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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Psicologia

Valquíria Moreira Caetano

TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: contribuições para o desenvolvimento de


crianças com Síndrome de Down

Belo Horizonte
2020
Valquíria Moreira Caetano

TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS: contribuições para o desenvolvimento de


crianças com Síndrome de Down

Projeto de Monografia apresentado ao curso de


Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Psicologia.
Orientador (a): Prof.ª Rebecca de Magalhães
Monteiro

Belo Horizonte
2020
LISTA DE TABELA

TABELA 1 - Comparativo entre crianças típicas e crianças com Síndrome de Down…...........20


TABELA 2 - Testes utilizados para avaliar se o cão está apto para realizar a prática com os
pacientes....................................................................................................................................26
TABELA 3 - Teste Pet Partners Program..................................................................................27
TABELA 4 - Formação Profissional.........................................................................................33
TABELA 5- Formação da equipe..............................................................................................34
TABELA 6 - Captação e preparação dos animais......................................................................35
TABELA 7 - Raça dos animais........................... ......................................................................36
TABELA 8 - Público que mais procura.....................................................................................36
TABELA 9 - Duração da TAA..................................................................................................37
TABELA 10 - Participação da família.......................................................................................38
TABELA 11 - Demanda ...........................................................................................................39
TABELA 12 - Realização dos atendimentos………………………………………….........…39
TABELA 13- Avaliação da equipe sobre a TAA.......................................................................40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

TAA – Terapia Assistida por Animais


SD – Síndrome de Down
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 11


2.1 Síndrome de Down ........................................................................................................... 11
2.2 Desenvolvimento da criança com Síndrome de Down .................................................. 12
2.2.1 Desenvolvimento cognitivo da criança com Síndrome de Down .................................... 13
2.3 Desenvolvimento infantil da criança típica .................................................................... 15
2.3.1 Desenvolvimento cognitivo .............................................................................................. 16
2.4 Fases do desenvolvimento infantil segundo autores da Psicogenética ......................... 16
2.4.1 Fases do desenvolvimento infantil da criança segundo Jean Piaget .............................. 17
2.5 Henri Wallon: a psicogênese da pessoa completa .......................................................... 19
2.5.1. Fases do desenvolvimento infantil da criança segundo Wallon .................................... 20

3. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS (TAA) .............................................................. 22


3.1 Cinoterapia ........................................................................................................................ 24
3.2 Testes de comportamentos para cães .............................................................................. 25
3.3 Efeitos da Cinoterapia em pacientes ............................................................................... 28
3.4 A relação da equipe multidisciplinar .............................................................................. 29

4. METODOLOGIA............................................................................................................... 31
4.1. Análise Geral: .................................................................................................................. 31
4.1.1. Participantes................................................................................................................... 31
4.1.2. Instrumento ..................................................................................................................... 31
4.1.3. Síntese das respostas ...................................................................................................... 31

5. ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 33

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 44


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RESUMO

A Síndrome de Down é uma anomalia genética que causa atrasos intelectuais e no


desenvolvimento de um indivíduo em diferentes graus, tanto físicas e cognitivas. Existem vários
recursos para tratamento dessa patologia, incluindo a cinoterapia que se trata de uma nova
abordagem terapêutica, tendo como diferencial o uso de cães como coterapeuta no tratamento
físico, psíquico e emocional de pessoas com necessidades especiais. A pesquisa foi
desenvolvida com o objetivo de compreender os benefícios que os cães trazem na estimulação
de crianças com síndrome de Down, uma das anomalias genéticas com maior incidência em
todo o mundo. Para tanto, após a revisão bibliográfica acerca do uso da cinoterapia como
recurso terapêutico em pessoas com Síndrome de Down, foram realizadas entrevistas com três
profissionais que atuam com a TAA, no intuito de analisar a prática e a teoria para um melhor
entendimento dessa terapia. A Síndrome de down causa além de alterações nas características
físicas, atrasos cognitivos e motores, sendo necessária uma ampla estimulação. A partir dessa
pesquisa foram colhidos resultados bastante significativos, como o auxílio no desenvolvimento
motor e cognitivo dessas crianças, pois o uso do cão na terapia proporciona estímulos cerebrais
e produz respostas fisiológicas, como benefícios físicos, mentais e sociais. Ainda foi possível
observar que muitos são os projetos desenvolvidos que se utiliza dos animais como recursos
terapêuticos e cada dia mais cresce a busca desse método terapêutico com o público alvo desta
pesquisa.

Palavras-chave: Terapia assistida por animais, Síndrome de Down, desenvolvimento


cognitivo, desenvolvimento psicomotor, cinoterapia.
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ABSTRACT

Down syndrome is a genetic anomaly that causes intellectual and developmental delays in an
individual to varying degrees, both physical and cognitive. There are several resources for the
treatment of this pathology, including kinotherapy, which is a new therapeutic approach, with
the advantage of using dogs as a co-therapist in the physical, psychic and emotional treatment
of people with special needs. The research was developed with the aim of understanding the
benefits that dogs bring to the stimulation of children with Down syndrome, one of the genetic
abnormalities with the highest incidence worldwide. Therefore, after the bibliographic review
about the use of kinotherapy as a therapeutic resource in people with Down Syndrome,
interviews were conducted with three professionals who work with TAA, in order to analyze
the practice and theory for a better understanding of this therapy. Down syndrome causes
changes in physical characteristics, cognitive and motor delays, requiring extensive stimulation.
From this research, quite significant results were obtained, such as aid in the motor and
cognitive development of these children, as the use of the dog in therapy it provides brain
stimuli and produces physiological responses, with physical, mental and social benefits. It was
also possible to observe that there are many developed projects that use animals as therapeutic
resources and the search for this therapeutic method with the target audience of this research
grows every day.

Keywords: Animal-assisted therapy, Down syndrome, cognitive development, psychomotor


development, kinotherapy.
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1. INTRODUÇÃO

Os animais sempre estiveram presentes na vida do homem, participando de atividades


de caça, pastoreio, guarda e até fazendo companhia diariamente. Ao longo da história, a
domesticação de algumas espécies transformou tanto os animais quanto os hábitos e o estilo de
vida das pessoas. Sabe-se que povos de diferentes culturas mantêm vínculos afetivos com essas
espécies. A partir dessa reflexão sobre a presença dos animais na vida do homem, este trabalho
teve como foco a TAA reconhecida cientificamente e que se tornou um Projeto de Lei N° 4.455
de 2012 p. 1 (BRASIL, 2012a), “que se dispõe sobre o uso da TAA nos hospitais públicos,
conveniados e cadastrados no Sistema Único de Saúde. Seu primeiro registro foi no ano de
1792, na Inglaterra, em um centro denominado York Retreat, uma instituição para deficientes
mentais, e foi introduzida por William Tuke, um negociante e filantropo inglês.
Segundo Almeida (2015) estudos têm demonstrado que a interação do homem com
animais de estimação pode ter efeitos positivos na saúde e comportamento humano e que, em
alguns casos, esses efeitos são relativamente duradouros. Para Faraco, (2004) o uso de animais
para o benefício humano é uma entidade complexa iniciada no período neolítico quando se deu
a domesticação de animais como o gato, a cabra, o cavalo, a ovelha, o porco e outros, contudo
essa relação entre o ser humano e animais é mantida até hoje graças a sentimentos muito
peculiares. De acordo com Althausen (2006), uma das características da espécie canina que
favorecem o vínculo com o ser humano é a interação social e uso de mecanismos de
comunicação. Portanto a espécie canina e o ser humano se desenvolvem na interação com
demais componentes de seu meio ambiente social. Assim, o cão adquiriu um importante papel
na sociedade contemporânea, sendo foco de fortes vínculos afetivos.
Variados foram os termos utilizados para nomear as intervenções com uso de animais,
tais como, Levinson (1964 trazido por Teixeira 2015), definiu como pet therapy (Terapia com
animal de Estimação); posteriomente adotou-se o nome de pet psychoterapy (psicoterapia com
animal de Estimação), delimitando a área de atuação do psicólogo. Após surgiram outros termos
como Human/Companion Animal Therapy, Animal Facilitated Therapy (Terapia Facilitada por
Animal) e Zooterapy (zooperapia). As intervenções com a participação de animais atualmente
são denominadas de Animal Assisted Activity (Atividade Assistida por Animais – AAA) e
Animal Assisted Therapy (Terapia Assistida por Animais- TAA) com propósito mais
específicos e direcionados a melhorar o funcionamento físico, social, emocional e cognitivo,
enquanto que a Animal Assited Activity (Atividade Assistida por Animais – AAA) é realizada
por profissionais da saúde, por ter a função motivacional, educacional, lúdica ou terapêutica.
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A Síndrome de Down (SD) é uma alteração cromossômica caracterizada por um


comprometimento intelectual que pode desencadear dificuldades físicas e cognitivas no
portador. De acordo com Serrão (2006), a Síndrome de Down é uma cromossomopatia cujo
quadro clínico é explicado por um desequilíbrio presente na constituição dos cromossomos e,
sua etiologia resulta de um erro na distribuição dos cromossomos. Ao invés de apresentar 46
cromossomos em cada célula (23 da mãe e 23 do pai, que formam 23 pares), o indivíduo
apresenta 47 cromossomos. Desse modo, o elemento extra fica unido ao par número 21, por
isso o nome trissomia do 21. O portador da Síndrome de Down possui um desenvolvimento da
coordenação motora um pouco mais lento e um retardo mental de leve a moderado. Esses
aspectos clínicos, não são um obstáculo para aprendizagem do portador da síndrome, é preciso
entender que eles irão se desenvolver no tempo deles.
Segundo Vivaldini (2011) a terapia assistida por animais (TAA), vem sendo uma das
estratégias utilizadas na reabilitação de crianças, principalmente no âmbito da reabilitação
voltada para crianças com deficiência física e intelectual, justamente porque a forte ligação
afetiva com os animais facilita o alcance dos objetivos previamente programados pelos
terapeutas. Além disso, partindo dessas considerações, a Terapia Assistida por Cães colabora
para a ascensão de uma prática social inovadora, e também como uma possibilidade de inclusão
social frente aos desafios futuros recorrentes à sociedade.
Diante disso, o presente trabalho teve como intuito compreender o uso da cinoterapia
como recurso terapêutico, principalmente com as crianças com Síndrome de Down e verificar
se há contribuições em seu desenvolvimento motor e cognitivo. A cinoterapia é um método que
utiliza o cão como um instrumento motivacional, estimulador e facilitador a reabilitação global
do assistido. O interesse da temática cinoterapia foi despertado por ser um novo método e um
tema pouco explorado, com poucas referências bibliográficas; visando ampliar os
conhecimentos na aplicação e nos efeitos do contato com o cão nos benefícios da criança com
Síndrome de Down (SD).
Para a realização deste estudo, adotou-se a pesquisa exploratória qualitativa e também
a utilização de uma entrevista semiestruturada para melhor compreensão do fenômeno. Para o
estudo proposto, primeiramente foram utilizadas as bases de dados PePSIC (Periódicos
Eletrônicos de Psicologia, Scielo (Scientific Electronic Library Online), Periódicos CAPES, e
obras literárias relacionadas ao tema. Os artigos foram selecionados de acordo com os objetivos
propostos, visando sempre uma visão mais atual que abrangesse ao esclarecimento de cada um
deles. Sendo assim as palavras chave foram selecionadas a partir de cada um dos tópicos do
referencial teórico. Dessa forma para conceituar e buscar estudos relacionados a Síndrome de
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down foram usadas as palavras Síndrome de down. Para identificar a Terapia assistida por
animais buscou-se por Terapia assistida por animais. Por fim, para compreender o
desenvolvimento da criança, pesquisou-se Piaget e desenvolvimento da criança,
desenvolvimento infantil.
A segunda etapa deste estudo contou com a pesquisa de campo por meio da entrevista
semiestruturada. A utilização da entrevista semiestruturada se coloca a partir de
questionamentos, um direcionamento para atingir respostas necessárias para a execução da
pesquisa. Para Manzini (1990/1991), a entrevista semiestruturada está focalizada em um
assunto sobre o qual se confecciona um roteiro com perguntas principais, complementadas por
outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, essa
entrevista se baseia nos principais dados necessários para se estabelecer resultados sobre o tema.
Dessa forma, Manzini (2003) salienta que é possível um planejamento da coleta de
informações por meio da elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os objetivos
intentados. Para tanto, foram entrevistadas 3 profissionais que atuam em TAA e somente uma
delas trabalha com crianças com Síndrome de Down, no intuito de compreender melhor os
efeitos desse tipo de terapia no desenvolvimento dessas crianças. Em termos de organização
este trabalho está dividido em tópicos que se iniciam pela fundamentação teórica base das
análises realizadas após a coleta de dados por meio das entrevistas. Em seguida, é apresentado
a metodologia, as análises e discussão das entrevistas e por fim, as considerações finais deste
trabalho.
11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Síndrome de Down

