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02/01/2022

Evolução Biológica

2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Atualmente, calcula-se que existam


entre 30 a 50 milhões de espécies
das quais apenas 2 milhões estão
identificados.

Algumas questões se colocam:

Como terá variado a diversidade


de organismos ao longo do
tempo?

Como explicar toda a


diversidade de seres vivos que
existe atualmente?

Evolução Biológica

2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Como explicar toda a diversidade de seres vivos: quais as hipóteses possíveis?

 Ao longo do tempo têm surgido hipóteses explicativas acerca da origem e evolução dos
seres vivos.

 Que hipóteses/teorias têm sido apresentadas? Em que consistem? Em que diferem? Em


que coincidem? …

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Evolução Biológica

2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Como explicar toda a diversidade de seres vivos: Hipóteses possíveis?

 Hipóteses Fixistas - aceites sem  Hipóteses Evolucionistas - também


discussão até meados do séc. XVIII conhecidas por transformistas, surgiram no
defendiam que as diferentes espécies, séc. XIX e consideram as espécies atuais
uma vez surgidas, se mantinham como o resultado de lentas e sucessivas
inalteradas ao longo do tempo, isto é, transformações sofridas por espécies
eram fixas e imutáveis. As espécies eram existentes no passado. As espécies atuais
independentes quanto à sua origem. descendem de espécies ancestrais.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Hipóteses fixistas

• Até ao séc. XVIII – Fundamentam-se no Criacionismo e no Espontaneísmo (geração


espontânea) – Teorias relativas à origem da vida.

Fixismo: Hipótese Criacionista


- Segundo o Criacionismo, todas as espécies foram criadas por Deus, sendo Deus perfeito,
toda a Sua obra tem de ser perfeita;
- Para os filósofos da época (Platão - 427-347 a.C.), perfeição implicava imutabilidade;
- Se as espécies criadas eram perfeitas mantinham-se imutáveis para todo o sempre;
- Sendo qualquer imperfeição resultante das imperfeições ambientais.

Fixismo: Hipótese da geração espontânea


- Considerava que os seres vivos seriam constantemente formados, a partir de matéria
não-viva, como pó, lodo e a sujidade, em determinadas condições ambientais e sob a
ação de um “princípio ativo”. Após a sua formação os organismos não poderiam alterar
as suas características.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Final do séc. XVIII- A conceção de um mundo estável e imutável começou a ser abalada!

Duas novas áreas de conhecimento vieram revolucionar a visão fixa da ciência


relativamente ao mecanismo da formação das espécies:

• Sistemática – Lineu (Sec. XVIII)

• Paleontologia e a Estratigrafia

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Sistemática – o estudo pormenorizado da morfologia dos seres vivos


(semelhanças e diferenças) sugeriram relações de parentesco e, por isso,
uma origem comum. Desta forma Lineu um acérrimo fixista e criacionista
contribuiu para o estabelecimento de ideias evolucionistas.

Paleontologia e a Estratigrafia – o estudo dos fósseis demonstraram que


algumas espécies encontradas não tinham correspondência com as espécies
atuais e, por outro lado, os fósseis presentes em determinados estratos
rochosos apresentavam características diferentes das características dos
fósseis que surgiam em outras camadas. Verificava-se, também, um aumento
de complexidade e diversidade dos fósseis encontrados nos estratos mais
recentes.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Hipóteses fixistas

• Depois do séc. XVIII – Fundamentam-se no Catastrofismo de Cuvier.

- Segundo Cuvier (que se baseou no registo fóssil), o


aparecimento de fósseis de seres que não se encontram na
atualidade, deveu-se à ocorrência de catástrofes, em
determinados locais, que destruíram a fauna e a flora dessas
regiões.
- Posteriormente essas regiões seriam repovoadas por espécies
diferentes, vindas de outras áreas.

