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Artigo 1º

Existência de um Estado
1. No âmbito do Direito Internacional, a existência de um Estado é uma questão de facto,
independente de qualquer ato de reconhecimento por parte dos demais Estados que integram a
comunidade internacional. O reconhecimento: ato pelo qual o Estado verifica a existência de
certos factos (aparecimento de um Estado, efetividade de um governo) ou de certos atos
jurídicos e admite que lhe são oponíveis. Pode ser expresso, tácito (ex: por embaixador) ou de
má-fé.
2. Teses - A professora Maria Luísa Duarte defende que a Tese da Legitimidade tem subjacente
uma utopia nas relações internacionais ( baseada em fatores éticos e humanitários) e a Tese da
Efetividade assenta no “realpolitk”, em que não importa tecer juízo sobre se é legítimo ou sobre
a natureza do regime em apreço. A Tese da Legitimidade pode levar a que Estados não se
relacionassem com outros porque houve um golpe de Estado ( os Estados devem-se relacionar
entre si não com as suas Administrações). O reconhecimento envolve a aceitação do seu direito
fundamental no domínio da mesma Constituição ou regime, novos governantes não têm de ser
reconhecidos. Assim o DIP dá abrigo à Tese da Efetividade devido à estabilidade das Relações
Internacionais e para não dar uso ao subjetivismo político.

Artigo 2º
Eficácia
1. Constitutiva: somente a partir do reconhecimento é que o Estado existirá. A qualidade do
sujeito de Direito Internacional e portanto, quaisquer eventos a ele anteriores seriam em
princípio irrelevantes. é o reconhecimento que atribui à entidade a reconhecer o seu estatuto de
Estado (ou de outro sujeito) ou a legitimidade para vincular um Estado como seu Governo
perante o autor do reconhecimento. A atribuição do estatuto de Estado, e mesmo a
personalidade jurídica de entidades coletivas, ou de Governo, dependerá sempre do
reconhecimento. Isto significa que uma entidade poderia constituir um Estado perante outro
Estado que a reconheceu, mas não perante um terceiro que recusou conceder tal
reconhecimento. Em qualquer caso, entendem que o Direito Internacional coloca alguns limites
ao reconhecimento, proibindo os reconhecimentos prematuros, mas que não estabelece de forma
rígida os pressupostos do reconhecimento. A cada Estado competiria com apreciável margem de
liberdade decidir se o reconhecimento deve ou não ser concedido. Este reconhecimento permite
suprir a ausência de um ou mais dos elementos de facto referidos, desde que nenhum Estado
tenha direitos sobre o território controlado pelo futuro Estado. Tal passa-se nos casos de uma
entidade com direito de secessão (Povo colonizado), de um território ocupado cujo Povo é
titular do direito de autodeterminação ou perante a dissolução do Estado preexistente. Sendo o
ato individual ou coletivo, este ato não pode deparar com a oposição aberta de um Estado
reconhecido como grande potência, que atualmente são os membros permanentes do Conselho
de Segurança das NU, a menos que aquele tenha interesses diretos na questão- art. 18º/2 da
Carta.
2. A relevância de um reconhecimento comunitário decorre do facto de este ser um ato de
exercício de um poder comunitário, isto é, um poder público. Um ato que vincula mesmo os
Estados que não participaram na sua adoção ou mesmo que a este se tenham oposto. Vinculará
mesmo o Estado diretamente afetado pelo surgimento do novo Estado. Pelo contrário, um
reconhecimento isolado ou que parta de um grupo de Estados que não reúna a maioria
necessária apenas vinculará os seus autores.
3. Declarativa: Estado existiria desde que efetivamente se achassem reunidas as suas condições
de existência; o reconhecimento limitar-se-ia a verificá-las, nada acrescentaria de novo e
consequentemente, teria efeitos retroativos. Prevalece a tese da natureza declarativa do
reconhecimento, por ser a que melhor traduz a realidade de uma vida jurídico-internacional
mais desenvolvida e institucionalizada. A entidade a reconhecer já existe enquanto tal,
limitando-se o reconhecimento a ser um atestado subjetivo da parte do Estado seu autor no
sentido de que aquela entidade reúne efetivamente os requisitos necessários. Assim, esta tese
defende que o Direito Internacional regula minuciosamente os pressupostos de formação de um
novo sujeito internacional e que juridicamente este surge automaticamente. Deste modo, um
Estado já seria um Estado a partir do momento em que reunisse os tradicionais requisitos: teria
imediatamente todos os direitos conferidos aos Estados que poderia opor mesmo aos Estados
que não o reconhecessem. Estes, contudo, teriam plena liberdade para recusar conceder o
reconhecimento.
3. Segundo esta, sustentar o caráter constitutivo do reconhecimento em todos os casos, tendo em
conta o caráter livre deste, significaria defender que a formação dos Estados não se encontra
sujeita a quaisquer normas jurídicas internacionais positivas; que, quando muito, o Direito
Internacional se limitaria a estabelecer pressupostos para a concessão do reconhecimento, isto é,
apenas limites negativos. Que os restantes Estados teriam um direito de vetar em todos os casos
o surgimento de novos Estados, independentemente da sua formação ter sido aceite pelas partes
interessadas.
4. Assim, a história do reconhecimento mostra que este tem sido utilizado como um meio de
provocar alterações jurídicas desejáveis por meio de um ato livre. Contudo, cedo se verificou
que a única forma de garantir que tais alterações se verificassem efetivamente, sem estarem
dependentes da prática de atos puramente políticos como o reconhecimento, foi a de as tornar
automáticas, isto é, por força da própria norma internacional, logo que a sua previsão é
acionada.
Note-se que para que um Estado federal possa ser dissolvido à luz do Direito Internacional pelos
Estados federados à margem do seu Direito interno é necessário que a decisão de concretize
numa independência de facto e que seja apoiada pela maioria destes Estados e que estes
representem a maioria do conjunto dos cidadãos e do território.
5. Assim parece que os únicos casos em que normalmente se poderá falar na criação automática
de Estados será: Por acordo das entidades interessadas (Estado que exercia jurisdição sobre o
território e Povo do novo Estado)- corolário do princípio do respeito da integridade territorial
dos Estados; A existência de um Governo efetivo sobre um determinado Povo e território; Que
esse Governo tenha capacidade para desenvolver relações internacionais. Existindo efetividade
e consentimento, só não se formará um novo Estado se a sua própria existência de estruturar
numa violação de uma norma iuris cogentis- a sua violação gera nulidade.

Artigo 3º
Reconhecimento individual
1. Nas situações de reconhecimento individual de um Estado que tenha sido previamente
reconhecido pela Comunidade Internacional: Na falta do consentimento do Estado afetado, o
reconhecimento de um novo Estado pode constituir uma intervenção ilícita nos assuntos
internos do primeiro Estado, bem como um ato pouco conforme com o respeito devido à sua
integridade territorial. Assim, apesar do reconhecimento operar por meio de um ato coletivo
constitutivo da Comunidade Internacional, não se afigura que possa legitimamente criar um
novo Estado contra a vontade do Estado afetado, fora dos citados casos em que o seu
consentimento é desnecessário. Ainda assim, porque cabe a esta Comunidade criar o Direito
Internacional, poderá sempre alargar os termos do direito de secessão e considerar que um Povo
goza deste numa dada situação. Resulta claro que este poder teoricamente não pode ter eficácia
retroativa e a sua primeira aplicação será ilícita, mas criará um precedente aplicável de forma
progressivamente lícita a futuros casos.
2. Na fase atual apenas é relevante o reconhecimento que outros Estados façam; Não há nunca
um dever de reconhecimento (nenhum Estado pode ser obrigado a reconhecer outro); O direito
de reconhecer ou não reconhecer é um direito de exercício limitado;
3. Critérios da Convenção de Montevidéu: População Permanente(não impede que seja
nómada nem que tenha uniformidade étnica, exige-se um povo); Território Determinado
( exige-se um núcleo territorial- terrestre e marítimo- acautelando os Estados com disputas
territoriais); Governo (não como executivo mas sim como o conjunto de órgãos que representam
o Estado internacionalmente ); Capacidade de se relacionar com outros Estados;

Artigo 4º
DUDH
1. As disposições normativas contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos
constituem, atualmente, parte integrante do Direito Internacional Costumeiro. O documento de
direito costumeiro mais importante é a DUDH que a CRP recebe com valor infraconstitucional
ano art. 16º/2. Há quem tenha uma conceção maximalista do caráter costumeiro da DUDH,
nomeadamente o Prof. Correia Batista, que considera que quase todas as normas da DUDH são
normas costumeiras. As normas de Direito do Homem são todas elas normas de caráter de
obrigação erga omnes, o que não quer dizer que sejam todas normas de ius cogens. São normas
que interessam à humanidade como um todo e não a um conjunto de Estados.
2. Distinguir o Direito Internacional Costumeiro do Direito Internacional
Convencional; a) Convenções Internacionais em razão do critério da sua extensão geográfica-
universais ou regionais; b) Convenções Internacionais em razão do critério dos direitos
abrangidos- convenções globais ou abrangentes e convenções específicas de direitos (ex:
Convenção dos Direitos das Crianças). Convenções Internacionais celebradas no âmbito das NU
com um sistema de garantia próprio no âmbito das NU. Inserem-se aqui o Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Económico dos Direitos Económicos e Sociais. Cada um
destes pactos tem um conjunto de órgãos que apreciam o cumprimento ou incumprimento dos
Estados relativamente ao estabelecido nestes pactos. A CEDH é o principal produto do
Conselho da Europa. Tem um conjunto de protocolos adicionais e destes o mais relevante é o
protocolo 11.
Os direitos consagrados na CEDH são direitos civis e direitos políticos- direito à vida, proibição
da tortura e não permissão da eutanásia, proibição da escravatura e do trabalho forçado, direito a
um julgamento justo, num prazo razoável, por exemplo
3. O Estado é considerado o sujeito internacional por excelência, dotado de uma capacidade
plena, perante a capacidade restrita dos restantes sujeitos internacionais. Em rigor, o indivíduo
tem igualmente uma capacidade exclusiva bastante vasta, a que os Estados não têm acesso (por
exemplo os direitos humanos). Assim, não existe propriamente um sujeito internacional que
tenha capacidade plena, que possa ser em abstrato titular de todos os direitos e deveres
estabelecidos pelo Direito Internacional.