Segundo Pueschel (1993 apud Paiva; Melo; Frank, 2018), a Síndrome de Down (SD)
também conhecida como trissomia do 21, é uma anomalia genética que causa atrasos intelectual
e no desenvolvimento de um indivíduo. Os primeiros relatos dessa síndrome foram descritos
em 1866 pelo médico inglês, Jonh Langdon Down que é reconhecido pelo seu extenso trabalho
com crianças com deficiência mental. O trabalho do médico descreveu pacientes com um
fenótipo (características observáveis do organismo que resultam da composição genética e
fatores ambientais) clássico: baixa estatura fissura palpebral oblíqua, nariz plano e déficit
intelectual.
De acordo com Serrão (2006), a Síndrome de Down é uma cromossomopatia cujo
quadro clínico é explicado por um desequilíbrio presente na constituição dos cromossomos e,
sua etiologia resulta de um erro na distribuição dos cromossomos. Ao invés de apresentar 46
cromossomos em cada célula (23 da mãe e 23 do pai, que formam 23 pares), o indivíduo
apresenta 47 cromossomos. Desse modo, o elemento extra fica unido ao par número 21, por
isso o nome trissomia do 21.
Além disso, para Freire (2013) a Síndrome de Down compõe o grupo de encefalopatias
(doenças localizadas no cérebro) não progressivas. À medida que o tempo passa não mostra
acentuação da lentidão do desenvolvimento e nem o agente responsável pela causa da síndrome.
No entanto vale destacar que essa síndrome possui tendência para melhoras expressivas e
espontâneas, porque seu sistema nervoso central continua a amadurecer com o tempo.
Ferreira (2008 apud Paiva; Melo; Frank, 2018) aborda que a Síndrome de Down não é
uma doença, mas simplesmente um erro ou acidente biológico, é uma alteração genética que
ocorre no estágio inicial do desenvolvimento do bebê. De acordo com Ministério da Ação Social
(1992), o termo síndrome significa um conjunto de sinais e sintomas.
Segundo Paiva; Melo; Frank, Paes (2018) o diagnóstico pode ser feito também após o
nascimento da criança e inicialmente por parte das características que são muito comuns aos
portadores de Síndrome de Down, como por exemplo, cabeça mais arredondada, olhos puxados,
boca pequena, entre outras. Apesar de não haver cura, pesquisas no mundo todo têm sido
realizadas nesse sentido e a qualidade de vida dessas pessoas tem sido melhorada
significativamente.
De acordo com Paiva; Melo; Frank, Paes (2018), o portador da Síndrome de Down
possui um desenvolvimento da coordenação motora um pouco mais lento e um retardo mental
12

de leve a moderado. Esses aspectos clínicos, não são um obstáculo para aprendizagem do
portador da síndrome, é preciso entender que eles irão se desenvolver no tempo deles.
Vale ressaltar também conforme aponta Monducci (2012 apud França; Teixeira; Souza;
Oliveira; Castilho; Lira, 2018) que a Síndrome de Down não se limita a nenhuma raça, cultura,
religião, dieta, comportamento, classe social, clima ou gênero, tipo de alimentação, à poluição
ou a algo que os pais tenham feito e, sobretudo, pode estar presente a todas as etnias e classes
sociais. Em acréscimo, Sica (2012) pondera que ao considerar todas as regiões do mundo, os
dados epidemiológicos demonstram que em média um em cada 700 nascidos vivos
desenvolvem esta síndrome e, estima-se que no Brasil, a prevalência seja de 300 mil pessoas.
Nos EUA – Estados Unidos à organização Nacional Down Síndrome Oscite (NDSS), informa
que a taxa de nascimentos é de um para cada seiscentos e noventa e um bebês, sendo em torno
de quatrocentas mil pessoas com Síndrome de Down.
No que se refere ao desenvolvimento de uma criança, Meneses (2012) relata que no
período inicial do desenvolvimento cognitivo, o estágio sensório-motor, é a raiz para toda a
construção intelectual. Conhecida como inteligência prática, ela é caracterizada pelo contato
direto da criança com objetos e pessoas a partir do qual são construídos os esquemas de ação e
as categorias da realidade, diferenciando-os e integrando-os entre si e separando-se, enquanto
sujeito. A criança se adapta funcionalmente e regula seus atos de acordo com as relações que
estabelece, utilizando as sensações, as percepções e as ações para isso. Dessa forma a
estimulação precoce deve ser visada por todos aqueles que convivem com a criança com SD,
principalmente a família terem a oportunidade de variedades de interações com ambientes,
objetos, sons, posturas e as brincadeiras que são instrumentos fundamentais para o seu
desenvolvimento.

2.2 Desenvolvimento da criança com Síndrome de Down

De acordo com Vicari (2006) o desenvolvimento motor da criança com SD tem sido
bastante descrito na literatura, exibindo um perfil de atraso na conquista das habilidades
motoras e do controle postural. Schwartzman (1999 trazido por Bonomo 2010) aponta que a
fase do sentar sem apoio ocorre por volta dos 9 meses, variando de 6-16 meses; a bipedestação
que significa o ato de andar com os dois pés, acontece volta dos 15 meses, variando de 8-26
meses e a marcha será por volta dos 19 meses, variando de 13-48 meses. Já para a criança com
desenvolvimento típico, a média de idade para as mesmas habilidades é de 7 meses, variando
de 5-9 meses para o sentar, para caminhar com os dois pés será de 8 meses variando de 7-12
meses com apoio de alguém e 12 meses para andar, variando de 9-17 meses.
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Para Connolly (2000 apud Bonomo 2010) o comportamento motor na primeira infância
é um importante indicativo do desenvolvimento global da criança. O controle motor se
fundamenta nas informações sensoriais múltiplas, na percepção e na ação, requerendo uma
complexa integração entre o sistema musculoesquelético e o sistema neural, incluindo
processos motores, sensoriais e de integração.
Bonomo (2010) relata que a hipotonia e a fraqueza muscular generalizada encontrada
na síndrome costuma interferir nas aquisições motoras da criança e nas interações com o
ambiente, diminuindo a sua exploração e produzindo déficits de sensações e vivências. Elas
influenciam informações sobre a postura e o movimento e se associam à falta de concentração,
às reações posturais inadequadas e à propriocepção deficitária, levando à lentidão e a menor
eficiência motora.
Gusman e Torre (1999 citado por Bonomo 2010) apontam que na motricidade fina há
diminuição da força de preensão e modificações anatômicas, como mãos pequenas e prega
palmar única, que podem dificultar o ato de manipular, influenciando a exploração dos objetos
e a função relacionada aos membros superiores. Spanò et al (1999 apud Bonomo 2010) fizeram
referências a vários estudos que relataram os déficits supracitados, entre eles destreza manual
pobre, hipotonia e frouxidão ligamentar com equilíbrio anormal, déficits na motricidade grossa
e falhas em aspectos específicos da integração viso-motora, como a coordenação olho-mão.
2.2.1 Desenvolvimento cognitivo da criança com Síndrome de Down

Pueschel (2007 trazido por Queiroz 2019) nos relata que a deficiência mental é um
quadro bastante encontrado e variável nesta síndrome, com uma larga extensão das funções
cognitivas para cada criança. Para a criança pequena, investigar o ambiente é fundamental, mas
as atividades que possibilitam tal exploração poderão surgir com um retardo e com um
repertório de comportamentos desorganizados, dificultando o conhecimento consistente do
meio, o que provoca menos envolvimento nas atividades, menor número de respostas frente aos
estímulos ambientais e fraca iniciativa de ações.
Gusman e Torre (1999, p. 180 apud Bonomo 2010) afirmam que sem mover-se, como
engatinhar ou andar ou arrastar-se, ele perde oportunidades de ir buscar um brinquedo que gosta
que seja colorido e, não sendo capaz de ir pegá-lo embaixo de uma cadeira, ele deixa de
aprender sobre cores, profundidade, altura e o espaço que seu corpo ocupa ao entrar embaixo
desta cadeira.
Schwartzman (1999 apud Bonomo 2010) afirma que as crianças com SD começam a
tentar apanhar um círculo por volta dos 6 meses de idade (variando de 4 à 11 meses), acham
14

um objeto escondido por um pano aos 13 meses (variando de 9 à 21 meses), põem três ou mais
objetos dentro de uma xícara aos 19 meses (variando de 12 à 34 meses) e constroem uma torre
com cubos aos 20 meses (variando de 14 à 32 meses).
Flórez e Ruiz (2008) relatam que as alterações do sistema nervoso na SD assumem
papel importante neste atraso cognitivo e na presença de graus variados de deficiência mental,
pois produzem lentidão no processamento, na codificação e na interpretação da informação e
no desenvolvimento e na elaboração das respostas e decisões adequadas. É comum pré-
escolares com a síndrome apresentarem as seguintes características derivadas dos déficits
cognitivos: atraso na conquista das etapas, diferenças qualitativas na sequência das aquisições
cognitivas, resolução de problemas menos organizada, problemas no início da linguagem e
resistência na realização de algumas tarefas.
Mancini (2003) apresentou resultados similares, com um desempenho inferior na função
social dessas crianças, incluindo comunicação expressiva, compreensão, socialização e
resolução de problemas, e concluiu que todas as alterações presentes na SD, de ordem motora
e cognitiva, podem interferir na capacidade destas crianças em desempenhar de forma
independente as várias atividades de vida diária.
Segundo Araújo (2014), a criança com Síndrome de Down como qualquer outra está
apta a aprender ao nascer, seu agravante nesse processo é o atraso do desenvolvimento motor.
Uma estratégia para ampliar essas funções é a brincadeira, pois para Vygotsky (1954 citado por
Zanella 1992), a situação de brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal que são
aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação,
funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário, ou seja, o ponto
além do qual um indivíduo não pode funcionar sozinho, mas sim com ajuda do outro.
Segundo Konkiewitz (2013) o crescimento da criança com SD é lento podendo demorar
a sentar, andar, ir ao banheiro. Também podendo apresentar problemas de linguagem, obesidade
e problemas emocionais. No entanto, vale ressaltar que quase todos esses problemas de saúde
citados acima podem ser tratados e a expectativa de vida das pessoas que possuem a síndrome
de down é de aproximadamente 55 anos.
De acordo com Martinho (2011) para as crianças com Síndrome de Down a
comunicação é tão importante como para qualquer criança. No entanto, o facto de ser uma
criança trissómica, constitui por si só, a causa de uma diversidade de características físicas e
cognitivas que facilitam a probabilidade do aparecimento de problemas relacionados com a
Comunicação, Linguagem e Fala. Embora a evolução e o desenvolvimento global possam
seguir os mesmos passos que uma criança com “desenvolvimento normal”, existem diferenças
15

no modo de aprender e de reter o aprendido.


