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Mestrado em Educação Especial Domínio Cognitivo e Motor

U.C.: Tic aplicada às Necessidades Educativas Especiais

A Utilização das T.I.C. na Inclusão dos Alunos com N.E.E.


Índice

Resumo 2

Introdução 2

Inclusão das crianças e jovens com NEE’s 3

A Arte de Ensinar e Aprender com as TIC 6

Professor eficaz 8

O ensino centrado no aluno 9

As T.I.C. no contexto educativo 11

A utilização das T.I.C. para ensinar alunos com (N.E.E.) 16

Conclusão 20

Referências Bibliográficas 21

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Resumo

É um dado adquirido que as novas tecnologias têm o poder de transformar a realidade


educativa não podendo, contudo, ser encaradas como o único agente de transformação,
pois esta seria uma perspetiva francamente redutora e simplista, em nada
correspondente à realidade. O computador e a internet podem contribuir para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de competências cognitivas e sócio-afetivas em
crianças com Necessidades Educativas Especiais. A escola atual é uma escola inclusiva,
tecnologicamente apetrechada. Apresenta-nos novos desafios e objetivos, exige novos
métodos, novas estratégias, e um novo perfil de professores, tecnologicamente eficientes.
Exige uma nova forma de pensar o ensino.

Introdução

Pela importância que é atualmente atribuída ao uso do computador em contexto


educativo, pretendemos com este trabalho refletir sobre de que forma as T.I.C. podem
contribuir para o desenvolvimento de competências académicas, cognitivas e sócio
afetivas em crianças com Necessidades Educativas Especiais. Todas as tecnologias são
entendidas pelos professores como tendo potencialidades lúdicas, recreativas,
motivacionais e de desenvolvimento cognitivo dos alunos.

A crescente preocupação com a educação inclusiva constitui, nos dias de hoje um facto
urgente no seio das sociedades e dos sistemas educativos da generalidade dos países,
principalmente depois da realização, no ano de 1994, em Salamanca, da Conferência
Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Com este ideal, intensamente
divulgado, questionado e debatido, nos finais do século XX, pretende-se,
essencialmente, que em todos os estabelecimentos de ensino e nas salas de aula -

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enquanto espaços educativos - sejam criados, gerados e geridos, recursos, condições
práticas e estratégias parecíeis de dar uma resposta adequada a todos os alunos, com
especial atenção aos alunos com Necessidades Educativas Especiais.

A utilização das TIC adequa-se na visão atual da Escola, elas possibilitam a organização
e planificação das atividades, podendo também constituir-se como um importante
recurso as aprendizagens e sucesso escolar dos alunos. Para que tal aconteça, considera-
se perentório que os professores como membros de uma sociedade cada vez mais
competitiva e em constante mutação se adaptem. A Adaptação que passa
necessariamente pela alteração do seu perfil profissional e das suas atitudes e pela
atualização de conhecimentos. A formação desempenha aqui um papel crucial ao
permitir a obtenção de conhecimentos para posterior utilização das TIC.
As novas tecnologias permitem a chegada à escola, uma nova ferramenta onde a
aprendizagem acontece pela construção e descoberta e onde a sala de aula se pode
transformar num espaço apropriado a um ensino e aprendizagem colaborativos e ao
atendimento das diferenças individuais.

Inclusão das crianças e jovens com NEE’s

“Sempre houve crianças excecionais, mas nem sempre houve serviços


educacionais especiais dirigidos às suas necessidades”.
(Kauffman & Hallahan, 2003)

Longo tem sido o percurso na incursão pela inclusão das crianças com Necessidades
Educativas Especiais (NEE). Desde sempre em toda a História da humanidade,
existiram pessoas diferentes, com deficiência que a sociedade “à época” não aceitava.

Desde uma segregação, com alguns episódios de violência, ou a uma adoração da


pessoa com deficiência, sinónimo também duma segregação, (Morgado, 2003), até aos
nossos dias, defrontamo-nos com diversas atitudes sociais face à diferença.
Encontramos assim uma primeira etapa à qual Jiménez (1997:21) denomina de “Pré-
história da Educação Especial”, na qual não existia verdadeiramente um atendimento
aos deficientes; uma segunda etapa, no final do século XVIII e princípio do século XIX,
surgem as instituições para pessoas com deficiência numa perspetiva assistencial
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(Jiménez, 1997). E, por fim, uma terceira etapa que se situa na segunda metade do
século XX. Sendo esta a mais importante, na medida em ocorreram alterações
significativas, causando alterações sociais e políticas, nomeadamente com a Declaração
dos Direitos da criança (1921), a Declaração dos Direitos do Homem (1948), bem como
a introdução da escolaridade obrigatória. Estas mudanças são encaradas como
impulsionadoras duma alteração do pensamento sobre a educação das crianças e jovens
com deficiência. (Morgado, 2003.citado em Xavier, 2011)

No ano de 1978, surge no Reino Unido uma publicação denominada de Relatório


Warnock Report, onde aparece pela primeira vez o termo “Necessidades Educativas
Especiais” assumindo-se que,

“ (…) um aluno com necessidades educativas especiais será o que, ao longo


do seu processo de escolarização, apresentará algum problema de
aprendizagem solicitando alguma atenção mais específica e maiores
recursos educacionais que os seus pares da mesma fase etária”.

