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The influence of use of sensory motor walker on the development of children at schools in early childhood education Journal of Human Growth and Development, 2015; 25(2): 156-161
2015; 25(2): 156-161 ORIGINAL RESEARCH
DOI: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.102998
Resumo
Suggested citation: Schopf PP, Santos CC. The influence of use of sensory motor walker on the development of children at
schools in early childhood education. Journal of Human Growth and Development. 25(2): 156-161. DOI: http://dx.doi.org/
10.7322/jhgd.102998
Manuscript submitted: mar 22 2014. Accepted for publication: Dec 10 2014.
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The influence of use of sensory motor walker on the development of children at schools in early childhood education Journal of Human Growth and Development, 2015; 25(2): 156-161
graves injúrias como lesões cranianas, sendo analisados. Os dois grupos sofreram compara-
estas a principal causa de morte e morbidade ção a partir das pontuações obtidas no gráfico
durante a infância4 -7. de curvas percentílicas, utilizando o Test T de
Assim, o objetivo é verificar a frequência da Student.
utilização do andador infantil por lactentes e a A AIMS é um instrumento observacional, cria-
influência deste instrumento sobre o desenvolvi- do para avaliar a evolução do desenvolvimento
mento sensório motor, bem como correlacionar o motor de recém-nascidos a termo e pré-termo, a
tempo de permanência diária com a aquisição da partir de 38 semanas de idade gestacional até 18
marcha independente aos 13 meses. meses de idade corrigida, quantificando em 58 itens
os padrões motores e posturas da criança8-9.
Esses itens são agrupados em quatro sub-
MÉTODO escalas, as quais descrevem o desenvolvimento
da movimentação espontânea e as habilidades
O presente estudo caracteriza-se como motoras nas posições prona (21 itens), supina
uma pesquisa de campo quantitativa, transver- (9 itens), sentada (12 itens) e de pé (16 itens),
sal e descritiva. Onde foram incluídas no estudo sendo que o examinador observa a presença de
20 crianças com idade entre 12 e 18 meses, as suporte do peso, postura e movimentos anti-
quais eram frequentadoras de duas escolas de gravitacionais em cada uma dessas posições.
educação infantil do município de Uruguaiana. O No momento da avaliação, identificou-se as
modo de escolha das escolas foi por aleatorização habilidades motoras atuais no repertório motor
por meio de sorteio simples dentre as escolas da criança, marcando-se a habilidade menos e
que obtinham a mesma característica. O motivo mais evoluída (janela de desenvolvimento motor);
da escolha foi o fato de estas possuírem crianças cada item observado recebeu 01 (um) ponto e
suficientes para representar o universo das cri- cada item não observado recebeu escore 0 (zero).
anças da cidade para este desfecho que compu- O(s) item(ns) que antecede(m) a janela de
nha 21 crianças. Assim, foram encaminhadas as desenvolvimento motor receberam 01 ponto cada,
diretoras das escolas de educação infantil Lar da pois acredita-se que a criança já incorporou
Criança: Nossa Senhora de Lourdes e Escola esta(s) habilidade(s) motora(s) previamente.
Municipal de Educação Infantil Casinha da Emília, Os créditos de cada sub-escalas foram so-
a carta de apresentação e autorização para que mados e partir disso um escore total frente à AIMS
as mesmas tivessem conhecimento do trabalho (0 – 58 pontos) foi atribuído e convertido em um
a ser desenvolvido, permitindo ou vetando a re- gráfico de ranking percentílico (Percentil X Idade
alização do mesmo. Após o consentimento da di- Cronológica Corrigida).
reção, a coleta dos dados foi realizada, por única No final classificou-se a criança de acordo
pesquisadora. com o desempenho motor: normal/esperado
Para ser incluso no estudo, os pais foram (> 25% da curva percentílica), desempenho mo-
convidados a participarem da pesquisa, salien- tor suspeito (< 25 e > 5% da curva) e desempe-
tando que nenhum risco físico se aplica ao expe- nho motor anormal (< 5% da curva)8.
