e explica a intenção

A Deliberação (3º Momento): Aqui eu pondero e avalio os pros e contras da ação, penso nas
consequências da ação. A deliberação explica a decisão.

A Decisão (4º Momento): Aqui eu opto por uma possibilidade que considerei na ponderação e
deliberei. Ao decidir essa possibilidade eu torno-a real, transformo todas as outras em impossíveis
e fico apenas com uma possibilidade, que é real. (agora apenas tenho um caminho, todos os
outros foram fechados por mim)

A Escolha (5º Momento): Digo que sim ou que não à decisão

As consequências da minha ação são minha responsabilidade

Condicionantes da ação humana


Condicionantes físicas e biológicas: são as que dizem respeito ao nosso código genético e que nos
limitam pela forma como somos. Não nas podemos mudar, mas podemos as superar
tecnicamente, construindo coisas para fazermos o que queremos

Condicionantes Sociais e Culturais: são as que abordam a nossa sociedade e a época em que
nascemos tal como a cultura atual.

Condicionantes Psicológicas: estou condicionado pelos meus sentimentos ou estados de espírito,


dependo da minha situação atual.
As condicionantes podem ser superadas, mas as determinações que não dependem da minha
vontade e fazem de mim um ser humano racional, não podem ser alteradas ou modificadas. Eu
estou determinado a ser humano e racional com todas as condicionantes.

Nota:

Juízos de facto: juízos objetivos, descritivos, que contêm valor de verdade podendo ser
verdadeiros ou falsos, esse valor de verdade depende de como a realidade é e não da apreciação
ou do ponto de vista de cada um. São os juízos próprios da ciência ou da lógica. Ex: O gato é um
mamífero

Juízos de valor: juízos que contêm um valor, podendo ser positivo ou negativo, são uma
apreciação ou julgamento que nós atribuímos a uma ação, objeto ou circunstância. Os juízos de
valor dependem sempre dos critérios valorativos, ou seja, das justificações que nós atribuímos a
ações, objetos ou circunstâncias. Se eles têm valor de verdade, esta verdade pode ser: subjetiva,
objetiva ou relativa.

Valores
» O Subjetivismo Moral
Tese: Os subjetivistas defendem que os juízos de valor podem ser verdadeiros ou falsos, ou seja,
têm valor de verdade. Contudo, a sua verdade não é objetiva, varia de acordo com o ponto de
vista. Nenhum de nós está objetivamente certo ou objetivamente errado no que respeita aos
juízos mediante os quais avaliamos atos, pessoas e objetos. Os nossos juízos de valor baseiam-se
nos nossos sentimentos e como os sentimentos são subjetivos, nenhum juízo de valor é
objetivamente certo ou errado.

Os subjetivistas morais defendem que a atribuição de valores depende do sujeito, somos nós com
os nossos critérios valorativos que atribuímos valor de verdade (verdadeiro ou falso). Os valores
dependem das nossas crenças, sentimentos e pontos de vista, logo nós afirmamos e julgamos
segundo os nossos princípios e valores. A sociedade ou os outros não tem peso nem direito de
julgar o nosso ponto de vista (valor).

Objeção ao Subjetivismo Moral: A crítica que se faz ao subjetivismo moral é que haja uma
impossibilidade de discutir posições morais que alcancem consensos, ou seja, não podemos
alcançar valores e objetivos universais, reduzindo tudo ao subjetivismo, os valores são relativos a
cada um. Ninguém está objetivamente certo ou errado.
» O Objetivismo Moral
Tese: Os objetivistas acreditam que os juízos de valor podem ter valor de verdade (verdadeiros ou
falsos) e que esse valor não depende de pontos de vista, sentimentos, crenças ou convicções,
sejam estes individuais ou coletivos.

Fundamentação da Tese:

Os objetivistas defendem que os valores pertencem ou são em si propriedades ou qualidades das


ações humanas, dos objetos ou das próprias instituições. Os juízos de valor têm valor de verdade,
mas não dependem de critérios individuais, coletivos ou socias. Se os juízos morais são
verdadeiros ou falsos é porque são universais e objetivos, nós apenas reconhecemos esses
valores, se não os reconhecemos é porque ainda não os compreendemos ou estamos limitados.
Os objetivistas afirmam que os valores são imutáveis (não mudam) e eternos, por exemplo o valor
da vida humana, é imutável, absoluto, universal e eterno.

Objeção ao Objetivismo Moral:


Se os objetivistas defendem que os valores são universais, absolutos, imutáveis e eternos isso
impede eu haja um progresso dos valores morais, sendo que esse progresso só se obtém ao
estabelecer um diálogo entre diversos pontos de vista. (Ex: se o valor da vida humana é universal e
imutável, não podemos discutir o valor da eutanásia ou aborto, também não há discussão sobre o
que é considerado vida humana)

» O Relativismo Moral (ou Cultural)


Tese: O relativismo cultural afirma que os juízos morais são verdadeiros, mas não em todo o lado e
para todas as pessoas. A verdade dos juízos morais depende do que cada sociedade acredita ser
moralmente correto, depende do que esta aprova ou desaprova. Moralmente verdadeiro é o que
cada sociedade, ou a maioria dos seus membros, aceita ser verdadeiro. Moralmente verdadeiro é
igual a socialmente aprovado e moralmente errado é igual a socialmente desaprovado.

Fundamentação da Tese:

Os relativistas advogam que os juízos morais possuem valor de verdade (verdadeiro ou falso), mas
essa avaliação depende das convicções e crenças da maioria dos membros de uma sociedade. Os
relativistas afirmam que cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade como
reprováveis ou prováveis se não dentro dessa mesma sociedade, ou seja, não é possível que
outras sociedades julguem os códigos morais. Todas as sociedades devem respeitar e não se
sobrepor ao que é considerado como juízo moral correto ou incorreto.
Objeções ao Relativismo Moral: (p. 82)

1º: Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correto e
algo ser moralmente correto:

o relativismo transforma a diversidade de opiniões e de crenças morais em ausência de verdades


objetivas. Isso pode ser sinal de que há pessoas e sociedades que estão erradas e não de que
ninguém está errado.

2º: O relativismo reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro:

Não necessariamente o que a maioria acha verdadeiro é moralmente aceitável (ex: nazis)

3º: O relativismo cultural parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da


coesão social, as crenças dominantes:

Algumas pessoas ao longo dos anos mudaram a nossa forma de pensar (o que está certo). Porém o
relativismo afirma que a ação dessas pessoas é sempre incorreta.

4º: O relativismo cultural torna incompreensível o progresso moral:


Nos progressos morais existe uma evolução (mudança) das crenças. O relativismo afirma que
nenhuma sociedade esteve ou está errada nas suas crenças e práticas morais, torna-se difícil
perceber a ideia de progresso moral. Tudo o que o relativismo permite dizer é que em tempos
certas ideias estiveram corretas, mas hoje em dia já não.

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