A introdução do conceito "Necessidades Educativas Especiais" neste relatório, vem


causar algumas alterações no sistema de ensino, concretamente indicando que estes
alunos careceriam de uma atenção mais específica, por parte dos professores, bem
como, de uma série de recursos educativos diferentes daqueles necessários para os seus
colegas da mesma idade. (Warnok Report, 1978, cit. in Madureira e Leite, 2003:28)

Em termos práticos, este relatório conduziu a transformações significativas na


elaboração dos currículos, na formação dos professores, nas metodologias de ensino e,
ainda, nas atuações e responsabilidades das administrações educacionais. Efetivamente,
afirmava-se, neste relatório, que necessidades educativas especiais são aquelas que
exigem: “[a] a disponibilização de meios especiais de acesso ao curriculum; [b] a
elaboração de currículos especiais ou adaptados; [c] a análise crítica sobre a estrutura
social e o clima emocional nos quais se processa a educação” (Warnok Report, 1978,
cit. in Madureira e Leite, 2003: 28.)

Na Declaração Universal dos Direitos do Homem realizada em 1948, foi proclamado o


direito de todas as crianças à educação, sendo o mesmo reiterado com intensidade na

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Conferência Mundial sobre Educação para Todos de Jomtien, em 1990. Aqui, ficou
estabelecido que “a educação básica deveria ser proporcionada a todas as crianças e
que as crianças com necessidades especiais deveriam fazer parte integrante do sistema
educativo” (Costa, 1998:77), isto é “Todas as pessoas (...) devem poder beneficiar de
oportunidades educativas, orientadas para responder às suas necessidades educativas
básicas” (Declaração sobre a Educação para Todos, 1990, Artº 1º, ponto 1).

Tal como refere Sim-Sim,

“No que respeita especificamente à Educação Especial, o grande vetor de


mudança assenta na aceitação do princípio do direito à diferença que em
termos educativos, significa que qualquer criança, independentemente das
caraterísticas específicas que apresenta é, antes de mais, uma criança,
carecendo muito menos de tipologias de caraterização do que de cuidados
mais ou menos especializados que lhe permitam atingir o seu total
desenvolvimento como pessoa”. (1995:40)

Em 1994 a UNESCO estabelece prioridades, com o objetivo de promover mudanças


significativas nos sistemas educativos da maioria dos países abrangentes, por forma a
poderem assegurar uma maior equidade e uma mais efetiva igualdade de oportunidades
às crianças e jovens em idade escolar (Serrano, 2005). Assim, realiza-se em Salamanca,
em 1994 uma conferência promovida pela UNESCO, num esforço de debater e elaborar
um documento universal a todos os países, sobre as medidas a tomar no âmbito da
inclusão. Esta conferência torna-se um marco histórico no percurso da
inclusão.(Valente, 2010)

Na Declaração de Salamanca foi introduzido o desafio da inclusão, frisando a


pertinência de incluir na escola todas as crianças em idade escolar, independentemente
das suas características físicas, sociais, linguísticas ou outras, proporcionando-lhes
oportunidades de aprendizagem que contribuam para o seu sucesso educativo. Perante
esta nova perspetiva, avizinha-se uma transformação de profundidade no sistema
educativo, significando esta mudança, uma paulatina conversão das escolas em
autênticos instrumentos promotores de inclusão socioeducativa. A resposta às crianças

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com Necessidades Educativas Especiais carece de um atendimento direcionado, ou seja,
a escola passa a ser considerada como um local de promotor de uma vivência de plena
participação social e subordinada aos princípios da solidariedade mútua e do respeito
pela diferença. (Santos, 2006)

Fruto da contemplação dos conceitos de Igualdade e Qualidade para todos acordado na


Declaração de Salamanca emerge a necessidade de criar o conceito de escola inclusiva,
basicamente, a concretização de um ambiente escolar de qualidade, que se adapte de
forma a garantir um atendimento adequado a todos os alunos, respeitando as suas
necessidades educativas especiais, estejam estas relacionadas com deficiências ou
dificuldades escolares, de modo securizante e efetiva. (Santos, 2006)

Seguindo o caminho proposto pela na Declaração, Portugal elabora a Lei de Bases do


Sistema Educativo, o Decreto-Lei nº. 35/90, de 25 de janeiro, que garante o acesso à
educação e a sua gratuitidade aos alunos com NEE, e o Decreto-Lei nº. 319/91, de 23 de
agosto, revogado pelo Decreto-Lei nº. 3/2008, de 7 de janeiro, vem reafirmar a
exigência da criação de medidas e respostas adequadas nas escolas do ensino regular.
(Silva, M.& Carvalho, A., 2013)

