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O MODELO

BIOECOLÓGICO DE
BRONFENBRENNER:
contribuições para o desenvolvimento humano
INTRODUÇÃO

O artigo busca responder os seguintes questionamentos:

■ Quais os principais pressupostos do modelo bioecologico de Bronfenbrenner?

■ O que diferencia a perspectiva bioecológica das demais perspectivas em


desenvolvimento humano?

■ Quais as implicações de se adotar o modelobioecológico em pesquisa científica?


O ARTIGO TRABALHA EM QUATRO ETAPAS

■ Biografia do autor e o contexto histórico das décadas e 1960 e 1970;

■ Trata dos conceitos e pressupostos básicos do modelo ecológico, tais como: noções de
desenvolvimento humano; o dilema da hereditariedade versus o ambiente; feitos da
primeira e segunda ordem ; o papel da biodirecionalidade

■ Descreve os pressupostos norteadores do modelo bioecologico;

■ As principais contribuições do modelo bioecologico para a pesquisa em


desenvolvimento humano
O autor e a sua obra:
O MODELO ECOLÓGICO PARA O
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Uma breve descrição do perfil biográfico de Urie Bronfenbrenner:

■ Bronfenbrenner nasceu em Moscou Rússia, em 1917, e mudou-se para os Estados


Unidos aos 6 anos de idade. Ele cresceu em uma instituição estadual para pessoas
com problemas mentais, onde seu pai trabalhava como neuropatologista.

■ Na década de 1960, participou ativamente do planejamento e da implementação


de movimentos e projetos governamentais e não governamentais ligados à questão
do desenvolvimento humano, por acreditar que as políticas públicas afetavam o
bem-estar e o desenvolvimento de seres humanos.
CONTEXTO HISTÓRICO DA PESQUISA EM
ECOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

■ Bronfenbrenner não concordava com o paradigma de pesquisa vigente na década


de 1970 para a área de desenvolvimento humano. Alguns desses modelos
influenciaram a sua trajetória, embora não correspondessem aos seus anseios. São
eles:

(a) o modelo de endereço ou localização social;

(b) o modelo de atributos pessoais;

(c) o modelo do nicho sociológico e

(d) o modelo pessoa-contexto.


UNIDADE MÍNIMA DE INTERAÇÃO E OS EFEITOS
DE PRIMEIRA ORDEM

Díade é uma unidade mínima de interação interpessoal.


O autor divide essa unidade em três.

Observacional

Díade de Atividade

Primaria
■ Observacional: observação cuidadosa e continuada do que o outro
participante da Díade está executando;

■ De Atividade: realização conjunta de alguma atividade entre dois


participantes;

■ Primaria: representa aquela díade que continua a existir mesmo


quando os parceiros não estão juntos, mas os sentimentos gerados
pelos participantes ainda influenciam o comportamento um do outro.
Propriedades das
Díades de Atividade
São três propriedades, ressaltadas no artigo
que podem ocorrer:
A primeira refere-se, a reciprocidade e
interferências mútuas entre os indivíduos
que compartilham/realizam alguma
atividade.
O comportamento de A interfere/ influência
o de B.
Promovendo interação dos protagonistas.
A segunda está ligada ao Equilíbrio de Poder que
tem como base a possibilidade de um dos
participantes ter mais influência sobre o outro
em um determinado tempo, ou mesmo em uma
atividade ou ambiente.
Já a terceira mostra que dentro da complexidade em que ocorre uma
relação há grande possibilidade de se desenvolver uma relação afetiva
entre os participantes. Os afetos podem ser positivos, negativos,
mútuos, simétricos ou complementares (Bronfenbrenner, 1979/1996).
"Dessa forma o aprendizado e o desenvolvimento são facilitados pelo envolvimento das
pessoas em uma interação que se tornam paulatinamente mais complexa em função das
atividades mais complexas em função das atividades desenvolvidas e das relações
afetivas estabelecidas de maneira sólida e duradoura." (p.75).