Artigo 4º
Costume internacional
1. Sendo uma fonte formal, o costume é um modo de criação de normas jurídicas e não o
resultado destas (normas costumeiras). A norma costumeira não é uma prática geral, reiterada e
uniforme acompanhada da convicção de obrigatoriedade, mas algo que resulta desta. Assim, o
Costume (a fonte) é diferente de um costume (o resultado dela).
2. O elemento material - o uso, uma conduta levada a cabo sucessivamente e reiteradamente.
Tem de ser consequente, tem de haver um número muito elevado de práticas no mesmo sentido,
de tal como que possa ser tida como uma referência para práticas futuras. Isto significa a
exigência de um atributo que está ligada a esta prática, ou seja, a prova do tempo. Isto é, não há
costumes instantâneos.
3. Estadualidade- cabe aos Estados criar o DIP costumeiro e, formalmente, apenas a estes, uma
vez que o DIP é um direito que deve ser considerado público devido à natureza das entidades
que criam as suas normas. Apenas os atos dos Estados podem ser considerados como prática
costumeira em sentido técnico. Outros eventuais atores internacionais apenas podem dar um
contributo material para a formação das normas costumeiras, segundo a opinião do Professor
Correia Batista. Por exemplo, as organizações internacionais: o seu papel é aparente, uma vez
que na realidade, formalmente, os autores da prática costumeira são os Estados membros desses
órgãos. Mas, por exemplo, se o secretário-geral da ONU adota um determinado comportamento
de forma reiterada e consistente numa matéria com relevância externa regulada pelo DIP e os
Estados não protestam, acatando a sua opção, tal pode criar uma norma costumeira. O seu autor
material será o secretário geral, mas os seus atores formais serão os Estados.
4. Há que atentar que, uma norma costumeira pode não surgir mesmo que a esmagadora maioria
dos Estados o pretenda, nomeadamente, se se tratar de uma norma absurda. Também pode
acontecer que o comportamento de alguns Estados ou de outras entidades não estaduais, possa
acabar por se impor aos restantes por força da sua inércia ou inicial inconsistência.
Artigo 5º
Costume Internacional critérios
1. Publicidade- somente podem ser considerados prática costumeira os atos praticados pelos
Estados de forma pública, assumindo-os abertamente. Apenas estes podem ser afirmados como
juridicamente criativos.
2. Norma costumeira – requisitos: Generalidade- é necessário que a prática seja geral, como
decorre do artigo 38º/1 b) do ETIJ. Não é fácil, contudo, concretizar esta exigência.
Generalidade da prática significa que esta tem de ter o concurso de vários Estados. Tal não
significa que os Estados tenham de praticar os mesmos atos, isto é, que a prática tenha de ser
materialmente uniforme. Pode bastar que uns adotem uma conduta e os outros a reconheçam
como legítima ou mesmo que se limitem a não a condenar.
3. Quantidade e Qualidade dos Estados: a generalidade não se reduz à mera quantidade de
Estados envolvidos, quer ativamente quer passivamente. À luz do princípio da igualdade
soberana dos Estados poder-se-ia pensar que a todos os Estados cabe o mesmo papel na
formação do direito costumeiro. Na verdade, tal apenas se passa em relação ao Tratado. No
costume, os Estados mais interessados e também os mais poderosos, quer em termos
económicos quer em termos políticos, têm um papel acrescido. Assim, pode acontecer que a
oposição de um só Estado, cuja prática tenha um impacte decisivo na área objeto da norma
costumeira, consiga atrasar ou até impedir a formação desta, apesar do apoio ou não oposição de
todos os restantes, desde que não esteja em causa um interesse público internacional.
4. Outro elemento qualitativo nos Estados autores da prática costumeira é o facto de
representarem os grandes grupos de Estados. Assim, por regra, os dois grande grupos serão o
dos Estados desenvolvidos e o dos Estados em vias de desenvolvimento. Não é de excluir,
contudo, que em relação a determinadas matérias concretas possam surgir um ou dois grupos
com direito de veto. Assim, estando em causa por exemplo uma norma relativa à extração de
recursos naturais, é possível que um papel acrescido caiba aos Estados Árabes. A formação
destas normas costumeiras não será possível, em princípio, sem o apoio ou pelo menos a não
oposição da maioria dos Estados de cada um desses grupos.
5. Reiteração- a prática costumeira deve ser reiterada. É a reiteração que permite a generalização
da prática, testar o grau de adesão dos Estados (consistência) e a justeza da norma enquanto
regra de conduta. Mas são apenas estas as suas funções, não existindo razão para exigir uma
reiteração prolongada uma vez obtido um apoio generalizado e realizados os referidos testes. A
apreciação dependerá dos valores em causa e da qualidade e quantidade da prática e das
objeções que a norma suscitar.
6. Consistência- os Estados apoiantes da norma costumeira emergente devem ser coerentes na
sua adesão. Não se podem limitar a apoiar a norma em declarações verbais e posteriormente, na
realidade, adotarem condutas desconformes. Também não podem alegar a norma quando lhes é
conveniente e rejeitar a sua aplicação nos outros casos. É importante saber que a exigência de
consistência refere-se à prática geral e não individual. Necessário é que a generalidade dos
Estados seja consistente. Pode acontecer que o não cumprimento de uma norma leve ao seu
fortalecimento: por exemplo, o facto de a Coreia do Norte não respeitar a norma sobre as armas
nucleares levou a que os outros Estados se preocupassem mais com o assunto e objetassem esse
não cumprimento (apesar de ser ligeiramente diferente pq há tratados).
7. O elemento psicológico ou opinio iuris- a convicção de obrigatoriedade. A sua defesa surge
da necessidade de distinguir as normas costumeiras dos meros usos ou práticas de trato social.
Opinio iuris é a vontade do Estado em vincular-se pela norma costumeira. Tem de ser vista
como um fenómeno coletivo, pois um ou alguns Estados não podem eximir-se do cumprimento
de uma norma costumeira alegando a sua falta de consciência da obrigatoriedade da norma,
dado que uma norma costumeira não pode estar dependente de meras impressões subjetivas para
poder ser aplicada; ou existe um fundamento objetivo para o não cumprimento ou este é ilícito.

Artigo 6º
faculdade de decisão ex aequo et bono
1. Equidade Contra Legem- a equidade derrogatória (a única equidade que é uma verdadeira
fonte de DIP) é quando a decisão jurisdicional vai dizer o contrário do que a norma diz, vai
revogá-la e substituí-la. Só pode ser aceite como fonte de DIP quando as partes envolventes de
um litígio a acordam.
2. Só se pode convocar a equidade quando houver uma cláusula expressa ou quando as partes,
num litígio, admitirem e acordarem o recurso à equidade. Deposita-se na vontade das partes a
coação da equidade. Há quem diga que a equidade é uma realidade metajurídica (Gonçalves
Pereira), centrada na questão da justiça.
3. A equidade secundum legem é aquela que não suscita dúvidas, que tem como função
explicar, clarificar o sentido de uma norma. A equidade praeter legem é a equidade integrativa
de lacunas.
Prof. Gonçalves Pereira – artigo 38º há uma menção à equidade que, de acordo com este
professor, não é uma fonte de DIP. Prof. Blanco Morais- Quanto à equidade, ela está regulada
no nº2 de uma forma até bastante razoável. Para além disto, o artigo, ainda que seja ambíguo
quanto à existência de uma hierarquia de fontes, não revela uma ambiguidade quanto a uma
precedência de fontes.
4. Decisão ex aequo et bono – forma de decisão baseada em fundamentos extrajurídicos, que
revelam riscos devido à excessiva margem de liberdade que estes concedem ao decisor.
5. Equidade e ordem jurídica internacional: ao reconhecer ao Tribunal Internacional de Justiça a
«faculdade» de decidir ex aequo et bono, o n.º2 do artigo 38.º do seu Estatuto introduz a questão
da equidade. Aparentemente existe uma contradição fundamental entre as estruturas da
sociedade internacional, apoiadas na soberania do Estado, e um poder tão exorbitante concedido
ao juiz. No entanto os Estados não hesitam em fazer referência a isso nos instrumentos mais
solenes, tendo em vista a resolução pacífica dos seus conflitos.
6. O julgamento de um litigio por via do principio ex aequo et bono, em função do critério do
que é igual e bom, depende de acordo prévio e expresso das partes no processo, porque se trata
de atribuir ao juiz o poder extraordinário de substituir a regra estrita pela regra que, no caso
concreto e por critérios pessoais de avalização, eventualmente extrajurídicos, se mostre mais
justa. Com esta dimensão, a equidade substitui o Direito aplicável, é a sua alternativa
edulcorada, e não pode, por isso, ser considerada uma fonte nem no sentido formal nem no
sentido material. Na sua jurisprudência existe, contudo, espaço para os chamados “princípios
equitativos” que, não se devem confundir com a equidade substitui o Direito aplicável, é a sua
alternativa edulcorada, e não pode , por isso, ser considerada uma fonte, nem no sentido formal
nem no sentido material.
7. Não se deve confundir a aceção de “princípios equitativos” com equidade. A equidade é
um critério geral de aplicação do Direito, inerente ao processo de determinação e de aplicação
da regra jurídica existente pelos tribunais. A ideia de equidade fundamenta a representação pelo
juiz de uma solução justa e equilibrada. Sobre o juiz recai a obrigação de procurar a decisão
mais próxima do objetivo do “ius aequum”, o que implica, sem paradoxo, a aplicação do
prudente arbítrio no terreno algo impreciso da apreciação livre ou margem de livre apreciação
orientada por critérios de razoabilidade, temperança e boa fé. A decisão ex aequo et bono
constitui uma forma de decisão baseada em fundamentos extrajurídicos. Os seus riscos derivam
da excessiva margem da liberdade que estes conferem ao decisor. Embora a decisão se deva
reger ainda por parâmetros de natureza ética, ou outros, a sua flexibilidade abre as portas ao
subjetivismo.

Artigo 8º
Proteção internacional dos DH
1. O DIDH tem como base fundamental a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
É um conjunto de normas internacionais, convencionais ou consuetudinárias, que estipulam
acerca do comportamento e os benefícios que as pessoas ou grupos de pessoas exigem ou
podem exigir do Governo. Os direitos Humanos são direitos inerentes a todas as pessoas por sua
condição de seres humanos. A finalidade do direito internacional dos direitos humanos é
proteger a vida, a saúde e a dignidade das pessoas, sendo que o DIDH é aplicado tanto em
tempo de paz ou de conflito armado. No DIDH impõe-se obrigações aos governos nas suas
relações com os indivíduos.
2. A proteção internacional penal - noção de crimes internacionais-São crimes dos ponto de
vista do direito público, que são proibidos pelo DIP enquanto condutas vistas como violações
sérias. Os principais crimes seriam o genocídio, guerra, crimes contra a humanidade. + As
jurisdições penais internacionais: desde a Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional
avançou cada vez mais no sentido de desenvolver um sistema de jurisdições internacionais que
complementam os tribunais nacionais para julgar as pessoas acusadas de genocídio, crimes de
guerra e crimes contra a humanidade. Tal sistema está dividido em duas partes principais: por
um lado, conta com o estabelecimento de tribunais ad hoc e outros tribunais internacionalizados
organizados após um conflito; por outro lado, conta com o recém-criado Tribunal Penal
Internacional.
3. A Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH). Assinatura em 1950 no contexto
do pós Segunda Guerra Mundial, sob o impulso do Conselho da Europa e beneficiando da
experiência acumulada de sistemas constitucionais de reação aos regimes totalitários. Viria a ser
complementada por 14 protocolos adicionais. Os direitos declarados são todos os direitos,
liberdades e garantias e em número relativamente modesto. Em 1955 eram o direito à vida,
proibição de tortura e tratamentos desumanos, proibição de escravatura. O sistema jurisdicional
do CEDH divide-se em: Tribunal Europeu dos Direitos do Homem → podem receber petições
de qualquer pessoa singular, organização não governamental ou grupo de particulares que se
considere vítima de violação por qualquer Estado vinculado ao CEDH; Comissão Europeia dos
Direitos do Homem → órgão de inquérito de conciliação e de exame de petições ou queixas
particulares.
4. Organizações Internacionais Supranacionais - São associações cujos poderes decorrem de
autolimitação da soberania dos Estados partes na organização que delegam algumas das suas
competências para a organização. Existem órgãos deliberativos que atuam, não em nome dos
Estados, mas em nome da própria organização. A União Europeia é uma organização
internacional supranacional, cujos órgãos deliberativos são a Comissão Euripeia e o Conselho
Europeu, que atuam em nome da própria União Europeia. Emitem atos jurídicos unilaterais
(diretivas, decisões e regulamentos europeus) que vinculam a Ordem Jurídica interna dos
Estados.

