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Domínio 1 – Dinamismo civilizacional da Europa Ocidental nos séculos XIII a XIV – espaços,
poderes e vivências
O espaço português
Todas as questões têm por base documentos de natureza diversa, sendo obrigatória a sua integração, de acordo com o
solicitado no enunciado da questão.
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1. Nomeie duas características da realidade política (Doc. 1), após o fim do Império Romano do Ocidente.
2. Explicite dois aspetos que evidenciam a presença do Cristianismo na vida das populações do Ocidente medieval.
Um dos aspetos deve ser articulado com informações do documento 2A e o outro com o documento 2B.
3. A iluminura reproduzida no documento 2C representa a divisão tripartida da sociedade medieval. Associe os grupos
referidos na coluna A com as respetivas funções, que constam na coluna B. Todas as funções da coluna B devem ser
utilizadas. Cada função da coluna B só pode ser associada a um dos grupos da coluna A.
COLUNA A COLUNA B
1. Nomeie a designação atribuída ao processo levado a cabo na Península Ibérica para “combater os muçulmanos. […]”
(Doc. 1, l. 4).
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1. Refira dois objetivos de natureza sócio-religiosa que levaram cavaleiros de diferentes regiões da Cristandade a
participarem no processo da Reconquista Cristã.
Os objetivos devem ser articulados com informações relevantes do documento 1.
2. Transcreva um excerto do documento 1 que revele a relação política e pessoal entre Afonso VI e o conde D. Henrique.
3. Nomeie a nova realidade política a que se refere a afirmação “Entregou-lhe este o governo de uma parte do seu reino
[…]” (Doc. 1, l. 2).
4. Explicite dois poderes de D. Afonso Henriques no quadro da autoridade que passou a exercer no Condado
Portucalense.
Um dos poderes deve conter excertos relevantes do documento 2.
5. A afirmação “porque me destes honra e apoio e me prestastes bom e fiel serviço.” (Doc. 2, l. 2) presente na
confirmação do foral, em 1128, associa-se…
(A) à participação de D. Afonso Henriques na conferência de Zamora.
(B) ao conflito com D. Teresa devido à sua aproximação à Galiza.
(C) à guerra com os Mouros na batalha de Ourique.
(D) às negociações com o Papa para reconhecimento do reino de Portugal.
7. Associe cada uma das personalidades ligadas ao processo de autonomia do Condado Portucalense e ao processo de
independência de Portugal, presentes na coluna A, à respetiva ação ou característica correspondente, que consta na
coluna B. Todas as afirmações da coluna B devem ser utilizadas. Cada afirmação só pode ser associada a um elemento
da coluna A.
COLUNA A COLUNA B
1. Em recompensa dos serviços prestados concedeu o território e poderes sobre o Condado Portucalense.
(A) Conde D. Henrique e 2. Herdou o Condado Portucalense e desenvolveu uma política de autonomia face à Galiza e ao partido de D.
Conde D. Raimundo Teresa, que culmina em 1128, na Batalha de S. Mamede.
3. Era o suserano a quem os condes portucalenses deviam fidelidade, ajuda e conselho.
(B) D. Afonso VI, rei de 4. Desenvolveu uma ação, inclusive militar, para afirmar a autonomia face a Castela e que culminou na Conferência
Leão e Castela de Zamora com o reconhecimento do título de rei.
5. A vinda de cavaleiros francos para apoiar a Reconquista, face à ofensiva dos Almorávidas, era recompensada
(C) D. Afonso Henriques com extensas doações de terras, títulos e cargos.
6. O título de rei, reconhecido internacionalmente, só ocorreu em 1179 com a Bula Manifestis Probatum.
7. O contrato de casamento de D. Urraca e D. Teresa destinou-se a firmar a doação de uma parte do Reino, por
parte do seu pai, aos cavaleiros francos com quem casaram.
DOC. 2 | CONCESSÃO DE CARTAS DE FORAL (SÉCULOS DOC. 3 | PLANTA DA CIDADE MEDIEVAL DA GUARDA
XII A XIV)
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2. Nos séculos XIII e XIV, a política régia de criação de concelhos tinha por objetivo…
(A) controlar e averiguar o estado dos bens do rei e da Coroa.
