Você está na página 1de 21

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

TRATATIVA DE PLEITOS EM OBRAS PUBLICAS


ESTUDO DE CASO: CONSTRUÇÃO DE PISTA SKATE
Pollyanna Carvalho Bispo dos Santos
Rafael Lopes de Araújo
Roger Castro de Oliveira
Professor Orientador: Roberto Rafael Guidugli Filho

Resumo- Foi desenvolvido um estudo de caso em uma obra publica da construção de uma pista de
skate, a fim de analisar e comprovar a importância da elaboração de um orçamento eficaz e assertivo.
Durante a fase de execução da obra podem ser encontrados pontos que não foram considerados na etapa
da concorrência e que ao longo do projeto se tornaram desafios que acarretaram em custos que não foram
contemplados na proposta inicial, porém são necessários para a conclusão projeto.

Palavras-chave: Pleito; Obra Publica; Orçamentos.

1. Introdução

Diante de um mercado cada vez mais competitivo especialmente nos dias atuais
em que o mercado encontrasse desfavorável para a construção em função do cenário
pandêmico e das inconstâncias dos preços dos insumos, aumento dos custos com mão
de obra é preciso uma maior assertividade na elaboração das propostas buscando prever
todas as inconstâncias que o momento pode gerar ao longo da execução do projeto,
vivemos em uma economia baseada na lei da oferta e da procura, estamos passando por
um momento em que as possibilidades de investimento encontrassem estagnadas dadas
ao pessimismo que regem a atual situação econômica e política do país.

A construção civil foi uma das áreas mais afetadas pelas mudanças políticas e
econômicas ocorridas no Brasil nesse ano e com isso diversas empresas vivem um
momento de instabilidade e com poucas demandas de orçamentos. Antes em uma
concorrência em que participavam cinco (5) empresas a fim de ver qual delas
apresentaria uma proposta economicamente mais viável se não o menor preço, hoje
vivemos um momento diferente, atualmente as mesmas cotações são orçadas por dez
(10) ou quinze (15) empresas que reduzem seus preços o mais baixo possível para
vencer uma licitação.
O mercado está cada vez mais competitivo e para se ganhar uma obra é preciso
ofertar um orçamento coerente com qualidade e de forma que os preços apresentados
sejam competitivos e rentáveis, muitas vezes ao executar um determinado projeto é
preciso ter o preço mais competitivo possível para vencer uma concorrência ou leilão
eletrônico à analise cuidadosa com os custos indiretos para execução da obra tanto na
hora do orçamento quanto na execução é indispensável.
Muitas vezes os custos levantados na etapa de orçamento não expressam a
realidade encontrada durante a execução do projeto, materiais, mão de obra são
encontrados com preços diferente dos levantados durante a elaboração do orçamento.
Em diversos momentos materiais especificados e homologados por clientes devem ser
comprados em locais determinados o que agrega um custo ainda mais elevado, como
por exemplo, em fretes que muitas vezes não são orçados e passam despercebidos.

2. Referencial Teórico
2.1 Orçamentos em obras
Segundo Ribeiro (1996), a palavra custo possui significado muito abrangente:
pode ser utilizada para representar o custo das mercadorias vendidas em uma empresa
comercial, o custo fabricação de um produto, etc.[1]
Ernesto (2001), afirma que os custos da construção civil são classificados em:
[2]
a) Custos diretos: Ligados diretamente à execução dos serviços, que incluem os
custos relativos à mão de obra, aos materiais e aos equipamentos utilizados).
b) Custos indiretos: Basicamente os custos indiretos se dividem em duas
categorias: administração da obra e administração central.
Existe também os custos com mão de obra que podem ser classificados em 2
tipos, a mão de obra contratada pela própria empresa por tempo indeterminado que
fazem parte do quadro de funcionários da empresa, e a mão de obra contratada por um
período determinado geralmente a duração de um projeto, caracterizada como serviço
de terceiros ou mão de obra terceirizada, pratica que e bastante utilizada para diminuir
os custos da empresa uma vez que dessa forma ela não precisa manter um quadro de
funcionários ativo na empresa mesmo quando ela não tiver um projeto para relocar essa
mão de obra.
Dentro dos custos diretos temos os custos com materiais que geralmente
representam entre 60 e 70% do custo efetivo da obra.
Custos indiretos da administração da obra: Incluem o pessoal administrativo da
obra, a instalação e operação do canteiro de obra, os gastos referentes à mobilização e
desmobilização dos equipamentos, impostos e taxas incidente diretamente sobre a obra,
materiais de consumo, etc.[2]
Para alocar esses custos indiretos à obra atualmente utiliza-se o BDI -
Benefícios e Despesas Indiretas - que tenta através de equações matemáticas encontrar
um índice que multiplicado pelo custo direto apresenta o preço de venda do imóvel,
incluindo neste valor o lucro desejado. (CREA/SP).
De acordo com Mattos (2011) o raciocínio utilizado para se determinar o preço
de venda pode ser obtido de acordo com a formula: [3]