Artigo 9º
Responsabilidade internacional do Estado
1. Direito Internacional estabelece, desde há muito, deveres positivos, cujo desrespeito por uma
mera inação implica responsabilidade por omissão (será privilegiada alguma exemplificação);
Apesar da terminologia “ato”, há muito que o Direito Internacional estabelece deveres positivos,
designadamente para os Estados; ou seja, deveres que exigem uma determinada atuação
positiva. Deveres cujo desrespeito por uma mera inação implica responsabilidade por omissão
(p.e., dever de cada Estado garantir que as instalações diplomáticas dos restantes Estados em
seu território não são violadas ou afetadas pelas mesmas entidades; ou o dever dos Estados
garantirem que o seu território não é utilizado por outras entidades, incluindo particulares ou
grupos armados, para a prática de atos que violem os direitos de Estados terceiros). O segundo
pressuposto da responsabilidade internacional exige que o ato imputado nos termos descritos
seja contrário ao Direito Internacional.
2. É exclusivamente a este Ordenamento que cabe a qualificação de um ato como ilícito e não
ao Direito interno da entidade em causa. A circunstancia de o Ordenamento da entidade
considerar que tal ato é lícito ou mesmo obrigatório é irrelevante. Trata-se de um mero corolário
do principio de que um sujeito não pode invocar o Direito por si criado como justificação para
violar o Direito Internacional, nem mesmo a sua Constituição.
3. A obrigação internacional tem de se encontrar em vigorem relação à entidade no momento da
prática do ato para que este possa ser considerado como ilícito.
Se se tratar de um ato de consumação imediata o momento para determinar o Direito vigente é
aquele em que o ato é praticado. Pelo contrário, existem atos que perduram no tempo, altura em
que o momento relevante para apurar o Direito aplicável se alarga a todo o período em que o ato
subsiste. Mesmo que a situação ilícita tenha sido criada há vários anos, se esta subsiste poderá
ser analisada à luz do Direito entretanto tornado aplicável.
4. A Relevância do Dolo e da Negligência - Como principio geral as obrigações positivas, que,
portanto, vinculam os destinatários a adotar medidas para conseguir um determinado resultado,
limitam-se a estabelecer um dever de atuar com a diligência necessária; e que, por isso mesmo,
ainda que estes não obtenham/evitem o resultado visado, a entidade apenas será
responsabilizada se tiver atuado no mínimo com diligencia, que ocorrerá em caso de omissão ou
de ação insuficiente por força de falta de diligência. Neste domínio, a força maior por
acontecimento fortuito pode ser invocada com alguma facilidade, desde que a entidade que a
invoque demonstre que os seus órgãos atuaram com a diligência necessária.
5. Em relação às obrigações que se limitem a proibir uma determinada ação, pelo contrário, o
principio geral é o de que não dependem de qualquer elemento subjetivo, seja dolo, seja
negligencia. Isto é, o principio será o de que em relação a estas a responsabilidade doestado é
objetiva, sem prejuízo de cada norma primária poder exigir tal elemento subjetivo para que se
verifique a violação. Em qualquer caso, não é necessária qualquer consciência da ilicitude,
sendo irrelevante a sua ausência, especialmente em relação aos referidos sujeitos coletivos.
Mesmo em relação a indivíduos, a consciência da ilicitude tem uma relevância puramente
marginal, como na questão da defesa de ordens superiores em relação a crimes e guerra. A
inexistência de dolo ou mesmo de negligência pode, contudo, ter uma relevância na
determinação do montante da reparação.
6. A Questão do Dano - A violação de uma obrigação, à luz do Direito Internacional, implica
sempre um dano, ao menos moral para o titular do correspondente direito.

Artigo 10º
Reconhecimento do Governo
1. Existem alguns precedentes de impugnação da força como meio de adquirir o poder quando
esta foi utilizada em violação aberta do princípio da legitimidade popular. Assim, sem se
afirmar que apenas a legitimidade democrática constitui um título jurídico válido, dado que
Governos efetivos são aceites independentemente da origem do seu poder (Doutrina Estrada), a
sua alteração pelo uso da força não tem sido reconhecida em vários casos, até que tal situação
tenha sido legitimada pelo voto popular. Há aqui duas doutrinas sobre se se deve ou não recusar
credenciais em situações de revoluções, de usurpação de poderes: Doutrina Estrada- é a que
está em vigor. Defende que as alterações na ordem normal não relevam, portanto o titular é
aquele que está efetivamente no poder, não interessando o modo como chegou lá. Doutrina
Tobar- se a tomada de poder é inconstitucional, deve permanecer a legitimidade dos anteriores
titulares.
2. Quando se fala em reconhecimento de Governo, está em causa um conceito de Governo que
não se assimila ao de Governo enquanto órgão do Estado (Poder Executivo). O problema
sobrevém em concreto quando ocorre uma mudança de regime político e quando é necessário
saber quem vai exercer o “ jus tractum” e “legationis”.
3. O princípio essencial é o da continuidade do Estado. Mantém os seus direitos e deveres
perante os outros Estados e os demais sujeitos, independentemente da inelutável sucessão de
governantes. O reconhecimento de um Estado envolve a aceitação do seu direito fundamental a
ter/ escolher este ou aquele regime político, sem interferências do exterior. O único critério de
reconhecimento de Governo aceitável vem a ser o da efetividade, não de um qualquer juízo
sobre a natureza do regime em apreço. O reconhecimento de Governo tem natureza
declarativa, não constitutiva.
4. Critério da Efetividade - no seio das organizações internacionais, em particular das NU, a
postura coletiva dos Estados perante as credenciais apresentadas pelos delegados esclarece
deforma relativamente líquida quais os termos do regime do reconhecimento de Governo. As
credenciais são necessariamente emanadas pelo Chefe de Estado, de Governo, ou MNE e,
consequentemente, a aprovação das credenciais de um novo delegado de um Estado implica um
juízo sobre se o indivíduo que as assina é efetivamente um dos três referidos órgãos do Estado.
Deste modo, ainda que a aprovação das credenciais pelos outros Estados não implique um
reconhecimento político formal do novo Governo, acarretará sempre no mínimo um
reconhecimento informal, um reconhecimento indireto, politicamente secundário, mas
juridicamente relevante.
5. A referência a Governo não designa aqui o órgão do Estado com o mesmo nome, mas sim o
seu sistema de órgãos políticos e o respetivo título jurídico. Em qualquer caso, a questão do
reconhecimento de Governo só se coloca quando ocorreu uma rutura clara na Ordem
Constitucional do Estado. Quando a alteração de Governo ou de outros órgãos superiores do
Estado se verifica no cumprimento de normas constitucionais, não existe qualquer necessidade
de um reconhecimento internacional.
6. Assim, lentamente formou-se a ideia de que um novo Governo, mesmo efetivo, não será
reconhecido se a sua efetividade se estruturar na violação de determinadas normas
internacionais iuris cogentis: situações em que o Governo foi instituído com intervenção bélica
ilícita decisiva de um Estado estrangeiro e apenas se mantém graças ao seu apoio militar direto,
pouco mais sendo do que um Governo fantoche que esconde uma ocupação estrangeira em
violação do direito de autodeterminação; uma segunda situação decorre da administração por
um Estado de um território enquanto potência colonial. Entende-se que, nestes casos, o Governo
colonialista não tem um título juridicamente válido sobre este território, se o território cumprir
os critérios geralmente aceites para ser considerado uma colónia; terceira situação de não
reconhecimento decorre da circunstância de o Governo apenas se manter graças a um sistema de
discriminação racial sistemática.
Artigo 11º
Uso da força
1. O primeiro momento a referir, ainda que limitado e pouco conhecido, aconteceu em 1907, na
2ª Conferência da Haia, também designada por Convenção Drago-Porter. Esta convenção
estabeleceu a proibição do uso da força, através das represálias, no caso de entre os Estados
haver dívidas não pagas, no âmbito de uma relação obrigacional. É claro que se trata de um
aspeto bastante pontual no seio das relações internacionais, mas não deixou de possuir uma
relevância apreciável como primeiro tratado internacional proscrevendo o uso da força, ainda
que marginalmente. Dizia-se no respetivo tratado o seguinte: “As partes contratantes estão
convencidas de que não devem utilizar a força armada para a cobrança de dívidas contratuais”.
2. Referência à proibição geral do uso da força na Carta das Nações Unidas; Parece-nos
razoável concluir que, à luz da CVDT e da CNU, para a qual remete o art. 52º, existirão
situações de uso da força militar que não estão abrangidas pela proibição do art. 52º (v.g.
tratados de paz assinados no contexto de uma ação militar aprovada pelo Conselho de
Segurança conforme o art. 75º), tal como existirão situações que, não envolvendo o uso da força
militar, constituirão, ainda assim, uma coação ilícita do Estado (v.g. tratados celebrados no
quadro de forte pressão económica entre um Estado detentor de matérias-primas e outro Estado
que as pretende explorar ou comprar em condições de benefício leonino; tratados celebrados
entre um Estado em situação de emergência financeira e os seus atuais ou futuros credores eu
impõem ao Estado devedor cláusulas abusivas, em função das contrapartidas exigidas e das
taxas de juro praticadas).
A prática e jurisprudência confirmam inteiramente o carácter costumeiro do art.52º CVDT, que
remete para o art.2º/4 e 3, 42º, 51º e 53º/1 CNU, que estabelecem as exceções à proibição do
recurso à força expressamente previstas na CNU. O art.52º não compreende tratados impostos
pela força se o emprego desta tiver sido autorizado pelo Conselho de Segurança (princípio
sublinhado pelos art.75º CVDT69 e 76º CVDT.
3. Diferente do uso da forca nos termos do artigo 42º é o uso da mesma em legitima defesa
pública, isto é, segundo um regime próprio da Nações Unidas que permite que se aplique
mesmo perante atos iminente e em face de factos que não sejam ataques armados.
• Força de manutenção de paz: é uma força das Nações Unidas que só pode usar a força
em legitima defesa, tendo sido colocada no terreno com consentimento das partes, para agir de
modo imparcial – não tem base no artigo 42º, mas sim no 39º ou no 40º.
• Forças de imposição de paz: são criadas exclusivamente com base no artigo 42º e
podem usar a força fora do âmbito da legitima defesa para forçar uma parte a cumprir os termos
de paz a que se obrigaram, dependem também de um consentimento das partes para se instalar e
devem agir imparcialmente, até que uma das partes viole o estipulado.
• Forças Bélicas das Nações Unidas: criadas com base no artigo 42ºº, não dependem de
qualquer consentimento das partes para se instalarem, são constituídas com o objetivo de forçar
uma parte a ceder perante a força.