(B) aumentar os impostos senhoriais sobre as comunidades dependentes.
(C) fortalecer as relações de vassalidade entre o rei e a nobreza.
(D) povoar e desenvolver economicamente as regiões do interior e do sul.
3. Associe cada um dos elementos relacionados com os concelhos, presentes na coluna A, às características
correspondentes, que constam na coluna B. Todas as características da coluna B devem ser utilizadas. Cada
característica só pode ser associada a um elemento da coluna A.
COLUNA A COLUNA B
1. Composto pelo território e campos dos arredores abrangido por formas de administração e de jurisdição próprias.
(A) Concelho 2. Homem livre do povo que, por ter bens suficientes para manter um cavalo e prestar serviço militar, ocupava o topo da
hierarquia social na sua comunidade.
(B) Peão 3. Povoação ou comunidade de homens-livres que recebia uma carta de foral.
4. Correspondia à maior parte da população concelhia e pagava impostos.
(C) Cavaleiro-vilão 5. Os seus habitantes designavam-se vizinhos e dispunham de direitos e deveres próprios.
6. De entre os mais ricos, eram escolhidos os homens-bons.
7. A obrigação de prestar serviço militar era cumprida a pé.
4. Transcreva do documento 1 um excerto que revele a intenção do rei para limitar o poder dos grupos sociais
privilegiados.
5. Desenvolva o tema A sociedade portuguesa concelhia – formas de relacionamento com o poder régio e a
especificidade social, abordando os dois tópicos de orientação seguintes:
– a concessão de cartas de foral pelos reis: objetivos;
– a organização do concelho: o espaço e a sociedade concelhia.
Na sua resposta:
– analise os dois tópicos de orientação, apresentando três elementos para cada tópico;
– relacione os elementos apresentados com o tema;
– integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos documentos 1 a 3.
FIM
ÍTENS
GRUPO
COTAÇÃO (em pontos)
1 2 3
I
10 15 10 35
1 2
II
15 10 25
1 2 3 4 5 6 7
III
15 10 10 15 10 10 10 80
1 2 3 4 5
IV
10 10 10 10 20 60
TOTAL 200
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A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes:
Compreensão histórica:
A – Conteúdos ............................................................................................................................................................................................................ 8 pontos
B – Documentos ......................................................................................................................................................................................................... 4 pontos
C – Comunicação ........................................................................................................................................................................................................ 3 pontos
• Explicita, de forma completa, dois aspetos que evidenciam a presença do Cristianismo na vida das populações do Ocidente
4 8
medieval.
3 • Explicita, de forma completa, um dos aspetos solicitados e, de forma incompleta, um outro aspeto. 6
A – Conteúdos
• Integra informações dos documentos 2A e 2B para fundamentar os dois aspetos solicitados, podendo apresentar falhas
2 4
pontuais.
B – Documentos
• Integra informações de um dos documentos para fundamentar um dos aspetos solicitados, podendo apresentar falhas
pontuais.
1 2
ou
• Integra, com falhas, informações dos documentos 2A e 2B para fundamentar os dois aspetos solicitados.
• Apresenta um discurso globalmente articulado, podendo apresentar falhas que não comprometem a sua clareza.