Alguns seguidores de Cuvier levaram esta teoria ao extremo, propondo catástrofes


globais, com a destruição de todas as espécies, que seriam posteriormente repostas
por novos atos de criação divina – Teoria das criações sucessivas.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Evolucionismo - Transformismo

Maupertuis (1698-1759)

Considera que todos os organismos derivam de uma


fonte original, apresentando ligeiras alterações em
relação aos progenitores ao longo das gerações, devido
a acasos e erros de reprodução. Deste modo, a partir
de uma única espécie, poderiam obter-se outras
aparentadas entre si, devido a diversos graus de
“erros”.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Evolucionismo - Transformismo

Buffon (1707-1788)

Admitiu uma conceção transformista da natureza, considerando-a


ativa, capaz de construir e modificar as estruturas vivas ao longo do
tempo geológico. Referia a existência de variações geográficas
entre os indivíduos da mesma espécie. Esta variação seria devida
a sucessivas degenerações da espécie inicial provocada pelas
variações geográficas (condições do local, alimentação). Foi
também o primeiro a questionar a idade da Terra, propondo que
esta teria cerca de 70 000 anos.

Maupertuis e Buffon embora exprimissem crenças evolucionistas, não propuseram


nenhum mecanismo coerente para explicar o processo de evolução.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Século XIX – Um século de mudança!


Abandono da visão estática do mundo
• Newton apresenta explicações matemáticas para o movimento dos planetas;

• Descobertas revelam grande diversidade de organismos, até então desconhecidos;

• Hutton (1778), geólogo, indica uma idade da Terra muito superior há até então
aceite.

Formulou o Princípio das Causas atuais (Teoria do Uniformitarismo), segundo


o qual os fenómenos geológicos existentes na atualidade são idênticos aos que
ocorreram no passado – o presente é a chave do passado.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Século XIX – Um século de mudança!


Abandono da visão estática do mundo

Lyell (1830)- apresenta uma explicação para as lacunas estratigráficas


(descontinuidades entre os vários estratos geológicos), as quais seriam
devidas à ação erosiva dos ventos e das chuvas, que teriam eliminado os
estratos estratigráficos em falta. Desse modo os fósseis existentes
apresentavam diferenças bruscas devido à falta dos fósseis intermédios
correspondentes aos estratos erodidos.

Confirma a Lei do Uniformismo, que inclui o Princípio das causas atuais, segundo a qual:

• as leis naturais são constantes no espaço e no tempo;

• os acontecimentos passados são explicados pelos mesmos processos naturais que se observam no
presente;

• muitas alterações geológicas ocorrem lenta e gradualmente e não por cataclismos súbitos –
conceções gradualistas.

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2 Mecanismos de evolução: Fixismo vs Evolucionismo

Século XIX – Um século de mudança!


Abandono da visão estática do mundo

Evolucionismo

• No séc. XIX consolida-se a visão evolucionista. Admite-se que


as espécies se alteram de forma lenta e gradual ao longo do
tempo, originando novas espécies.

• A implantação definitiva das ideias evolucionistas só foi


possível com o aparecimento de mecanismos explicativos
fundamentados e alicerçados em argumentos claros.

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2 Mecanismos de evolução: Lamarckismo

Jean Baptiste Lamarck (1744 – 1829)

Considerado o verdadeiro fundador do evolucionismo. Teve


o mérito de ser o primeiro naturalista a apresentar um
mecanismo para a evolução.

Defendia a evolução como a causa da variabilidade das


espécies, mas admitia a geração espontânea, das formas
mais simples, a partir de matéria inorgânica.

Evolução Biológica

2 Lamarckismo

Lamarck admitiu:

 o ambiente é o motor da evolução, ou seja, o meio é o agente “causador” das modificações;

• a necessidade cria o órgão apropriado e o uso fortifica-o e desenvolve-o de maneira


considerável; a falta de uso conduz ao atrofiamento e desaparecimento dos órgãos que se
tornam inúteis. Lei do uso e do desuso

• os caracteres adquiridos, sob a influência das condições do meio, pelo uso ou desuso dos
órgãos, são transmitidos às gerações seguintes, ou seja, são hereditários.

Lei da herança dos caracteres adquiridos

“A evolução ocorre, portanto, por ação do ambiente sobre as espécies” que


variam na direção desejada, ao longo do tempo.