Martinho (2011) ainda apresenta que a maturação do sistema nervoso e a aquisição dos
conhecimentos necessários para que surja o funcionamento linguístico acontecem mais
lentamente nestas crianças. A lentidão na sua capacidade para perceber, processar e elaborar
respostas face aos estímulos do ambiente que os rodeiam, incluem a necessidade de os respeitar
e dar-lhes o tempo que necessitam, mas também de os estimular a reagir com mais rapidez.
Na perspectiva de Silva; Silveira; Ribeiro; Silva (2017), a comunicação tem um papel
indispensável no desenvolvimento da criança. É pela comunicação verbal ou não verbal que a
criança e o adulto estabelecem a grande parte das suas relações, apreendendo o mundo que os
cerca. No início de seu desenvolvimento as crianças estabelecem uma comunicação não
intencional e involuntária com o meio. Para isso utilizam o choro, o balbucio, o riso e os
movimentos corporais, que surgem como descargas emocionais ou movimentos reflexos e, ao
longo das interações que vão fazendo com as pessoas que lhe são próximas, passam a utilizar
esses recursos com intenção de transmitirem alguma vontade ou desejo ao adulto.
Na opinião de Silva; Silveira; Ribeiro; Silva (2017) e atendendo à importância da
comunicação para o desenvolvimento do homem, compreende-se que as crianças que
apresentam dificuldades nos aspectos comunicativos, consequentemente, terão sérios prejuízos
no seu desenvolvimento. O mesmo autor refere que as crianças com problemas de linguagem e
comunicação podem ter o seu processo de socialização comprometido, uma vez que muito do
que as crianças aprendem na infância é adquirido através da interação com outras crianças e
com os adultos. É através das interações que aprendem os valores da cultura onde estão
inseridos.

2.3 Desenvolvimento infantil da criança típica

O estudo sobre o desenvolvimento infantil é importante para se compreender como o


sujeito se constitui na relação com o outro e o conhecimento a sua volta. Segundo Piaget (1973
citado por Silva; Santos; Jesus, 2010 p. 4), “o desenvolvimento da criança implica numa série
de estruturas construídas progressivamente através de contínua”. O sujeito é um ser ativo que
estabelece relações de troca com o conhecimento, num sistema de relações vivenciadas e
significativas, uma vez que este é resultado de ações do indivíduo sobre o meio físico e social
em que vive adquirindo significações ao ser humano quando o conhecimento é inserido em uma
estrutura. No respectivo trabalho serão abordados como ocorre o desenvolvimento cognitivo e
motor das crianças em desenvolvimento normal.
16

2.3.1 Desenvolvimento cognitivo

Segundo Piaget (1964) o desenvolvimento cognitivo é a capacidade do cérebro


de processar informações e obter informações e conhecimentos sobre o mundo e as coisas. Ele
engloba processos como pensamento, raciocínio, memória, linguagem, atenção, entre outros. Os
bebês não nascem sabendo fazer tudo. Muitos acreditam que os bebês já nascem com a
capacidade de pensar, mas de uma maneira muito diferente da nossa. Por essa razão e com o
tempo, essas habilidades precisam ser desenvolvidas.

2.4 Fases do desenvolvimento infantil segundo autores da Psicogenética

Nesse tópico serão apresentados alguns autores que se dedicaram a escrever e


compartilhar seus conhecimentos sobre desenvolvimento da criança. Eles trazem estudos e
pesquisas realizadas durante muitos anos de suas trajetórias e assim é possível entender como
é o desenvolvimento das crianças típicas.
De acordo com Vygotsky (1954 trazido por Zanella 1992), para entender o processo do
desenvolvimento infantil, Piaget em 1926 desenvolveu um método clínico e crítico em relação
ao pensamento da criança e os ajustamentos das questões formuladas as ações delas, no qual se
possibilita a expressão livre de suas ideias. O que elas pensam e conhecem apesar da pouca
idade.
Segundo Piaget (1966 trazido por Santos 2016), ele começou a se interessar pelo
raciocínio das crianças enquanto trabalhava em uma escola. Ele ficou curioso com o raciocínio
e lógica usada pelos garotos quando erravam as respostas das perguntas que os professores
faziam.
De acordo com Mastella, Aguiar, Marchesan, Neubauer e Linck (2014) Jean Piaget
desenvolveu sua pesquisa do desenvolvimento da criança a partir da observação com seus
próprios filhos, assim criando um campo de investigação que denominou pelo nome de
epistemologia genética, que significa a teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento
natural da criança. As autoras relatam que para Jean Piaget o pensamento infantil passa por
quatro estágios, e eles acontecem desde o nascimento da criança até o início da adolescência,
quando a capacidade do raciocínio é atingida por completa.
Segundo Santos (2015) Piaget fundamentou a sua teoria nos estudos da Biologia,
Filosofia, da Física, da Matemática, da Psicologia e nos estudos da Teoria da Epistemologia
Genética. Realizando pesquisas que tinham por enfoque compreender como o sujeito consegue
progredir de um nível de conhecimento mais rudimentar a outro nível de conhecimento mais
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estruturado, chegando à conclusão de que o desenvolvimento da inteligência está


intrinsecamente relacionado à adaptação do sujeito ao meio: é suscitado devido à interação do
sujeito com os objetos da sua realidade. Portanto, sendo construídas estruturas de inteligências,
as quais recebem a incumbência de possibilizar ao sujeito adaptar-se à sua realidade em um
processo cada vez mais intense.
Piaget (1994 trazido por Mastella, Aguiar, Marchesan, Neubauer e Linck 2014), ainda,
objetivou apreender como ocorre o desenvolvimento dos valores éticos e morais na criança,
partindo do ponto de vista que a educação é particularmente a responsável por dar sentido os
paradigmas da sociedade. Porém, especificamente, que a construção da moral é, sobretudo, um
processo de aprendizagem de valores. Sendo assim (PIAGET, 1994, p. 23 apud Mastella,
Aguiar, Marchesan, Neubauer e Linck (2014), “Toda moral consiste num sistema de regras e a
essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas
regras”. Em consequência das suas pesquisas, chegou à conclusão de que há avanços
significativos referentes ao desenvolvimento moral na criança.
De acordo com Coelho (2010, p. 3-4 citado por Mastella, Aguiar, Marchesan, Neubauer
e Linck (2014) observa-se que a teoria piagetiana faz emergir mudanças acadêmicas e sociais,
não desqualificando o sujeito tão pouco o estigmatizando. Além disso, conforme salienta o
autor, pode ser considerada educacional, porque os seus argumentos defendem que o sujeito se
desenvolve a partir das suas relações, e é ele um dos agentes principais para isso. Então ao
observar diversas crianças durante o crescimento, incluindo seus filhos, Piaget criou as fases do
desenvolvimento da criança que estão descritas a seguir.
2.4.1 Fases do desenvolvimento infantil da criança segundo Jean Piaget
Sensório-motor: de 0 a 2 anos
Ferreira (2009) relata que é nessa fase que a criança se desenvolve no nível neonatal,
responde a reflexos, pois não possuem o conhecimento do mundo exterior. O bebê tem sensações
e descobre o mundo através do deslocamento de seu corpo. Há uma interdependência em
perceber o mundo e atuar nesse mundo. Nesse período, os bebês desenvolvem a capacidade de
reconhecer a existência de um mundo externo a eles, tendo autonomia para explorá-lo e construir
sua percepção de mundo. Passam a agir não mais apenas por reflexo, mas direcionam seus
comportamentos tendo objetivos a alcançar.
Segundo Piaget (1977 apud COLE; COLE 2003) “poder-se-ia dizer que a lei básica da
atividade psicológica desde o nascimento é a busca pela manutenção ou repetição de estados de
consciência interessantes” o que consistiria, então, numa primeira evidência de
desenvolvimento cognitivo.
18

Pré-operatório: de 2 a 7 anos
Segundo Piaget (1964 trazido por TERRA, 2006), esse estágio se inicia com a
capacidade do pensamento representativo, ou seja, a criança começa a gerar representações da
realidade no próprio pensamento, o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica. É isso
que possibilita a aprendizagem da fala (que começa bem mais cedo, mas se desenvolve mais
rapidamente aqui) e as brincadeiras de “faz de conta”.
De acordo com Meneses (2012) o que marca a passagem do período sensório-motor
para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica, ou seja, é a emergência
da linguagem. Na linha piagetiana, a linguagem é considerada como uma condição necessária,
já que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. Em
função disso, o desenvolvimento do pensamento ganha celeridade sendo por isso que esta é a
conhecida fase dos famosos “porquês”.
Operatório concreto: de 7 à 11 anos
De acordo com Terra (2006) nessa fase do desenvolvimento, o processo de pensar da
criança alcança a capacidade de operar mentalmente visto que não possuía em função de operar
por representações. Dando continuidade a autora traz que embora a criança consiga operar
mentalmente, essas operações possuem um caráter concreto, ou seja, precisam realizar parte da
tarefa empiricamente, ou com a presença e apoio de suportes de objetos e materiais concretos.
Para a autora, o que marca esta fase do desenvolvimento, seria a organização de esquemas
visando à aquisição dos elementos conceituais, sendo, portanto, sua relação com o mundo muito
mais mediada pelos elementos racionais e muito menos pela assimilação egocêntrica. Nessa
fase do desenvolvimento, se observa na criança uma interação mais genuína e mais efetiva, isso,
tanto com relação aos outros colegas, como com referência aos adultos de sua convivência.
Operatório formal: a partir de 12 anos
Segundo Cavicchia (2010), por volta dos sete anos a atividade cognitiva da criança
torna-se operatória, com a aquisição da reversibilidade lógica. A reversibilidade aparece como
uma propriedade das ações da criança, suscetíveis de se exercerem em pensamento ou
interiormente. O domínio da reversibilidade no plano da representação — a capacidade de se
representar uma ação e a ação inversa ou recíproca que a anula — ajuda na construção de novos
invariantes cognitivos, desta vez de natureza representativa: conservação de comprimento, de
distâncias, de quantidades discretas e contínuas, de quantidades físicas (peso, substância,
volume etc). O equilíbrio das trocas cognitivas entre a criança e a realidade, característico das
estruturas operatórias, é muito mais rico e variado, mais estável, mais sólido e mais aberto
quanto ao seu alcance do que o equilíbrio próprio às estruturas da inteligência sensório-motora.
19