Artigo 12º
Objetor persistente
1. Uma parte da Doutrina defende a existência da chamada regra do objetor persistente.
Segundo esta, um Estado poderia furtar-se à obrigatoriedade de uma norma costumeira sob a
condição de a ter rejeitado, de forma persistente e consistente, ainda no seu período de
formação. Isto é, embora nenhum Estado pudesse eximir-se ao cumprimento de uma norma
costumeira previamente vigente, já poderia fazê-lo se, desde o início do seu processo de
formação, a tivesse contestado. Deste modo, o DIP Costumeiro Geral seria geral, mas não
universal: existiriam estados vinculados e Estados não vinculados, se tivessem sido objetores
persistentes. Existe mesmo quem vá mais longe e sustente que também os novos Estados
independentes gozam de um período de tempo em que podem recusar a sua vinculação a normas
costumeiras anteriores.
2. O professor Correia Batista não concorda com estas teses e relativiza a obrigatoriedade do
DIP Costumeiro geral, todas as normas costumeiras internacionais são normas universais. Esta é
também a conclusão da maioria da doutrina. Esta afirmação não significa que se afaste a
hipótese de a objeção persistente de um ou alguns Estados ter efeitos na formação de uma
norma costumeira iuris dispositivi. Não se tem grandes dúvidas que existem alguns domínios
onde a importância de alguns Estados é tal que a sua oposição persistente a uma norma
costumeira nascente que tutele um mero interesse privado internacional pode ter resultados
efetivos, mas não com efeito de furtar esses poucos Estados da vinculação da norma e sim
impedindo que esta adquira qualquer vigência.
3. Um cero de grau de efetividade da norma costumeira é, naturalmente, essencial para que
possam surgir expetativas gerais de que o seu cumprimento é exigível. Aceitar que,
verdadeiramente de forma excecional, um Estado muito importante quanto à matéria em causa,
ou uma minoria de Estados, possa impedir a formação de uma norma é distinto de aceitar que
um ou alguns Estados se possam furtar ao seu regime, enquanto os restantes lhe ficam sujeitos.
Segundo se julga, não existe qualquer precedente de formação de uma norma costumeira
vinculativa para a generalidade dos Estados, mas que não vinculasse alguns que se lhe
opuseram desde o inicio da sua formação. Das duas uma, ou se formou uma norma jurídica
consuetudinária regional, ou não se formou nenhuma norma. Assim, na opinião do professor
Correia Batista, a regra do objetor persistente, além de implicar uma violação da igualdade dos
Estados e relativizar a ordem jurídica internacional, não tem base efetiva na prática dos Estados.
4. Se a oposição for permanente por parte do Estado direta ou particularmente interessado, tal
impedirá, em principio, a formação da norma de Direito Internacional Geral ou, no limite,
permitirá, o aparecimento da norma costumeira que não vinculará, contudo, o objetor
persistente.
Ressalve-se que, ponderando a relevância que no Direito Internacional contemporâneo tem a
proteção de valores comuns ligados ao fundamento normativo da comunidade internacional,
como a proteção da dignidade da pessoa humana e a garantia da paz, a objeção de um Estado,
mesmo de um grupo de Estados, pode ser suficiente para travar o aparecimento de uma norma
geral e imperativa. Neste caso, o caráter imperativo e cogente da norma reconhecida
fundamenta uma obrigação erga omnes, pelo que o Estado objetor não pode invocar o
precedente judicial que vai no sentido do reconhecimento da teoria do objetor persistente.
5. Na verdade, o critério do objetor persistente só opera antes da formação da norma costumeira.
Depois, já existindo a norma, a contestação confundese com a situação de violação da norma. O
TIJ considera mesmo que uma prática contrária à norma reconhecida contribui para reforçar a
sua efetividade (se um estado atuar de uma forma incompatível com uma regra reconhecida,
mas defender a sua conduta com justificações e exceções isso só prova que a regra efetivamente
existe).
Artigo 13º
Carta das NU
1. A Carta das Nações Unidas prevalece sobre qualquer outra convenção internacional?
Referência ao artigo 103.º da Carta das Nações Unidas; Qualquer outra solução faria com que o
art. 103º perdesse relevância prática. Perante uma contradição concreta de disposições entre um
qualquer tratado e a CNU, não restam dúvidas que um tribunal internacional dará prevalência às
desta. Cabe, contudo, sublinhar que em relação a um Estado não membro da ONU, um Estado
membro não pode invocar o art. 103º como fundamento para justificar o incumprimento de um
tratado. Apenas os Estados membros aceitaram conferir prevalência à CNU. Como sublinham
as CVDT no seu art. 30º/2, nada impede que as partes estabeleçam a prevalência das
disposições constantes de um tratado, ou que estabeleçam a sua sujeição a outro tratado. Neste
caso, as regras de prevalência serão aplicadas, mas somente entre as partes nos termos gerais da
eficácia relativa dos tratados.
2. Este artigo estabelece o primado da Carta sobre quaisquer outras obrigações de fonte
convencional e, dada a sua reconhecida natureza de carta constitucional da comunidade
internacional, admite-se que as obrigações resultantes da Carta possam, igualmente, prevalecer
sobre regras costumeiras, com exceção das normas de ius cogens. O critério de prevalência do
art. 103º CNU aplica-se às disposições da Carta, às decisões vinculativas adotadas pelos órgãos
competentes das Nações Unidas (maxime as resoluções do Conselho de Segurança) e ao direito
formado com base na Carta. Os destinatários do dever de observância do critério da prevalência
são os Estados-membros. Em caso de conflito entre norma internacional e obrigações impostas
pela Carta, a norma incompatível torna-se inaplicável.
3. Referência à jurisprudência Kadi do Tribunal de Justiça da União Europeia; Em
domínios como o relativo à proteção dos direitos das pessoas, o que fazer quando a norma
internacional for menos favorável que a interna? Para exemplificar podemos tomar em conta o
caso Kadi, no qual foram estabelecidas sanções a 2 pessoas por serem acusadas de serem
terroristas, baseado então numa resolução do conselho de segurança das nações Unidas,
impedindo-os de exercer direitos fundamentais, como a livre circulação de países. A
comunidade internacional evidencia uma ambição de regulação sobre todas as matérias
juridicamente relevantes contribuindo para esvaziar o conceito de domínio reservado do
legislador nacional. As diferentes ordens jurídicas estão entre si numa relação de concorrência
normativa e de sobreposição de estruturas institucionais.
4. No espaço global de internormatividade importa definir critérios relevantes de articulação
sistémica em caso de conflito: hierarquia: prevalência das normas internacionais que beneficiem
da força normativa qualificada de ius cogens; competência: para o âmbito de aplicação das
normas em conflito limitando a esfera jurídica de ação dos Estados, impõe deveres específicos
de execução interna; subsidiariedade: regimes normativos de fonte internacional e de fonte
interna, que são incompatíveis, a preferência aplicativa deve garantir a eficácia da norma que
assegura uma proteção mais elevada dos valores, como no caso dos direitos humanos. Deve
limitar a preferência do Direito Internacional nos casos em que a resposta no plano nacional não
seja suficiente para alcançar os objetivos definidos pela comunidade internacional ;

Artigo 16º
Principio geral do direito
1. A função integrativa dos princípios gerais de Direito não se esgota na alínea c) do nº do artigo
38 ETIJ. Para alem dos princípios gerais reconhecidos e aplicados pelos Estados em foro
doméstico, são também aplicáveis os princípios gerais de Direito Internacional Público. Uma
eventual referencia expressa a este conjunto de princípios no corpo do artigo 38 ETIJ seria, na
verdade, redundante e inútil, porque o seu conteúdo e a sua função são inerentes ao
ordenamento jurídico internacional. Por exemplo, o principio estruturante pacta sunt servanda
tem origem costumeira, enquanto o principio da proibição do uso da força resulta, em parte, do
costume e, em parte, da Carta das Nações Unidas, completado pela prática subsequente à sua
entrada em vigor.
Na aceção de regra comuns aos sistemas jurídicos dos Estados, os princípios gerais de Direito
devem ser considerados aplicáveis e transponíveis.
2. A generalidade destes princípios pressupõe que sejam comuns aos Estados sem exigir,
naturalmente, a universalidade. Da mesma forma que acontecia a respeito do costume, a
conclusão favorável ao caráter geral e, portanto, aplicável do principio jurídico depende, em
larga medida, das circunstâncias do caso concreto e da apreciação do Tribunal Internacional
sobre o elemento relevante da conexão ou de analogia com o direito interno. O Tribunal de
Justiça da União Europeia, por exemplo, aplica princípios gerais que são comuns à generalidade
dos Estados-membros e outros que, não sendo comuns, se afiguram mais adequados a dirimir o
litigio em torno da aplicação das normas comunitárias, critério designado pela professora Maria
Luísa Duarte como adequação funcional.

Artigo 17º
Legitima Defesa
1. A legitima defesa constitui mais uma causa de exclusão da ilicitude, mas com a
particularidade de os seus efeitos se reportarem primariamente a uma norma: a que proíbe a
utilização da força nas relaçoes internacionais. A legitima defesa justifica igualmente atos de
incumprimento de várias outras normas internacionais, como as que tutelam a soberania,
integridade territorial dos Estados e direito à vida, à integridade física e moral dos seus
militares. Com efeito, estes ao participarem no ataque armado que deu lugar à invocação da
legitima defesa sujeitam-se a ver os seus direitos colocados em causa pelos atos de defesa da
entidade atacada. Mas já em relação aos civis atingidos, sejam cidadaos do Estado atacado,
sejam do Estado agressor, a figura relevante para justificar os atos que atinjam será o estado de
necessidade, visto que não são responsáveis pelos atos que legitimaram a legitima defesa.
2. Quanto aos seus pressupostos, a legitima defesa pressupõe que a entidade que a pretende
invocar tenha sido objeto de uma violação em escala apreciável da proibição do uso da força nas
relaçoes internacionais por uma entidade vinculada por esta: um Estado, uma OI ou associação
de Estados ou, em relação a Estados terceiros, um movimento armado. Esta violação deve, pois,
assumir uma forma grave, não apenas de uma agressão, mas um ataque armado. Esta violação
deve, pois, assumir uma forma grave, não apenas de uma agressão, mas de um ataque armado
(art.51 CNU). Uso ilícito da força, agressão e ataque armado são utilizações da força com
diferentes gravidades e, consequentemente, regimes jurídicos. Somente o próprio deste último
permite legitima defesa.
3. Mais, o ataque armado, para permitir uma ação em legitima defesa, deve ser atual. Portanto,
deve ter iniciado a sua execução e ainda se encontrar em curso ou, no mínimo, ter sido
extraordinariamente grave e existirem riscos sérios de se encontrarem iminentes outos ataques.
Caso contrário, não se estará já perante uma legitima defesa, mas uma represália. Ora, as
represálias armadas são ilícitas.
4. Esta afirmação não implica que uma entidade que sofra violações da proibição do uso da
força que não tenham a gravidade de um ataque armado deva suportá-las sem se defender. Era
esse o regime que decorria da Carta das Nações Unidas, mas a prática parece ter formado uma
figura costumeira que justifica um uso da força contra determinados atos ilícitos atuais. Trata-se
da figura que se denomina autotutela defensiva - exclui a ilicitude de atos de defesa contra usos
ilícitos da força que não constituam ataques armados, outras violações graves da soberania dos
Estados ou, normalmente com mera exclusão de responsabilidade, mesmo para a defesa de
indivíduos. Constitui, pois, uma figura co maior relevância e âmbito prático do que a legitima
defesa. Ambas as figuras se encontram sujeitas ao principio da necessidade, nos termos que
ficaram assinalados, bem como ao principio da proporcionalidade, em termos ainda mais
liberais do que os da represália.

Artigo 18º
Resoluções do Conselho
1. As resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas emitidas ao abrigo do Capítulo
VII como actos jurídicos unilaterais com eficácia externa (artigos 25.º e 39.º da Carta das
Nações Unidas); a recepção automática do Direito emanado de organizações internacionais
(artigo 8.º, n.º3 CRP); a prevalência das resoluções do Conselho de Segurança das Nações
Unidas emitidas ao abrigo do Capítulo VII sobre o direito interno ordinário (artigo 8.º, n. 2
CRP); a prevalência da CRP.
2. Conceito de resolução geral de organização internacional. Porque é que tais resoluções não
têm, em geral, eficácia jurídica direta. Distinção entre resoluções normativas e não-normativas.
A eficácia jurídica no plano do Direito e o alcance jurídico das resoluções. O poder de
influência dessas resoluções no contexto das organizações e da prática dos sujeitos de Direito
Internacional, em particular os Estados. O “soft-law” e a sua distinção face aos atos políticos.
3. A referência ao soft law (quase-direito; direito-suave) sinaliza, de modo algo simbólico, a
rutura com um modelo baseado na vontade normativa dos Estados, de consentimento expresso
(tratados) ou tácito (costume). Sob a égide deste modelo tradicional, o que não poderia ser
considerado direito pertencia ao domínio da ação política. A designação soft law compreende
um vasto leque de situações: resoluções dos órgãos deliberativos de uma organização
internacional, declarações ou moções finais de remate dos trabalhos de uma conferência
internacional, acordos políticos, orientações, códigos de conduta, declarações de principio,…
Em rigor, um leque demasiado vasto para justificar um tratamento equivalente de quase-direito.
4. Cumpre distinguir duas situações: normas programáticas ou de conteúdo impreciso previstas
num tratado ou em qualquer outro tipo de suporte jurídico são, inequivocamente, vinculativas,
pelo que o apelo à ideia de soft law é inadequado e inútil o ponto de vista técnico-jurídico. O
enunciado genérico e programático não altera a natureza e função da norma jurídica. Diferente
desta é a situação de incerteza a respeito da natureza jurídica ou extra-jurídica de um
determinado ato. Nestes casos, pode justificar-se a invocação da figura do soft law. Alguns
autores sustentam que a ideia subjacente ao soft law é contraditória e paradoxal – o direito ou é
ou não é – e carece de autonomia dogmática relativamente ao procedimento típico de formação
do costume ou a uma modalidade de “lex referenda”. Assim, uma resolução da AGeral das NU
não tem, em principio, força obrigatória, mas pode, com a passagem do tempo, adquirir
relevância jurídica como direito costumeiro, atendendo à prática de aceitação por parte dos
Estados e à opinio iuris.