CUSTO CD +CI + AC +CF+ IC


PV = = (1)
1−I % 1−( LO %+ IMP % )

Ou

PV =CDx ( 1+ BDI % )( 2 )

Para se determinar o BDI podemos utilizar as seguintes formulas:

PV
BDI %= −1(3)
CD

Ou de forma geral:

( 1+CI % ) x ( 1+ AC % +CF % + IC )
BDI %= −1 ( 4 )
1−( LO % + IMP % )

Onde:

CI%= Custo indireto (% sobre o custo direto)

AC%= Administração central (% sobre os custos diretos e indiretos)

CF%= Custo financeiro (% sobre os custos diretos e indiretos)

IC%= imprevistos e contingências (% sobre os custos diretos e indiretos)

LO%= Lucro operacional (% sobre o preço de venda)

IMP%= Impostos (% sobre o preço de venda)

Utilizar o BDI entre 36% e 56%, de forma arbitrária - sem o estudo da


respectiva fórmula - é procedimento padrão entre as empresas de construção
civil. Ainda assim, a utilização da fórmula acima se mostra muitas vezes
ineficaz uma vez que são considerados constantes, ou pouco variáveis, a taxa
de custos indiretos/custo de administração, não existindo um levantamento real
destes valores e uma análise das diferenças que podem surgir entre várias
obras. Buscar, através do levantamento real dos custos indiretos e respectivo
rateio às diversas obras, torna o cálculo do custo mais próximo à realidade e é
uma alternativa ao método apresentado acima. [4]

Existem várias formulas para calcular do BDI sendo encontradas em


bibliografias diversas, mas cálculo da Bonificação e Despesa Indireta (BDI) em obras públicas,
a jurisprudência do TCU Tribunal de Contas da União, entende que a equação a seguir e a que
melhor traduz a incidência das rubricas do BDI no processo de formação do preço de venda:

Onde:

AC = Taxa de rateio da administração central;

S = Taxa representativa de seguros;

R = Correspondente a riscos e imprevistos

G = Taxa que representa o ônus das garantias exigidas em edital;

DF=É a taxa representativa das despesas financeiras;

L=Corresponde a remuneração bruta do construtor;

I=É a taxa representativa dos tributos incidentes sobre o preço de venda (PIS, Confins,
CPRB e ISS)

Os custos, segundo Azevedo (1985), quando associados aos resultados, definem


no tempo de aplicação e de retorno a rentabilidade de um empreendimento. Do correto
dimensionamento do custo, depende a viabilidade econômica do empreendimento. Para
que se possa obter rentabilidade em um determinado empreendimento, necessita-se de
um planejamento que reflita, de forma bem realista, as características do
empreendimento em questão. [6]
Em um empreendimento para se garantir a viabilidade e rentabilidade usamos
como ferramenta o orçamento, o mesmo deve ser elaborado seguindo a sequência:
 Levantamento de quantidades
 Cotação de insumos
 Composição de preços unitários
 Composição de BDI (Bonificação de Despesas Indiretas)
 Planilha orçamentária