2.5 Henri Wallon: a psicogênese da pessoa completa

Segundo Zacharias (2008) a psicologia genética estuda os processos psíquicos em sua


origem, ela analisa os primeiros processos e mais simples, pelos quais cronologicamente passa
o sujeito. Sendo assim, outro autor importante e que será citado aqui é Henri Wallon. De acordo
com Pinto (1990) a gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou
seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da
cultura para se atualizar".
Para tanto, Wallon propôs a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado
do desenvolvimento. Ele considerava que não era possível selecionar um único aspecto do ser
humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade
infantil (afetivo, motor e cognitivo). Segundo Pinto (1990) Wallon recorreu a outros campos de
conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia,
psicopatologia, antropologia, psicologia animal). Para ele a atividade do homem é inconcebível
sem o meio social; porém as sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuam
aptidões como a da linguagem que pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja
vista que certas perturbações de sua integridade, privam o indivíduo da palavra. Vemos então
que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem.
Pinto (1990) relata que pedagogicamente a reflexão a partir de tais concepções exige
uma prática que atenda às necessidades das crianças nos planos afetivo, cognitivo e motor, além
de promover o seu desenvolvimento em todos os níveis. O maior objetivo da educação no
contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimento da pessoa e não em seu
desenvolvimento intelectual. A inteligência é uma parte do todo em que a pessoa se constitui.
De acordo com Zacharias (2008) o método adotado por Wallon é o da observação pura.
Essa metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só podemos entender as
atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida”. Galvão (1995)
relata ainda que Wallon realizou um estudo que é centrado na criança contextualizada, onde o
ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas,
retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores. Nesse
sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação,
mas por reformulação, instalando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que
afetam a conduta da criança.
Galvão (1995) apresenta os cinco estágios que Wallon se dedicou a pesquisar do
desenvolvimento do ser humano, que ocorrem em fases com predominância afetiva e cognitiva.
20

2.5.1. Fases do desenvolvimento infantil da criança segundo Wallon


Impulsivo-emocional: a predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às
pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico.
Sensório-motor e projetivo: a aquisição da marcha e da preensão, dão à criança maior
autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio,
ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao
fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se"
em atos motores. Segundo Pinto (1990), para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do
ato motor
1. Personalismo: nesse estágio se desenvolve a construção da consciência de si mediante as
interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
2. Categorial: os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o
conhecimento e conquista do mundo exterior;
3. Predominância funcional: ocorre nova definição dos contornos da personalidade,
desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões
pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona. Na sucessão de estágios há uma alternância
entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de "alternância funcional",
onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas
realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de
integração e diferenciação.
Vale ressaltar ainda que de acordo com Pinto (1990) Wallon enfatiza o papel da emoção
no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que
cuidam dela desde o nascimento, são feitos de emoções e não apenas cognições.

TABELA 1 – Quadro comparativo entre crianças típicas e crianças com Síndrome de


Down.

CRIANÇA TIPICA SINDROME DE DOWN


De pé, Medo de cair; caminha com pés
caminhando e Não bamboleia; corre bem; sobe e
separados; pernas
desce escadas
correndo. ligeiramente flexionadas
Equilíbrio e Menor número de pontos de
Fica sobre uma perna; salta para frente apoio; centro de gravidade
salto
elevado
Preensão Agarra a bola pequena; come e Punho flexionado; sensibilidade
manual desenha sozinho dos dedos diminuída
21

Focaliza exata e rapidamente; Dificuldade de fixação; falta de


PERCEPÇÃO desenvolve conceitos de Totalidade; concentração; visão de cores
diz o nome de todas as cores; visão tardia; a cabeça
VISUAL
totalmente desenvolvida; reconhece os normalmente Acompanhará
símbolos numéricos os Movimentos oculares
Percepção Pode ser persuadido; obedece às
Não escuta os sons se não se
instruções orais prontamente; executa
auditiva houver concentração para ouvir
três ordens curtas dadas conjuntamente
Pode ocorrer perda total ou parcial
dos sentidos táteis; não dizer “não
Reconhece as coisas pelo tato sem vê- toque”; sentidos de dor menos
Percepção tátil los; diz onde dói; prepara seu próprio desenvolvidos; orientação para
banho; regula a temperatura aprender avaliar diferentes
temperaturas

Percepção de Palavras: para frente, para trás; começa


Deve ser encorajado a engatinhar
a usar palavras direcionais
direção no chão; consciência de direção

Palavras: ao redor da mesa, ao redor de


Percepção de si próprio. Percepção mais lenta; (trabalhar
Palavras: atrás, diante comparações entre objetos e suas
espaço
Palavras: no meio características)

Deve ser estimulada a fazer o


Constrói torres de 9 blocos (cubos de
mesmo que uma criança normal;
2,5cm); veste-se parcialmente; sabe
encorajar a agarrar objetos com
Coordenação usar botões grandes; desenha “um
uma e ambas as mãos; estender
olho/ mão homem”; lava as próprias mãos e o
objetos a partir de todos os lados;
rosto; veste-se sozinha; colore bem as
usar objetos pequenos para
figuras; amarra o cordão dos sapatos
estimular a preensão digital.
Dificuldade na pronúncia de
palavras; frases soltas;
Monólogos longos; frases longas; faz
Fala dificuldades variadas no
perguntas constantes; fala quase
desenvolvimento da linguagem
correta e claramente
atribuída às características físicas
ou ambientais
Tenta desenhar “um homem”; diz Apresenta atraso enorme a ponto
Consciência nome de muitas partes do corpo; de não receber o estímulo de que o
desenha “um homem”; distingui o normal desfruta ao ser cuidado;
corporal
pesado/leve; consciência da tensão e da método para desenvolvimento;
relaxação muscular adquiri coordenação de sentidos
Dominância
manual direita- Conhece seu próprio lado esquerdo e Aprende mais tarde, e alguns não
direito desenvolvem nítida dominância
esquerda

Quadro comparativo entre crianças típicas consideradas normais e de crianças com síndrome de down (idade de 4
a 10 anos), segundo autor Holle (1979 apud LARA; RODRIGUES, 2008).
22

3. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS (TAA)

Segundo Dotti (2014 trazido por Rovaris; Leonel, 2018), a terapia assistida por animais
(TAA) teve seu primeiro registro no ano de 1792, na Inglaterra, em um centro denominado
York Retreat, uma instituição para deficientes mentais, e foi introduzida por William Tuke, um
negociante e filantropo inglês. Seu nome é ligado ao tratamento humanizado dos doentes
mentais, onde os pacientes cuidavam de animais. Em 1830, em um hospital inglês denominado
Betheem, alguns programas de caridade começaram a perceber que os animais proporcionavam
uma atmosfera mais leve para os pacientes com doenças mentais. O autor ainda relata que foi
no ano de 1867 que os animais foram utilizados em uma clínica de pacientes epiléticos em
Bethel, na Alemanha, onde eles auxiliavam no tratamento desses pacientes. Ainda para o autor,
em 1944 a 1945, a Força Aérea Americana utilizou cães, cavalos e animais de fazenda nos
programas terapêuticos para a reabilitação de soldados.
Segundo Althausen (2006), foi Nise da Silveira, psiquiatra brasileira, a percursora da
prática no Brasil. Em 1955, Nise encontrou próximo ao Hospital Psiquiátrico de Engenho de
Dentro uma cadela doente, a quem deu o nome Caralâmpia. Alfredo, um dos clientes de Nise,
dedicou-se a cuidar do animal, que apresentou melhora, assim como o próprio paciente, que se
tornou mais receptivo ao tratamento. A partir desse acontecimento, Nise passou a adotar os
animais abandonados que apareciam no hospital e a designar aos seus pacientes a cuidarem dos
animais, mesmo contrariando a opinião de muitos funcionários do centro psiquiátrico. Essa
experiência fez com que Nise desenvolvesse pesquisas e tratamentos diante da relação dos
internos com os animais, nesse caso seria os cães, que ela definia como um ponto de referência
estável no mundo externo, pois os cães são os únicos que não pedem nada em troca de carinho.
Dando continuidade a história, Teixeira (2015) relata que o psiquiatra Boris Levinson
foi pioneiro na prática da TAA nos Estados Unidos. Percebeu os benefícios do uso de animais
com crianças, e no ano de 1962, escreveu seu primeiro artigo, intitulado “O cão como
coterapêuta”, no qual nos traz o relato da experiência que teve com seu paciente e um cão, nas
seguintes palavras:
Para minha surpresa, a criança não demonstrou medo, ao contrário, envolveu o cão e
começou a acariciá-lo. Os pais queriam separá-los, mas assinalei que deixassem a
criança. Após um tempo a criança perguntou se o cão sempre brincava com as crianças
que vinham ao meu consultório. Tranquilizada diante da minha resposta afirmativa a
criança manifestou o desejo de voltar e brincar com o cão. Alguém poderá adivinhar
o que teria acontecido com a reação da criança se o cão não estivesse presente naquela
manhã? (Teixeira 2015 apud Levinson, 1962, pág. 348)
23

De acordo com Costa (2011 apud Mendonça; Silva; Feitosa; Peixoto 2014), a utilização
de animais como uma alternativa de terapia aconteceu no início do século XIX, quando médicos
clínicos gerais perceberam, entre os pacientes com algum tipo de deficiência mental, alguns
benefícios na socialização após o contato com os animais. Em virtude disso, esta terapia
começou a ser mais utilizada e passou a ter mais destaque, sendo a técnica, hoje, identificada
como Terapia Assistida por Animais. Ainda para o autor, a TAA pode abranger diversos
campos, podendo ser utilizada em áreas relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e
sensorial, tratamento de distúrbios físicos, transtornos mentais e emocionais.
Althausen (2006) considera que por ser uma prática que relaciona seres humanos e
animais, foi necessária a regulamentação dela; dessa forma, um marco importante para sua
concretização como método científico foi a determinação da nomenclatura correta. Ainda
segundo o autor, atualmente, as nomenclaturas corretas a serem utilizadas são Animal Assisted
Therapy, traduzida no Brasil por Terapia Mediada por Animais ou Terapia Assistida por
Animais, sendo a segunda opção mais utilizada, e Animal Assisted Activity, termo traduzido
para Atividade Mediada por animais, ou Atividade Assistida por Animais. Foi necessária essa
diferenciação e regulamentação pelas confusões com outros termos utilizados, como
Zooterapia, ou pet terapia. Assim, demonstrou-se credibilidade e profissionalismo à realização
das atividades da prática.
Segundo Volpi e Zadrozny (2012), a TAA é especificamente utilizada por profissionais
da saúde, e o animal utilizado será selecionado, treinado e terá rígido controle de saúde. O
profissional que dirige a prática possui um planejamento, um estudo de cada caso, e uma rotina
específica. Nesse sentido, Dotti (2014 apud Rovaris; Leonel, 2018) contribui afirmando que a
TAA envolve serviços de várias áreas, inclusive a médica. Na prática os animais têm o
acompanhamento do proprietário ou condutor, e os mesmos têm objetivos e critérios claros
quanto ao desenvolvimento do trabalho.
Além disso, ainda para Dotti (2014 trazido por Rovaris; Leonel, 2018), a prática da TAA
tem como objetivo a promoção de saúde física, social e emocional e consiste em um processo
com metodologia, documentos, planejamento, e avaliações, e todos os avanços são verificados
para atingir a meta do programa; possui controle, prontuários e relatórios e pode ser
desenvolvida tanto individualmente como em grupos. Para Vivaldini (2011), a terapia assistida
por animais (TAA), vem sendo uma das estratégias utilizadas na reabilitação de crianças,
principalmente no âmbito da reabilitação voltada para crianças com deficiência física e
intelectual, justamente porque a forte ligação afetiva com os animais facilita o alcance dos
objetivos previamente programados pelos terapeutas.
24