Todavia, a funcionalidade e sucesso da Escola Inclusiva poderá depender de alguns


fatores e condições, nomeadamente, das atitudes e práticas dos professores, da formação
profissional destes, enquanto parceiros funcionais neste processo de mudança e também
das condições que a própria escola oferece. (Silva, M.& Carvalho, A., 2013). Deste
modo, a inclusão de todos os alunos com NEE em contexto de salas de aula, obriga a
uma reflexão, a um conhecimento das caraterísticas e necessidades do aluno, mediante
esta avaliação há a elaborar um plano de estratégias, práticas, medidas e adaptações
inerentes ao processo educativo que promovam, não somente a sua inclusão, como
também, a aquisição de aprendizagens e o seu o sucesso escolar. (Silva, M.& Carvalho,
2013)

De acordo com a resposta acordada na declaração:

As Escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das


suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou
outras. Isto inclui crianças com deficiências, e sobredotadas, crianças da rua

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e crianças trabalhadoras, as crianças de populações remotas ou nómadas,
crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou
grupos desfavorecidos ou marginalizados. (Silva, M.& Carvalho, A, 2013)

A arte de ensinar e aprender com as TIC

A introdução das TIC no ensino não se deve remeter a um simples estatuto de


substituição dos meios tradicionais (quadro negro ou manual escolar) ou do professor
mas sim um papel ativo de mudança na forma como se aprende, como se ensina e na
interação entre atores na sala de aula (professor e alunos). Diferentes visões sobre a
integração das tecnologias na Educação têm surgido ao longo do tempo. Durante muitos
anos as novas tecnologias foram consideradas como tecnologias de substituição quer
dos aspetos materiais quer humanos, incluindo o professor (Cuban, 1986 cit. in Teodoro
& Freitas, 1992).

Atualmente o processo de ensino e de aprendizagem baseia-se na perspetiva


construtivista de que a aprendizagem “é uma atividade cultural e social” (Arends, 2008),
e a construção do conhecimento é um processo individual de construção de significados
a partir das experiências vividas. A aprendizagem é, assim, um processo ativo de
envolvimento e participação em experiências concretas e de partilha e diálogo sobre as
vivências. Este processo de desenvolvimento pessoal conduz-nos, segundo Arends, à
principal finalidade do ensino: o aprender a aprender, ou seja, o desenvolvimento da
autorregulação, da autonomia e da independência na gestão do processo de construção
do conhecimento, com vista à preparação para a vida ativa e para a aprendizagem ao
longo da vida, e tendo como objetivo último a preparação para um papel ativo e
participativo na sociedade democrática, multicultural, global e em permanente mutação
em que vivemos.

No Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século


XXI (Delors, et al., 1998) vai-se, incluso, mais adiante, apontando quatro pilares
essenciais à educação: além dos aprender a conhecer (aprender a compreender,
aprender a aprender, preparar para a aprendizagem ao longo da vida) e aprender a fazer
(saber lidar com diferentes situações, saber trabalhar em equipa), aponta ainda como
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objetivo a necessidade de aprender a viver juntos (desenvolver a compreensão, a
empatia, a capacidade de gerir conflitos, o respeito pelo outro) e a necessidade de saber
ser, objetivo último, que visa o desenvolvimento da personalidade, da autonomia e do
sentido de responsabilidade. Em suma, é finalidade primordial das instituições de ensino
preparar os jovens para a vivência democrática, no sentido da educação para a cidadania.
Torna-se por isso necessário promover, quer ao nível da sala de aula quer da escola, o
sentimento de equidade e igualdade entre todos os alunos, reconhecendo e assumindo as
diferenças culturais, raciais, linguísticas, de aprendizagem e outras entre eles,
compreendendo o preconceito, incentivando e desenvolvendo a recetividade, a descentração
e a empatia.

Tal como a maior parte das atividades humanas, o ensino tem aspetos que não são
exclusivamente guiados pelo conhecimento científico mas que dependem de um
conjunto de julgamentos individuais, baseados em experiências pessoais; assim, a arte
de ensinar é uma arte instrumental que se afasta de fórmulas e requer espontaneidade,
cadência e ritmo — características importantes das melhores práticas que constituem
parte da sabedoria dos professores competentes e experientes. Assim o ensino, para
além de ter uma base científica, é também uma arte, baseada nas experiências dos
professores e na sabedoria das práticas. (Arends, 2008)

Professor eficaz

Perante os desafios do século XXI, em que o conhecimento se encontra em constante


mutação/atualização, a principal finalidade do ensino é ajudar os alunos a tornarem-se
independentes e autorregulados, ensinando para uma aprendizagem ativa. O
conhecimento não é fixo e transmissível, mas é algo que todos os indivíduos devem
construir ativamente através de experiências sociais e pessoais. Tendo em atenção estes
desafios, ao professor eficaz, além de ser academicamente competente, de dominar as
matérias que vai ensinar, de se preocupar com o bem-estar das crianças, de ser capaz de
produzir resultados, sobretudo ao nível da realização escolar e da aprendizagem social
dos alunos, são-lhe exigidos outros atributos: Qualidades Pessoais, Justiça Social, Base
de conhecimentos, Repertório de Práticas de Ensino e a Capacidade de Reflexão e
Resolução de Problemas. (Arends, 2008)

