A Implantação da República
Portugal foi, desde a sua origem, governado por
reis. A essa forma de governo chama-se monarquia. No
entanto, nos finais do século XIX, havia muitas pessoas
que achavam que a monarquia não era a melhor forma
de governar um país.
As vantagens de uma forma de governar
diferente eram vistas como boas. Seria um sistema com
presidente: uma república.
Os presidentes são eleitos por períodos de tempo mais curtos e as suas decisões são
controladas pelo governo.
Nos finais do século XIX, Portugal era um país predominantemente agrícola. A indústria não
era de qualidade e nem competitiva, as importações eram superiores às exportações e a balança
comercial era deficitária. Deste modo, o país apresentava um panorama negro no que diz respeito à
economia, política e sociedade. Não admira que Portugal também tenha entrado na grave crise
económica e financeira que afetou toda a Europa. Esta foi uma crise que afetou gravemente
Portugal, em especial os bancos e empresas.
As consequências refletiram-se num grande descontentamento da população em especial a
classe média e o operariado, pois eram os mais atingidos pelos impostos, inflação e desemprego,
baixos salários e muitas horas de trabalho diário.
Inevitavelmente as pessoas começaram a culpar a Monarquia destas medidas que afetavam
todos em geral.
Neste contexto, surge em Portugal a difusão das doutrinas socialistas e republicanas. O seu
objetivo era transmitir novas ideias a fim de salvar o país da situação caótica em que se encontrava.
O partido socialista foi então fundado em 1875 com vista a preparar a classe operária para
novos ideais. Por outro lado, o partido Republicano, constituído em 1876, pretendia derrubar a
Monarquia e substituí-la por uma República. Para divulgar o seu programa, utilizava a imprensa, os
comícios e certas comemorações como a de Camões e Marquês de Pombal.
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Os novos partidos políticos apoiavam-se no operariado e nas classes médias, descontentes
com a sua situação.
Os republicanos preocupavam-se em reerguer o orgulho nacional e incutir uma nova
esperança para o futuro.
Assim, em 1891 fizeram uma tentativa de implantação da República na cidade do Porto. O
rei D. Carlos entregou a chefia do governo a João Franco, que passou então a dirigir o país. Este
facto desagradou aos republicanos e outros partidos.
A ditadura desenvolvida por João Franco levou a uma forte oposição à monarquia, tendo o
rei D. Carlos e seu herdeiro Luís Filipe, sido assassinados no Terreiro do Paço em Lisboa. O trono foi
ocupado por D. Manuel II e o ditador foi demitido.
O regicídio
No dia 1 de fevereiro de 1908 na volta de uma estadia de Vila
Viçosa, D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe são assassinados em
pleno Terreiro do Paço. De um só golpe, Costa e Buiça decepavam a
monarquia portuguesa, deixando o trono nas mãos de um inculto, D.
Manuel, sem capacidade nem margem de manobra para gerir uma
situação política explosiva que terminaria com a queda da monarquia e a
implantação da República a 5 de outubro de 1910.
O Ultimato Inglês
D. Carlos foi um dos reis da quarta dinastia e o 13° rei de Portugal,
filho primogénito do rei D. Luís I e da rainha D. Maria Pia, nasceu em
Lisboa em 28 de setembro de1863.
Em 1886, casa-se com Maria Amélia de Orleães. Em 1888, publica
A Defesa do Porto de Lisboa e a Nossa Marinha de Guerra.
Quando subiu ao trono em 1889, o país atravessava uma grave
crise económica.
Para complicar a situação, em janeiro de 1890 os portugueses sofreram uma afronta: o
"Ultimato Inglês", no qual a Inglaterra exigia que o governo português
mandasse retirar os exércitos que se encontravam entre as colónias de
Angola e Moçambique, ou declararia guerra ao país.
O governo cedeu e os portugueses sentiram-se humilhados e
atribuíram as culpas à insuficiência política do rei. Os republicanos
aproveitaram esta oportunidade para reforçar a ideia de que a monarquia
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devia ser derrubada. Houve em todo o país muitas manifestações contra o Ultimato e os jornais
encheram-se de artigos violentos contra a Inglaterra, contra o rei e contra a monarquia. Foi nessa
época que apareceu um hino militar "A Portuguesa", hoje, hino nacional.
Esta história termina em Lisboa, no dia 1 de fevereiro de 1908, onde num atentado contra a
monarquia, D. Carlos I cai assassinado, juntamente com o seu sucessor, o infante D. Luís, restando
como descendente seu segundo filho que seria o último rei de Portugal: D. Manuel II.
D. Carlos foi um grande Rei, reformador, poeta, pintor, desenhista, músico, cientista,
histologista. Teve de ser morto pelos anarquistas mesmo, porque de outra forma nunca se faria a
República tão cedo, pois ele era muito amado pelo povo, tanto de Portugal como do Brasil, onde
abriu os Portos à navegação Atlântica.
