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LITERATURA

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MODERNISMO 12

01| UPE “No dia seguinte, Fabiano voltou à cidade, ferentemente dele, que “era bruto”, pois,
mas ao fechar o negócio, notou que as operações também, não sabia ler nem fazer conta,
de Sinhá Vitória, como de costume, diferiam das nunca havia frequentado a escola.
do patrão. Reclamou e obteve a explicação habi-
B Quando o narrador personagem afirma
tual: a diferença era proveniente de juros.
que “O amo abrandou, e Fabiano saiu de
Não se conformou: devia haver engano. Ele era costas, o chapéu varrendo o tijolo,” sig-
bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que nifica que a personagem percebeu que a
era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com cer- altivez era a única arma que possuía para
teza havia um erro no papel do branco. Não se enfrentar o proprietário das terras onde
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. trabalhava, por isso resolveu camuflar o
Passar a vida inteira assim no toco, entregando orgulho saindo sem dar as costas ao amo.
o que era dele de mão beijada! Estava direito
C No final do segundo parágrafo, quando
aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar
se lê: “Passar a vida inteira assim no toco,
carta de alforria!
entregando o que era dele de mão beija-
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, da! Estava direito aquilo? Trabalhar como
achou bom que o vaqueiro fosse procurar ser- negro e nunca arranjar carta de alforria!”,
viço noutra fazenda. tem-se um discurso direto, pois o narrador
se afasta e deixa Fabiano demonstrar, de
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. forma direta, que tem a consciência da
Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se ha- exploração do patrão quando faz uso dos
via dito palavra à toa, pedia desculpa. [...] verbos no presente.
O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o D Graciliano Ramos cria duas comparações
chapéu varrendo o tijolo. [...] ao usar o vocábulo branco para designar
o patrão e, posteriormente, ao atribuir ao
Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o di-
narrador o enunciado: “Trabalhar como
nheiro, examinou-o, procurando adivinhar
negro e nunca arranjar carta de alforria!”
quanto lhe tinham furtado. Não podia dizer
coloca a personagem na condição de sub-
em voz alta que aquilo era um furto, mas era.
misso, tal qual a de um escravo sem direi-
Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda
to à liberdade, o que contraria os princí-
inventavam juro. Que juro! O que havia era sa-
pios do romance regionalista de 1930.
fadeza.”
E Há algumas expressões usadas por Gra-
Sobre o fragmento do capítulo Contas, do ro-
ciliano Ramos que quebram a verossimi-
mance Vidas secas, de Graciliano Ramos, assi-
lhança existente entre a linguagem, a con-
nale a alternativa CORRETA.
dição social e o nível de escolaridade de
A Ao se referir a Sinhá Vitória, Fabiano admite Fabiano, pois são metáforas eruditas, tais
que “a mulher tinha miolo.” Essa afirmação como: “perdeu os estribos”, batendo no
significa que a esposa era inteligente, tinha chão como cascos” e “baixou a pancada e
frequentado escola, sabia fazer conta, di- amunhecou”.

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02| PUCRS Leia o excerto do romance Jubiabá, de 03| IMED Leia o fragmento abaixo:
Jorge Amado.
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cin-
Foi quando o alemão voou para cima dele tilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão
querendo acertar no outro olho de Balduíno. quieta e deserta parecia um cemitério abando-
O negro livrou o corpo com um gesto rápido e nado. Era tanto silêncio e tão leve o ar, que se
como a mola de uma máquina que se houves- alguém aguçasse o ouvido talvez pudesse até
se partido distendeu o braço bem por baixo do escutar o sereno na solidão. Agachado atrás
queixo de Ergin, o alemão. O campeão da Eu- dum muro, José Lírio preparava-se para a últi-
ropa central descreveu uma curva com o corpo ma corrida. Quantos passos dali até a igreja?
e caiu com todo o peso. Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera
ordens para revezar o companheiro que estava
A multidão rouca aplaudia em coro: de vigia no alto duma das torres da Matriz.
– BAL-DO... BAL-DO... BAL-DO... O fragmento acima apresenta o Tenente Liroca,
O juiz contava: engajado na revolução como federalista, e se
trata do parágrafo introdutório do primeiro vo-
– Seis... sete... oito... lume da trilogia _______________________,
de __________________________, também
Antônio Balduíno olhava satisfeito o branco es-
tendido aos seus pés. autor de ___________________________,
______________________ e _____________
Com base no diálogo e na obra de Jorge Ama- ______________________.
do, considere as afirmativas.
Assinale a alternativa que preenche, correta e
I. A luta entre Antônio Balduíno e Ergin pode respectivamente, as lacunas do trecho acima.
ser interpretada como uma metáfora dos
conflitos entre o branco europeu e o ne- A O tempo e o vento – Erico Verissimo – Fan-
gro brasileiro. toches – Deus de Caim – Senhora

