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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE

Contabilidade Pública

1. O ORÇAMENTO DO ESTADO EM MOÇAMBIQUE

O ORÇAMENTO no quadro da legislação sobre o SISTAFE em Moçambique

Enquadramento: O Orçamento do Estado - é um dos subsistemas do Sistema de


Administração Financeira do Estado (SISTAFE) (Lei nr. 9/2002, 12 de Fevereiro).

Conceito: Subsistema de Orçamento do Estado – designado abreviadamente por SOE,


compreende todos os órgãos ou instituições que intervêm nos processos de programação e
controlo orçamental e financeiro e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos. (Art.
10, Lei nr. 09/2002, 12 de Fevereiro).

Competências - Compete aos órgãos e instituições que integram o SOE (Art. 11):

a) preparar e propôr os elementos necessários para a elaboração do Orçamento do Estado;


b) Preparar o projecto de Lei Orçamental e respectiva fundamentação;
c) Avaliar os projectos de orçamentos dos órgãos e instituições do Estado;
d) Propôr medidas necessárias para que o Orçamento do Estado comece a ser executado
no início do exercício económico a que respeita;

e) Preparar, em coordenação com o Subsistema do Tesouro Público, a programação


relativa à execução orçamental e financeira, mediante a observância no disposto na
presente Lei e respectiva regulamentação complementar;

f) Avaliar as alterações ao Orçamento do Estado;

g) Avaliar os processos de execução orçamental e financeira.

O Orçamento do Estado - é o documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e


fixadas as despesas a realizar num determinado exercício económico e tem por objecto a
prossecução da política financeira do Estado.

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Trata-se de uma previsão, já que se refere a um período futuro (o próximo ano económico) e
não ao momento presente. E o futuro, como todos sabemos, é incerto.

O Orçamento do Estado - é um mapa de previsão, em regra anual, das despesas a realizar


pelo Estado e dos processos de as cobrir, incorporando a autorização concedida à
Administração Financeira para cobrar receitas e realizar despesas e limitando os poderes
financeiros de administração em cada período anual.

Pode-se também olhar para o orçamento como o quadro geral básico de toda a actividade
financeira do Estado, uma vez que é através dele que se procura guiar-se no ambito da
utilização dos dinheiros públicos.

1.1. DIMENSÕES E FUNÇÕES DO ORÇAMENTO

São três as dimensões do orçamento:

Económica: o orçamento é uma previsão da gestão orçamental do Estado (plano


financeiro). Fixa as despesas a realizar e antecipa as receitas a arrecadar pelo Estado num
determinado período de tempo.

Política: o orçamento, uma vez aprovado, é a autorização política do plano financeiro do


Estado. Autoriza o Governo a realizar certas despesas e a cobrar determinadas receitas.

Jurídica: o orçamento é o instrumento através do qual se limitam os poderes da


administração do Estado no plano financeiro. Por outras palavras, os órgãos da
administração terão de seguir as linhas traçadas pelo orçamento na execução da gestão
financeira do Estado. Não poderão gastar mais do que aquilo que vem especificado no
orçamento nem cobrar receitas que não estão inscritas neste documento.

Sendo assim, o orçamento cumpre funções de natureza económica, política e jurídica. Tais
funções assumem importância extrema para o funcionamento de qualquer economia e
sistema político. Daí a razão da existência do orçamento e a importância que ele assume.

No plano económico:

 Facilita a gestão dos dinheiros públicos, torna a gestão desses dinheiros mais
racional e eficiente. Por outras palavras, evita o improviso, que é sempre uma causa
de desperdício.

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 Constituí um elemento fundamental na definição e execução da política económica
do Governo e permite aos agentes económicos e à sociedade em geral conhecer as
principais linhas desta política.

No plano político:

 Garante que a tributação do rendimento dos cidadãos para cobrir os gastos públicos
sejá feita mediante decisão dos seus representantes na Assembleia da República,
isto é, mediante a aprovação dos Deputados.

 Assegura o equilibrio e a separação dos poderes: o Parlamento autoriza a


arrecadação de receitas e a utilização das mesmas; o Executivo (Governo) executa o
orçamento; e o Parlamento e/ou outro órgão jurisdicional fiscaliza a conta do Estado.

No plano jurídico:

 A autorização política que é concedida ao Estado para realizar despesas e cobrar


receitas limita os poderes financeiros da Administração Pública. De acordo com a lei,
aquela não poderá efectuar gastos nem arrecadar receitas que não estão previstas
no Orçamento.

2. CICLO ORÇAMENTAL

Conceito
O ciclo orçamentário, ou processo orçamentário, pode ser definido como um processo
contínuo, dinâmico e flexível, através do qual se elabora, aprova, executa, controla e avalia
os programas do sector público nos aspectos físicos e financeiros, corresponde, portanto, ao
período de tempo em que se processam as actividades típicas do orçamento público.

Preliminarmente é conveniente ressaltar que o ciclo orçamentário não se confunde com o


exercício financeiro. É o período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo,
portanto, a uma das fases do ciclo orçamentário. Por outro lado, o ciclo orçamentário é um
período muito maior, iniciando com o processo de elaboração do orçamento, passando pela
execução e encerramento com o controle.

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Identifica-se, basicamente, quatro etapas no ciclo ou processo orçamentário:
 Programação;
 Elaboração da proposta orçamental
 Discussão e aprovação da Lei do Orçamento;
 Execução orçamentária e financeira

LEI DO ENQUADRAMENTO DO ORÇAMENTO E DA CONTA GERAL DO ESTADO


(LEOE)

As actuais práticas orçamentais não estão ajustadas a nova realidade económica e política
de Moçambique. A gestão orçamental tem sido caracterizada por uma acentuada falta de
transparência e rigor e uma certa doze de improviso na captação e afectação dos dinheiros
públicos. Tal não é compatível com um bom desempenho do Estado em matéria de política
económica nem com o processo de democratização em curso no País.

Torna-se, por isso, necessário e urgente adequar o orçamento as necessidades de uma


intervenção pública eficaz e eficiente, que cumpra com as exigências de uma economia de
mercado funcional e uma democracia parlamentar como a moçambicana. Por outras
palavras, é essencial que o Orçamento do Estado passe a cumprir de forma satisfatória as
funções que lhe competem, sejam elas de natureza económica ou política.

Um primeiro e fundamental passo no sentido de modernizar e adequar o orçamento as


mudanças político-institucionais e as reformas económicas em curso no País foi dado com a
elaboração e aprovação da LEO. Esta lei entrou em vigor no dia 01 de Janeiro de 1998.

Objectivos da Lei

A LEO define o quadro de funcionamento do sistema orçamental. Ela tem por objectivo
o estabelecimento de princípios, regras e normas referentes ao orçamento do Estado e a
Conta Geral do Estado segundo critérios modernos.

O Orçamento

A LEOE estabelece que o orçamento constituí o instrumento base do Governo para


prosseguir a gestão racional das finanças e património do Estado.

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