C–
3. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
(A) – (2), (5), (7); (B) – (1), (3); (C) – (4), (6)
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2. .................................................................................................................................................................................................................................. 15 pontos
Tópicos de resposta:
– período de expansão e desenvolvimento que se refletiu no aumento populacional: “viveu-se um período de crescimento demográfico generalizado” e na maior
disponibilidade de mão de obra: “Cresciam os braços para trabalhar a terra”;
– período marcado pelo alargamento das áreas cultivadas que favoreceu o aumento da produção agrícola: “a produção aumentava com novos arroteamentos”;
– o aumento demográfico e a melhoria das condições de vida promoveu a ocupação de novas áreas: “disponibilizavam-se mais homens a povoar novos espaços”;
– assistiu-se ao crescimento da produção agrícola proporcionada pela melhoria das “técnicas agrícolas e artesanais”;
– o crescimento económico possibilitou o desenvolvimento das cidades e da atividade comercial que consolidou novas rotas de comércio ou artesanato: “[…] reanimava-se a
vida urbana, ativava-se o comércio”;
– a necessidade de combater os Muçulmanos possibilitou a vinda de cavaleiros à Península Ibérica: “[…] os cavaleiros franceses acorrem à Península para combater os
muçulmanos”;
– os filhos-segundos não tinham direito a herança, procurando adquirir fama e fortuna fora da família, como D. Raimundo e D. Henrique: “Ambos filhos-segundos, que, fora da
sua terra natal, buscavam a honra e o proveito”;
– período marcado pelo espírito de cruzada que procurou libertar os “Lugares Santos, dominados pelos Turcos”.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes:
Compreensão histórica:
A – Conteúdos ............................................................................................................................................................................................................ 8 pontos
B – Documentos ......................................................................................................................................................................................................... 4 pontos
C – Comunicação ........................................................................................................................................................................................................ 3 pontos
• Explicita, de forma completa, duas características da conjuntura europeia e peninsular em que se enquadrou a
4 8
autonomização e independência de Portugal.
3 • Explicita, de forma completa, uma característica solicitada e, de forma incompleta, uma outra característica. 6
A – Conteúdos
• Integra excertos relevantes do documento 2 para fundamentar as duas características solicitadas, podendo apresentar
2 4
falhas pontuais.
B – Documentos
• Integra excertos relevantes do documento 2 para fundamentar uma característica solicitada, podendo apresentar falhas
pontuais.
1 2
ou
• Integra, com falhas, excertos relevantes do documento 2 para fundamentar as duas características solicitadas.
• Apresenta um discurso globalmente articulado, podendo apresentar falhas que não comprometem a sua clareza.
C–
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A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes:
Compreensão histórica:
A – Conteúdos ............................................................................................................................................................................................................ 8 pontos
B – Documentos ......................................................................................................................................................................................................... 4 pontos
C – Comunicação ........................................................................................................................................................................................................ 3 pontos
• Refere, de forma completa, dois objetivos de natureza sócio-religiosa que levaram cavaleiros de diferentes regiões da
4 8
Cristandade a participarem no processo de Reconquista Cristã.
• Integra informações relevantes do documento 1 para fundamentar os dois objetivos solicitados, podendo apresentar
2 4
falhas pontuais.
B – Documentos
• Integra informações relevantes do documento 1 para fundamentar um objetivo solicitado, podendo apresentar falhas
pontuais.
1 2
ou
• Integra, com falhas, informações relevantes do documento 1 para fundamentar os dois objetivos solicitados.
• Apresenta um discurso globalmente articulado, podendo apresentar falhas que não comprometem a sua clareza.
C–
2. …………………………………………………………………………………………………………………………. 10 pontos
Afirmação:
– “D. Henrique, vindo da Borgonha para a Península Ibérica, na busca de fama e proveito, encontrou em Afonso VI um suserano pródigo.”
– “[…] Entregou-lhe este [Afonso VI] o governo de uma parte do seu reino e casou-o com uma sua filha.”
Nota – As respostas que apresentem, além da afirmação correta, a transcrição de outros excertos sem correspondência com o solicitado são classificadas com zero pontos.
3. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
Condado Portucalense.
4. .................................................................................................................................................................................................................................. 15 pontos
Tópicos de resposta:
– confirmar a posse de direitos anteriormente concedidos: “Autorizo o foro que vos deu meu pai e minha mãe”;
– doar terras ou recompensar cavaleiros pelos serviços prestados ou recompensar comunidades vilãs: “Aprouve-me, por boa paz e boa vontade, fazer [bons foros] a vós,
homens de Guimarães”;
– praticar atos administrativos e firmar documentos: “Eu Afonso Henriques firmei esta carta com a minha mão.”;
– conceder benefícios, terras ou recompensas aos habitantes de qualquer condição social “porque me destes honra e apoio e me prestastes bom e fiel serviço […]”;
– aplicar ou isentar o pagamento de impostos no território de que era senhor “e, além disso, dou-vos por foros que: em toda a minha terra não pagueis portagem”;
– garantir a posse livre das propriedades de “cavaleiro ou o vassalo de infanção ou qualquer homem que for ingénuo [i.e., livre] e vier morar em Guimarães, e aí fizer a sua
casa, não dê fossadeira e a sua herdade e o seu haver seja livre e salvo […].”;
– exercer a justiça nos territórios abrangidos pelo seu poder senhorial: “em toda a minha terra” ou recrutar tropas junto dos senhores e dos concelhos ou cunhar moeda.
