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Ao longo dos versos - que instigam a leitura contínua por serem sem
pontuação e sem letras maiúsculas - a autora se utiliza de repetições de
palavras, dicotomias e rimas para descrever cenas comuns e violências
enraizadas do cotidiano da mulher. No conjunto “Mulher de”, em especial,
alguns poemas retratam cenas tão banais que quase passam despercebidas,
caso não se preste atenção nas entrelinhas das pequenas grandes agressões.
O que traz à percepção mais um aspecto do texto: falar em sua extensão sobre
pautas comumente feministas, mas sem citá-las diretamente.
Os paradoxos que Angélica traz ao longo da obra entre homem e mulher; limpa
e suja; companhia e solidão; se fazem presentes na impressão que deixam a
quem lê: Do lugar de leitora, é possível se perceber imersa na antítese de ler
sentenças de três palavras e ainda assim terminar sem fôlego. Os desconfortos
femininos conversam.