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2 Lamarckismo – Esquematização das conceções de Lamarck

Evolução Biológica

2 Lamarckismo - Objeções à teoria de Lamarck

- As propostas de Lamarck não são suportadas por factos;

- A teoria admite que a matéria viva teria uma “ambição natural” de se tornar melhor,
de forma a que cada ser vivo seria impelido para um grau de desenvolvimento mais
elevado;

- A lei do uso e do desuso, embora válida para alguns órgãos, como, por exemplo, os
músculos, não explica todas as modificações;

- A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não é válida. A atrofia ou a hipertrofia


de uma estrutura adquirida durante a vida do ser vivo não é transmitida à descendência;

- Hoje, sabe-se que só o material genético é transmitido à descendência e, assim,


apenas as características que nele estão inscritas.

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2 Lamarckismo - Objeções à teoria de Lamarck

Qualquer alteração que apenas


afete a parte somática de um
indivíduo, como não atinge o
material genético localizado nos
gâmetas, não é transmitida aos
descendentes.

Porque não foi aceite a teoria de Lamarck


- Argumentação pouco consistente;
- Forte influência de Cuvier (defensor do fixismo);
- A resistência à mudança que caracteriza o Homem.

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Darwin – naturalista Inglês (1809 -1882)


- Desenvolveu a teoria evolucionista mais credível;
- Fez uma longa viagem de circum-navegação no
“Beagle” onde recolheu os dados e escreveu a sua obra.

Inglaterra
EUROPA
AMÉRICA
DO NORTE
OCEÂNO OCEÂNO
PACIFICO ATLÂNTICO
Ilhas Galápagos
ÁFRICA Beagle no porto

AMÉRICA
Equador
DO
Darwin (1840), SUL
após a sua volta AUSTRÁLIA
Cabo da
Boa Esperança

Tasmânia
Nova
Terra do Fogo Zelândia

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Dados em que se baseou Darwin

• Biogeográficos – obtidos por si e por Wallace;

• Geológicos – atribuídos a Hutton e a Lyell;

• Económicos – da autoria de Malthus;

• Seleção artificial – obtidos por si e por muitos criadores.

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Dados Biogeográficos

Em 1835 Darwin chegou ao arquipélago dos


Galápagos, tendo ficado impressionado com
as tartarugas gigantes, que apresentavam
sete variedades, ocupando cada variedade a
sua ilha.

Pescoço longo – ambientes áridos

Apesar das diferenças, estes animais são


extremamente semelhantes, fazendo supor
que tenham tido uma origem comum.

Pescoço curto – ambientes húmidos

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Dados Biogeográficos

O mesmo se verificava com outros seres,


como os tentilhões, existindo 14 espécies
muito semelhantes, que se distinguiam
pelo tamanho, cor e forma do bico,
associado ao tipo de alimentação de cada
uma.

Darwin concluiu que as ilhas (vulcânicas)


foram povoadas a partir do continente
americano e que as características
particulares de cada ilha condicionaram a
evolução de cada espécie, daí a sua
diferenciação.

Evolução Biológica

2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Dados da Geologia
Na opinião de alguns autores, a personalidade que
mais influenciou Darwin foi o geólogo Charles Lyell
(1797-1875), autor da obra Principles of Geology,
Charles Lyell

que admitiu que:

- as leis naturais são constantes no espaço e no


tempo;
- se deve explicar o passado a partir dos dados do
Principles of Geology

presente;
- na longa história da Terra decorreram,
permanentemente, mudanças lentas e graduais.

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Dados da Geologia
Durante a sua viagem, Darwin observou numerosos
fósseis, tendo descoberto fósseis de animais marinhos
nos Andes, a milhares de metros de altitude.

Darwin talvez tenha admitido que, se a Terra tem


milhões de anos e está em mudanças constantes e
graduais, então, de um modo semelhante, a vida
poderia ter seguido o mesmo caminho.

Os seres experimentariam ao longo dos anos


mudanças contínuas e graduais, inicialmente
impercetíveis, mas que com o tempo acabariam por
ter significado.

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

O papel de Malthus
Em 1838 Darwin leu um trabalho publicado por Thomas R.
Malthus, segundo o qual, a população humana tende a crescer
Malthus (1766-1834)

para além das possibilidades que o meio tem para a sustentar,


ou seja, cresce exponencialmente (A), enquanto que os
recursos alimentares crescem em progressão aritmética (B).
Esta situação tende a gerar uma tremenda luta pela
sobrevivência.