Tais efeitos são denominados efeitos de primeira ordem, já que envolvem as relações
diretas e as influências mútuas entre as pessoas, no seu processo evolutivo. Moen e
Erickson (1995).
OS EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM:
A TRIANGULAÇÃO INTERPESSOAL

■ Definição: influência indireta de outra pessoa na interação da díade;

■ Exemplo: Influência entre a relações dos casais com o impacto as relações dos
cônjuges com os filhos;

■ Outras pessoas que participam indiretamente da díade, exercem influência bem


como os aspectos físicos que transformam os processos interacionais.
(Bronfenbrenner, 1977);

■ Exemplo: impacto da televisão, da moda e internet sobre o comportamento e


processos interacionais dos adolescentes.
O PAPEL DA BIDIRECIONALIDADE
NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

■ É a interdependência e a influência mútua entre indivíduo e o seu ambiente, de


maneira que permiti a compreensão dos efeitos e mecanismos que atuam de forma
sistêmica sobre os processos evolutivos .

■ Influência mutua ocorre com as relações interpessoais e os contextos de


desenvolvimento discutidos.

■ As pesquisas clássicas segundo Bronfenbrenner, tinha noção unidirecional, em que


só um parceiro exercia influência sobre o outro. ( relação mãe-bebê, pesquisas
década 60 e 70).

■ Relação materna influência A – B.


PARADIGMAS E PRESSUPOSTOS
NORTEADORES DO MODELO BIOECOLÓGICO

■ A teoria de sistemas ecológicos de Bronfennbrenner (1977, 1979/1996), o paradigma


norteador se alicerça na ideia da ecologia do desenvolvimento humano. Por ecologia do
desenvolvimento humano entende-se:

(...) o estudo científico da acomodação progressiva, mútua, entre um ser humano ativo, em
desenvolvimento, e as propriedades mutantes dos ambientes imediatos em que a pessoa
em desenvolvimento vive, conforme esse processo é afetado pelas relações entre esses
ambientes, e pelos contextos mais amplos em que os ambientes estão inseridos.(p. 18)
■ Nessas perspectivas de Bronfennbrenner ( 1977, 1986, 1992) resgata o papel
ativo, interativo e protagônico do indivíduo como o agente de mudança, o
núcleo do processo, rompendo com algumas premissas em que o indivíduo
apenas recebe as influências do ambiente.

■ Conceitos básicos que orientam e norteiam a construção do modelo, que


são: ambiente ecológico, transição ecológica, validades ecológica e de
desenvolvimento, experimento ecológico e transformador e pesquisa
ecológica.
O CONTEXTO, SUA DIVERSIDADE E O
DESENVOLVIMENTO HUMANO

Conjunto de sistemas interdependentes.

■ Os diferentes níveis que compõem o contexto incorporam desde o ambiente imediato


(micro) até o mais distante (macro), predominando a inter-relação e a influência
bidirecional entre e intra-ambientes.

■ O ambiente, com suas inter-relações, não se restringe apenas ao seu aspecto físico ou às
interações face a face entre os indivíduos, mas envolve também outros ambientes e
contato indiretos entre as pessoas.
Exemplos:

■ Diferentes ambientes (diretos ou indiretos) influenciam ao


comportamento cotidiano do criança;

■ Diferentes ambientes geram atividades, papéis, padrões relacionais e


expectativas específicas a cada um deles e a cada pessoa.
MICROSSISTEMA: O CONTEXTO MAIS IMEDIATO
■ O ambiente mais imediato, denominado microssistema, é constituído por padrões de
atividades, papéis e relações interpessoais experienciados pelos indivíduos em um dado
ambiente, no qual suas características físicas, sociais e simbólicas particulares funcionam de
maneira a estimular ou inibir as relações interpessoais.

■ O microssistema é constituído por atividades molares, que são compostas por ações
contínuas, que ocorrem em um dado período e que são reconhecidas e identificadas como
significativas e intencionais pelas pessoas envolvidas no ambiente.

■ Dimensões das atividades molares:


- perspectiva temporal;
- estrutura do objeto;
- e extensão das atividades.
MESOSSISTEMA:
ALIANÇAS DE MICROSSISTEMAS

■ Compreende as inter-relações entre dois ou mais ambientes em que a pessoa em


desenvolvimento está inserida e participa de maneira ativa. O mesossistema representa
as relações estabelecidas entre um conjunto de microssistemas.

■ Bronfenbrenner (1979/1996) propõe quatro tipos de interligações entre os


microssistemas:

- participação em múltiplos ambientes;

- ligação indireta;

- comunicação entre ambientes;

- conhecimento interambiente.
Exossistema: as influências dos cenários externos

■ Composição de um ou vários ambientes , em que o indivíduo em desenvolvimento não


participa diretamente ou ativamente das interações, mas é afetado por estes
ambientes. Um bom exemplo disso são as políticas públicas.