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes:
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Compreensão histórica:
A – Conteúdos ............................................................................................................................................................................................................ 8 pontos
B – Documentos ......................................................................................................................................................................................................... 4 pontos
C – Comunicação ........................................................................................................................................................................................................ 3 pontos
• Explicita, de forma completa, dois poderes de D. Afonso Henriques no quadro da autoridade que passou a exercer no
4 8
Condado Portucalense.
3 • Explicita, de forma completa, um dos poderes solicitados e, de forma incompleta, um outro poder. 6
A – Conteúdos
• Integra excertos relevantes do documento 2 para fundamentar um dos poderes solicitados, podendo apresentar falhas
Documento
2 4
pontuais.
B–
1 • Integra, com falhas, excertos relevantes do documento 2 para fundamentar um dos poderes solicitados. 2
• Apresenta um discurso globalmente articulado, podendo apresentar falhas que não comprometem a sua clareza.
C–
5. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
(B)
6. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
(C) – (D) – (A) – (E) – (B)
7. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
(A) – (5), (7); (B) – (1), (3); (C) – (2), (4), (6)
4. .................................................................................................................................................................................................................................. 10 pontos
Afirmação:
– “[…] vos concedo que possais, do reguengo e herdades supraditas, vender, doar e dispor delas conforme a vossa vontade e dá-las a quem quer que queirais, exceto a
militar, ou clérigo, ou homem de ordem […]”.
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Nota – As respostas que apresentem, além da afirmação correta, a transcrição de outros excertos sem correspondência com o solicitado são classificadas com zero pontos.
5. ................................................................................................................................................................................................................................. 20 pontos
Tópicos de resposta:
Parâmetro A – Identificação e Explicação
1.º tópico de orientação
A concessão de cartas de foral pelos reis: objetivos
Na sua resposta, podem ser explorados os seguintes aspetos:
– à medida que a Reconquista foi avançando, o rei afirmou o seu poder e assumiu-se como chefe máximo da Reconquista e do Reino: “Eu, Afonso, por graça de Deus, Rei de
Portugal e Conde de Bolonha, filho daquele ilustre Rei D. Afonso e da Rainha D. Urraca: querendo e intentando fazer utilidade ao meu Reino e ao povo da minha vila de Gaia”
(Doc. 1);
– o rei reservava para a Coroa propriedades ou reguengos: “o meu reguengo de Gaia” (Doc. 1) de que depois podia dispor doando a um particular individual ou coletivo ou
concelho;
– a organização do reino era tarefa prioritária e a afirmação do poder régio passava por confirmar a organização das comunidades, exercendo sobre elas o poder e regulando
sua a vida: “dou e concedo a vós todos, habitantes […] o bom foro que abaixo se contém […]” (Doc. 1);
– a concessão de terras reguengas às comunidades populares foi um meio para ganhar a aliança dos concelhos: “em primeiro lugar dou-vos e concedo-vos por limites todo o
meu reguengo de Gaia para vossa herança para sempre” (Doc. 1);
– a carta de foral consagrava os direitos e obrigações dos habitantes, incluindo a posse livre das propriedades doadas: “Também vos concedo que possais, do reguengo e
herdades supraditas, vender, doar e dispor delas conforme a vossa vontade e dá-las a quem quer que queirais” (Doc. 1);
– as normas consagradas na carta de foral estabeleciam neste caso, de forma clara, a intenção de ter na comunidade concelhia uma aliada contra o avanço do poder
senhorial ao determinar que o direito de vender a propriedade era interdito aos privilegiados: “exceto a militar, ou clérigo, ou homem de ordem: […]” (Doc. 1);
– a concessão de cartas de foral foi um meio de o rei aumentar os seus rendimentos através do imposto pago pelo concelho: “Item dou e concedo a vós todos habitantes […]
que me deis por foro anualmente de cada fogo seis dinheiros […].” (Doc. 1);
– os reis assumiram um papel interventivo, sobretudo a partir do século XIII, quando a Reconquista avançava mais decisivamente ou o número de forais, no reinado de D.