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Ao professor eficaz é exigido um conjunto de qualidades pessoais capazes de criar
relações genuínas com os seus alunos e a capacidade de acreditar nas capacidades de
aprendizagem de todas as crianças, de modo a tornar as salas de aula comunidades de
aprendizagem democráticas e socialmente justas. De facto, de acordo com a profecia
autorrealizável, a previsão que um professor faz sobre o comportamento dos alunos
podem fazer com que esse comportamento tenha lugar. Ao professor eficaz é também
exigida uma base de conhecimentos ao nível dos conteúdos, do currículo, da pedagogia,
das características dos alunos e dos seus estilos de aprendizagem, dos contextos
educacionais e dos objetivos e valores da educação. (Arends, 2008)

O ensino eficaz requer uma reflexão profunda e cuidada sobre as ações de um professor
e os efeitos destas na aprendizagem académica e social dos alunos. Dado que muitos
dos problemas com que os professores se deparam nas escolas são únicos, para os quais
não há receitas nos livros, a resolução dos mesmos requerem “artes práticas”. Deste
modo, o professor eficaz aprende a abordar situações únicas com uma atitude de
resolução de problemas e aprende a arte de ensinar através da reflexão sobre a sua
própria prática, numa busca contínua de atualização, admitindo que ainda tem muito que
aprender.

O professor eficaz deve desenvolver um repertório de práticas eficazes que estimulem a


motivação e aprendizagem dos alunos. Assim, deve desenvolver um conjunto de
métodos e competências para desempenhar com sucesso os diversos aspetos do seu
trabalho, que pode ser conceptualizado em torno de três funções principais: Lideranças -
os professores lideram os seus alunos planeando, motivando e facilitando a sua
aprendizagem e ajudam a estabelecer e a avaliar objetivos organizacionais importantes;
Instrução - ao longo dos últimos anos foram desenvolvidas muitas e diferentes
abordagens ao ensino. Embora cada modelo difira nas suas bases racional ou filosófica e
nos objetivos que se propõe alcançar, todos partilham alguns procedimentos e
estratégias - necessidade de motivar os alunos, de definir expectativas e falar sobre
vários assuntos. Os professores necessitam de diferentes abordagens para conseguirem
alcançar os seus objetivos com diferentes populações de alunos, consoante as suas
capacidades (inteligências múltiplas, inteligência emocional), estilos cognitivos e
preferências de aprendizagem. (Arends, 2008).

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É necessário educar – e educar-se – para os valores e as atitudes da cidadania, para a defesa
da dignidade humana, da igualdade de direitos e de oportunidades, para a rejeição e
oposição ao racismo, à discriminação com base na etnia, na cultura, no género, nas
características físicas ou nas capacidades intelectuais, em defesa do pluralismo, da
transculturalidade, na busca da paz.

O ensino centrado no aluno

Numa sala de aula inspirada em modelos de ensino centrados no aluno, os estudantes


são encorajados a participar ativamente na aprendizagem em vez de assumirem uma
atitude passiva e a tomarem notas calmamente. Os alunos estão envolvidos durante o
tempo letivo em atividades que os ajudam a construir o conhecimento daquilo que lhes
é apresentado. O professor não lhes despeja uma enorme quantidade de informação,
utilizando antes uma grande variedade de atividades para promover a aprendizagem
(Timberlake, 2004).

Harmon e Hirumi (1996) definem de forma exemplar o que é um modelo de ensino


centrado no aluno ao referirem que os alunos podem trabalhar quer individualmente
quer em grupo, explorando problemas e tornando-se construtores ativos, em vez de
recipientes passivos de conhecimento. O modelo de ensino centrado no aluno baseia-se
na abordagem construtivista na qual os alunos constroem o conhecimento em vez de o
receberem. Perkins (1991) vai precisamente nesta direção quando refere que a
aprendizagem tem um caráter construtivo, defendendo que a prática educativa deve
reconhecer esse facto.

As novas tecnologias assumem nos modelos centrados no aluno um papel fundamental


ao permitirem que estes se tornem pesquisadores ativos da informação e construtores do
seu próprio conhecimento. Tecnologias como o computador, a Internet, o e-mail, as
ferramentas multimédia e os fóruns de discussão podem ter um profundo impacto na

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aprendizagem dos alunos. As estratégias utilizadas nos modelos centrados no aluno
(aprender a aprender, resolução de problemas, trabalho colaborativo, competências
comunicacionais) preparam melhor os alunos para a aprendizagem ao longo da vida,
exigências requeridas pela Sociedade da Informação.