Artigo 19º
Ius Cogens
1. Indicar que o ius cogens constitui norma imperativa de Direito Internacional. Ius cogens pode
resultar, consoante as teses doutrinárias, do costume internacional (vg. Eduardo Correia Batista)
ou de costume, convenções internacionais e de princípios gerais (vg. Nguen Quoc Dinh), ou
mesmo assumir natureza de norma imperativa sui generis. Em qualquer caso o ius cogens foi
consagrado em normativos internacionais (vg. Convenção de Viena de Direito dos Tratados,
artigo 53.º), na jurisprudência (vg. caso Barcelona Traction) e em diversa doutrina (além dos
autores portugueses e internacionais, foi objecto de análise em sessão da Comissão de Direito
Internacional).
2.A proibição do uso da força na Carta das Nações Unidas – natureza consuetudinária da regra
consagrada no artigo 2.º/4; fundamentação da caracterização da proibição da guerra como regra
de ius cogens. A legítima defesa como excepção – natureza consuetudinária; o regime do artigo
51.º da Carta das Nações Unidas.
3. Uma norma de ius cogens é impositiva, imperativa e insuscetível e transgressão. O que lhe
confere esta autoridade reforçada, a blindagem especial contra comportamentos contrários, é o
seu conteúdo ético valorativo e não a respetiva forma ou fonte. O artigo 53 da CVDT-I fulmina
com o desvalor máximo de nulidade o tratado incompatível com uma norma imperativa de
Direito Internacional Geral. Este artigo extravasa o campo especifico do Direito dos Tratados,
porque consagra a evolução fundamental do DIP no sentido de reconhecer normas que, em
virtude da sua dimensão éticovalorativa, condicionam a própria existência da comunidade
internacional como verdadeira Comunidade de Direito e, nessa qualidade, traçam uma linha
vermelha, um limite absoluto à vontade soberana dos Estados e ao livre arbítrio dos outros
sujeitos de Dirieito Internacional, incluindo o próprio indivíduo. Na opinião da professora Maria
Luísa Duarte, o efeito ius cogens, embora codificado no que diz respeito aos Tratados, tem um
alcance mais amplo, no sentido de paralisar qualquer efeito de norma em sentido contrário, por
exemplo de fonte costumeira, e de fundamentar a responsabilidade por comportamentos
contrários. A figura de ius cogens corresponde, nesta aceção mais ampla, ao conceito de ordem
pública internacional, à tutela de bens jurídicos internacionais, como a vida humana e a
dignidade da pessoa humana, através, designadamente, do Direito Penal Internacional. O
problema é conseguir perceber quais são as normas dotadas de imperatividade máxima, os
exemplos mais comuns serão a proibição da escravatura e do tráfico de seres humanos, a
proibição di genocídio e da discriminação, entre outros.
4. As normas de ius cogens têm uma ligação intima com as obrigações erga omnes. Todas as
normas de ius cogens impõem necessariamente obrigações deste género, visto que tutelam
interesses comuns. O inverso já não é verdadeiro, pois existem normas que impõem obrigações
erga omnes que não são iuris cogens; é o caso de todas as que não têm origem costumeira.
Assim, designadamente, todas as normas internacionais que tutelam espaços comuns ou de uso
comum, como o alto mar, são normas cuja violação afeta direta ou potencialmente todos os
Estados, todos têm um interesse juridicamente tutelado que legitima o seu protesto; trata-se,
portanto, de normas que impõem obrigações desta espécie.

Artigo 20º
Historia do Congresso de Viena
1. O Congresso de Viena ocorreu na sequência da derrota definitiva de Napoleão. A paz foi
acordada nos tratados de Paris e de Chaumont e a Ata geral do Congresso constituiu um tratado
multilateral sob a forma de declaração subscrito pela Áustria, França, GrãBretanha, Portugal,
Prússia, Rússia, Suécia e mais tarde a Espanha. Efetivamente após o Congresso de Viena surge
uma nova ordem política europeia que se caracteriza do seguinte modo: - Política de alianças
conduzida através de consultas periódicas entre as potências da chamada Santa Aliança (Grã-
Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia, a que se juntou a França (1818) que originaria o Concerto
Europeu que foi um mecanismo de prevenção de conflitos na Europa; - Reforço da negociação
pela via diplomática alargada e a celebração de tratados multilaterais em áreas como o regime
da navegação dos grandes rios internacionais (Reno, Mosela e Danúbio) e os conflitos armados;
- Criação das comissões fluviais (Comissão internacional do Reno e Comissão Internacional do
Danúbio) e das uniões administrativas (União Postal Universal (1874) e União Telegráfica
Internacional (1865); - Tentativa de abolição da escravatura (1841); - Proteção dos feridos em
tempo de guerra (1864); - Conferências da Haia de 1899 e 1907. Na primeira foi aprovado um
tratado sobre o direito da guerra e outro sobre a criação de um Tribunal Permanente de
Arbitragem. A segunda produziu treze tratados, nomeadamente sobre direito da guerra e
neutralidade. - Início do movimento da codificação do DI;
2. Alargamento da comunidade internacional aos países da América Latina entretanto
independentes e ao Japão, China, Pérsia e Sião. O DI correspondia ao sistema jurídico da
regulação das relações entre Estados civilizados que não incluía, portanto, todos os Estados.
Com efeito a génese do direito internacional, tal como o conhecemos hoje, ocorreu entre 1815 e
1914, ou seja, entre o Congresso de Viena e a I Guerra Mundial, ainda que por exemplo, os
tribunais internacionais tal como os conhecemos hoje só tenham surgido mais tarde.

Artigo 21º
Função judicial no DIP
1. Referir que o poder judicial internacional teve – e continua a ter – muita dificuldade em
afirmar-se devido ao princípio da soberania dos Estados, porque a ideia de soberania implica a
ideia de imunidade de jurisdição. Não é fácil convencer os Estados a submeterem-se à jurisdição
de tribunais internacionais. Daí que os tribunais internacionais tenham demorado tempo a
desenvolveremse.  Os Estados submetem-me mais facilmente aos meios de solução pacífica de
conflitos previstos na CNU ou à arbitragem que também é um deles, de que falaremos no último
ponto do nosso programa. Indicar quais os principais tribunais internacionais O primeiro
Tribunal internacional foi o TPJI, o antecessor do TIJ.
2. O TIJ é até ao momento o tribunal internacional mais relevante, apesar de não ter produzido
muito, porque é universal em termos de Estados, cujas disputas pode julgar e inclui Estados de
todos os continentes. Não é único: o TIDM, os Painéis e o Corpo de Apelação da OMC e o TPI
também gozam destas características.
3. Além disso, o TIJ é um tribunal de jurisdição genérica, uma vez que pode decidir todas as
matérias, enquanto os outros tribunais universais veem a sua jurisdição limitada a certas
matérias. Existem uma série de tribunais regionais – O TEDH, o TADH, o Tribunal da EFTA, o
Tribunal Andino (estados da América Latina). Indicar quais as condições de acesso, pelo
menos, ao TIJ A jurisdição do TIJ não é compulsória, o que significa que um Estado pode ser
parte no Estatuto e na Carta e não reconhecer a competência jurisdicional do TIJ ou só a
reconhecer em certos casos, entre os quais não se inclui o que está em causa. Os Estados podem,
no entanto, reconhecer a jurisdição do TIJ como obrigatória ipso facto através de uma
declaração, sem acordo especial (artigo 36.º, n.º 2, do Estatuto), mas também pode impor a
condição de ser respeitada a reciprocidade e pode impor um prazo determinado (artigo 36.º, n.º
3).
4. A forma mais comum de submeter uma questão à jurisdição do TIJ é o acordo entre as partes.
Por vezes as partes não se entendem, desde logo, quanto à existência ou não do acordo. 
Explicar o que é o porquê da ausência de hierarquia entre tribunais internacionais;  Admitir que
a contrariedade das decisões pode existir;  Uma das formas de ultrapassar a divergência das
decisões judiciais é o diálogo judicial.  Explicar como a segurança jurídica é afetada pela
divergência jurisprudencial.
5. Distinção e caracterização dos meios de natureza jurisdicional – em especial, o Tribunal
Internacional de Justiça + a arbitragem internacional (identificação do Tribunal Permanente de
Arbitragem) e tribunais internacionais (identificação de tribunais internacionais, criação e
regulação por instrumento convencional; tribunais “ad hoc”; o problema dos “tribunais penais”
para a ex-Jugoslávia e para o Ruanda);
4. Quase todos os tribunais internacionais em que são partes Estados mantêm, contudo, algumas
características semelhantes às dos tribunais arbitrais, na medida em que: As partes costumam ter
o direito de que um dos juízes seja o que foi escolhido de entre aqueles que indicaram ou, não
tendo nenhum dos por si indicados sido aceite como juiz, têm direito a nomear um juíz had hoc,
portanto, um juiz que exercerá funções idênticas às dos restantes, mas apenas em relação àquele
processo;
Tal como nos tribunais arbitrais, também a maioria deles continua a depender da aceitação da
sua jurisdição pelas partes. A execução das suas sentenças encontra-se igualmente sujeita a
algumas contingências políticas, próprias das características do Direito Internacional.
Por oposição aos tribunais internos, os tribunais internacionais têm por característica essencial
serem criados e regulados diretamente por um tratado internacional. A circunstância de terem
jurisdição com relevância internacional cujo exercício afeta os direitos de vários Estados, ou de
terem sido criados por um ato interno que tem também efeitos internacionais, constituem
elementos insuficientes para os caracterizar como internacionais.
TIJ - O seu estatuto confere o direito de acesso ao Tribunal para efeitos da sua competência
contenciosa a Estados que sejam partes neste (art. 35º/1). Tal pode verificar-se quer pelo facto
de o Estado ser membro das NU, altura em que é automaticamente parte neste (art. 93º/1 CNU),
quer pelo facto de este se ter vinculado especificamente ao Estatuto, permanecendo ainda assim
um não membro, nos termos do art. 93º/2.
5. O Estatuto permite ainda que Estados, apesar de não serem membros das NU ou partes no
Estatuto, possam aceder ao TIJ se tiverem cumprido os requisitos específicos estabelecidos pelo
Conselho de Segurança (art. 35º/1 Estatuto). Autoriza ainda que Estados não partes acedam no
caso de tal decorrer de disposições contidas em tratados em vigor (art. 35º/2), numa norma que
remonta ao Estatuto do Tribunal Permanente de Justiça Internacional, o que parece dever ser
entendido como tratados que se encontravam em vigor quando o Estatuto do presente Tribunal
entrou em vigor e não tratados posteriores.
6. Como é característica dos tribunais, a sentença deste é plenamente obrigatória, mas apenas
para as partes e naquele caso concreto (art. 59º). Não vigora a regra do precedente, não ficando
o Tribunal formalmente vinculado pelas suas anteriores decisões, mesmo se tende
sistematicamente a segui-las. O que significa que, se o Tribunal entender que vigora uma
determinada norma costumeira ou interpretar num determinado sentido uma disposição de um
tratado multilateral, outros sujeitos terão todo o interesse em ter presente a sua jurisprudência.
Este tribunal tem também uma competência consultiva (art. 65º/1 e 96º/1 da CNU). Mas esta
encontra-se reservada exclusivamente a organizações internacionais. Nos termos do art. 96º da
CNU, somente o Conselho de Segurança, a Assembleia Geral ou outros órgãos das NU ou
organizações autorizadas pela Assembleia poderão consultar o Tribunal. Contudo, no exercício
desta competência consultiva, o Tribunal apenas emana pareceres que são destituídos de efeitos
obrigatótios, sendo meras opiniões que valem apenas por força da autoridade jurídica do seu
autor. Somente por meio de tratados e outros atos jurídicos se tem estabelecido pontualmente a
obrigatoriedade dos pareceres.