Afonso III, e seguintes, ultrapassou largamente o numero de forais atribuídos por particulares (Doc. 2) ou os nobres ou mestres de ordens religioso-militares faziam doações
de terras, de modo a povoarem e atraírem povoadores;
– os primeiros reis concederam forais sempre em maior número (Doc. 2) do que os particulares no período considerado ou no período entre 1225 e 1249 (Doc. 2) os
particulares concederam maior número de forais devido à crise que se fez sentir no reinado de D. Sancho II associada à sua deposição ou à ascensão ao trono do irmão
D. Afonso III;
– entre 1275 e 1324 (Doc. 2), não estão registadas doações por particulares, o que evidencia o controlo régio nas doações ou na formação ou reorganização de concelhos
através da doação de cartas de foral.
2.º tópico de orientação:
A organização do concelho: o espaço e a sociedade concelhia
Na sua resposta, podem ser explorados os seguintes aspetos:
– o concelho era constituído pela comunidade de homens livres: “povo da minha vila de Gaia”, cuja vivência era regulada através da carta de foral: “o bom foro que abaixo se
contém” (Doc. 1);
– o concelho abrangia um território demarcado, cujos limites podiam surgir definidos no foral ou estavam já demarcados com base no uso e costume, procurando o rei defini-
los: “em primeiro lugar dou-vos e concedo-vos por limites todo o meu reguengo de Gaia para vossa herança para sempre” (Doc. 1);
– o espaço do concelho era constituído pela vila propriamente dita ou o centro onde estavam situados os principais símbolos do concelho e pelos campos e povoados ou o
termo que podiam fazer fronteira com outros termos: “pela maneira como está limitado pelos termos de Coimbrões e do Candal e de Almeara e depois, conforme entra no
Douro pelo casal que foi Sé portucalense, que é sito em Gaia e pelo de S. Martinho se o puder haver. […]“ (Doc. 1);
– o concelho englobava terras agrícolas e outros bens de que os habitantes do povo podiam dispor livremente: “vos concedo que possais, do reguengo e herdades
supraditas” (Doc. 1);
– os cavaleiros-vilãos tinham mais bens ou podiam manter cavalo e os peões tinham menos rendimentos e combatiam a pé ou a malha social concelhia abrangia gente de
várias condições como os que não tinham bens ou viviam do trabalho à jorna nas atividades agrícolas ou artesanais ou mais ou menos ocasionais e variáveis;
– a comunidade concelhia excluía da participação os privilegiados, a quem não podiam ser vendidos bens, nem “a militar, ou clérigo, ou homem de ordem” (Doc. 1);
– o rei podia nomear funcionários ou juiz ou mordomo ou alcaide para exercer diversas competências fiscais ou de justiça que não estavam abrangidas pela autonomia
concedida ao concelho: “mando que aquele que acusa pague ao mordomo sessenta soldos” (Doc. 1);
– o espaço concelhio ou os concelhos mais urbanizados tinham no centro ou vila ou cidade equipamentos diversos ou religiosos ou civis ou comerciais ou casa da câmara
ou pelourinho ou muralhas, nas quais se abriam portas consoante a hora e a circunstância a que se destinavam como a “Porta de El-Rei” ou “Porta dos Ferreiros” ou outro
exemplo (Doc. 3);
– as ruas eram tortuosas ou toponímia relacionada com a atividade ou função que nela era exercida como “Porta dos Ferreiros” ou “mercado”;
– existiam bairros étnico-religiosos, como indicia a presença da “sinagoga” (Doc. 3) na planta da Guarda, cidade ligada a uma comunidade judaica.
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A resposta evidencia a relação dos elementos apresentados com o tema A sociedade portuguesa concelhia – formas de relacionamento com o
poder régio e a especificidade social, analisando o modo como a carta de foral foi importante para a organização e o povoamento e para o reforço do poder régio através
da regulamentação de comunidades concelhias, detentoras de características específicas de organização social e do espaço.