Os modelos de aprendizagem pela descoberta influenciados principalmente por Bruner


(1973) remetem para uma situação-problema, a formulação de hipóteses, a pesquisa e
análise de informações, variáveis que dependem dos conhecimentos anteriores do
sujeito e da sua avaliação. Uma vez que permitem ao aluno colocar questões e procurar
respostas, contribuem para o desenvolvimento dos processos cognitivos de construção
do conhecimento. Esta aprendizagem baseada na ação favorece também o
desenvolvimento do pensamento crítico e a autonomia do aluno.

Na formação a distância, as tecnologias interativas suportam o modelo centrado no


aluno, possibilitando a aquisição de competências, através de simulações de ambientes
específicos de aprendizagem. O aluno aprende ao seu próprio ritmo, interpretando a
informação com base na sua experiência pessoal.

As T.I.C. no contexto educativo

A integração do computador, no universo das tecnologias educativas data da década de


80 do século passado, com aquilo que se denominou por ensino-aprendizagem assistido
por computador. Esta verdadeira revolução no ensino e nas mentalidades só foi possível
graças à expansão comercial dos microcomputadores pessoais. No entanto, o
entusiasmo verificado, nem sempre foi constante ou em sentido ascendente. Se
adotarmos um ponto de vista histórico, o computador e as tecnologias a ele associadas
são os exemplos mais recentes das tecnologias colocadas à disposição da escola e
consequentemente do processo de ensino aprendizagem, visto que o século XX foi
pródigo no aparecimento de múltiplas e contínuas inovações: cinema, rádio, televisão,
sistemas de leitura, gravação áudio e vídeo, entre outros, que ajudaram a mudar o
espaço aula enquanto, simultânea e progressivamente, o abriam ao exterior. Apesar de
nenhuma destas tecnologias ter sido especificamente concebida para o sistema
educativo, a sua rápida – e quase unânime – implantação na sociedade levou a que se
viesse a revelar necessária a sua entrada no sistema educacional, evitando o seu
desfasamento relativamente às necessidades e exigências sociais. As novas tecnologias
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oferecem, como instrumentos de educação de crianças e adolescentes, uma
oportunidade sem precedentes de responder com toda a qualidade necessária a uma
procura cada vez mais intensa e diversificada.

A escola deve facultar a formação integral dos alunos e naturalmente que os professores
devem ser envolvidos, desde cedo, em todo este processo conducente à mudança,
recorrendo a uma multiplicidade de recursos e processos de operacionalização. Numa
sociedade em constante mudança, onde impera o desenvolvimento tecnológico, a
educação terá de corresponder às necessidades daí decorrentes e enfrentar os novos
desafios. A escola deve começar a preocupar-se em acompanhar essa evolução. Vários
autores sugerem ser cada vez mais importante possibilitar o contacto dos alunos com o
mundo das novas tecnologias, mais concretamente com o computador, essa experiência
com tecnologias permite, por um lado proporcionar um desenvolvimento das crianças, o
mais de acordo possível com as exigências do meio onde estão inseridas e, por outro
lado, tirar partido de todas as vantagens desta tecnologia que é um importantíssimo
recurso educativo, com capacidades e potencialidades a diversos níveis.

Não podemos, portanto, alhear-nos do facto de os professores, os alunos e demais


membros da comunidade educativa integrarem já estas tecnologias no seu dia a dia de
forma contínua e natural. O computador tornou-se a atração, pela natureza interativa e
motivacional que proporciona ao seu utilizador pelas mudanças que opera, mudar o
modo como lemos, construímos e interpretamos textos. Permitindo também um grande
espaço de autonomia e criatividade.

O processador de texto passa a significar uma relevante fonte de recursos para utilização
dentro da sala de aula. Este constitui um instrumento informático com grandes
potencialidades no desenvolvimento de competências de escrita e leitura, o computador
assume o papel de ferramenta que permite concretizar a natureza abstrata das nossas
operações mentais. Por outro lado, as bases de dados também constituem um auxiliar
precioso em todas as áreas, pois permitem a sistematização e a organização de dados
linguística e textuais, contributos fundamentais ao desenvolvimento do espírito de rigor
científico. Conscientes desta importância crescente, vários programas têm vindo a ser
concebidos para o ensino das línguas e uma série de aplicações encontram-se já
disponíveis para serem empregadas na sala de aula. Hoje, muitas outras disciplinas
aderiram à sua introdução na sala de aula, renderam-se à sua utilização, após
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reconhecerem as quase infinitas potencialidades que o mesmo pode trazer para o
contexto escolar.

As novas tecnologias podem trazer à escola uma nova ferramenta onde a aprendizagem
acontece pela construção e descoberta, e onde a sala de aula se pode transformar num
espaço apropriado a um ensino e aprendizagem colaborativos e ao atendimento das
diferenças individuais. A correta utilização do computador e a consequente exploração
do diversificado software educativo podem ser instrumentos muito eficazes para
melhorar o processo de ensino/aprendizagem em diferentes áreas curriculares.