II. Ao longo dos seus diferentes romances, B A ferro e fogo – Josué Guimarães – Tam-
Jorge Amado constrói um projeto estético bores Silenciosos – Depois do último trem
baseado principalmente na representação – Camilo Mortágua
do intimismo e do lirismo. C O tempo e o vento – Erico Verissimo – Cla-
III. Nos romances Tereza Batista, cansada rissa – Incidente em Antares – O resto é
de guerra e Memorial de Maria Moura, silêncio
o escritor baiano explora basicamente o D A ferro e fogo – Josué Guimarães – Dona
universo erótico feminino em diferentes Anja – Enquanto a noite não chega – Amor
perspectivas sociais. de perdição
IV. O romance Capitães de areia apresenta
E A guerra no Bom Fim – Moacyr Scliar – O
um detalhado quadro da marginalidade
centauro no Jardim – A mulher que escre-
infantil urbana, ao retratar crianças de
veu a Bíblia – Max e os felinos
rua, como Pedro Bala, Sem Pernas e Piruli-
to. 04| UPF Considere as asserções a seguir, em rela-
Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s) ção aos romances Dom Casmurro, de Machado
de Assis, e São Bernardo, de Graciliano Ramos.
A I, apenas.
I. O narrador-protagonista inicia o romance
B I e IV, apenas. reconstituindo a situação que o levou a es-
crevê-lo.
C II e III, apenas.
II. A análise psicológica, especialmente a que
D I, II e IV, apenas.
o narrador-protagonista faz de si mesmo,
E I, II, III, IV. ocupa papel importante no romance.

2 LITERATURA | MODERNISMO
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III. A ação do romance evolui em torno de um 06| UFSM No romance Noite (1954), de Érico Ve-
triângulo amoroso real ou suposto. ríssimo, o protagonista não é nomeado, rece-
bendo a alcunha de Desconhecido. Pode-se
IV. O narrador-protagonista reconhece, ao fi- entender a ausência do nome próprio do per-
nal do romance, que se deixou cegar pelo
sonagem como
ciúme e que formou um juízo errôneo da
amada. A uma ironia voltada às classes favorecidas
que, assim como o personagem, desco-
É igualmente verdadeiro, em relação aos dois
nhecem a existência precária de grande
romances referidos, apenas o que se afirma em:
parte das populações urbanas.
A I e II.
B um modo de despersonificação, uma vez
B I e III. que o Desconhecido representa a massa
anônima e vacante, que perambula pela
C I, II e III. cidade a qual ele não compreende.
D II e IV. C uma estratégia de despersonalização,
dado o caráter autobiográfico do romance.
E III e IV.
D uma forma de singularização, já que a au-
05| UFRGS Assinale com V (verdadeiro) ou F (fal- sência de nome próprio evidencia a im-
so) as afirmações abaixo, sobre o romance Ter- portância do indivíduo para a dinâmica
ras do sem-fim, de Jorge Amado. urbana.
( ) Lúcia, Violeta e Maria são três irmãs que se E uma forma de padronização, já que, nas
relacionam, respectivamente, com o patrão, o grandes cidades, grande parte da popu-
feitor e um trabalhador da fazenda e que vão lação luta bravamente pela sua sobrevi-
para casa de prostituição: Lúcia e Violeta são vência, à semelhança do que é feito pelo
abandonadas pelos homens já não interessa- Desconhecido.
dos por seus corpos envelhecidos; Maria fica
viúva de seu amor Pedro, que morreu nas plan- 07| UFRGS Leia as seguintes afirmações sobre a
tações de cacau. obra de Graciliano Ramos.

( ) Lúcia, Violeta e Mana aparecem na primeira I. No romance Angústia, Luís da Silva narra
seu dilema de ou casar-se com a vizinha
parte do capítulo Gestação de cidades, iniciado
Marina ou mudar-se para o Rio de Janeiro
pela fórmula “Era uma vez” em clara referên-
para trabalhar como funcionário público.
cia fabular. As personagens de Jorge Amado,
no entanto, têm um destino miserável, muito II. Em São Bernardo, Paulo Honório, narra-
distante do final feliz. dor protagonista, recupera sua trajetória
de sucesso econômico, mas de fracasso
( ) O narrador em terceira pessoa condena a es- afetivo.
colha de Lúcia, Violeta e Maria pela prostitui-
ção. Para ele, elas poderiam tirar seu sustento III. No romance Vidas Secas, é narrada a dura
do trabalho árduo, como fizera a matriarca da trajetória de uma família de retirantes,
família. que luta contra as condições adversas,
tanto naturais como sociais.
A sequência correta de preenchimento dos pa-
rênteses, de cima para baixo é Quais estão corretas?

A F - F - V - F. A Apenas I.

B V - F - F - V. B Apenas II.