A concessão de cartas de foral pelos reis: objetivos
– relação entre concessão de cartas de foral e a organização de comunidades através do povoamento e do exercício do poder local;
– relação entre a concessão de cartas de foral enquanto estratégia de afirmação de poder e meio de obtenção de rendimentos pagos diretamente à Coroa.
A organização do concelho: o espaço e a sociedade concelhia
– relação entre o concelho enquanto forma de organização social diversificada ligada a um espaço com características e recursos determinados em função do definido na
carta de foral;
– relação entre o concelho e a existência de uma composição social diversificada.
Parâmetro C – Integração dos documentos
A resposta evidencia a mobilização da informação dos documentos 1 a 3 para sustentar as linhas orientadoras do tema, que constam nos parâmetros A e B. Podem ser
exploradas as linhas de leitura apresentadas abaixo (ou outras possíveis).
– o rei afirmou o seu poder e assumiu-se como chefe máximo do Reino: “Eu, Afonso, por graça de Deus, Rei de Portugal e Conde de Bolonha, filho
daquele ilustre Rei D. Afonso e da Rainha D. Urraca: querendo e intentando fazer utilidade ao meu Reino e ao povo da minha vila de Gaia”;
– o rei reservava para a Coroa propriedades exclusivas, designadas reguengos, como era o caso referido: “o meu reguengo de Gaia”, que depois podia
dispor doando a um particular individual ou coletivo, como era o caso do concelho;
– a afirmação do poder régio passava por confirmar a organização das comunidades, regulando a vida das mesmas: “dou e concedo a vós todos,
habitantes […] o bom foro que abaixo se contém […];
– a concessão de terras reguengas a comunidades populares foi um meio de ganhar a aliança dos concelhos assim formados: “em primeiro lugar dou- 1.º Tópico
vos e concedo-vos por limites todo o meu reguengo de Gaia para vossa herança para sempre”; de
orientação
– a carta de foral consagrava os direitos e obrigação dos habitantes, incluindo a posse livre das propriedades doadas: “Também vos concedo que
possais, do reguengo e herdades supraditas, vender, doar e dispor delas conforme a vossa vontade e dá-las a quem quer que queirais”;
– a carta de foral consagrava a intenção de ter na comunidade concelhia uma aliada contra o avanço do poder senhorial ao determinar que o direito de
vender a propriedade era interdito aos privilegiados: “exceto a militar, ou clérigo, ou homem de ordem: […]”;
DOCUMENTO 1
– foi um meio de o rei aumentar os rendimentos régios, através do imposto pago pelo concelho: “Item dou e concedo a vós todos habitantes […] que
me deis por foro anualmente de cada fogo seis dinheiros […].”
– o concelho era constituído pela comunidade de homens-livre: “povo da minha vila de Gaia”, cuja vivência era regulada “o bom foro que abaixo se
contém”;
– o concelho abrangia um território, cujos limites podiam surgir definidos no foral ou estavam já demarcados com base no uso e costume: “em primeiro
lugar dou-vos e concedo-vos por limites todo o meu reguengo de Gaia para vossa herança para sempre”;
– o espaço do concelho era constituído pela vila propriamente dita, o centro e pelos campos e povoados que constituíam o termo: “pela maneira como
está limitado pelos termos de Coimbrões e do Candal e de Almeara e depois, conforme entra no Douro pelo casal que foi Sé portucalense, que é sito
em Gaia e pelo de S. Martinho se o puder haver. […]”;
– o concelho englobava terras agrícolas e outros bens: “vos concedo que possais, do reguengo e herdades supraditas” (Doc. 1), cuja posse
diferenciava e hierarquizava os habitantes;
– a comunidade concelhia excluía a participação dos privilegiados, a quem não podiam ser vendidos bens, nem “a militar, ou clérigo, ou homem de
ordem”;
– o rei podia nomear funcionários (juiz, mordomo ou alcaide, por exemplo) para exercer diversas competências fiscais ou de justiça: “mando que aquele
que acusa pague ao mordomo sessenta soldos”.