Dando continuidade Vivaldini (2011) relata que o trabalho exige uma equipe
multidisciplinar, composta por médicos veterinários, psicólogos, médicos, enfermeiros,
assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, capacitados para escolher o método adequado,
acompanhar as atividades e o bem-estar dos animais e dos pacientes. No Brasil, apesar dos
poucos estudos realizados sobre o tema, a utilização de animais na terapia e o interesse da
prática por profissionais de saúde têm aumentado, no entanto, a falta de regulamentação da
prática limita a sua aplicação em alguns ambientes, como clínicas e hospitais. Sobre este
assunto, o Projeto de Lei N° 4.455 de 2012 p. 1 (Brasil, 2012a), “dispõe sobre o uso da TAA
nos hospitais públicos, conveniados e cadastrados no Sistema Único de Saúde”. Fulber (2011
trazido por Carvalho 2014) aponta que o cão é o mais utilizado por causa da afeição natural
pelas pessoas, facilidade de adestramento e por possuir mais reações positivas ao toque.
De acordo com Lima e Souza (2018) o Brasil está em crescimento e a frente desse tipo
de intervenção, conforme estudo realizado por alguns autores. Somente no estado de São Paulo
foram constatados 29 projetos que utilizam a TAA como terapia complementar, utilizando
diversos tipos de animais. Um desses projetos chamado “PetSmile” atua em São Paulo desde
1997 levando animais para visitas em escolas e hospitais. Diante desse contexto, o trabalho
sobre terapia assistida por animais, explicará a prática realizada por cães e animais de raças
pequenas a seguir.

3.1 Cinoterapia

A prática abordada no respectivo trabalho será a Cinoterapia. Esse método utiliza cães
ou outros animais como coterapêuta em sessões de terapia de diversos pacientes. Ela Significa
uma nova abordagem terapêutica onde seu termo é formado pela união do prefixo “cino” (cão)
à radical terapia (tratamento). Fulber (2011 trazido por Carvalho 2014), explica que a
Cinoterapia é uma Terapia Facilitada por Cães, onde o mesmo age como coterapêuta
acompanhado por profissionais de diversas áreas, com finalidade educacional ou terapêutica. É
utilizado um animal treinado individualmente para ajudar na realização de estímulos que
aumentam a autonomia e a funcionalidade da pessoa com necessidades especiais. Auxilia na
melhora dos aspectos emocionais, sociais, físicos e cognitivos, além de proporcionar motivação
para vida e bem-estar do indivíduo. Segundo Albuquerque (2016):
a presença dos cães é universal; estão presentes nas mais diversas culturas e
ocupam uma posição especial na vida humana, as pessoas inclusive se referem a seus
cães como membros da família. Além disso, acredita-se que o cão esteja
especialmente preparado para perceber e interpretar sinais comunicativos do ser
humano e para se comunicar com ele usando seu repertório natural de
comportamentos. Já é sabido que os cães domésticos apresentam uma série de
25

habilidades cognitivas para o processamento de informações humanas, como usar a


face das pessoas para acessar seu estado de atenção e para resolução de problemas, e
fazer uso de forma eficiente de pistas humanas de vários tipos. Além disso, todo tutor
pode afirmar que os cães conseguem perceber seus diferentes estados emocionais,
respondendo de forma distinta a eles. (ALBUQUERQUE, 2016, p. 1-2).

Para Ferreira (2012 apud Pereira 2017), a terapia assistida por cães traz benefícios para
pessoas de qualquer idade, mas, ainda assim, é indicada especialmente para crianças, pela
facilidade da inter-relação e da comunicação mútua que permite o desenvolvimento da
autoestima. O tamanho do cão de terapia é variável, desde que sejam dóceis, pacientes, e
possuam reações ao contato com os praticantes, bem como a vacinação e a vermifugação devem
sempre estar em dia, assim como a limpeza geral do animal.
De acordo com Rocha (2016) a avaliação e a seleção dos animais participantes são
essenciais para a segurança de todos os seres envolvidos na prática, assim como um indicador
de sucesso e aproveitamento nas interações. A simples possibilidade de avaliar o temperamento
de um animal, porém, ainda era bastante questionada em meios científicos, apesar de já ser
aplicada de maneira menos objetiva por leigos. Dando continuidade a autora traz que a ideia de
que existiria temperamento ou personalidade em animais eram vistos como cientificamente
irresponsável, seria nada mais do que a projeção antropomórfica de seres humanos sobre os
animais. Pesquisas indicam que existem, sim, diferenças individuais no temperamento de
animais, e estas podem ser medidas com tanta confiança quanto se medem traços de
personalidade em seres humanos. Com especial enfoque para cães de serviço e trabalho,
diversos estudos.
De acordo com Rocha (2016) o teste de temperamento tem como objetivo o
comportamento futuro e auxiliar na seleção do indivíduo mais adequado para as circunstâncias
ou para combinar com o tutor ou condutor, todos fatores principais na seleção e aprovação de
cães terapeutas. A seguir são descritos os tipos de metodologias existentes para testes de
temperamento de cães.

3.2 Testes de comportamentos para cães

De acordo com Lucena de Sousa (2016) as atividades terapêuticas desenvolvidas com


o auxílio dos cães estão presentes em diversos ambientes, como os hospitais, centros de
atendimentos psicossociais, pousadas geriátricas e tantos outros. Diante dessa amplitude de
atendimentos, o trabalho com os cães requer segurança tanto para os animais quanto para as
pessoas que estão fazendo parte do programa de TAA. Por isso, torna-se imprescindível a
realização de testes para avaliar o comportamento e o temperamento dos animais. Nos
26

Estados Unidos existem instituições conceituadas que desenvolvem testes apropriados para
conhecer o cão quanto ao seu temperamento e verificar se aquele animal estaria apto para
exercer o papel de coterapeuta numa sessão de Cinoterapia.

TABELA 2 - Testes utilizados para avaliar se o cão está apto para realizar a prática com
os pacientes:

TESTE CGC (canine good citizen test)


Lidar com outros cães,
Interagir com pessoas
Andar e esperar distrações e separação como
estranhas
um profissional
Nesse teste o cão•tem que O cão deve estar sempre • O ponto chave nesse item é
atento ao seu tutor que o cão consiga reagir de
aceitar que pessoas
independente do que ocorre forma adequada para
estranhas falem com ele e
a sua volta, andando qualquer situação incomum
toquem nele, precisa
calmamente com a guia ou que ocorra naquele ambiente.
sentar-se educadamente
sem a guia, obedecendo seu Ele não precisa e não vai ser
para ser acariciado nos
tutor quando lhe for indiferente a tudo, mas é
pelos e ter paciência para a
mandando que fique em fundamental que saiba reagir
duração desse afago, se
determinado lugar ou que vá apropriadamente na presença
comportando ao longo dos
ao encontro do tutor quando de outro cão, com distrações
toques realizados em sua
ele chamar pelo cão. (sons e objetos) e na
pelagem.
separação supervisionada
(fora da vista do tutor).

TABELA 2 - Testes utilizados para avaliar se o cão está apto para realizar a prática com os pacientes

Além das informações acima, vale considerar também que o teste é aplicado para
qualquer tipo de cão e para qualquer finalidade, o animal requer ter pelo menos seis meses de
idade para iniciar o treinamento. Outro teste bastante utilizado é o TDI (therapy dogs
international) que avalia o cão no ambiente próprio para a sessão de A/TAA, ou seja, o cão é
provisoriamente um coterapeuta, sendo avaliado em 13 situações-diferentes, quais sejam, (1)
entrada no local de trabalho (área externa); (2) entrada no local de trabalho fora do campo de
visão do condutor; (3) aproximação de várias pessoas; (4) comandos “senta” e “fica” em grupo;
(5) comandos “deita” e “fica” em grupo; (6) ir até a pessoa quando chamado; (7) vontade de
encontro com o paciente e abertura para carinho; (8) situações incomuns (muleta, barulho,
gritos, etc.); (9) comando “deixa” (petisco oferecido por paciente); (10) comando “deixa”
(petisco no chão); (11) encontro com outro cão; (12) entrar pela porta do local da sessão (área
interna); (13) lidar com crianças (sem contato direto).
27

Por último outro teste utilizado é o “Pet Partners Program” que seria a junção do CGC
e o TDI, pois avalia as habilidades do cão que está fortemente integrado no CGC e também
avalia o cão no ambiente que irá ser realizada as sessões de A/TAA, denominado de teste de
atitude. São 21 situações diferentes para essa avaliação.
TABELA 3 – Teste Pet Partners Program, que avalia as habilidades do cão e o ambiente
que são realizadas as práticas

Pet Partners Program

Teste de habilidades Teste de atitudes


12. Exame geral para testar sensibilidade
1. Aceitar uma pessoa estranha amigavelmente.
ao toque.
2. Sentar educadamente para carinho. 13. Carinhos exagerados e desajeitados.
3.Ter aparência limpa e se comportar durante os
14. Abraço restritivo.
cuidados com pelagem.
15. Pessoa cambaleando e gesticulando
4. Andar com guia solta.
exageradamente.
5. Andar em uma multidão. 16. Pessoa brava gritando.
17. Pessoa que colide com o animal por
6. Reação a distrações.
trás.
18. Cercado por pessoas e recebendo
7. Sentar após pedido. carinho de diversas pessoas ao mesmo
tempo.
19. Comando “deixa” (ignorar um
8. Deitar após pedido.
brinquedo deixado próximo ao cão).
20. Pegar o petisco da mão de uma pessoa
9. Ficar.
com cuidado.
21. Reação geral: normalmente as
10. Ir até a pessoa quando chamado. reações do cão foram positivas e
aceitáveis?
11. Reação a um cão neutro.

Conforme avaliação final desse teste, o cão e seu tutor recebem uma das avaliações a
seguir: (1) não adequado para terapia assistida: por apresentar problemas de agressividade,
medo ou timidez excessivos do cão. Nesse caso, o recomendado é que o tutor não reavalie seu
cão futuramente, pois a razão da sua reprovação já o torna inapropriado para este serviço. (2)
não está pronto, precisa de mais treino e cuidados antes de ser testado novamente: no
momento a dupla não pode ser aprovada, mas tem potencial para o serviço e podem ser
reavaliados novamente. (3) está pronto, mas apenas para alguns tipos de interações em que
as atividades e circunstâncias são consistentes e previsíveis, e com supervisão: o cão e seu
28

tutor podem ter se saído bem na presença de idosos, por exemplo, mas não obtiveram bons
resultados ao interagir com crianças ou adultos em hospital e associações em estado mais
delicado. Nesse item, a dupla após realizar mais treinos pode passar novamente pelo teste para
tentar aprovação no nível seguinte. (4) está pronto para trabalhar em atividades com alta
complexidade e potencialmente imprevisíveis e sem maior equipe de supervisão: o cão e o
tutor são aptos a participarem de sessões em hospitais com pacientes em estado clínico grave.