C F - V - F - V. C Apenas I e II.

D F - F - V - V. D Apenas II e III.

E V - V - F - F. E I, II e III.

LITERATURA | MODERNISMO 3
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08| ITA O poema abaixo, de João Cabral de Melo 10| UPF


Neto, integra o livro A escola das facas.
O meu amigo era tão
A voz do canavial de tal modo extraordinário,
Voz sem saliva da cigarra, cabia numa só carta,
do papel seco que se amassa, esperava-me na esquina,
de quando se dobra o jornal: e já um poste depois
assim canta o canavial, ia descendo o Amazonas,
ao vento que por suas folhas, tinha coletes de música,
de navalha a navalha, soa, entre cantares de amigo

vento que o dia e a noite toda pairava na renda fina dos Sete Saltos,
o folheia, e nele se esfola. na serrania mineira,

Sobre o poema, é INCORRETO afirmar que a no mangue, no seringal,


descrição nos mais diversos brasis,
A compara o som das folhas do canavial com e para além dos brasis,
o da cigarra.
nas regiões inventadas,
B põe em relevo a rusticidade da plantação países a que aspiramos,
de cana de açúcar.
fantásticos,
C destaca o som do vento que passa pela
plantação. mas certos, inelutáveis,
terra de João invencível,
D associa o som do canavial com o amassar
das folhas de papel. a rosa do povo aberta…
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – A rosa do povo
E faz do vento a navalha que corta o cana-
vial. O fragmento transcrito pertence ao penúlti-
09| UPF Qual dos procedimentos abaixo não está mo poema do livro A rosa do povo, de Carlos
presente na composição de Incidente em Anta- Drummond de Andrade, publicado em 1945.
res, de Érico Veríssimo? Trata-se de um canto fúnebre, no qual Drum-
mond reverencia a figura do amigo, recém-
A Localização da ação em uma cidade imagi-
nária, denominada Antares. -falecido, que, nas muitas e longas cartas que
enviara ao poeta, não só lhe dera lições de
B Estruturação da narrativa, como um todo, poesia, mas, também, insuflara nele o amor
na forma de um diário pessoal. pelas coisas brasileiras.
C Uso da técnica contrapontística, com a
Assinale a alternativa que apresenta o nome
interpenetração de diferentes histórias
desse amigo.
ao longo de um mesmo fluxo narrativo e
temporal. A Mário de Andrade.
D Exposição de um amplo quadro social, que B Manuel Bandeira.
se estende dos níveis mais elevados aos
mais humildes. C Oswald de Andrade.
E Recurso ao maravilhoso, a partir do relato D Guilherme de Almeida.
de fatos que escapam a uma explicação
racional. E Jorge de Lima.

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11| IMED Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, asso- 14nada poderia evitar a reincidência daquela
ciando as temáticas e as características abor- cena tantas vezes contada na história do amor,
dadas às obras da geração de escritores do Ro- que é a história do mundo. 10Ela o olhava com
mance de 30. um olhar intenso, onde existia uma incompre-
ensão e um anelo1, 15como a pedir-lhe, ao
Coluna 1 mesmo tempo, que não fosse e que não dei-
1. Universo das classes populares. Romance xasse de ir, por isso que era tudo impossível
“proletário”. entre eles.

2. Expulsão do campo de peões e agregados (...)


devido ao imperativo capitalista na atividade
Seus olhares 4fulguraram por um instante um
pecuária.
contra o outro, depois se 5acariciaram terna-
3. Decadência dos senhores de engenho, do mente e, finalmente, se disseram que não ha-
artesanato popular. Mostra o surgimento da via nada a fazer. 6Disse-lhe adeus com doçura,
perspectiva liberal-democrática no capitão Vi- virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si
torino. mesmo numa tentativa de secionar2 aqueles
dois mundos que eram ele e ela. Mas 16o brus-
4. Trajetória de uma família de camponeses do co movimento de fechar prendera-lhe entre as
sertão nordestino, oprimidos pela seca e pelas folhas de madeira o espesso tecido da vida, e
condições econômicas e sociais. ele ficou retido, sem se poder mover do lugar,
11sentindo o pranto formar-se muito longe em
5. Com sentido alegórico, trata-se de uma obra
política, cujo enredo apresenta coveiros em seu íntimo e subir em busca de espaço, como
greve, que se recusam a enterrar os mortos. um rio que nasce.