Artigo 22º
Meios de resolução pacifica de conflitos
1. É um dever que constitui em parte a outra face da proibição de utilização da forca nas
relações internacionais. As suas grandes bases são o artigo 2, nº3 e o artigo 33, nº1 da Carta,
embora pareçam consagrar dimensões diferentes do principio. Este princípio tem uma natureza
costumeira, terá como destinatários os mesmos destinatários que a proibição do uso da força –
Estados, entidades criadas por estes e movimentos armados e o seu objeto será o mesmo no
sentido que se aplica ao mesmo tipo de controvérsias (internacionais). Entende-se por
controvérsia internacional aquelas que irrompem entre entidades vinculadas por este principio e
não todas as controvérsias sujeitas ao Direito Internacional.
2. Previsão normativa de meios de resolução pacífica de conflitos - em especial, a Carta das
Nações Unidas. Em princípio, são da competência da Organização das Nações Unidas somente
os conflitos graves, o mesmo será dizer aqueles «cujo prolongamento é suscetível de por em
perigo a manutenção da paz e da segurança internacional» (artigo 33.º da Carta). Hoje em dia
como então, esta condição não é entendida em sentido restrito. Se é sensato não encher a ordem
do dia dos órgãos principais como conflitos menores, sem incidência direta sobre terceiros
Estados, seria da mesma forma inoportuno limitar as ocasiões que se oferecem à Organização
para exercer a sua missão de pacificação dos conflitos internacionais ou de, a pretexto de
incidente menores chamar a atenção dos Estados para o respeito de certos princípios
fundamentais;
3. A resolução pelas Nações Unidas: bons ofícios e mediação; inquérito; Mesmo sem
habilitação ou texto, o Secretário-Geral está numa posição estratégica na Organização das
Nações Unidas que o autoriza a desempenhar muitas vezes de maneira discreta senão mesmo
confidencial, um papel importante para resolver certos conflitos. Em princípio, ele pode acionar
todas as formas de resolução pacífica: negociações, bons ofícios, mediação, conciliação. formas
de intervenção do Conselho de Segurança no âmbito do capítulo VII – O direito de interpelação
é largamente atribuído pela Carta, tendo em vista evitar processo dilatórios.
a) Todo o Estado membro, parte ou não parte num conflito, implicado ou não numa
«situação», pode «solicitar a atenção» do Conselho sobre qualquer conflito ou qualquer situação
(Artigo 35.º, n.º1). Tendo o seu fundamento a Carta, a competência do Conselho impõe-se a
todos os Estados membros, incluídas as partes no conflito: uma iniciativa unilateral por uma
parte é 286
sempre possível. A ausência de acordo preliminar das partes dá a ação do Conselho o caráter de
um intervenção oficiosa. Não sendo a iniciativa uma obrigação para as partes, o direito de
terceiros Estados a tomá-la – verdadeira actio populis – encontra todo a sua justificação. A
Carta regulamenta duas outras formas de iniciativa emanando das partes. A primeira afasta-se
da ideia de iniciativa facultativa, que constitui o direito comum. Se as partes não conseguiram
resolver o seu conflito por recurso aos meios enunciados no artigo 33.º, elas estão na obrigação
de submeter este conflito ao Conselho (artigo 37.º). A segunda consiste na iniciativa do
Conselho «se todas as partes num conflito assim o solicitarem» (artigo 38.º, que não se aplica às
«situações»).
b) Um Estado não membro da O.N.U. pode igualmente pedir a intervenção do Conselho
de Segurança mas em condições mais estritas: deve tratar-se de um conflito, o Estado em causa
deve ser parte neste conflito e ele deve aceitar preliminarmente as obrigações de resolução
pacífica previstas na Carta (artigo 35.º, n.º2). Ao contrário do que previa o artigo 17.º, n.º1 do
Pacto, o Estado não membro beneficia por direito no acompanhamento do processo, de uma
situação idêntica à de um Estado membro.

Artigo 23º
Incapacidade Estados
1. Os estados devem gozar da plenitude da capacidade jurídica atribuída aos Estados,
independentemente da sua denominação. Mas mesmo os Estados em sentido próprio, que têm a
mais ampla capacidade, podem sofrer limitações drásticas nesta, normalmente derivadas da
execução de um tratado que celebraram com esse sentido. De facto, a “soberania” dos Estados
atribuída por uma norma internacional dispositiva que estes podem derrogar com escassos
limites, os quais decorrem essencialmente do direito à autodeterminação do seu Povo. É
especialmente em relação a estas restrições que um Estado pode sofrer na sua capacidade que
continuam relevantes os tradicionais direitos estaduais: o ius tractuum, o ius legationes e o ius
belli.
2. As restrições à capacidade e a consequente incapacidade para a prática de um determinado
ato derivam de uma situação efetiva e não apenas de meras normas jurídicas, ou seja, não
derivam diretamente do tratado ou de outro ato unilateral que os estabeleça. Ao contrário da
legitimidade ou da competência que podem ser questões puramente jurídicas, a incapacidade é
uma questão “de facto”, verificável empiricamente.
3. Deste modo, uma restrição à capacidade de um Estado deve necessariamente derivar de
forma direta de uma obrigação internacional perante sujeitos terceiros, tendo caráter
heteronormativo. Mas é ainda necessário, para que a limitação constitua uma verdadeira
incapacidade, que o seu cumprimento seja controlado de forma efetiva pela entidade a favor de
quem foi estabelecida a incapacidade. O ato que pretende limitar a capacidade tem de ser
efetivamente executado, criando estruturas de sujeição que provoquem alterações efetivas, bem
visíveis quanto ao modo como o Estado limitado se comporta nas relações internacionais. É esta
efetividade da incapacidade que a torna oponível a terceiros por parte da entidade beneficiária e
nulos os atos praticados que a violem.
4. Formas de limitação dos direitos de um Estado que afetam claramente a sua capacidade:
aquelas que passam pela instalação permanente ou fiscalização sem autorização prévia, em
território do Estado, por parte de órgãos externos controladores do cumprimento dos limites
impostos. Principais espécies tradicionais de Estados com restrições na sua capacidade: Estado
vassalo, Estado protetorado, Estado cliente e Estado confederado.

Artigo 24º
Natureza jurídica do DIP
1. Negacionistas - Argumentos de natureza filosófica- derivam da conceção hegeliana da
História. Se o Estado é a encarnação absoluta do ideal na História, não pode por definição, sem
se negar, submeter-se a uma autoridade superior, a uma disciplina jurídica. Nas relações entre
dois Estados soberanos não podem existir vinculações jurídicas para nenhum deles.
Ainda dentro deste grupo de argumentos, outros autores baseiam a negação do Direito
Internacional num outro argumento, este de natureza sociológica: a inexistência da Comunidade
Internacional. O Direito está sempre vinculado a uma comunidade, que consiste no seu substrato
sociológico: o Direito é a “forma existencial de uma comunidade”. E se não existe
verdadeiramente nenhuma comunidade superior aos Estados, não pode haver um verdadeiro
Direito Internacional. Consequentemente, as normas do chamado Direito Internacional serão
apenas “moral internacional ou costume internacional”.
2. Teorias realistas- DIP não é direito, é uma cobertura aparentemente jurídica para a verdadeira
realidade. Descrevem as relações internacionais à luz daquilo que elas realmente são, a de que a
ordem internacional se baseia em relações de força, em que os Estados mais fortes estabelecem
regras entre si do jogo internacional e impõem a sua vontade aos Estados mais fracos. Não
existindo na Comunidade Internacional entidade competente para a definição formal da norma,
para a sua interpretação no caso concreto e para a sua aplicação por via coerciva, não haverá
Direito Internacional.
3. Teorias Jusnaturalistas – o Direito Internacional tem fundamento no Direito Natural. O
primeiro autor a defender esta tese foi Hugo Grócio, ainda que o tenha feito de forma
imperfeita, uma vez que o seu jusnaturalismo aparecia “casado” com o voluntarismo: a força
obrigatória do Direito Internacional resultava tanto do direito natural como do consentimento
dos Estados. Embora a influência da construção de Grócio tenha perdurado até ao século XIX,
ela começou a ser questionada, primeiro por Pufendorf (fundador da Escola de Direito Natural),
depois com a crise do positivismo filosófico a partir dos fins do século XIX, altura em que
surgiu a nova doutrina do Direito Natural. Para ela, a juridicidade da norma jurídica e, portanto,
também da norma de direito internacional público, resulta da sua conformidade com princípios
suprapositivos que decorrem de uma ordem superior, cuja existência se admite.

Artigo 25º
Posição Adotada
1. Posição que se adota- DIP não tem de facto as características típicas de um direito estadual:
não tem legislador, não tem um tribunal nem um polícia internacional; todavia, regula uma
sociedade- a internacional- e, apesar de não ter um legislador, tem “vários legisladores”: DIP
assenta na descentralização do processo de formação de normas. Não há um tribunal, mas há
vários tribunais (tribunal de justiça da UE, etc) que agrupam um considerável número de
Estados, tribunais ad hoc e tribunais arbitrais.
2. Não há um polícia internacional e a aplicação de sanções tem muito que se lhe diga. Mesmo
as sanções que que são aplicadas, não são determinadas pelos tribunais, mas pelo Conselho de
Segurança. Então, a sanção existe ou não? Existem, mas muitas vezes não são aplicadas. Ainda
assim, esta fragilidade não retira a juridicidade do DIP, mas enfraquece-a.
3. A CRP, por exemplo, no seu artigo 8º diz quais são as normas internacionais que se aplicam a
Portugal- argumento positivista/constitucionalista – se o DIP não fosse direito, a constituição
nunca afirmaria que as normas internacionais se aplicam a Portugal nem afirmaria a declaração
de inconstitucionalidade dos tratados.
4. Quanto ao seu caráter enfraquecido, há que convir que esse caráter enfraquecido está mais
presente no DIP comum do que no DIP regionalizado. Nas organizações regionais, em que os
Estados têm uma maior aproximação entre si, o DIP é mais respeitado e aplicado.