3.3 Efeitos da Cinoterapia em pacientes


Segundo Carvalho (2014 apud Seixas 2016), quando as pessoas possuem um contato
com o cachorro, é liberado hormônios como a serotonina, endorfina e ocitocina. Acredita-se
então que o contato com o cão está intimamente ligado com a estimulação da glândula hipófise,
que libera endorfina e ocitocina, e estimulação dos núcleos da rafe, liberando serotonina. A
autora ainda relata que a endorfina é uma substância natural produzida pela glândula hipófise.
Sua denominação se origina das palavras endo (interno) e morfina (analgésico). Ajuda no
combate do estresse, pois tem ação analgésica e relaxante, quando ela é liberada estimula a
sensação de bem-estar, conforto, melhor estado de humor e alegria. Já a ocitocina age como um
neurotransmissor ou neuromodulador para ansiedade, libido, interação social e regulação das
respostas neuroendócrinas e cardiovasculares. A ocitocina passou a ser considerado o
“hormônio do amor”, pois está relacionada ao prazer, segurança, desejo sexual e bem-estar da
mente e do corpo, desenvolvendo apego e empatia entre pessoas.
Segundo Pucci (2016 trazido por Silva; Silveira; Ribeiro; Silva 2017) estudos científicos
comprovam seus benefícios para o tratamento de crianças autistas e pacientes esquizofrênicos
com dificuldades de interação social. Além disso, determina efeitos sistêmicos como
relaxamento da musculatura lisa vascular, promovendo vasodilatação; ocorre, então, redução
da pressão arterial sistólica e principalmente da pressão arterial diastólica. Dando continuidade
os autores citam que serotonina é um neurotransmissor que atua no cérebro regulando o humor,
emoção, cognição, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade a dor,
movimentos e as funções intelectuais, estando ligada aos transtornos afetivos e de humor.
De acordo com Althausen (2006) e Silva; Silveira; Ribeiro; Silva (2017), a liberação de
endorfina e serotonina no corpo humano, funcionam como analgésico e relaxante natural,
reforçando as defesas do organismo e proporcionando sensação de prazer, ajudando também a
diminuir a pressão sanguínea e o estresse, além de estimular a realização de atividade física.
Desenvolve suas habilidades sócio emocionais, incentivam a comunicação, responsabilidade,
29

facilita a convivência com outras pessoas e a encarar a vida com otimismo. Carvalho (2014)
explica que a liberação no organismo de endorfina e serotonina, que são hormônios do prazer,
diminuem a sensação de dor e mau humor, aliviando sintomas de estresse e depressão,
proporcionando motivação. Além disso, a liberação do hormônio cortisol é inibida, podendo
ocorrer assim redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, bem como estimulação da
memória e do raciocínio.
Segundo Fulber (2011 apud Carvalho 2014), os portadores da Síndrome de Down
podem apresentar alguns problemas de saúde, tais como, deficiência imunológica, problemas
cardíacos, na glândula tireóidea e obesidade, sendo que a cinoterapia também auxilia no
tratamento dessas complicações. O contato físico com o animal acarreta um decréscimo da
tensão arterial, do batimento cardíaco, do ritmo respiratório e no aumento da temperatura das
extremidades do corpo. Além disso, indivíduo que tem contato diário com cães tem menores
níveis de triglicérides e colesterol, assim como fazem menos visitas aos médicos e consomem
menos medicamentos. Ainda segundo o autor, nos traz que a interação entre o homem e o cão
implica positivamente nos níveis de lipídeos no sangue, na glicose, bem como a influência
positiva na produção de substâncias no corpo, que estimula o sistema imunológico e ajudam no
alívio da dor.

3.4 A relação da equipe multidisciplinar

Segundo Roma (2016) o foco de qualquer terapia, seja ela conduzida por psicólogos,
terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas ou outro profissional da saúde, é trabalhar em favor do
paciente em todas as etapas que envolvem o planejamento e a execução das sessões. Ao atuar
sozinho, aspectos como a escolha da sala, o intervalo entre as sessões, a escolha do material a
serem utilizados, a definição dos objetivos e os caminhos a seguir no decorrer das sessões são
pensados por cada profissional, de acordo com seu conhecimento teórico e com as experiências
adquiridas ao longo da prática profissional. Introduzir cão e condutor implica compartilhar
essas decisões, que longe de serem simples detalhes são aspectos cruciais que alteram e
possuem efeitos sobre a dinâmica do tratamento, podendo, inclusive, definir o sucesso ou o
fracasso da terapia.
Dando continuidade, a autora traz que ao adotar a Terapia assistida por animais é
importante refletir e criar estratégias para o manejo correto do setting terapêutico, criando
condições favoráveis para o estabelecimento produtivo do vínculo entre todos os envolvidos
nesse contexto. Se por um lado o foco da terapia é o paciente, pode-se dizer que, com suporte
30

do cão, terapeuta e condutor, compõem a díade responsável pela condução do tratamento. Cada
um desses componentes possui funções definidas e complementares que devem dialogar de
forma constante e harmônica substituindo ações fragmentadas por uma intervenção que
privilegie a prática horizontal e integrada na qual seja possível repensar papéis e conceitos
instituídos.
A autora conclui que há várias pesquisas que aponta que a Terapia assistida por animais
pode ser uma modalidade terapêutica efetiva que favorece o desenvolvimento de habilidades
físicas, psicológicas, cognitivas e sociais, porém é importante ressaltar que o cuidado com os
envolvidos no processo terapêutico, é que irá predizer o sucesso ou o fracasso da terapia.
31

4. METODOLOGIA
4.1. Análise Geral:
4.1.1. Participantes

A coleta de dados dessa entrevista foi realizada com 3 (três) profissionais da área de
TAA, todas do sexo feminino, sendo de diferentes regiões brasileiras como Santa Catarina,
Paraíba e São Paulo, com a faixa etária entre 21 a 58 anos. É composto por: Sujeito 1 com 58
anos; Sujeito 2 com 21 anos; Sujeito 3 com 33 anos. O roteiro de entrevista utilizado está
descrito a seguir.
4.1.2. Instrumento
Roteiro de entrevista
1. Como é a formação profissional em TAA?
2. Como é formada a equipe da instituição?
3. Como é a captação e preparação dos animais para fazerem parte da instituição?
4. Existe uma raça (animais) específica que pode fazer parte da prática da instituição?
5. Qual o público que mais procura por TAA?
6. Quanto tempo, em média, dura a TAA com os pacientes? Como é realizado esse
levantamento?
7. Como é o processo da TAA com a família do paciente/criança?
8. Em relação ao público da Síndrome de Down, há uma grande procura/demanda de
atendimentos? Como esses atendimentos são realizados? (Descreva desde o primeiro dia de
atendimento desses pacientes até a finalização do tratamento)
9. Quais são os benefícios da cinoterapia que a equipe consegue identificar durante e após o
tratamento?
4.1.3. Síntese das respostas
No que diz respeito à formação da terapia assistida por animais, os sujeitos realizaram
cursos na área, pois não há formação acadêmica para exercer a prática e sim cursos de
treinamentos e projetos de extensão sobre a TAA. Ao se perguntar sobre como é constituída a
equipe das instituições que os sujeitos trabalham, não houve uma só resposta, o sujeito 1
informou que era bióloga e professora universitária da área, o sujeito 2 relata que é estudante
de terapia ocupacional e faz parte de um projeto de extensão da faculdade aonde estuda junto
com outros estudantes da mesma área, já o sujeito 3 é psicólogo e trabalha em uma instituição
de TAA há mais ou menos 11 anos que faz parcerias com outras instituições como hospitais,
escolas, abrigos e casas de acolhimento e proteção de indivíduos afastados do núcleo familiar.
32

Foi perguntado o tempo em média que se dura a TAA com pacientes, todas responderam
que a duração de uma sessão dura em média 50 minutos e o tempo que se estabelece com cada
paciente é variado, pois são os profissionais da área que verificam a demanda do paciente e
assim determinam quanto tempo mais durará as sessões. Houve um questionamento sobre o
público que as instituições recebem, e o sujeito 1 fala que são pacientes das clínicas escolas das
universidades, usuários do SUS e de instituições que possuem convênio. O sujeito 2 relata que
os pacientes são do hospital universitário internados nas unidades de pediatria e clínica médica
que aceitam a presença dos cães, já o sujeito 3 trabalham especificamente com paciente de
instituições hospitalares, asilos, abrigos e empresas.
Em relação ao processo da TAA com a família do paciente, o sujeito 1 diz que a família
somente assina um termo de consentimento da intervenção antes do trabalho, mas, não relata
se a família participa ou não, o sujeito 2 relata que como a prática acontece em um hospital,
sempre há um acompanhante com o paciente, acontece que acaba acontecendo a interação da
família com a prática do paciente, então há sim uma interação com os animais, o sujeito 3 fala
que a prática acontece em instituições, então geralmente o processo de contrato com a família
acontece diretamente com a instituição, a partir de uma avaliação do paciente pode haver ou
não a participação do familiar ou acompanhante na prática.
Foram questionadas em relação ao público da Síndrome de Down que é o foco desta
pesquisa, somente o sujeito 1 relatou que trabalham com esse público o sujeito 2 informou que
ainda não tiveram com contato com pacientes com Síndrome e o sujeito 3 falou que não
possuem demanda para esse público. Por fim, foi perguntado quais eram os benefícios da
cinoterapia que a equipe conseguia identificar durante e após o tratamento, o sujeito 1 disse que
são muitos, que crianças com TEA aumenta a atenção, vínculo emocional, melhorias físicas e
entre muitas outras, o sujeito 2 chamou a atenção principalmente para pacientes hospitalizados,
pois o foco principal deles é promover um ambiente de benefícios emocionais para os paciente,
reduzir a solidão e ansiedade desses pacientes, sua missão é fazer que a TAA seja reconhecida
e ganhe visibilidade, e principalmente seus valores estão em sintonia com o SUS, buscando
uma atenção a saúde humanizada e que respeita a pessoa em suas variadas dimensões de vida.
Por fim o sujeito 3 relata que os benefícios mais evidentes na TAA são a humanização do setting
terapêutico e diminuição da carga negativa do tratamento, maior motivação e adesão ao
tratamento, vinculação mais rápida e intensa com profissionais.
33

5. ANÁLISE DE DADOS

Os dados analisados a seguir referem-se à terapia assistida por animais. Para melhor
compreensão, estabeleceram-se cinco eixos temáticos, suas categorias e as unidades de
significação, como mostrado a seguir. Foram montados quadros, onde estabeleceram-se os
critérios de agrupamento por eixo, categoria e unidades de significação, utilizando os resultados
das entrevistas, e realizaram-se as transcrições das afirmativas a partir das falas dos
participantes. Essas falas são chamadas de inferências e foram classificadas por categoria.
Os nomes dos participantes foram substituídos por números e o nome da instituição que
trabalham também não foi descrito. Essa ação se fez necessária para preservar a identidade tanto
dos sujeitos participantes da pesquisa quanto da instituição.