O rápido desenvolvimento das tecnologias multimédia em geral e da Internet em


particular obriga a escola a refletir acerca do papel do professor hoje. A introdução da
informática no ensino permite que a escola se abra para o exterior. O computador é a
ferramenta necessária ao exercício da profissão docente e torna mais apelativa a
aprendizagem.

"uso generalizado dos computadores no ensino e em casa elevará o nível


intelectual e a capacidade de trabalho mental, acostumando-nos a
pensar de uma forma mais intensa e precisa, maior concentração e com
muito menos esforço". (1987:34)

As TIC, em particular as ligadas aos computadores e às comunicações, têm um papel


cada vez mais decisivo em todos os domínios da atividade humana. A educação vai
dando resposta a esta evolução e às necessidades crescentes de enfrentar os novos
desafios. É importante desenvolver desde muito cedo, nas crianças, uma certa
desenvoltura neste domínio, de modo a saberem onde procurar a informação pretendida,
selecioná-la, interpretá-la, orientar o seu processamento e avaliar os respetivos
resultados. É igualmente importante saber usar o computador como um instrumento de
comunicação e aprendizagem (Ponte, 1993). A introdução das TIC está associada como
uma mudança do modo como se aprende, das formas de interação entre quem aprende e
quem ensina, do modo como se reflete sobre a natureza do conhecimento.( Teodoro V.
& Freitas, J. 1991), afirmam que as TIC permitem:

“Disponibilizar ferramentas que ajudam a deslocar o centro do processo


ensino/aprendizagem para o aluno, favorecendo a sua autonomia e

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enriquecendo o ambiente onde a mesma se desenvolve. Permitem a
exploração de situações, que de outra forma seria muito difícil realizar.
Possibilitam ainda a professores e alunos a utilização de recursos poderosos,
bem como a produção de materiais de qualidade superior aos
convencionais”.

Segundo Ponte (1993), o que está em causa não é uma simples atualização pedagógica
da escola, mas a sua organização em função de novas necessidades e de novos objetivos
sociais. Problemas como o domínio dos programas pelos professores, a reflexão sobre
as metas educacionais visadas, a forma de os concretizar, de avaliar os resultados e os
processos de formação são, sem dúvida, fundamentais.

Atualmente já estamos a vivenciar esta realidade. As TIC são a quarta revolução da


comunicação humana, paralelamente à linguagem falada, à leitura e à escrita. O
computador, graças à sua interatividade, à sua animação e às possibilidades de lidar com
questões de controlo e de domínio, intervém realmente tanto no desenvolvimento
cognitivo como no emocional e na aprendizagem da autonomia (Ponte, J.P.& Serrazina,
L., 1998). O computador deve converter-se num instrumento utilizado de forma a poder
constituir um aliado eficaz do trabalho escolar e proporcionar aos alunos a sua
utilização para a resolução de problemas. Segundo Gonçalves, Z.,

“A importância da comunicação oral não deve ser subestimada. A estratégia


mais plausível será a formação de pequenos grupos para o uso do
computador na aprendizagem linguística. A perceção do que se vai passando
gera a conversa, a discussão e a interação entre os utilizadores e não
meramente com o computador”. (2002)

Para que a integração do computador no ensino-aprendizagem tenha êxito é necessário


que este esteja inserido no projeto global da escola e que as atividades realizadas com o
apoio deste meio informático sejam um complemento das atividades educativas gerais.
Na verdade, estas novas tecnologias que temos vindo a abordar disponibilizam um
inestimável conjunto de instrumentos que contribuem para colocar o aluno no centro do
processo de ensino-aprendizagem, papel que é seu de direito e do qual é a célula
fundamental, favorecendo a sua autonomia, desenvolvendo o seu espírito crítico e a

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criatividade, e adequando-se facilmente aos seus ritmos de aprendizagem e indo ao
encontro dos seus interesses.

Privilegiar as comunicações interpessoais entre professor e aluno, o intercâmbio


disciplinar, a organização de trabalhos coletivos e o envolvimento dos jovens em tarefas
cooperativas são, então, algumas das suas potencialidades. O computador não é a
solução para todos os problemas e, nesta linha de pensamento Machado, J., afirma que

“de modo algum, se pode apresentar as Tecnologias de Informação e


Comunicação como a porta mágica que vem resolver todos os problemas de
professores e alunos”. (1992:83)

Os alunos de hoje, ao terem acesso a múltiplas fontes de informação e


comunicação existentes em casa e/ou na escola, possuem competências e
conhecimentos distintos dos seus colegas da geração anterior, pelo que
possuem uma cultura diferente, vivendo ao mesmo tempo segundo novos
valores e padrões sociais. Por isso mesmo, a escola não pode viver desligada
desta realidade, antes pelo contrário, deve reconhecer o lugar que as TIC
ocupam no dia a dia de todos nós e as potencialidades educativas destas
tecnologias. Ponte (1993,:56) entende que “a preparação das novas
gerações para a plena inserção na sociedade moderna não pode ser feita
usando os quadros culturais e os instrumentos tecnológicos do passado”.