Os revoltosos e opositores ao rei eram apoiados pelo partido republicano e no dia 5 de
outubro de 1910 proclamaram a República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
A terminar esta conjuntura, salienta-se a fuga de D. Manuel e de D.ª Amélia, que
desembarcaram na Ericeira para o exílio.
Depois de proclamada a República, constituiu-se um governo provisório, presidido por
Teófilo Braga e redigiu-se uma nova Constituição Republicana.
O país foi ainda marcado por uma nova bandeira, um novo hino
e uma nova moeda.
Com a entrada do novo regime, outras medidas marcaram a
sua ação, como por exemplo a Laicização do Estado (separação da
igreja e do Estado); nacionalização dos bens da Igreja, legalização do divórcio e a obrigatoriedade do
registo civil aplicado aos nascimentos, casamentos e óbitos.
As diferenças acentuam-se ainda ao nível da educação ao se criarem escolas públicas,
jardins-escola e escolas primárias, além da criação da Universidade de Lisboa e Porto. A escolaridade
passa a ser obrigatória até aos sete anos. Assim, a taxa de analfabetismo foi reduzida e os níveis de
ensino melhorados.
Para além da redução das despesas, os republicanos preocuparam-se em pôr em prática os
seus ideais de liberdade e igualdade.
A situação de Portugal melhorou muito com as medidas tomadas, em especial com a
proteção à velhice e à doença, o direito à greve e a redução das horas de trabalho para 42 horas.
Apesar de todo este esforço, o novo governo não foi capaz de impor o cumprimento de todas as
medidas e o país resvalou para uma certa instabilidade política. Logo nos primeiros anos começou a
apresentar divergências e desentendimentos com os seus dirigentes.
Isso fez com que começassem assim as rivalidades e as demissões por causa de as entidades
patronais não porem o programa em prática.
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A República
No dia 5 de outubro 1910, em Lisboa, foi proclamada a República. De seguida, elaborou-se a
Constituição de 1911, onde estava escrita a lei que regulava o direitos, os
deveres e as garantias dos cidadãos, bem como a organização política do
Estado.
Na monarquia o chefe da nação era o rei, que governava durante toda a
vida e, por sua morte, sucedia-lhe o filho mais velho.
A república é uma forma de governo em que o poder é exercido por um
presidente livremente eleito pelo povo através de eleições.
O primeiro presidente da República foi o Dr. Manuel de Arriaga.
A República, apesar das grandes reformas efetuadas, nunca conseguiu corresponder às reais
necessidades da nação. O clima de agitação aumentou, o que agravou ainda mais a crise financeira
do Estado.
A Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) veio piorar a situação. A 28 de Maio de 1926 deu-se um
golpe militar chefiado pelo general Gomes da Costa (que acabou com o regime democrático
instaurado pela República). Foi então instaurada uma ditadura militar.
O general Carmona derrubou Gomes da Costa, assuma a Presidência da República e chama para
Ministro das Finanças o Professor Oliveira Salazar.
Salazar, em 1932, torna-se Presidente do Conselho de Ministros. Impõe uma ditadura (o
chamado Estado Novo), sem liberdade de expressão, ficando Portugal isolado da europa
democrática. E, muito embora conseguisse algum equilíbrio nas Finanças, nunca o nosso país deixou
de ser pobre e agrícola.
Em 1968 Salazar adoeceu e foi substituído pelo Professor Marcelo Caetano.
No dia 25 de Abril de 1974 alguns jovens militares iniciaram um movimento contra a ditadura. O
povo saiu à rua, dando vivas à liberdade
A revolução, vitoriosa, derrubou o regime autoritário de Marcelo Caetano, e Portugal renasce
como um país democrático.
Os cidadãos retomaram as suas liberdades e criaram-se condições para o progresso do Estado.
Formaram-se vários partidos políticos e, em 1976, foi elaborada a nova Constituição da
república Portuguesa.
O primeiro presidente eleito foi o general Ramalho Eanes. O primeiro governo constitucional foi
liderado pelo Dr. Mário Soares.
Hoje, Portugal é um país que faz parte da União Europeia, vive em democracia, os cidadãos têm a
sua liberdade assegurada, não há censura nos livros, jornais e espetáculos e, aos poucos, vamo-nos
aproximando do nível de vida dos restantes europeus.
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TAREFAS
1. Indica as causas do descontentamento popular no final do século XIX.
2. Refere o que pretendia o Partido Republicano.
3. Explica o que foi o mapa cor-de-rosa.
4. Sobre o ultimato Inglês indica:
4.1. em que consistiu;
4.2. Qual a decisão do governo português;
4.3. Quais as consequências dessa decisão.
5. Enumera as razões da queda da Monarquia.
6. Apresenta as diferenças existentes entre uma República e uma Monarquia.
7. Menciona 3 medidas adotadas pelo governo provisório.