Artigo 26º
Artigo 38 ETIJ
1. Apresenta algumas lacunas, mas há que ter em conta que o mesmo foi redigido em 1920.
Uma delas é o facto de não incluir o Ato Unilateral no elenco de fontes. Para além disso, nem
todas as figuras referidas neste são fontes em sentido formal. O tratado e o costume são, de
facto, fontes formais. Mas, segundo se julga, os Princípios Gerais de Direito não têm autonomia
em relação ao Costume; e, como fica implícito no artigo, os chamados meios auxiliares para a
determinação das regras de Direito também não são fontes formais de DIP. Podem, contudo, ser
classificadas como Fontes materiais, tal como ficaram definidas.
2. Fontes Formais / Imediatas: Costume Internacional- é uma fonte de formação espontânea.
Não se sabe dizer quando começa um costume exatamente; Tratados Internacionais; Atos
Jurídicos Unilaterais- decisões jurídicas que, em alguns casos, tem caráter vinculativo. São
produzidos por um determinado sujeito de DIP e a sua eficácia vale por si própria. Atos
jurídicos autónomos- produzem os seus efeitos sem estarem dependentes de um outro ato. É o
caso do protesto, que põe termo à aplicação de uma determinada norma ou abre uma exceção no
âmbito da sua aplicação. Outra figura é a renúncia: um Estado é titular de determinados direitos
sobre determinado objeto e decide abdicar desses direitos.
3. Fontes Materiais: Princípios importados pelo Direito interno- é o caso do princípio da boa fé
(pacta sun servanta), respeito pelo caso julgado, abuso do direito, ónus da prova, etc. Princípios
Originários do DIP- princípio do respeito da integridade e territorialidade dos Estados, da não
interferência nos assuntos internos dos Estados, da convivência pacífica.
4. Fontes Mediatas- fontes auxiliares das fontes imediatas: Jurisprudência- jurisconsultos
importantes no âmbito do DIP. Princípios que carecem de ser explicados, descrepâncias quanto
à aplicação de determinada norma levam a uma importância da jurisprudência. Sendo uma fonte
mediata, assumiu um papel muito importante nos dias de hoje porque o DIP acabou por assumir
uma vertente mais jurisdicional; Doutrina; Equidade Contra Legem.
5. Prof. Gonçalves Pereira – diz que está obsoleto terminologicamente. Mistura fontes materiais
com fontes formais. Para além disso, temos aqui uma ambiguidade em relação à existência ou
não de uma hierarquia. Está ainda incompleto porque não refere os atos jurídicos unilaterais. Há
uma menção à equidade que, de acordo com este professor, não é uma fonte de DIP.
6. Não se pode dizer que haja uma hierarquia entre fontes imediatas. Pode haver uma aplicação
preferencial, como decorre do artigo 38º ETJ, mas não há hierarquia. Haverá, sim, uma
hierarquia lógica por relação de instrumentalidade entre as fontes imediatas e mediatas. Por
exemplo, é mais fácil, quando queremos resolver um problema de DIP, olhar primeiro para um
tratado porque este consiste em regras que estão escritas e, se não se conseguir resolver por
esse, só depois considerar se existe uma norma costumeira então.
7. Art.38º/1, al.a) ETIJ: a expressão que surge a propósito dos Tratados (“regra expressamente
reconhecidas pelas partes no litigio), não pretende apresentar uma noção de Tratado, mas sim
deseja sublinhar que o TIJ pode aplicar normas criadas por um tratado a Estados não partes,
desde que estes as tenham expressamente aceites.
8. Art.38º/1, al.b) ETIJ: pretende fornecer uma noção de costume (que é discutível). Apresentar
o costume como “prova de uma prática geral aceite como o Direito” e não como a própria
prática, tem sido alvo de críticas; porém, os autores materiais da noção, ao aderirem a uma
Teoria que defendia que o Costume não era uma fonte realmente inovadora, mas que se limitava
a reconhecer normas já preexistentes decorrente do Direito Natural ou de um Direito Objetivo
de base sociológica, sabiam bem o que pretendiam afirmar.
9. Art.38º/1, al.c) ETIJ: pretendeu consagrar uma Fonte formal, que poderia dar origem a
normas em sentido estrito e não apenas a princípios. Todavia, este artigo tem sido alvo de
críticas, por confundir fontes e normas, fontes materiais e fontes formais, ou devido à limitação
do reconhecimento aos “Estados civilizados”.

Artigo 27º
Atos jurídicos unilaterais OI
1. a questão do valor como prática desta espécie de atos tem sido especialmente discutida a
propósito das resoluções de órgãos de organizações internacionais como a Assembleia Geral da
ONU, embora as conclusões sejam alargáveis aos atos não obrigatórios adotados por
conferências internacionais. A Assembleia Geral adota todos os anos cerca de 250 resoluções, a
maioria delas com relevância direta no DIP. Que aquelas que têm conteúdo individual e
concreto, como condenações de certos Estados por responsabilidade na violação do DIP, são
prática relevante é difícil de contestar.
2. Também devem ser incluídas as resoluções que declarem como vigentes determinadas
normas ou que os Estados devem pautar a sua conduta por estas. Deve ainda ir-se mais longe e
considerar como prática as resoluções que se limitem a apoiar, em termos de Direito a
constituir, determinadas normas, ainda que aqui não se possa considerar que manifestem
igualmente qualquer convicção quanto à obrigatoriedade das normas que contenham.

Artigo 28º
Direito costumeiro
1. Imperativo (Ius Cogens): tutela interesses comuns- Podem ser coletivos (interesse comum
composto pela soma dos interesses privados d cada Estado), ou coletivados (relacionam-se com
a tutela dos seres humanos)-, isto é, interesses de toda a comunidade, que dizem respeito a todos
os Estados. Os Estados não podem, entre si, estabelecer um regime derrogatório de uma norma
iuris cogentis, sob pena de nulidade. São normas iuris cogentis as normas costumeiras do DIP
dos Direitos Humanos (ex: não discriminação, l. de circulação), as com carácter humanitário do
DIP dos Conflitos Armados, e as normas costumeiras relativas aos bens coletivos
internacionais, como as que regulam e tutelam o estatuto do Alto-Mar, dos Fundos Marinhos e
do Espaço Exterior e Corpos Celestes.
2. Dispositivos (Ius Dispositivimum): tutela interesses privados internacionais podendo os
Estados derrogar as suas normas. São normas iuris dispositivum as normas relativas ao Direito
dos Atos Jurídicos, as normas relativas aos direitos dos Estados ou, de forma geral, as normas
que atribuem direitos e faculdades aos Estados.

Artigo 29º
Estoppel
1.Estoppel By representation, quando um Estado, em virtude do seu comportamento, permite a
representação ou perceção pelo outro Estado que existe uma determinada situação, o que leva
este segundo Estado a alterar a sua posição convencido da existência da situação percecionada,
não pode, depois, o primeiro Estado alegar que tal situação não existia ou era diferente. O
comportamento do primeiro Estado, com independência da sua vontade real, gera um efeito de
auto-vinculação em virtude da tutela jurídica concedida às expetativas legitimas do segundo
Estado que confiou na aparência da aceitação ou reconhecimento de determinada situação
jurídica. Nesta modalidade de estoppel, o efeito preclusivo tem na sua origem um
comportamento por ação.
2. Estoppel by aquiescence, quando um Estado toma conhecimento de uma situação e não reage,
a inação ou silencio, mantidos durante um período razoável de tempo, poderão ser interpretados
como aquiescência, o qual preclude o seu direito de oposição, designadamente no foro judicial.
Trata-se, assim, de uma aplicação concreta do brocado “quem cala consente”. Note-se que o
silencio não tem efeito automático de aceitação, tornada irreversível pelo stoppel. Mas,
atendendo às circunstâncias concretas, o silencio pode conferir a um Estado o direito de opor ao
Estado silente os efeitos jurídicos da sua conduta, equivalentes ao reconhecimento ou à
renuncia. Em domínios relevantes de interesse nacional, como é o caso paradigmático de
disputas fronteiriças, um Estado não pode descurar o dever de contestar e de modo consistente
se opor à consolidação da situação. A referência à atitude de tolerância por parte da comunidade
internacional permite supor que o comportamento de Estados terceiros também conta na
apreciação de efeito inibidor do estoppel por aquiescência, embora os seus efeitos jurídicos
operem na base de uma relação bilateral. De todo o modo, nesta segunda modalidade de
estoppel, o efeito preclusivo resulta de um comportamento omissivo ou por inação.
3. Limitação decorrente de uma conduta anterior unilateral e imputável ao Estado ( semelhante à
figura do Abuso de Direito do “venire contra factum proprium”). Figura subjacente ao
postulado da boa fé, exigindo coerência por parte dos Estados.
By representation ( quando um Estado permite a representação/ percepção pelo outro Estado
que existe uma determinada situação, o que leva este segundo a alterar a sua posição, não
podendo depois o primeiro Estado alegar que tal situação não existia); + By acquiescence
( quando um Estado toma conhecimento de uma situação e não reage, a inação ou silêncio,
mantidos durante um período de tempo podem ser vistos como uma aceitação que preclude o
direito de oposição);

Artigo 30º
Principios
1.Blanco de Morais: O princípio do direito de autodeterminação dos povos está no ponto de
encontro de duas noções fundamentais: o princípio das nacionalidades e a ideia democrática.
Derivado do primeiro, implica que as cessões e as ligações territoriais não podem realizar-se
sem a vontade livremente expressa das respetivas populações; ligado à segunda, implica o
direito de a população de cada Estado escolher livremente o seu regime político e a sua
organização constitucional. Para os povos já constituídos em Estados, o princípio confunde-se
com o da autonomia constitucional e política do Estado: isto é, a possibilidade de escolher o seu
regime político e o direito de designar os seus governantes sem ingerência estrangeira. Os
únicos limites impostos incidem no respeito de certos direitos do homem (proibição do racismo
e do apartheid) e, progressivamente, da ideia de democracia. Parece ser pacífico o entendimento
de que a regra em comento surgiu em 1648, em razão da Paz de Vestefália e a estruturação da
ordem internacional através de tal diploma, uma vez que neste foram estabelecidos princípios
fundamentais que viabilizaram a coexistência pacífica entre Estados.
2. A criação dos EUA a partir da declaração da independência (1776) e o consequente
reconhecimento do direito à autodeterminação e do princípio da nacionalidade. Pela primeira
vez, um Estado não europeu entra para o campo dos Estados reconhecidos como sujeitos de
direito internacional; O princípio da autodeterminação nasce na ONU por causa da
descolonização, mas o princípio da autodeterminação embora tenha a sua gênese contra os
imperialismos coloniais, não se aplica só aos povos colonizados mas a qualquer povo. Temos
também a desagregação da URS. Fusão de antigos estados. Nesse sentido, por exemplo, a
norma de não intervenção foi consagrada na Conferência de Montevidéu (1933), em seu art. 8º,
segundo o qual os Estados signatários se comprometeram a não intervir nos assuntos internos e
externos dos demais Estados.
3. A CNU consagra três importantes princípios que estão directamente relacionados com estas
questões: a igualdade soberana entre os Estados (art.1º), a proibição do uso da força (art.2º nº4)
e a não ingerência (art.2º nº 7). Resta-nos perceber e concretizar os limites desses princípios,
perceber se eles são intocáveis e, se não, quando admitem excepções.
4. Em relação à origem do princípio da não intervenção/não ingerência, a doutrina reconhece
que o mesmo é corolário do princípio da soberania e da igualdade entre Estados, e consiste em
princípio geral de direito internacional público que restringe ou limita a prática de intervenção
pelos Estados contra os demais membros da Sociedade Internacional. Assim, a vedação à
interferência tem por objetivo a manutenção da liberdade de decisão dos Estados, assegurando o
respeito à soberania destes. Nesse sentido, observa-se que a norma em comento tutela a
discricionariedade do Estado para dispor sobre matérias que são de sua competência exclusiva.
Assim, a ingerência pode ser realizada de forma direta, como no caso de uma intervenção
militar, ou, de forma indireta, quando um Estado impõe embargo a outro Estado, por exemplo.
Deve-se ter em vista que para que a ingerência seja considerada ilícita deverá existir coação,
elemento essencial para configuração descumprimento do princípio, segundo esclareceu o
Tribunal Internacional de Justiça ao apreciar o caso das Atividades Paramilitares (Nicarágua
versus Estados Unidos da América).

Artigo 31º
Proteção Internacional DH limita a soberania?
1. O domínio reservado consiste em conceito vinculado a soberania do Estado, expressando, de
forma simultânea, a submissão do Estado ao direito internacional, e a discricionariedade do
citado sujeito para lidar com os assuntos que, em razão de sua natureza, pertencem à jurisdição
doméstica do Estado. Assim, ressalta-se, que o princípio da não ingerência o protege o Estado
de interferência externa nos assuntos que são de sua competência. Nesse sentido, tendo em vista
que a intervenção humanitária consiste em ingerência externa em Estado fundada em tutela de
garantias fundamentais ao homem, mostra-se importante verificar o alcance do domínio
reservado do Estado, tendo em vista, principalmente, a situação dos direitos humanos perante o
direito internacional.
2. Ademais, destaca-se que o art. 2º, nº 7 da Carta reconhece exceção ao princípio da não
intervenção no que diz respeito à aplicação das medidas coercitivas fundadas no Capítulo VII.
Tal ressalva possibilita, portanto, a ingerência nos assuntos internos dos Estados quando existir
autorização do Conselho de Segurança, desde que reconhecido pelo órgão se tratar a situação de
ruptura da paz, ameaça à paz, e ato de agressão. Nesse sentido, tendo em vista que é atribuído
ao CS discricionariedade para definir tais circunstâncias, a uso de força com fins de cessar
descumprimento de garantias fundamentais ao homem pode ser encaixada.
3. A internacionalização dos direitos humanos, através da adoção de resoluções pela ONU
referentes ao reconhecimento e instituição de garantias fundamentais ao indivíduo, serviu de
impulso à conscientização global da importância da tutela do indivíduo como tema de direito
internacional. Tal evolução de pensamento contribuiu, portanto, para que as garantias humanas
fundamentais deixassem de ser assunto de jurisdição doméstica do Estado, tornando-se parte das
prerrogativas da Sociedade Internacional, retirando limites,antes existentes, à defesa dos direitos
do homem.