O recurso a Tecnologias de Informação e Comunicação no sentido de valorizar a


diversidade de metodologias e estratégias de ensino e atividades de aprendizagem
constitui um dos princípios orientadores na organização e gestão do currículo propostos
na Reorganização Curricular do Ensino Básico. Para se atingir este objetivo as TIC são
consideradas formações transdisciplinares de caráter instrumental conferindo no final da
escolaridade obrigatória uma certificação de competências nesta área. O
desenvolvimento de competências numa perspetiva de formação ao longo da vida é um
objetivo fundamental da formação neste domínio.

A utilização das TIC contribui para se atingir as denominadas “aprendizagens


significativas” ao proporcionar a utilização de recursos variados que permitem uma
pluralidade de abordagem dos conteúdos abordados. Contribuem ainda para diversificar

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as modalidades de trabalho escolar, as formas de comunicação e a troca de
conhecimentos adquiridos. O desenvolvimento da linguagem e vocabulário matemático
pode ser implementado através da manipulação de bases de dados recorrendo a
conceitos matemáticos como a classificação, relação, sequenciação, ordenação. Os
dados classificados e ordenados podem ser analisados recorrendo a programas
tratamento estatístico, sendo o mais conhecido o Excel (Belchior et al., 1993).

Existem sites extremamente interessantes e principalmente pedagogicamente úteis sobre


variadíssimos temas. Por outro lado podem ser utilizados jogos educativos criados
especificamente para estas áreas que recriam ambientes agradáveis para as crianças. Por
exemplo, no caso de Educação Musical permitem a seleção e alteração das músicas e
sons, a distinção entre os diferentes instrumentos em termos musicais e a composição de
músicas. Também os programas de desenho e animação ao possibilitarem situações de
criação, modificação e transformação de formas e efeitos visuais tornam-se mais
apelativos, mais motivadores que a frequente utilização da Expressão Plástica para
embelezar composições, cópias ou outros trabalhos escolares.

Todas as tecnologias são entendidas, pelos professores, como tendo potencialidades


lúdicas, recreativas, motivacionais e de desenvolvimento cognitivo dos alunos.

A utilização das T.I.C. para ensinar alunos com (N.E.E.)

O computador pode proporcionar um ensino individualizado, facilitador da


aprendizagem, sobretudo em situações de alunos com Necessidades Educativas
Especiais, pois pode assumir-se como o principal recurso para a recuperação desses
alunos ou ser utilizado como complemento do ensino “normal”, como mais um recurso
entre outros. As vantagens que advêm do uso desta tecnologia no ensino e o uso do
computador não só envolvem um tipo diferente do uso da língua, mas também um modo
diferente de pensar e poderá vir a transformar-se num poderoso agente de mudança e
motivação.

A escola atual deve reconhecer e satisfazer as diversas necessidades dos alunos,


adaptando-se aos diferentes ritmos de aprendizagem, às experiências e à inter-relação da
criança com o meio, através de adaptações curriculares, de estratégias pedagógicas
diversificadas e de uma boa organização escolar. Todas estas iniciativas deverão estar

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envoltas num espírito de colaboração/cooperação entre os vários parceiros educativos,
de modo a garantirem um bom nível de educação para todos. Segundo Fonseca (2005),
para que seja conseguido um desenvolvimento pleno das suas capacidades, é
fundamental fornecer às crianças com Necessidades Educativas Especiais uma
intervenção educativa especializada, assim como meios e cuidados especiais, que
variam segundo as necessidades específicas de cada um.

A criatividade e a capacidade de inovação poderão ser qualidades inerentes ao próprio


indivíduo mas, se não forem estimuladas por uma formação adequada, podem nunca ser
reveladas em toda a sua plenitude. E se dúvidas não há quanto aos benefícios reais das
Tecnologias de Informação e Comunicação para o cidadão comum, certezas sobejam,
quando falamos dos que, no particular contexto do handicap, físico e/ou mental, se
sentem excluídos da sociedade. A utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação permitem e potenciam a existência de novas perspetivas na participação
das crianças com Necessidades Educativas Especiais. Facilitarão, deste modo, o acesso
ao conhecimento, à aprendizagem, à ocupação dos tempos livres, ao lazer, ao
desenvolvimento de capacidades intelectuais, ao contacto com grupos de interesse
comuns; evitarão a exclusão e contribuirão para uma integração plena.

A vivência escolar dos alunos com Necessidades Educativas Especiais pode ser
francamente enriquecida pelo recurso às TIC. Neste sentido, Correia, L.& Martins,A.,
(2002:71) atribui-lhes dois objetivos fundamentais: [a] Aumentar a eficiência e a sua
integração escolar e social; [b] Desenvolver capacidades para aceder e controlar
tecnologias com determinado nível de realização.