Macrossistema: a cultura e os grupos como promotores do desenvolvimento

■ O macrossistema engloba os sistemas de valores e crenças de uma cultura ou


subcultura, submersos em um corpo de conhecimento, recursos materiais, costumes,
estilo de vida, estrutura de oportunidades, obstáculos e opções no curso da vida.
DO MODELO ECOLÓGICO PARA O
BIOECOLÓGICO: PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

■ O modelo bioecológico permite avaliar a efetividade dos processos de


desenvolvimento humano. Também permite a possibilita revelar como os resultados
do desenvolvimento e os processos variam como uma função conjunta das
características da pessoa e do ambiente, o que permite identificar a associação de
fatores que contribuem para o desenvolvimento.
A PESSOA E AS CARACTERÍSTICAS
PROPULSORAS DO DESENVOLVIMENTO

■ 3 elementos compõem as características da pessoa, influenciando o curso do


desenvolvimento: disposição, recursos bioecológicos e demandas

■ Ambiente e Processo: relação funcional

■ Ambiente imediato: locais onde o individuo participa diretamente das interações

■ Ambiente remoto: subcultura, classe social e etnia que interage com o desenvolvimento

■ Processo proximal: forma particular de interação entre o organismo e o ambiente. Noção


essencial na abordagem bioecológica
PROCESSOS PROXIMAIS:
PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS

■ O desenvolvimento humano ocorre a partir do envolvimento da pessoa em uma


atividade que ocorre regularmente em um período de tempo

■ Atividades do dia a dia que as pessoas se engajam, desenvolvem: a criança

■ O poder de influências aos processos proximais: PPCT

(P) PESSOA (P) PROCESSO (C) CONTEXTO (T) TEMPO

■ Interjogo entre o envolvimento da pessoa, como suas características influenciam e


são influenciadas em suas interações
■ Interjogo entre funções e características do ambiente e natureza dos seus efeitos

(1) Percepção e resposta diferenciada

(2) Controle da direção do comportamento

(3) Manejo bem sucedido nas situações de stresse

(4) Aquisição de conhecimentos e habilidades

(5) Estabelecimento e manutenção nos relacionamentos

(6) Modificações e construções nos ambientes


CRONOSSISTEMA:
O SISTEMA ESPAÇO TEMPORAL

■ 1994: Bronfenbrenner emprega o cronossistema como um nível de noção de


desenvolvimento, destacando a passagem do tempo nas características da pessoa,
no ambiente e na sociedade

■ Tempo: microgenético e tempo histórico

(1) Tempo micro: continuidade ou descontinuidade em processos proximais

(2) Tempo meso: periodicidades em eventos entre maiores intervalos

(3) Tempo macro: mudanças nos eventos e expectativas da sociedade


AS CONTRIBUIÇÕES DO MODELO BIOECOLÓGICO
(PPCT) PARA A PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO
HUMANO
■ Os estudos tradicionais do DH: variável tempo como uma questão de idade cronológica.

■ 1970: tempo enquanto variável do meio ambiente circundante, considerando o tempo


histórico

■ Influência bidirecional: não exclusão das propriedades pertinentes à pessoa e ao


ambiente. Incluir as relações entre todos os participantes do ambiente, é a base para a
compreensão das relações interpessoais
O desenvolvimento humano: inter-relações
com os componentes do sistema
bioecológico
■ Paradigma ecológico;
■ Análise dos processos psicológicos de forma mais específica e levando em
consideração os diferentes níveis de funcionamento psicológico;
■ Estudo da pessoa e ambiente tratando contexto e matizes temporais;
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
AMPLIANDO O ESCOPO DE INVESTIGAÇÃO

■ Para Bronfenbrenner o estudo do desenvolvimento humano deve ser feito de forma


conjunta;
■ As pesquisas devem ter o caráter mais natural possível;
■ O resultado das pesquisas não devem ser generalizados;
■ As pesquisas devem ter um modelo teórico;
■ Considerações dos processos proximais;
■ Pesquisador x politica
■ Influências em mudanças nas politicas públicas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Dessen, M. A., & Costa Jr., Á. L. (2005). (orgs.). A ciência do


desenvolvimento humano. Tendências atuais e perspectivas futuras.
Cap. 4. O Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner: Contribuições para o
Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, RS: Armed.

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