rimento, no entanto foram avisados que a obser- Para se conhecer a correlação entre a mar-
vação do avaliador poderia apresentar certo cha independente aos 13 meses e o tempo de
constrangimento à criança. Foram excluídas da permanência diária no andador se fez uso das
pesquisa crianças as quais os pais relataram his- respostas do questionário respondido pelos pais
tória de deficiência física, lesão encefálica, e foi avaliada por meio do coeficiente de correla-
prematuridade, síndromes e crianças maiores de ção de Pearson, classificando a correlação em
18 meses de idade. perfeita (r = 1), forte (r > 0,75), moderada (r > 0,5),
Aos que aceitaram participar foi solicitado fraca (r < 0,5) e inexistente (r = 0).
o preenchimento de um questionário com ques- As análises foram realizadas utilizando o
tões estruturadas e semi-estruturadas na pre- programa SPSS versão 17.0 para Windows. Es-
sença da pesquisadora, bem como assinar o ter- tatísticas descritivas e testes de normalidade
mo de consentimento livre e esclarecido. (Shapiro-Wilk) foram determinados para todas as
Os questionários coletados foram separa- variáveis. A partir dos resultados foi aplicado o
dos em dois grupos: Grupo A, crianças que utili- teste de comparação de média como o Test T de
zaram o andador infantil, e Grupo B, crianças que Student, com nível de significância de 5% para
não utilizaram. A partir das respostas se verifi- todos os testes.
cou a frequência da utilização do andador infantil O cálculo da amostra foi realizado por meio
pelas crianças de 12 a 18 meses, das duas esco- da equação E/S, na qual E = a diferença clinica-
las de educação infantil do município. mente significativa da variável desfecho e
A influência do andador infantil no estímulo S = corresponde ao des-vio padrão da amostra
do desenvolvimento sensório motor nestas cri- da mesma variável. Considerando 25% de varia-
anças foi verificada através de uma avaliação ção da pontuação da Alberta Infant Motor Scale e
motora, onde se utilizou a Escala Motora Infantil considerando um α = 0,05 e β = 0,2, foram ne-
de Alberta (AIMS) que abrange idade entre 0-18 cessárias 21 crianças para dar poder a amostra.
meses. As avaliações das crianças foram realizas O projeto foi aprovado pelo Comitê de Éti-
na própria escola nos períodos matutinos e ves- ca em Pesquisa com Seres Humanos da Universi-
pertinos, após serem deixadas pelos responsá- dade Federal do Pampa (Unipampa) do Protocolo
veis no local. Após avaliação dois grupos foram Nº 221.068 de 10/04/2013.
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De modo geral, observou-se um número pôde haver contribuído para o escore final da
maior de crianças, que apresentavam percentis AIMS, pois tratar-se de um período de aprimora-
não adequados para a idade, 11 crianças da mento das aquisições motoras conquistadas.
amostra obtiveram desempenho motor abaixo do Quando questionado aos pais sobre seu
esperado (percentil < 25%), porém não houve filho se ele adquiriu a marcha independente aos
associação estatisticamente significativa entre os 13 meses de vida, o resultado do universo estu-
grupos ( ρ = 0,566) que utilizaram ou não o dado apresentou 14 respostas afirmativas, con-
andador infantil, quanto ao desempenho motor. tra seis negativas. Na figura 2 observa-se a
O fato da amostra encontrar-se em uma frequência da idade (meses) em que as crianças
faixa etária em média 486,05 dias ± 60,09 dias desenvolveram tal habilidade.
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Os resultados revelaram que a idade da aqui- cente ao grupo B. Como relato comum destas mães
sição da marcha entre os grupos ocorreram com foi a dificuldade das crianças em adquirirem a pos-
maior prevalência entre os 11 e 13 meses, uma tura bípede, enquanto a mãe do Grupo A acres-
vez que, as crianças pertencentes ao grupo A de- centou que o seu filho pulou a fase do engatinhar.
senvolveram à marcha em média aos 11,44 meses Para o grupo A pôde-se observar conforme
± 1,87 meses e as do grupo B em média aos 13,44 a figura 3 o tempo de uso diário do dispositivo e o
meses ± 2,00 meses, havendo diferença significa- tempo de aquisição da marcha independente, per-
tiva entre os grupos (p=0,044). Observa-se tam- cebendo-se significância existente (ρ = 0,005) en-
bém dois casos em que a marcha ainda não foi tre o período de horas que a criança utilizou o
adquirida, com uma das crianças pertencente ao andador diariamente e o tempo que foi necessário
grupo A, com 13 meses e que utiliza o andador para que adquirisse a capacidade de se locomover
infantil desde os 8 meses, por pelo menos 1 hora pelo ambiente sem um dispositivo de apoio ou aju-
diária e a outra também com 13 meses e perten- da de um adulto.