Darwin adaptou estas ideias às populações animais: “na


enorme diversidade de seres vivos, e devido há escassez
de recursos, vai ocorrer uma luta (competição) pela
sobrevivência”.

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2 Mecanismos de evolução: Darwinismo

Seleção Artificial
Darwin contou ainda com a experiência que possuía
como criador de pombos, intervindo diretamente em
processos de seleção artificial – seleção que consiste
na escolha de indivíduos com características
desejáveis, utilizando-os em cruzamentos.

Ao longo das gerações, o Homem foi capaz de


selecionar indivíduos com características desejáveis
utilizando-os em cruzamentos previamente
planeados.

Segundo o raciocínio de Darwin, se se pode obter tanta


diversidade por seleção artificial, é possível, de forma análoga,
que ocorra na Natureza uma seleção determinada pelos fatores
ambientais – Seleção natural – responsável pela estabilidade
numérica da população (C).

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Mecanismos de evolução: Darwinismo
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Seleção Natural - exemplo

Quando os troncos das árvores se tornaram


enegrecidos pelos fumos da poluição
industrial, as borboletas, Biston betularia
(predominantemente claras), que antes se
confundiam com os troncos, cobertos de
líquenes, passaram a ser mais suscetíveis de
ser apanhadas pelos predadores, acontecendo
o inverso relativamente às de cor escura.

As borboletas escuras, que se tornaram a forma mais apta, foram favorecidas pela
seleção natural, sendo, atualmente, predominantes nas zonas poluídas.

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Mecanismos de evolução: Darwinismo
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Teoria da Seleção Natural


- Os seres vivos, mesmo os da mesma espécie,
apresentam variações entre si.

- As populações têm tendência para crescer em


progressão geométrica, no entanto o número de
indivíduos de uma espécie, geralmente, não se
altera muito de geração em geração.

- Em cada geração, uma boa parte dos indivíduos é naturalmente eliminada porque se estabelece uma
“luta pela sobrevivência”, devido à competição pelo alimento, pelo espaço, etc.

- Sobrevivem os indivíduos que estiverem melhor adaptados (sobrevivência do mais apto), isto é, os que
possuírem as características que lhes conferem qualquer vantagem em relação aos restantes. Os menos
aptos, ao longo do tempo, serão eliminados progressivamente. Existe, pois, uma seleção natural.

- Os indivíduos melhor adaptados, vivem durante mais tempo e reproduzem-se mais, transmitindo as
suas características à descendência – reprodução diferencial.

- A acumulação das pequenas variações determina, a longo prazo, a transformação dos indivíduos e o
aparecimento de novas espécies.

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Mecanismos de evolução: Darwinismo
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Críticas ao Darwinismo

A teoria de Darwin gerou uma grande


controvérsia na comunidade científica e
na sociedade, tendo a Igreja igualmente
contestado as suas ideias.

Tal como foi enunciado por Darwin, a teoria da seleção natural apresentava alguns pontos
frágeis:
- Não explicava os mecanismos responsáveis pelas variações verificadas nas espécies;

- Nem o modo como essas variações se transmitem de geração em geração, que


permaneceram por explicar até ao séc. XX.

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Mecanismos de evolução: Lamarckismo vs Darwinismo
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Lamarck

O meio cria necessidades que


determinam mudanças na
morfologia dos indivíduos que,
pelo uso se estabelecem, tornando-
os mais bem adaptados e são
transmitidas aos descendentes.

Darwin
Entre os indivíduos de uma espécie existem variações naturais e hereditárias. O meio
exerce uma seleção natural que favorece os indivíduos que possuem as características
mais apropriadas para um determinado ambiente e num determinado tempo, tornando-os
mais aptos e eliminando gradualmente os restantes.

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2 Mecanismos de evolução: Lamarckismo vs Darwinismo

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Evolução Biológica

De acordo com o Lamarckismo a evolução é:


• motivada pela necessidade de adaptação ao meio;
• centrada no indivíduo;
• desenvolvida segundo dois mecanismos sequenciais:
• uso ou desuso de determinado órgão;
• transmissão das novas características à descendência.

Darwin considera importantes para a evolução os seguintes fatores:


• variabilidade nas populações
• luta pela sobrevivência
• seleção natural
• taxa de reprodução diferencial;

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