2.2 Modalidades de Licitações


Dentre as modalidades de licitações temos:
 Concorrência que é a modalidade mais abrangente de licitação, e usada para
grandes obras como prédio, barragens e pontes.
 Tomada de preços que é a segunda modalidade mais abrangente nela só pode
participar empresas já cadastradas ou que atendam as condições exigidas no
cadastramento.
 Convite é a modalidade onde a empresa e convidada a participar da disputa não
é obrigatório a publicação do edital.
 Concurso e uma modalidade especial de licitação utilizada quando há
necessidade de algum trabalho intelectual seja ele técnico artístico ou científico.
 Pregão é também uma modalidade especial de licitação utilizado para facilitar a
compra de bens e serviços nele temos a modalidade de pregão eletrônico antes
os participantes submetem seus preços pela internet onde os concorrentes
podem visualizar os seus lances.
 Leilão é a modalidade em que todas as empresas participantes do leilão
apresentam uma oferta e vence a que apresenta o menor preço, os concorrentes
não conseguem visualizar os preços uns dos outros, mas conseguem visualizar
sua posição no ranking.
3. Metodologia
Foi feito um estudo de caso de uma obra especifica onde foram acompanhados
os processos de orçamento e de execução dessa obra.
A obra se trata da construção de uma pista de skate no Município de Taboleiro
Grande – RN. Uma obra pública orçada em R$270.972,61 com prazo inicial para a
execução da mesma de seis (6) meses, o terreno possui uma área de 963m², com base
nessa análise será apresentada metodologia detalhada da etapa de orçamento e alguns
conflitos apontados pelo gestor para fazer um comparativo do custo inicial orçado e do
curso real para execução bem como a tratativa do pleito.

Figura 1: Layout do Projeto – Pista de skate – Vista 1

Figura 2: Layout do Projeto – Espaço comercial – Vista 1

4. Resultados
4.1 Orçamento
O processo licitatório desse projeto foi considerado deserta, pois por duas vezes
em função de não ter aparecido nenhuma empresa interessada em apresentar proposta
de preços para o objeto pretendido pela administração pública municipal.
Diante desse cenário a secretaria municipal de obras solicitou a prefeita
autorização para contração direta sem a abertura de um terceiro edital apresentando
uma justificativa de dispensa de licitação fundamentada art 24, inciso V da lei federal
nº8.666 de 21 de junho de 1993.
A empresa que foi contratada de forma direta foi a Maxicasa comércio
construções e serviços Ltda, a mesma apresentou uma proposta que atendia todas as
solicitações para o projeto e conforme praticado em obras públicas apresentando:
 Composição de BDI
 Cotações
 Composição de preços
 Memória de calculo
 Planilha orçamentária
 Cronograma físico e financeiro
 Curva ABC
1.
2.
3.
4.
4.1
4.1.1 Composição do BDI
Foi apresentada de forma detalhada todos os percentuais considerados na
proposta divididos em quatro (4) grupos sendo eles:
Despesas diretas:
 Administração central: 3,88%
 Garantia e seguros contratuais: 0,80%
 Seguros e riscos de Engenharia: 0,97%
 Outros: 0%
Os Custos de administração central são rateados entre as várias obras da empresa
proporcionalmente ao porte de cada uma os valores mais comuns ficam entre 2 e 5% do
custo da obra.
Para a definição da garantia e seguros e o risco de engenharia foi utilizado como
parâmetro os valores do Acórdão 2.622/2013 - Plenário, reproduzidas na tabela a seguir:
Tabela 1: Parâmetros de referência do BDI por tipo de obra (fonte Acórdão 2.622/2013 – Plenário).

Bonificação
 Lucro: 6,16%
Para a definição do lucro foi utilizado como parâmetro os valores do Acórdão
2.622/2013 – Plenário, reproduzidas na tabela a seguir:

Tabela 2: Parâmetros referenciais das rubricas que compõem o BDI


Fonte: Acórdão 2.622/2013 - Plenário
Impostos:
 PIS: 0,65%
 Confins: 3,00%
 ISS: 2,00%
 CPBR (Contribuição Previdenciária sobre renda bruta): 4,5%
Alíquota máxima de PIS é de até 1,65% conforme Lei n 10.637/02 em
consonância com o Regime de Tributação da Empresa.
A alíquota máxima de COFINS é de 3% conforme inciso XX do art. 10 da Lei
n10.833/03.
Vale ressaltar que com as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, foi estabelecido o
sistema não cumulativo para o cálculo desta contribuição do PIS e da Cofins, passando
tais tributos a incidirem sobre o valor agregado em cada etapa do processo produtivo. A
alíquota do PIS foi majorada de 0,65%, para 1,65%, enquanto a alíquota da Cofins se
elevou de 3% para 7,6%.
Alíquota de ISS é determinado pela Relação de Serviço do município onde se
prestará o serviço conforme art. 1 e art 8 da Lei Complementar n116/2001.
Despesas Finais
 Despesas Financeiras: 1,23%

Considerando todas essas premissas foram gerados o cálculo de BDI conforme


tabela abaixo:

Tabela 3: Cálculo do BDI - Serviços


Fonte: AUTORES, 2021

4.1.2 Cotações

O acórdão prevê também a apresentação de quadro de cotações de mercado


contendo o mínimo de três cotações de empresas/fornecedores distintos, fazendo constar
do respectivo processo a documentação comprobatória pertinente aos levantamentos e
estudos que fundamentaram o preço estimado.