1º Eixo Temático

No primeiro eixo temático temos a preparação do profissional em TAA. Como


categorias desse eixo temos: formação profissional e formação da equipe.

Categoria: Formação Profissional

ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO


EIXO UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
CATEGORIA
TEMÁTICO SIGNIFICAÇÃO
Sujeito 1
Fiz cursos disponíveis na área de taa e educação e
treinamento canino disponíveis no país, 60h de curso
pela OBIHACC, 20h de treinamento de cão de terapia
do INATAA, 20h de curso sobre aprendizado canino
pelo INSPA e 224h de treinamento de cães de
Preparação
assistência pela Bocalan Brasil.
do Formação
Sujeito 2
profissional Profissional
Não tenho formação em TAA. Projeto de Extensão
em TAA
Universitária chamado: TERAPIA ASSISTIDA POR
ANIMAIS: CÃES SOLIDÁRIOS.
Sujeito 3
Através de cursos ministrados por instituições
nacionais e internacionais que desenvolvem trabalhos
nesta área.
Quadro 1 Eixo temático: Preparação profissional em TAA

Conforme pesquisas realizadas, não é falado sobre a formação em TAA e sim cursos
sobre a prática. De acordo com Lima e Souza (2016) o Brasil está em crescimento e a frente
34

desse tipo de intervenção, conforme estudo realizado por alguns autores, somente no estado de
São Paulo foram constatados 29 projetos que utilizam a TAA como terapia complementar,
utilizando diversos tipos de animais. Um desses projetos chamado “PetSmile” atua em São
Paulo desde 1997 levando animais para visitas em escolas e hospitais. Conforme respostas dos
sujeitos, todos realizaram um curso específico para a prática.

Categoria: Formação da equipe

ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO


EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Sou eu, bióloga, duas fisioterapeutas, uma fonoaudióloga e
3 estagiários, uma da biologia, uma da fono e uma da fisio.
Isso no mesmo projeto de extensão, mas também oriento
TCCs na área desde 2013, já são 8 apresentados e 4 em
andamento.
Sujeito 2;
A equipe para a ação é formada por estudantes de
Preparação graduação da Universidade Federal da Paraíba, alguns
do Formação da voluntários externos, e o um professor de medicina que é
profissional Equipe nosso orientador/coordenador. Todos são divididos em 6
em TAA funções: tutor do cão, apoio, pegar termos de autorização
de imagem, fotografar, selecionar as melhores fotos e
entregar a foto revelada com o cão.
Sujeito 3;
Nossa equipe é formada por voluntários de diversas áreas,
que passam por um processo seletivo. Temos equipes de
saúde animal, comportamento animal, saúde humana,
marketing, administração, condutores de cães, cães e
voluntários sem cão que atuam nas visitas.
Quadro 2 Eixo temático: Preparação do profissional em TAA

Dando continuidade Vivaldini (2011) relata que o trabalho exige uma equipe
multidisciplinar, composta por médicos veterinários, psicólogos, médicos, enfermeiros,
assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, capacitados para escolher o método adequado,
acompanhar as atividades e o bem-estar dos animais e dos pacientes. O trabalho com TAA não
é somente do paciente e terapeuta, e sim, com toda a equipe da instituição, pois os profissionais
precisam se comunicar em relação ao avanço ou não dos pacientes. Os sujeitos da pesquisa
relataram que há uma equipe em cada instituição, pois haverá a necessidade de vários
profissionais de áreas diferentes para que a prática do paciente com o animal possa acontecer.
35

2º Eixo temático
No segundo eixo temático animais em TAA. Como categorias desse eixo temos:
Captação e preparação dos animais, raça dos animais.

Categoria: Captação e preparação dos animais


ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
A ONG Pequenos doutores é que faz a seleção e
treinamento.
Sujeito 2;
Haverá seleção dos animais com adoção de protocolos.
Para esta seleção de animais, as recomendações do
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e do
Healthcare Infection Control Practices Advisory
Committee (HICPAC), são: Deve-se apresentar avaliação
veterinária e certificado de saúde; realizar tratamento
antiparasitário intestinal periodicamente; teste negativo
para Salmonella SP, Campylobacter SP ou Giardia
intestinal; ser selecionado e treinado por profissionais;
deve ter tomado banho previamente às visitas, pelo
Captação e
Animais em menos, 24h antes; deve ter tosas periódicas (conforme o
preparação
TAA tipo e a raça do animal); não pode ter contato com animais
dos animais
da rua; e deve ter a avaliação, a aprovação e a autorização
da comissão da infecção hospitalar. Nós seguimos essas
recomendações.
Sujeito 3;
É feito uma avaliação de saúde e comportamento para
identificar cães que estejam de acordo com o perfil
necessário para o trabalho. O condutor do cão passa por
avaliação e treinamento sem o cão. Cão e condutor
passam por um processo de treinamento realizado pela
Tudo de Cão e quando o cão está apto para o trabalho,
cão e condutor passam por um período de "estágio"
monitorado, onde são avaliados. Se estiverem aptos para
o trabalho são direcionados para os atendimentos
adequados ao seu perfil.
Quadro 1 Eixo temático: Animais em TAA

De acordo com Rocha (2016) a avaliação e a seleção dos animais participantes são
essenciais para a segurança de todos os seres envolvidos na prática, assim como um indicador
de sucesso e aproveitamento nas interações. A simples possibilidade de avaliar o temperamento
de um animal, porém, ainda era bastante questionada em meios científicos, apesar de já ser
36

aplicada de maneira menos objetiva por leigos. De acordo com as respostas dos sujeitos, nota-
se que há seleção desses animais para prática, pois há autores que confirmam que a avaliação e
a seleção dos animais são de extrema importância, tanto para a segurança dos praticantes,
quanto para o sucesso dos tratamentos, torna-se imprescindível a realização de testes para
avaliar o comportamento e o temperamento dos animais. Nos Estados Unidos existem
instituições conceituadas que desenvolvem testes apropriados para conhecer o cão quanto ao
seu temperamento e verificar se aquele animal estaria apto para exercer o papel de coterapeuta
numa sessão de Cinoterapia.

Categoria: Raça dos animais


ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Não temos, a maioria são labradores, mas já
trabalhamos com cães sem raça definida, Golden
retrivers, lulu da pomerania, poodles entre outros.
Sujeito 2;
Animais em
Raça dos animais Não. O projeto conta com 5 Golden Retriver, 1
TAA
Bulldog Francês, 2 Shih Tzu, 2 Yorkshire Terrier, 1
Maltês, 2 Labrador, 1 Lhasa Apso.

Sujeito 3;
Não, é feita uma seleção individual de perfil e aptidão.
Quadro 2 Eixo temático: Animais em TAA

Diante das pesquisas bibliográficas realizadas, não se encontra uma raça específica para
a prática e sim cães que conseguem se adaptar ao praticante que estará ali presente com ele. Os
sujeitos entrevistados mencionam algumas raças que possuem em sua instituição, porém a raça
não é o principal foco deles e sim se o animal se adaptará com o novo cenário e com pessoas
diferentes sempre que estiverem realizando a prática, por isso são feitas seleções de cães para
escolher o perfil certo para realizar a cinoterapia.

3º Eixo temático

No terceiro eixo temático pacientes em TAA. Como categorias desse eixo temos:
Público que mais procura, duração da TAA e participação da família.
37

Categoria: Público que mais procura


ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Pacientes das clínicas escolas da Universidade, usuários do
CER Sus, e educando uma Instituição da Secretaria de
Saúde do município com quem temos convenio também.
Sujeito 2;
A TAA é ofertada em um Hospital Universitário, por isso
Pacientes em Público que o público são os pacientes internados nas unidades de
TAA mais procura Pediatria e Clínica Médica e que aceitarem a presença dos
cães.
Sujeito 3;
No INATAA trabalhamos especificamente com
instituições, temos solicitações de ILPIs, Hospitais,
Escolas, Abrigos, Casas de Passagem. Sendo as duas
primeiras mais comuns.
Quadro 1 Eixo temático: Pacientes em TAA

O Projeto de Lei N° 4.455 de 2012 p. 1 (Brasil, 2012a), “dispõe sobre o uso da TAA
nos hospitais públicos, conveniados e cadastrados no Sistema Único de Saúde”. Para Vivaldini
(2011), a terapia assistida por animais (TAA), vem sendo uma das estratégias utilizadas na
reabilitação de crianças, principalmente no âmbito da reabilitação voltada para crianças com
deficiência física e intelectual, justamente porque a forte ligação afetiva com os animais facilita
o alcance dos objetivos previamente programados pelos terapeutas. No entanto durante a
pesquisa com os sujeitos, não mencionou esse público alvo e sim instituições parceiras aonde
realizam a prática.

Categoria: Duração da TAA


ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
As sessões costumam ser de 50 min e a duração de no
mínimo um semestre. Quem estabelece os atendimentos
com os pacientes e a duração são profissionais
Pacientes em Duração da
responsáveis pelo atendimento (fisio, fono, etc)
TAA TAA
Sujeito 2;
O tempo total da presença dos Cães no Hospital é uma hora
e com cada paciente estipula-se um tempo de 5/7 minutos,
mas pode variar dependendo do paciente. É possível, pois
38

em cada unidade hospitalar vão dois cães amigos ao


mesmo tempo.
Sujeito 3;
As sessões duram 50 minutos, pois é o tempo que é
confortável para o cão, e o bem-estar dos cães é muito
importante para nós.
Quadro 2 Eixo temático: Pacientes em TAA

De acordo com Volpi e Zadrozny (2012), o profissional que dirige a prática da TAA
possui um planejamento, um estudo de cada caso e uma rotina específica. Em acréscimo, Dotti
(2014 apud por Rovaris; Leonel, 2018), diz que a prática da TAA tem como objetivo a
promoção de saúde física, social e emocional e consiste em um processo com metodologia,
documentos, planejamento, e avaliações, e todos os avanços são verificados para atingir a meta
do programa. Pode-se verificar conforme as respostas dos sujeitos, que a duração e o tempo de
cada tratamento são diferenciados, podendo variar, porém há semelhanças no tempo dos
atendimentos nas instituições que os sujeitos trabalham, as práticas variam de 50 minutos à 1
hora. Nesse sentido, de fato a TAA demanda um planejamento de cada caso conforme a meta
estabelecida, assim como discutido pelos autores Volpi e Zadrozny (2012) e Dotti (2014 apud
por Rovaris; Leonel, 2018).