Artigo 32º
Hierarquia entre normas costumeiras e convencionais
1. A hierarquia jurídica pressupõe uma superioridade de um parâmetro sobre outro, que se
traduz no facto de o primeiro regular o modo de formação do segundo e, assim, deste
encontrar naquele o seu fundamento de validade. Ela é igualmente acompanhada de uma
incapacidade dos atos decorrentes da fonte inferior de revogarem os decorrentes da fonte
superior, e da inderrogabilidade das normas da fonte hierarquicamente superior em relação
às decorrente da fonte inferior, que se pode limitar às normas que regulam o modo pelo
qual as normas decorrentes da fonte inferior são formadas, ou pode ser estendida também a
normas materiais a que é conferida imperatividade, tornando invalidas as normas inferiores
que as normas derrogar, estabelecendo um regime contrário.
2. Teses quanto à hierarquia das fontes: 1º) Não existe qualquer hierarquia de fontes,
estando o Tratado e o Costume no mesmo plano, podendo revogar as suas normas
mutuamente (de acordo com a tese que considerava o Costume um mero pacto tácito); o
artigo 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça abstém-se de fazer qualquer
alusão a uma hierarquia entre as fontes 4 enumeradas. Não é possível admitir, como
postulado geral, que os tratados prevaleçam necessariamente sobre o costume ou vice-
versa. Seria bem diferente se, por um processo centralizado, uma das fontes dispusesse de
uma primazia incontestada. Todas as fontes são suscetíveis de traduzir, segundo
modalidades diferentes, exigências da sociedade internacional; em especial, não há
«qualquer razão para pensar que, quando o Direito Internacional consuetudinário é
constituído por regras idênticas às do Direito convencional, é suplantado por este de tal
maneira que deixa de ter existência própria» .
2º) Eduardo Correia Baptista: existe, sim, uma hierarquia mas de normas, que pode ser
fundamentada pela existência de limites materiais impostos ao principio da
inderrogabilidade - Costume>Tratado: os tratados dependem do Direito costumeiro, é numa
das suas normas que vão encontrar o seu fundamento, é ao costume que cabe
primariamente e universalmente esta regulamentação. Um tratado não pode nunca revogar
uma norma costumeira, nem mesmo derrogá-la; a ideia de que um tratado pode revogar
uma norma costumeira deve-se ao facto de, durante séculos, a grande maioria destas
normas serem inderrogáveis, ou por motivos lógicos ou por motivos de Ordem Pública
(normas de ius cogens, normas que um tratado não pode derrogar sob pena de nulidade, art
53º + 64º) - valorativamente superiores, tendo uma autoridade impositiva independente da
fonte formal.
3. O facto de as fontes formais não seres hierarquizadas não leva a concluir que não exista
hierarquia entre as normas jurídicas. Esta hierarquia não poderá evidentemente deduzirse
do fundamento destas normas, porque se trata de normas formais. Mas pode ser resultante
de outras características: o grau relativo de generalidade das regras em causa, a sua posição
cronológica, por exemplo. O único caso em que se pode, com efeito, aplicar o princípio
hierárquico é o de um conflito entre uma norma “imperativa” (ius cogens) e uma outra
norma, convencional ou costumeira. Para os outros casos, há, senão um princípio
hierárquico, pelo menos regras de resolução de conflitos, quer entre regras convencionais,
quer entre regras consuetudinárias, quer ainda entre norma convencional e norma
consuetudinária - lei especial derroga lei geral – e lei posterior prevalece sobre a regra
anterior.
4. O conflito entre uma norma universal e uma norma regional só pode surgir se a norma
universal não tiver valor de ius cogens. Impõe-se portanto limitar-se à hipótese da
incompatibilidade entre normas consuetudinárias não “imperativas”. Aqui o princípio de
anterioridade não fornece a solução de Direito comum. A questão deve ser encarada em
termos de oponibilidade de norma universal e da norma regional ou local aos Estados em
litígio. Na ausência de uma hierarquia de normas consuetudinárias, parece lógico fazer
prevalecer a norma regional se o conflito impõe dois Estados regidos pela norma regional –
esta é a lex specialis – e em contrapartida, fazer aplicação da norma universal no caso
contrário – porque somente esta última é oponível ao conjunto das partes em litígio.

Artigo 33º
Ius cogens – internacionalmente superiores
1. Art. 53º CVDT determina a nulidade para tratado incompatível, paralisando efeitos de
qualquer norma contrária. É limite absoluto à vontade soberana dos Estados e ao livre arbítrio
de outros sujeitos DIP, incluindo os sujeitos. Prevalência hierárquica depende da importância do
seu conteúdo e da aceitação universal da sua superioridade o Corrente Formalista – exige
acordo de todos os Estados; o Outra doutrina – é suficiente a aceitação por maioria expressiva
de Estados
2. Âmbito das obrigações jurídicas – decorrentes de normas imperativas de DIP, sendo erga
omnes (podem não resultar necessariamente de ius cogens), obrigações da comunidade
internacional no seu todo e que prevalecem sobre as demais obrigações e direitos embora com
limites; integram as “normas fundamentais” garantidoras da existência normativa da
comunidade internacional
3. Determinação pactícia – art. 103º CNU estabelece primado da Carta sobre outras obrigações
de fonte convencional e admite-se que possam mesmo prevalecer sobre normas costumeiras,
com exceção do ius cogens. Aplica-se às decisões da Carta, decisões vinculativas CS e ao
direito formado com base na CNU – alargando a Estados membros e não-membros. Ex:
prevalência DUE, art. 351º TFUE – funciona impedindo os Estados de aplicar normas internas
ou internacionais contrárias a DUE; isto resulta de construção jurisprudencial TJUE e
Declaração 17 anexa ao Tratado de Lisboa
4. Dissociada das normas não imperativas (ius dispositivum) - Comissão de Direito
Internacional, 1953, No seu relatório, fornecem-se mesmo alguns exemplos de tratados
derrogatórios do ius cogens: tratado que vise um empego da força contrário aos princípios da
Carta; tratado que organize o tráfico de escravos, a pirataria ou o genocídio; tratados que violem
as regras protetoras da situação dos indivíduos, etc. Assim, na sua conceção, os Tratados
imorais integram-se na nova categoria dos Tratados contrários às normas imperativas.
5. Se a norma costumeira tutelar meros interesses privados dos Estados, isto é, interesses que
dizem respeito unicamente a cada um destes, estar-se-á, em princípio, perante uma norma
dispositiva, também denominada de ius dispositivium. Portanto, normas que podem ser
derrogadas por tratados entre Estados. Não é, porém, o tratado que revoga a norma costumeira,
mas o consenso exteriorizado na sua adoção, bem como a sua efetiva execução, que cria uma
nova norma costumeira revogatória.

Artigo 34º
Convenções de geometria variável
1. Caso em que o tratado posterior não é compatível com o tratado anterior: nas situações em
que não sejam respeitadas as condições estabelecidas pelo artigo 41.º CVDT, o tratado restrito
posterior ao tratado geral não é licíto. Deve, pois, afirmar-se o primado do tratado anterior e
afastar a aplicação do tratado posterior. A jurisprudência contempla claramente esta solução:
«Podemos igualmente considerar, como princípio reconhecido, que qualquer convenção
multilateral é fruto de um acordo livremente concluído com base nas suas cláusulas e que,
consequentemente, não compete a nenhum dos contratantes destruir ou comprometer, por
decisões unilaterais ou por acordos particulares, o fim e a razão de ser da convenção. » (Parecer
do TIJ, Convencao sobre o crime do genocídio, 1951). O que está estabelecido nas relações
entre as partes numa convenção particular, deveria sê-lo a fortiori nas relações com os Estados
não partes: o princípio pacta sunt servanda impõe aqui o respeito da supremacia do tratado geral
sobre o tratado especial, logo, do tratado anterior sobre o posterior. Por um lado, os artigos 54.º
e 59.º confirmaram implicitamente a possibilidade de modificar um tratado multilateral sem o
acordo unânime das partes, se as condições que constam do artigo 41.º não estiverem reunidas;
por outro, o artigo 30.º, n.º5, remete, num caso deste género, para o direito da responsabilidade
internacional.
2. Reservas e figuras afins – como as cláusulas de opt out; declarações interpretativas que
precisa ou clarifica o sentido ou alcance ou fazem depender o seu consentimento da aceitação de
uma interpretação específica sobre o tratado ou algumas das suas disposições (reserva
imperfeita que se transforma numa reserva verdadeira se prevalecer a interpretação que o Estado
declarante não pretende aceitar). Reservas facilitam o processo de ratificação e potenciam a
aceitação por um número mais alargado de Estados – aprovando regimes jurídicos mais
exigentes e avançados – mas pode levar a um efeito de fragmentação do regime jurídico
definido pelo tratado. • Estado autor da reserva pode retirá-la a todo o tempo (art. 22º).

Artigo 35º
Mutações territoriais
1.Governo – não como o Executivo mas sim como o conjunto de órgãos que representam o
Estado internacionalmente. Reconhecimento declarativo é fundamental-mais de 100 Estados
reconhecem o Kosovo, mas falta o reconhecimento instantâneo da admissão na ONU e o
reconhecimento geral da comunidade. Declarou independência como ato unilateral (2008) mas
Sérvia não reconheceu pois violava respeito pelas fronteiras (utis possidetis), no entanto, isso
colide com o princípio da autodeterminação dos povos. Mas houve países que não
reconheceram, como a Rússia (que veta no CS a entrada do Kosovo na ONU), aliada política da
Sérvia, e a Espanha (que reconhecer legitimidade a um movimento independentista noutro país
seria enfraquecer a sua posição face aos movimentos separatistas internos)
2. No caso controverso da invasão e bombardeamento da Jugoslávia pela OTAN, em defesa da
minoria albanesa, o argumento invocado pelos dez países da OTAN acusados pela Jugoslávia,
no Tribunal Internacional de Justiça, foi o de que a proibição do art.2º nº4 CNU (p. da
integridade territorial dos Estados) deve ser interpretada restritivamente, ou seja, proíbem-se
intervenções dirigidas contra a integridade territorial ou a independência política, o que não se
aplicaria à acção da OTAN, que teve como objectivo a protecção da população em perigo.
3. Proteção humanitária - Perante um Estado que não sabe ou não quer governar-se a si próprio
e às suas populações, o conceito de soberania é ele também posto em causa, devendo evoluir de
uma soberania de controlo para uma soberania de responsabilidade (responsabilidade esta com
várias vertentes, que a não serem efectivadas pelo Estado, deverão sê-lo pela comunidade
internacional). Parte de dois princípios: é ao Estado que cabe a responsabilidade primária de
proteger os seus habitantes e o seu território, e que só em caso de impossibilidade (voluntária ou
não) do próprio Estado é que a soberania nacional pode e deve dar lugar à responsabilidade (da
comunidade internacional) de proteger.- Ex: interdição da agressão entre Estados, proibição da
escravatura e etc. – regras fundamentais de direito internacional humanitário e regras na relação
entre Estados VS está dentro da Proteção Internacional dos Direitos Humanos: Enquadra-se a
proteção de minorias, a proteção diplomática, a proteção humanitária e a proteção dos
refugiados.
4. Proteção internacional da pessoa humana ainda quando não consiste na atribuição direta e
imediata de direitos internacionais aos indivíduos, visa assegurar direitos eles e assegurá-los
perante o próprio Estado de que são membros. Proteção internacional no plano universal –
deriva de uma matriz europeia, pois já há uma proteção regional na Europa.

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