As TIC revelar-se-ão, então, um valioso instrumento, uma preciosa ajuda, pois não só
diminuirão as incapacidades e desvantagens reveladas pelos alunos com Necessidades
Educativas Especiais como, simultaneamente, lhes desimpedirão as portas à integração
escolar e social. O computador na sala de aula, devidamente utilizado pelo professor,
pode revelar-se um recurso muito versátil, de modo a poder responder à diversidade e às
características das crianças com Necessidades Educativas Especiais. Deste modo, e
como refere Machado (1992:82), alguns dos programas de computador “serão de
extrema utilidade para a recuperação de alunos com dificuldades de aprendizagem”. O
computador pode favorecer propostas de apresentação lúdica e muito interativa, que
estimula o aluno a evidenciar melhor o seu desempenho. Nesta linha de pensamento,
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Ponte sustenta que a generalidade dos resultados, dos estudos realizados sobre o efeito
do computador no processo de ensino-aprendizagem, apontam para contribuições
positivas

“(...) globalmente, a maioria das indicações aponta para a possibilidade de


desenvolver novas estratégias cognitivas, para a criação de sentimentos de
autoconfiança, maior responsabilização do aluno pelo seu próprio trabalho,
novas relações professor-aluno e laços de cooperação e interajuda entre
alunos”. (1992:133)

Correia (1999:167), alerta para o facto de que “não se pode esperar que as tecnologias
conduzam a um sucesso automático, por parte do aluno, ou por si só venham a provocar
uma substancial revolução pedagógica”. Na opinião de Amante (1993), para que o
computador proporcione motivação e interesse nas crianças em geral e nas crianças com
Necessidades Educativas Especiais em particular, é necessário desenvolver software
educativo com qualidade e de acordo com as reais necessidades educativas dos alunos.

A utilização destes programas é benéfico para os alunos com problemas de


concentração em situação de sala de aula; dificuldades em pensar de uma forma lógica
por parte de alunos com Necessidades Educativas Especiais; dificuldades de gramática e
de ortografia, o que inibia os estudantes de escreverem à mão. Em todos os casos o
computador ajudou a organizar, corrigir e editar melhor o trabalho, revelando-se uma
ajuda eficaz e preciosa para os estudantes expressarem os seus pensamentos, por escrito.
Mediante tais factos e pensando que as novas tecnologias são um meio atrativo,
inovador e, por isso, muito motivador para os alunos, não poderíamos deixar de
conciliar a utilização desses meios que colocaram ao nosso dispor, com a intervenção
pedagógica pretendida.

revelando-se uma ajuda eficaz e preciosa para os estudantes expressarem os seus


pensamentos, por escrito. Mediante tais factos e pensando que as novas tecnologias são
um meio atrativo, inovador e, por isso, muito motivador para os alunos, não poderíamos
deixar de conciliar a utilização desses meios que colocaram ao nosso dispor, com a
intervenção pedagógica pretendida. Paulo Dias (1994) reforça também a ideia de que as
aplicações informáticas podem constituir não só meras ferramentas de trabalho como

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também ambientes que favoreçam a expansão da atividade de comunicação e cognição
do utilizador.

Conclusão

Cada vez mais as TIC estão presentes na atividade educativa, assumindo um caráter
transversal no processo ensino/aprendizagem. A possibilidade de utilização em todas as
áreas curriculares e níveis de ensino obriga os professores a um bom domínio das suas
potencialidades. A formação de professores assume um papel fundamental no sucesso
da integração das TIC na escola. Perante o exposto, podemos depreender que o uso e a
prática do computador, na escola, se revelam como algo com bastantes potencialidades
formativas e educativas, pelo que a escola, sendo parte integrante da sociedade, não
deve, de modo algum, ficar alheia a todo o progresso, a todas as mudanças.

Para Papert (1997), a utilização educativa do computador deverá ser orientada para criar
contextos que favoreçam o desenvolvimento de formas específicas do conhecimento.
Este autor julga existir uma forte ligação entre os aspetos cognitivo e afetivo no
desenvolvimento do conhecimento. É essencial que dentro do contexto educativo não se
queimem etapas, isto é, que todo o processo decorra gradual e sistematicamente. Se tal
não ocorrer corre-se o risco de poderem vir a registar-se desajustes futuros. Daqui
resulta a prioridade que a educação/formação atual tem em desenvolver nos alunos o
pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas em diferentes situações.
Torna-se, assim, claro que a escola tem que mudar não podendo continuar a transmitir o

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conhecimento baseado apenas na palavra, principalmente na palavra escrita, situação
referida por Carvalho (2003) como de “crise” da escrita. As principais razões, segundo
o autor, radicam principalmente na massificação do sistema escolar e no
desenvolvimento da tecnologia que permitiu o surgimento de novas formas de lazer que
ocuparam muito do tempo anteriormente destinado à leitura, muito embora, o
computador e o estado atual da Internet tenham recuperado a palavra escrita.

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