– os dados do gráfico evidenciam que os reis assumiram um papel interventivo, sobretudo a partir do século XIII, sendo que o número de forais, no
DOCUMENTO 2
reinado de Afonso III, e seguintes, no período considerado, ultrapassou largamente o numero de forais atribuídos por particulares; 1.º Tópico
– nos primeiros reinados, os reis concederam forais sempre em maior número que os particulares no período considerado, com exceção do período de
entre 1225 e 1249; orientação
– no período entre 1275 e 1324, não estão registadas doações por particulares, o que evidencia o controlo régio.
– o espaço concelhio, nomeadamente no centro ou vila, era rodeado de muralhas, nas quais se abriam portas, por exemplo, a “Porta de El-Rei”, a
DOCUMENTO 3
A classificação final da resposta resulta da soma das pontuações atribuídas em cada um dos parâmetros seguintes:
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Compreensão histórica:
A – Identificação e explicação ..................................................................................................................................................................................... 8 pontos
B – Articulação temática e organização ....................................................................................................................................................................... 6 pontos
C – Integração de documentos .................................................................................................................................................................................... 6 pontos
• Apresenta e explica, de forma completa, 6 ou 5 elementos, distribuídos equilibradamente pelos dois tópicos de
orientação.
4 8
• Utiliza, de modo adequado, a terminologia específica da disciplina, podendo, no entanto, apresentar algumas
imprecisões.
A – Identificação e Explicação
• Apresenta e explica, de forma completa, 4 ou 3 elementos, distribuídos pelos dois tópicos de orientação, podendo
apresentar outros de forma incompleta e/ou com imprecisões ou apresenta e explica, de forma completa, 2 elementos,
distribuídos pelos dois tópicos de orientação e, de forma incompleta e/ou com imprecisões, pelo menos outros 2
3 6
elementos, distribuídos pelos dois tópicos de orientação.
• Utiliza, de modo adequado, a terminologia específica da disciplina, podendo, no entanto, apresentar algumas
imprecisões.
• Apresenta e explica, de forma completa, 3 elementos de um dos tópicos de orientação ou apresenta e explica, de
2 forma completa, apenas 2 elementos distribuídos pelos dois tópicos de orientação. 4
Compreensão histórica
• Utiliza a terminologia específica da disciplina, podendo, no entanto, apresentar algumas imprecisões e omissões.
• Identifica apenas elementos dos dois tópicos de orientação, utilizando a terminologia específica da disciplina com
1 2
imprecisões e omissões.
• Desenvolve o tema proposto, mostrando, de forma pertinente e clara, o modo como a carta de foral foi importante para
a organização e o povoamento e para o reforço do poder régio através da regulamentação de comunidades concelhias,
3 6
B – Articulação temática e Organização
• Desenvolve o tema proposto, mostrando, de forma pertinente, embora nem sempre clara, o modo como a carta de foral
foi importante para a organização e o povoamento e para o reforço do poder régio através da regulamentação de
2 4
comunidades concelhias, detentoras de características específicas de organização social e do espaço.
• Organiza os conteúdos de forma coerente.
• Refere-se ao tema proposto de forma superficial, aludindo de forma vaga e superficial ao modo como a carta de foral
foi importante para a organização e o povoamento e para o reforço do poder régio através da regulamentação de
1 2
comunidades concelhias, detentoras de características específicas de organização social e do espaço.
• Organiza os conteúdos com algumas falhas de coerência.
• Integra, de forma pertinente, informação relevante contida nos três documentos para fundamentar a análise
3 6
apresentada.
C – Integração dos documentos
• Integra, de forma pertinente, informação relevante contida em dois documentos para fundamentar a análise
apresentada.
2 ou 4
• Integra, de forma pertinente, embora com algumas falhas, informação relevante contida nos três documentos para
fundamentar a análise apresentada.
• Integra, de forma pertinente, informação relevante contida em apenas um documento para fundamentar a análise
apresentada.
1 ou 2
• Integra, com falhas e de forma pouco pertinente, informação contida em, pelo menos, dois documentos para
fundamentar a análise apresentada.
NOTA: Qualquer resposta que não atinja o nível de desempenho no parâmetro (A) Identificação e Explicação é classificada com zero pontos nos restantes parâmetros.
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