Conforme modelo apresentado abaixo:


Tabela 4: Quadro de Cotações
Fonte: AUTORES, 2021

4.1.3 Composições de preços Próprias

Quando houver a necessidade de elaborar uma composição de preço própria para


um serviço ou atividade onde não se tenha o mesmo contemplado em outros bancos de
dados tais como SINAPI ou SIURB por exemplo, é necessário apresentá-los como
composições próprias mostrando os coeficientes adotados bem como os preços unitários
e fontes complementares da mesma.

Tabela 5: Composição de Preço


Fonte: AUTORES, 2021

4.1.4 Memória de cálculo


Com relação aos custos diretos para obras públicas é necessário a apresentação
da memória de cálculo com os levantamentos dos quantitativos de todos os serviços da
obra, o mesmo deve ser elaborado levando em consideração os projetos, memoriais e
especificações técnicas. O que torna mais fácil a compreensão dos quantitativos
apresentados na planilha de orçamento.

Tabela 6: Memorial descritivo


Fonte: AUTORES, 2021

4.1.5 Planilha orçamentária


Pode-se afirmar que o orçamento sintético ou planilha orçamentária é o resultado
final que consolida um longo processo de orçamentação, representando o projeto básico
em termos financeiros e servindo de guia para as licitantes ofertarem suas propostas de
preço.
Tabela 7: Memorial descritivo
Fonte: AUTORES, 2021
4.1.6 Cronograma físico e financeiro
O cronograma físico e financeiro é uma ferramenta importante para controlar e
acompanhar o desenvolvimento das atividades prevista no escopo de serviços bem
como os seus prazos de execuções sem comprometer a entrega da obra, o mesmo
também serve para orientar em relação ao fluxo de caixa para que o gestor saiba os
valores que serão necessários em cada período da obra e serve também para orientar o
setor financeiro para a alocação de recursos financeiros para a execução do
empreendimento.
Segue abaixo o modelo utilizado em nosso estudo de caso.

Tabela 8: Cronograma Físico Financeiro


Fonte: AUTORES, 2021

4.1.7 Curva ABC


Segundo Mattos, a curva ABC é uma ferramenta que o orçamentista não pode
deixar de gerar ao final do processo de orçamentação, ela traz benefícios para o próprio
orçamentista e também para o engenheiro que irá gerenciar a obra. A curva ajuda a
identificar os insumos que mais pesaram na execução das atividades e com ela dar mais
atenção a esses itens a fim de melhorar os resultados no fechamento da obra.

Tabela 9: Curva ABC


Fonte: AUTORES, 2021

4.1.8 Justificativa de Pleito


Após o inicio das atividades foram identificados incompatibilidade entre alguns
quantitativos considerados na planilha inicial bem como a necessidade de execução de
serviços extras para garantir a funcionalidade do projeto, esses itens foram relacionados
e a necessidade dos mesmos apresentados na justificativa de pleitos e para isso foi
necessária à elaboração de um documento explicando item a item nessa justificativa
foram apresentados aos seguintes pontos:
 Alvenaria
Nesse grupo, teve acréscimo de alvenaria, ocasionado pela condição topográfica
do terreno destinado para a construção do objeto, para alcançar o nível ideal da área da
pista de skate foi necessário a execução da alvenaria que tem o papel desde a contenção
do aterro até a elevação do nível dos obstáculos e da rampa de skate, só assim a
contratada teria condições de dar seguimento a obra.
Figura 3: Obra – Fase da Alvenaria

Fonte: AUTORES, 2021

 Estrutura de concreto armado dos obstáculos e rampa de skate


Nesse grupo houve o acréscimo dos serviços de estrutura de concreto armado.
Inicialmente o projeto da pista de skate, não apresentava projeto estrutural dos
obstáculos de skate e das rampas, prevendo apenas alvenaria. Principalmente após a
elevação do nível do terreno, se fez necessário prever elementos estruturais como, vigas
baldrames, pilares e vigas a fim para proporcionar estabilidade para a estrutura, todos os
elementos estruturais estão quantificados em memória de cálculo nos detalhes
construtivos nas imagens a seguir.

