155, §2º, I e II da CF/88 (princípio da não-cumulatividade), abaixo
transcrito, responda de forma fundamentada: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores; (...) XII - cabe à lei complementar: c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
1) Construa a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência de crédito.
ASPECTOS NORMA DE CRÉDITO GENÉRICA MATERIAL Realizar a entrada de mercadoria suportada por documento hábil SUJEITO ATIVO CONTRIBUINTE SUJEITO PASSIVO ESTADO QUANTITATIVO Moeda Escritural, fruto de uma cessão de direitos Paulo de Barros Carvalho ensina que a realização fenomênica de um fato comercial, industrial ou produtor que represente operação jurídica que transfira, fisicamente ou não, propriedade de mercadorias, ou que implique em importação, seria suficiente ao sucesso da hipótese da regra- matriz de direito ao crédito, “[...] fazendo nascer, inexoravelmente, uma relação jurídica que tem como sujeito ativo o adquirente das mercadorias, detentor do direito ao crédito do imposto, e como sujeito passivo o Estado”. 2) Numa remessa regular de mercadorias com emissão de nota fiscal de saída com destaque do ICMS; se o remetente efetivamente não levar à compensação e nem recolher o montante devido, terá o adquirente direito ao crédito correspondente? Admita que o adquirente dará posterior saída tributada das mercadorias adquiridas. Destaca, o professor Paulo de Barros Carvalho, que o direito ao crédito pelo adquirente da mercadoria independe de formalização ou de pagamento do imposto pelo alienante, visto que o nascimento desse direito ocorreria tão só pela transmissão da titularidade da mercadoria (do alienante para o adquirente), e não da existência de prévio lançamento. Ele lembra, porém, que o artigo 23 da LC 87/96 prescreve como “requisito para o aproveitamento do crédito que esteja ele vertido em documento hábil para certificar a ocorrência do fato que dá ensejo à apuração do crédito”. 3) Qual a natureza jurídica do montante lançado a título de crédito na escrita do contribuinte? Crédito é imposto? É moeda escritural? Fundamente. Acompanhamos Paulo de Barros Carvalho quando define a forma extintiva de obrigações tributárias da compensação como “[...] a existência de duas obrigações contrapostas, de modo tal que os sujeitos se apresentam, simultaneamente, como credor e devedor, um do outro”, afirmando, também, não entender de diversa natureza a possibilidade dos contribuintes do ICMS abaterem de seus débitos os créditos respectivos a que têm direito, seja “[...] na qualidade de ‘moeda escritural’, seja como simples abatimentos, supressões ou outro nome que lhes corresponda”. Temos, também, que a natureza jurídica do objeto da prestação obrigacional creditícia seria a de moeda escritural, na mesma linha que ensina Paulo de Barros Carvalho quando afirma que O direito ao crédito é moeda escritural. E, se, de um lado, é inexigível enquanto crédito pecuniário na via judicial, por outro, é imprescindível perante o lídimo exercício do direito à não-cumulatividade, que se consuma com o exercício da compensação desse crédito com o “crédito tributário” (obrigação tributária) do Fisco. Pela entrada real ou simbólica da mercadoria no estabelecimento do importador, este tem direito a se creditar do imposto devido na operação de importação. Ele, também, escritura sua moeda escritural creditícia em montante igual ao que fora devido anteriormente por ele mesmo em face do fato jurídico da importação. 4) O impedimento ao creditamento de mercadorias para uso e consumo viola o princípio da não-cumulatividade? Justifique. Não, visto que o contribuinte, no caso, é o consumidor final da mercadoria, portanto sujeito passivo, somente. A CF só restringe o caso de isenção ou não-incidência. No entanto, no caso de bens e consumo e na aquisição de ativo fixo, disciplina o art. 20 da LC 87/96 por força do Art. 155, XII, c. 5) Explique com suas palavras a diferença entre os critérios físico e financeiro de creditamento. Justifique sua resposta com base no disposto na Constituição Federal. “I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;” (CF Art. 155, §2º) Ao termo circulação, frisando seu caráter eminentemente jurídico, ele entendeu ser imprescindível a mudança de titularidade (“mudar de dono”), afastando concepções de caráter meramente físico ou econômico, afirmando que “não há identidade entre circulação física ou econômica (inapreensível juridicamente) e circulação jurídica”. Apesar de nosso olhar interpretativo físico sobre o princípio da não cumulatividade que, a nosso ver, somente empresta direito a crédito às entradas de mercadorias que tenham correspondentes saídas tributadas, tanto em sua forma original quanto as integradas na produção como insumos ou como matérias-primas, temos dúvidas de que as hipóteses de isenção e não incidência sejam exaustivas como possibilidades obstativas ao creditamento. Nossa construção interpretativa sobre o princípio fora a do denominado “critério físico de creditamento”, em que o direito ao crédito está condicionado não só à entrada física ou simbólica de mercadorias e ao montante cobrado em operações anteriores, mas também exigindo que a natureza das mercadorias transacionadas ou importadas não se altere. Concluímos que para haver crédito, deve haver a possibilidade de débito, tudo em face da destinação dos bens de quem realiza a operação e pelo fato da raiz da não cumulatividade ser a compensação. 6) É possível, com base no dispositivo constitucional acima transcrito e no art. 146 da CF, fundamentar a proibição do crédito integral dos produtos adquiridos para o ativo fixo do adquirente? E a permissão para o creditamento fracionado em 1/48 por mês? Fundamente. O artigo 146 da Lei Maior prescreve que normas gerais veiculadas por lei complementar tratarão da matéria creditamento no dicotômico objetivo de dispor sobre conflitos de competência entre os entes políticos e de limitar seu poder de tributar . Vem prevalecendo a tese de que a modificação do sistema de créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS por meio de lei complementar não ofende o princípio da não- cumulatividade, de modo que é possível que Lei Complementar possa prever condição intertemporal para a utilização dos créditos decorrentes da entrada, no estabelecimento, de bens móveis destinados ao uso, consumo ou ativo fixo, bem como de energia elétrica e serviços de comunicação necessários à atividade da empresa. Anteriormente, através da Lei Complementar 87/96, o contribuinte podia aproveitar integralmente e de imediato o crédito decorrente das aquisições para o ativo permanente. Com a inovação trazida pela Lei Complementar 102/00, o aproveitamento passou a se dar ao longo de 48 meses.