Entre o sexto e o quarto milênio a.C., após o estabelecimento das
primeiras cidades, a dança era a principal manifestação musical e os instrumentos provavelmente vieram do sul da África e da Suméria. Na época do Império Antigo, entre a III e X Dinastias (2635 a2060 a.C.), a música egípcia viveu seu auge. Muitas representações mostram pequenos conjuntos musicais com cantores, harpas e flautas, e inscrições coreográficas descrevem danças realizadas para o faraó. Estudiosos acreditam que a música no Egito Antigo tenha origem tão remota como a da Mesopotâmia. A partir de afrescos em templos e túmulos, é possível reconstruir com relativa precisão o desenvolvimento dos instrumentos musicais e o uso da música na civilização egípcia.
Mulheres tocando flauta, alaúde e harpa. Afresco encontrado em Tebas, Egito. (1422 a 1411 a.C.)
No Império Médio (XI a XVII Dinastias) conjuntos maiores e até
orquestras são representados em pinturas. Entre os instrumentos, há harpas, alaúdes, liras, flautas, flautas de palheta dupla (oboés), trombetas, tambores e crótalos (tipo de castanholas). No Império Novo (XVIII à XX Dinastia), estes instrumentos se aperfeiçoam. Alguns foram encontrados em escavações de pirâmides, templos e túmulos subterrâneos do Vale dos Reis, mas, infelizmente, nenhum deles de afinação fixa. Isso impossibilita definir que tipos de escalas musicais eram utilizados. Não foi encontrado nenhum texto que permita deduzir a existência de um sistema de notação e também não há textos sobre alguma Teoria Musical. Aparentemente isto se deve ao fato de que os músicos não gozavam, entre os egípcios, do mesmo status que tinham entre os sumérios. Muitos afrescos mostram músicos sempre ajoelhados e vestidos como escravos. A posição subalterna não permitia a transmissão dessa arte pouco valorizada através dos textos. A cultura musical do Egito Antigo entrou em decadência junto ao próprio Império. Com as sucessivas invasões, a música do Egito passou a ser influenciada pelos gregos e romanos, perdendo totalmente sua independência. Músicos gregos eram contratados para integrar a corte e traziam consigo alguns de seus instrumentos. Até uma espécie de órgão hidráulico foi encontrado. Alguns musicólogos acreditam que os últimos vestígios da música faraônica ainda possam ser identificados na liturgia Copta.