Figura 4: Obra – Fase da Alvenaria

Fonte: AUTORES, 2021


Figura 5: Obra – Fase da Alvenaria
Fonte: AUTORES, 2021

Figura 6: Obra – Fase da Alvenaria


Fonte: AUTORES, 2021

Figura 7: Obra – Fase da Alvenaria – Rampa de Skate Figura 8: Obra – Fase da Alvenaria– Rampa de Skate
 Fonte:
Piso deAUTORES,
concreto 2021 Fonte: AUTORES, 2021

Nesse item em particular, após análise do orçamento base foi observado que na
área de circulação entre rampas e obstáculos de skate não estava previsto lona de
impermeabilização, tela de aço soldável e concreto para ser executado o piso industrial,
porém nas rampas e obstáculos os quantitativos estão corretos. Na planilha, estava
apresentando para essa área de circulação apenas a execução de contrapiso de
argamassa simples, não oferecendo resistência a abrasão que o piso venha sofrer
posteriormente com o uso, como também não respeita as etapas de execução de piso
industrial, como descrito no detalhe da imagem a seguir.

Figura 9: Obra – Fase da Alvenaria

Fonte: AUTORES, 2021

Esse item também contempla o lançamento, adensamento, e acabamento do


concreto, tanto do quantitativo aditivado como de todo volume de concreto previsto no
orçamento base, que no mesmo estava ausente.
Figura 10: Obra –Rampa de Skate – Vista de Perfil Figura 11: Obra –Rampa de Skate – Vista Frontal

Fonte: AUTORES, 2021 Fonte: AUTORES, 2021

 Serviços diversos
Nesse último item entram alguns serviços complementares à obra, seria o
guarda-corpo da rampa de skate, que está previsto em projeto e ausente no orçamento,
sendo o item de relevância considerando que a rampa tem mais de 3,0 metros de altura.
Também foi acrescido caixas de passagem para as instalações elétricas, que se fez
necessário para traçar rota dos eletrodutos até o quadro de distribuição, já que no
orçamento base está previsto apenas as caixas dos três (3) postes. E por último, foi
acrescentado duas (2) cubas de louça branca, para os lavatórios dos banheiros masculino
e feminino, já que no orçamento licitado previa apenas a bancada de granito, sem a
cuba.

Figura 12: Obra –Rampa de Skate

Fonte: AUTORES, 2021


Portanto, após todas as alterações descritas de forma subjetiva, justifica-se o
aditivo da planilha orçamentária referência, só assim o objeto deve oferecer
funcionalidade a população, possibilitando a conclusão integral da obra como previsto
em projeto, especificações e normas vigentes.

4.1.9 Tratativa
Em contratações de serviços de engenharia por órgãos públicos, para qualquer
alteração no projeto básico, seja alteração de projetos executivos ou mesmo para
correção de quantitativos errôneos ou omissos, é necessário à elaboração de um termo
aditivo de alteração de valor, para a composição do termo, é necessário um planilha de
readequação orçamentária onde são apresentados os valores dos acréscimos e as
supressões de formas segregadas a mesma também deve apresentar os quantitativos
originais e contratados e as novas quantidades apuradas para a execução. Ou em casos
específicos onde se faz necessário apenas acrescentar ou suprimir serviços, assim como
é feito pela iniciativa privada, é elaborado uma planilha de aditivo, onde o valor do
contrato será acrescido ou suprimido exclusivamente, as alternativas são condicionadas
sobre os limites da Lei 8.666/1993.
No caso em específico do estudo de caso foi elaborada uma planilha de
readequação, onde são apresentados os valores de acréscimos e supressões na planilha,
como descrito no quadro de resumo abaixo:

RESUMO DA READEQUAÇÃO
VALOR ORIGINAL DO CONTRATO (R$): R$ 270.972,61
VALOR TOTAL SUPRIMIDO (R$): -R$ 16.201,52
VALOR TOTAL EXCEDENTE (R$): R$ 39.834,12
VALOR ADITIVADO NO CONTRATO (R$): R$ 23.632,60
VALOR READEQUADO DO CONTRATO (R$): R$ 294.605,22
PERCENTUAL TOTAL SUPRIMIDO (%): -5,98%
PERCENTUAL TOTAL EXCEDENTE (%): 14,70%
PERCENTUAL ADITIVADO NO CONTRATO (%): 8,72%
Tabela 10: Resumo da Adequação
Fonte: AUTORES, 2021