Tempo de aquisição da marcha independente com relação à frequência de uso do andador infantil
pelas crianças do Grupo A
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corporal num período considerado de muitas ins- como aconteceria com crianças que não utiliza-
tabilidades, uma vez que a criança experimenta ram o andador e aprenderam por meio da explo-
em seu primeiro ano de vida rápidas e constan- ração a conhecer o próprio corpo e limites e des-
tes mudanças, que vão desde habilidades cobrir soluções e adaptações aos seus
locomotoras até as manipulativas mais comple- movimentos, dessa formar aprimorando o seu de-
xas, caracterizando essa época como um impor- sempenho e progredindo em sua evolução motora
tante período do desenvolvimento motor que se sequencial.
completa em torno dos dois anos17. Assim entende-se que a idade em que a
No estudo de Angulo-Barroso, Wu e Ulrich18 criança adquire a marcha independente acaba se
observaram em seu estudo um atraso na aquisi- tornando um indicador de autonomia, a qual pode
ção do engatinhar e da marcha, fato que pode variar em função da organização sócio-econômi-
ter sido influenciado pelo uso extremamente pre- ca, cultura familiar e dos estímulos ambientais que
coce do andador infantil, entre os 4 e 6 meses, esta criança venha a receber do universo em que
onde as crianças não apresentam habilidades ela esteja incluída, durante a fase de desenvol-
motoras específicas para manter a postura bípede vimento e aprimoramento motor.
e também são pequenas para o andador, impe- O estudo realizado apresentou limitações
dindo que seu pé fique em pleno contato com o importantes quanto ao tamanho da amostra, que
solo, utilizando desse modo apenas as pontas ao se apresentar em um número relativamente
dos dedos para se locomover, criando compen- pequeno, permite considerar os resultados obti-
sações motoras. Neste estudo não se encontrou dos apenas para a população em questão. Des-
relação ao fato de ocorrer um atraso na aquisi- ta forma, novos estudos com base neste proble-
ção da marcha, embora as crianças que utiliza- ma de pesquisa e englobando uma amostra
ram o andador infantil tenham sido expostas ao superior se fazem necessários.
seu contato precocemente, em média aos 6,77
meses ± 1,56 meses.
Em um estudo irlandês, evidenciou-se que CONCLUSÃO
a cada 24 horas que permaneciam em uso do
andador infantil, a criança demoraria cerca de 3,3 A idade em que a criança adquire a marcha
dias a mais para desenvolver a marcha em con- independente acaba se tornando um indicador
tra partida daquelas que não fizeram o uso do de autonomia, a qual pode variar em função da
equipamento19, porém outro estudo observa que organização sócio-econômica e cultura familiar e
embora o desenvolvimento independente da dos estímulos ambientais que esta criança ve-
marcha esteja intimamente ligado ao desenvol- nha a receber do ambiente em que ela esteja
vimento motor, o modo como a cultura do grupo incluída, durante a fase de desenvolvimento e
familiar lida com o aprimoramento da indepen- aprimoramento motor. Percebeu-se que os resul-
dência da criança influência fortemente o início tados do estudo revelam que a frequência do uso
precoce ou tardio da marcha.15 do andador foi semelhante entre os grupos e à
Os resultados do estudo realizado em aquisição da marcha entre os grupos apresen-
Uruguaiana apoiam os expressos por Garrett M.19, tou diferença significativa. Acredita-se que esta
uma vez que o andador acaba por limitar a loco- última não foi influenciada pela simples atitude
moção da criança no meio, fazendo com que a de usar o andador infantil e sim pelo tempo que
mesma não aprecie as descobertas do ambiente a criança permaneceu diariamente nele.
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ABSTRACT
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