Categoria: Participação da família


ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Primeiro se apresenta o que é o trabalho, quais as
expectativas e objetivos e o responsável assina o TCLE
antes do início do trabalho.
Sujeito 2;
Como estamos em um hospital normalmente há só um
acompanhante com o paciente. Na pediatria há uma
interação maior dos genitores ou familiares no momento da
Pacientes em Participação ação, se emocionam e interagem com os cães e voluntários.
TAA da família Na clínica médica, muitas vezes não tem acompanhantes
no horário da TAA, mas os próprios pacientes relatam
mandar fotos para os parentes, quando têm acompanhantes,
buscam interagir com os cães e participam da TAA. Acaba
que em ambos os locais há a participação dos
familiares/acompanhantes.
Sujeito 3;
Como trabalhamos com instituições, geralmente o
processo de contrato com a família fica sob
39

responsabilidade da instituição. No consultório particular é


feita uma avaliação do paciente e caso seja indicada a TAA
como recurso terapêutico é feito um contrato com paciente
e pais sobre esta modalidade de atendimento (regras,
objetivo, frequência, etc), á partir disso é feita a introdução
gradativa e educativa do animal para que ele possa fazer
parte do processo terapêutico.
Quadro 3 Eixo temático: Pacientes em TAA

O foco da pesquisa foi conhecer sobre a prática e o praticante, não foi utilizado
referências bibliográficas para a busca sobre a relação da família com o tratamento, mas é
possível observar com as respostas dos sujeitos que há interação da família com equipe e a
prática. Além disso, vale retomar que segundo Ferreira (2012 apud Pereira 2017), a terapia
assistida por cães traz benefícios para pessoas de qualquer idade, mas, ainda assim, é indicada
especialmente para crianças, pela facilidade da inter-relação e da comunicação mútua que
permite o desenvolvimento da autoestima. Nesse sentido, o acompanhamento da família se faz
necessário justamente por se tratar de menores de idade.

4º Eixo temático
No quarto eixo temático síndrome de Down. Como categorias desse eixo temos:
Demanda e realização dos atendimentos.

Categoria: Demanda
ANÁLISE TEMÁTICA DE CONTEÚDO
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Trabalhamos com 3 crianças com Síndrome de Down
desde o início.
Sujeito 2;
Síndrome de
Demanda Não tivemos contato ainda com pacientes com Síndrome
Down
de down.
Sujeito 3;
Não temos demanda específica para este público, nem no
INATAA nem em consultório particular.
Quadro 1 Eixo temático: Síndrome de Down

Apesar da maioria das instituições não atenderem crianças com Síndrome de Down, há
grande relato bibliográfico sobre a área. De acordo com Paiva; Melo; Frank; Paes (2018), o
portador da Síndrome de Down possui um desenvolvimento da coordenação motora um pouco
40

mais lento e um retardo mental de leve a moderado. Esses aspectos clínicos, não são um
obstáculo para aprendizagem do portador da síndrome, é preciso entender que eles irão se
desenvolver no tempo deles, isso não é um empecilho de que eles não irão se desenvolver e
adquirir capacidade cognitiva e motora para sua aprendizagem.

Categoria: Realização dos atendimentos

EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Sujeito 1;
Um bebê que resultou num tcc, onde a fisioterapia fazia a
estimulaçao precoce, um adolescente numa casa de
passagem, onde trabalhamos bem no início do trabalho de
TAA aqui na cidade, ele tinha o cognitivo bastante
comprometido, e com uma criança que trabalhamos no
Realização
Síndrome de processo de aprendizagem da língua de sinais. Este tinha
dos
Down também uma deficiência auditiva grave e apresentava
atendimentos
implante coclear.
Sujeito 2;
Não tivemos contato ainda com pacientes com Síndrome
de down.
Sujeito 3;
Não temos demanda específica para este público.
Quadro 2 Eixo temático: Síndrome de Down

Como já mencionado na questão anterior, somente uma instituição atende esse público,
e mencionam aqui um trabalho realizado com um bebê e que resultou inclusive em um TCC.
No que se refere ao desenvolvimento de uma criança, Macedo (2008) relata que no período
inicial do desenvolvimento cognitivo, o estágio sensório-motor, é a raiz para toda a construção
intelectual; conhecida como inteligência prática, ela é caracterizada pelo contato direto da
criança com objetos e pessoas a partir do qual são construídos os esquemas de ação e as
categorias da realidade, diferenciando-os e integrando-os entre si e separando-se, enquanto
sujeito.

5º Eixo temático

No quinto eixo temático resultados da TAA. Como categorias desse eixo têm: Avaliação da
equipe sobre a TAA.
Categoria: Avaliação da equipe sobre a TAA
EIXO
CATEGORIA UNIDADES DE SIGNIFICAÇÃO
TEMÁTICO
Resultados da Avaliação da Sujeito 1;
41

TAA equipe sobre a São muitos, maior adesão ao tratamento, criação de vínculo
TAA emocional, principalmente nos TEA, aumento da atenção,
melhoras físicas mais rápidas que nos tratamentos
convencionais, entre muitas outras.
Sujeito 2;
O projeto oferece uma terapia complementar aos
tratamentos hospitalares, utilizando o cão, como parte
integrante do cuidado em saúde. Ajudando na adesão ao
tratamento, aumentando a interação do paciente com a
equipe de saúde, além de promover um ambiente de lazer,
desconstruindo o clima tenso da rotina hospitalar,
reduzindo a solidão e a ansiedade. Proporcionando aos
pacientes benefícios emocionais e espirituais. Dessa forma,
as visitas dos cães e dos voluntários propõe uma
experiência de alegria e afeto às pessoas que estão no
hospital universitário. A missão é fazer a terapia assistida
por animais ganhar visibilidade, ser reconhecida enquanto
benéfica para o sujeito de diversas formas. Nossos valores
estão em sintonia com o SUS, buscando uma atenção a
saúde humanizada e que respeita a pessoa em suas variadas
dimensões de vida.
Sujeito 3;
Os benefícios mais evidentes da TAA que são comuns em
todos os atendimentos, independente do quadro clínico,
são: humanização do Setting terapêutico e diminuição da
carga negativa do tratamento, maior motivação e adesão ao
tratamento, vinculação mais rápida e intensa com
profissional. Todos esses benefícios favorecem com que os
objetivos sejam atingidos de forma mais rápida.
Quadro 2 Eixo temático: Resultados da TAA

Para Ferreira (2012 apud Pereira 2017), a terapia assistida por cães traz benefícios para
pessoas de qualquer idade, mas, ainda assim, é indicada especialmente para crianças, pela
facilidade da inter-relação e da comunicação mútua que permite o desenvolvimento da
autoestima. É utilizado um animal treinado individualmente para ajudar na realização de
estímulos que aumentam a autonomia e a funcionalidade da pessoa com necessidades especiais.
Auxilia na melhora dos aspectos emocionais, sociais, físicos e cognitivos, além de proporcionar
motivação para vida e bem-estar do indivíduo. Há muitos diversos benefícios percebidos por
toda a equipe e os sujeitos entrevistados relatam isso de forma positiva.
42

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa buscou compreender os benefícios da terapia assistida com crianças


com Síndrome de Down. Estudos acerca dessa forma alternativa de trabalho são importantes
devido aos benefícios provenientes dela. Além disso, não há muitos estudos realizados pela área
da Psicologia, seria interessante abordarem mais sobre o uso dos animais no desenvolvimento
de crianças, podemos observar durante a pesquisa realizada com as instituições, somente uma
delas atende esse tipo de demanda. Em uma de suas respostas relatou o caso de um bebê que
como resultado do tratamento foi realizado um trabalho de conclusão de curso, onde a área da
fisioterapia realizava a estimulação dessa criança. É importante ressaltar que o estímulo logo
no início da infância pode trazer benefícios significativos na área cognitiva e motora, pois
sabemos que a pessoa com Síndrome de down apresenta um atraso nessas áreas.
Seria interessante estudar mais a fundo sobre a TAA, pois na área da Psicologia pode-
se observar que a terapia assistida atua como uma ótima fonte de estímulos, possibilitando um
desenvolvimento humano mais saudável e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.
As práticas com animais permitem o autocuidado, o cuidado com o outro, elevam a autoestima
e a autonomia. Ao cuidar do animal, a criança sente-se motivada a cuidar de si, melhorando o
sistema imunológico, facilitando o processo de ensino e aprendizagem, além da comunicação e
da formação de vínculos. Foram encontradas algumas pesquisas bibliográficas em relação ao
tema proposto, porém diante das respostas dos sujeitos, pode-se perceber uma ausência desse
público nas instituições. Observa-se na revisão bibliográfica, a explicação da interação do ser
humano com os animais, pois, quando os dois estão juntos, são encontrados benefícios
significativos e desta forma facilitará a relação terapêutica.
Acredita-se que esta pesquisa abre caminhos para uma área do conhecimento que
necessita de aprofundamento tanto clínico como acadêmico, com o intuito de validar esta
ferramenta. Foi possível observar que muitos são os projetos desenvolvidos utilizando-se
animais como recursos terapêuticos e cada dia mais cresce essa busca de terapia com esse
público alvo desta pesquisa. Nas investigações sobre TAA, verificou-se que são poucas as
pesquisas e livros que tratam das contribuições da relação homem-animal, principalmente com
enfoque nos aspectos psicológicos da terapia citada. Vários dos estudos encontrados são de
outras áreas da saúde, como enfermagem, fisioterapia e veterinária, que estão embasados em
uma análise quantitativa dos resultados da utilização da terapia com pacientes que estão
institucionalizados ou que tenham alguma deficiência intelectual ou múltipla. Compreende-se
que terapeuta e cão coterapeuta assumem o papel de figuras de apego para a criança, já que por
43

meio destas a criança encontra uma base de segurança que lhe permite explorar o meio,
sentindo-se apta a enfrentar novos desafios. A vivência das interações dentro do setting
terapêutico possibilita preparar a criança para novas situações de formação e rompimento de
vínculos que serão recorrentes ao longo da história de vida dela. A interação com o cão
coterapeuta é o elo de conexão das experiências dentro do processo terapêutico com as futuras
vivências, fora do setting.
Vale ressaltar, que a TAA pode ser utilizada individualmente em sessões de
psicoterapia, complementando o modelo tradicional, ou também podem ser formulados projetos
de visitações em diversas instituições, como escolas, asilos, hospitais e afins, com um trabalho
multidisciplinar. Deve ser levado em consideração que a TAA em sessões de psicoterapia ainda
não foi regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia. Embora a variedade de locais que
realizam esse tipo de trabalho no Brasil ainda seja limitada, já há instituições que apostam nos
animais como ferramenta de terapias diversas. A inclusão de animais em contextos terapêuticos
traz inúmeros benefícios indiscutíveis, mas, para se pensar no animal como uma ferramenta a
ser adotada pelo psicólogo de forma regular na sua prática clínica, deve-se ficar atentos para
algumas ressalvas, como o cuidado com a saúde do animal, que é um dos principais fatores e
até mesmo seu adestramento correto.
Não foi objetivo esgotar o assunto neste trabalho, mas abrir espaço para a discussão
de um tema de extrema relevância que é a Terapia Assistida por Animais como recurso
terapêutico disponível para o público de todas as idades, até mesmo crianças com síndrome
de down que foi o foco desta pesquisa. A implementação dessa prática como estimulação
precoce pode trazer benefícios que a criança irá adquirir ao longo de sua vida, tais como a
socialização com o meio e o seu desenvolvimento cognitivo e motor que são essenciais para
que ela possa crescer independente e sem muitas dificuldades. Por fim, é possível defender
esse tema a partir da percepção de que essa prática traz benefícios significativos e o contato
com animal traz sensações boas para as crianças, como sentimentos de alegria e prazer de
estar interagindo com um animal.
44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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complexa, duradoura e vantajosa. In: CHELINI, M. O.; OTTA, E.. (Org.). Terapia Assistida
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ALMEIDA, Maíra Lopes. Aspectos psicológicos na interação homem-animal de estimação.


Uberlândia. 2015.

ALTHAUSEN, Sabine. Adolescentes com síndrome de Down e cães: compreensão e


possibilidades de intervenção. Dissertação (Mestrado), São Paulo, 2006.

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