Dessa forma conclui-se que os valores suprimidos ou seja serviços considerados


em planilha orçamentária inicial contratada que tiveram suas quantidades alteradas de
forma negativa ou atividades que não foram executadas em função da não necessidade
igual a R$16.201,52 e os acréscimos contemplando atividades que tiveram suas
quantidades alteradas de forma positiva bem como atividades extras que tiveram que ser
executados para conclusão do serviço igual a R$ 39.834,12 com isso foi gerado um
aditivo de contrato no valor de R$ 23.632,60 que equivale a 8,72% do valor do contrato
é importante ressaltar que em obras públicas como descreve art. 65 §§ 1º e 2º, da Lei
8.666/1993 “O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte
e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para
os seus acréscimos” e 2º “Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes. (Incluído pela
Lei nº 9.648, de 1998) No caso em específico de readequações orçamentárias essa regra
se mostra um pouco mais ampla como descrê o acórdão do TCU 2554/2017 do relator
André Carvalho “Como regra geral, para atendimento dos limites definidos no art. 65 §§
1º e 2º, da Lei 8.666/1993, os acréscimos e supressões nos montantes dos contratos
firmados pelos órgãos e entidades da administração pública devem ser considerados de
forma isolada, sendo calculados sobre o valor original do contrato, vedada a
compensação entre acréscimos e supressões”.
Dessa forma, respeitando os limites estabelecidos pela lei e respeitando
requisitos do TCU (Tribunal de Consta da União), a readequação em epígrafe se
enquadra dentro da legalidade.
5. Conclusão

Diante do trabalho apresentado foi possível constatar que toda obra, seja no
âmbito público ou privado, está sujeita a ocorrência de pleito, muitas vezes por mais que
se tenham todos os projetos e detalhamentos de um empreendimento o mesmo está
sujeito a adequações ao longo do seu processo, muitas vezes até mesmo fatores
externos. Para a aceitação do pleito é necessário o controle de todo o processo para que
se possa elaborar uma justificativa com embasamento técnico, expondo todos os pontos
necessários. Se munir de toda a documentação para garantir o sucesso de um pleito.
Em obras públicas esse tema se torna ainda mais delicado uma vez que todo esse
processo deve obedecer às leis vigentes e está de acordo com todas as recomendações
do TCU (Tribunal de Contas da União), que além de embasamento técnico é necessário
parecer jurídico atestando a legalidade processo.
Diante do exposto no estudo de caso em epígrafe, podemos concluir que todo
processo respeita o ponto de vista técnico e jurídico, atendendo toda as normas técnicas,
leis e recomendações vigentes, não trazendo quando uso indevido ou prejuízo ao erário.
E o mais importante, que após a homologação de execução do termo aditivo o
equipamento público vai oferecer qualidade e funcionalidade para a população.

6. Referências bibliográficas

[1] Ribeiro, O.M. Contabilidade de Custos. Editora Saraiva. São Paulo. 1996.

[2] Ernesto, João. Custos administrativos na construção civil .2001.

[3] MATTOS, ALDO. Como preparar Orçamentos

[4] SOUZA, Luís Antônio P. de. O que você precisa saber sobre o controle. Belo Horizonte:
Santa Bárbara Engenharia.1987.

[5]. ASSED, José Alexandre. Construção civil: viabilidade, planejamento, controle.


Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1986. 95

[6] AZEVEDO, Antônio Carlos S. Introdução à engenharia de custos: fase de investimento.


2 ed. São Paulo: Pini, 1985. 188 p. 4

[7] Chagas, Mirian Nelma O papel do planejamento interligado a um controle gerencial


nas pequenas empresas de construção civil (2007)

[8] BRASIL. Tribunal de contas da União.  JURISPRUDENCIA SELECIONADA DO TCU-


FABRICIO HELDER MARECO MAGALHÃES Brasília: TCU, 2018. Disponível em:
<file:///C:/Users/Pollyanna/Downloads/JURISPRUD%C3%8ANCIA%20SELECIONADA

%20DO%20TCU.pdf >.  Acesso em: 05 Set. 2021.

[9] BRASIL. Tribunal de contas da União.  ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE


PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS DE OBRAS PÚBLICAS. Brasília: TCU, 2018.
Disponível em: <http://///C:/Users/Pollyanna/Downloads/ORIENTA%C3%87A
%C3%95%20TCU%20-%20ELABORA%C3%87%C3%83O%20DE%20PLANILHA%20DE
%20OBRAS%20P%C3%9ABLICAS.PDF>.  Acesso em: 04 Set. 2021.

Você também pode gostar