17Fechou os olhos, tentando adiantar-se à ago-


Coluna 2
nia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao
( ) Incidente em Antares, Erico Verissimo. lado, e dele separada por imperativos categó-
( ) Fogo Morto, José Lins do Rego. ricos3 de suas vidas, 12não lhe dava forças para
desprender-se dela. 8Sabia que era aquela a
( ) Jubiabá, Jorge Amado. sua amada, por quem esperara desde sempre
e que por muitos anos buscara em cada mu-
( ) Porteira Fechada, Cyro Martins.
lher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia,
( ) Vidas Secas, Graciliano Ramos. também, que o primeiro passo que desse co-
locaria em movimento sua máquina de viver e
A ordem correta de preenchimento dos parên- ele teria, mesmo como um autômato, de sair,
teses, de cima para baixo, é: andar, fazer coisas, 9distanciar-se dela cada
A 1 – 3 – 4 – 5 – 2. vez mais, cada vez mais. 18E no entanto ali
estava, a poucos passos, sua forma feminina
B 5 – 3 – 1 – 2 – 4. que não era nenhuma outra forma feminina,
mas a dela, a mulher amada, aquela que ele
C 5 – 4 – 3 – 2 – 1. 7abençoara com os seus beijos e agasalhara

D 4 – 5 – 3 – 1 – 2. nos instantes do amor de seus corpos. Tentou


3imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta
E 1 – 4 – 2 – 3 – 5. em seu espaço próprio, perdida em suas cogi-
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES: tações próprias − um ser desligado dele pelo
limite existente entre todas as coisas criadas.
SEPARAÇÃO
13De súbito, sentindo que ia explodir em lágri-
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última mas, correu para a rua e pôs-se a andar sem
vez, como quem repete um gesto imemorial- saber para onde...
mente irremediável. 1No íntimo, preferia não
MORAIS, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar,
tê-lo feito; mas ao chegar à porta 2sentiu que 1986.

LITERATURA | MODERNISMO 5
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12| UERJ No íntimo, preferia não tê-lo feito; (ref. 1) A Ela o olhava com um olhar intenso, (ref.
10)
Embora seja narrada em terceira pessoa, a crô-
nica apresenta ao leitor as sensações do per- B sentindo o pranto formar-se muito longe
sonagem, por meio de termos que remetem à em seu íntimo (ref. 11)
intimidade, como exemplificado acima.
C não lhe dava forças para desprender-se
Dois outros termos, empregados pelo narra- dela. (ref. 12)
dor, que remetem ao universo interior do per-
sonagem são: D De súbito, sentindo que ia explodir em lá-
grimas, (ref. 13)
A sentiu (ref. 2) − imaginá-la (ref. 3)
16| UERJ Uma metáfora pode ser construída pela
B fulguraram (ref. 4) − acariciaram (ref. 5) combinação entre elementos abstratos e con-
cretos.
C Disse-lhe (ref. 6) − abençoara (ref. 7)
No texto, um exemplo de metáfora que se
D Sabia (ref. 8) − distanciar-se (ref. 9) constrói por esse tipo de combinação é:
13| UERJ nada poderia evitar a reincidência da- A como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que
quela cena tantas vezes contada na história não fosse e que não deixasse de ir, (ref. 15)
do amor, que é a história do mundo. (ref. 14)
B o brusco movimento de fechar prendera-
O trecho sublinhado reformula uma expressão -lhe entre as folhas de madeira o espesso
anterior. tecido da vida, (ref. 16)

Essa reformulação explicita a seguinte relação C Fechou os olhos, tentando adiantar-se à


de sentido: agonia do momento, (ref. 17)

A enumeração D E no entanto ali estava, a poucos passos,


(ref. 18)
B generalização
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)
C exemplificação
O OPERÁRIO NO MAR
D particularização
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não
14| UERJ Sabia que era aquela a sua amada, por tem blusa. No conto, no drama, no discurso po-
quem esperara desde sempre e que por mui- lítico, a dor do operário está na sua blusa azul,
tos anos buscara em cada mulher, na mais de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enor-
terrível e dolorosa busca. (ref. 8) mes, nos desconfortos enormes. Esse é um ho-
mem comum, apenas mais escuro que os outros,
Neste trecho, existe um contraste que busca
e com uma significação estranha no corpo, que
acentuar o seguinte traço relativo à mulher
carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele,
amada:
pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou
A distância lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas ár-
vores, o grande anúncio de gasolina americana
B intimidade e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe so-
C indiferença bra tempo de perceber que eles levam e trazem
mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia,
D singularidade dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos
Deputados, o líder oposicionista vociferando. Ca-
15| UERJ A hipérbole é uma figura empregada na
crônica de Vinícius de Morais para caracterizar minha no campo e apenas repara que ali corre
o estado de ânimo do personagem. água, que mais adiante faz calor. Para onde vai
o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu ir-
Essa figura está exemplificada em: mão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão,

6 LITERATURA | MODERNISMO
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que não nos entenderemos nunca. E me despre- TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
za... Ou talvez seja eu próprio que me despre-
ze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de Irene no Céu
encará-lo: uma fascinação quase me obriga a Irene preta
pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe Irene boa
a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste Irene sempre de bom humor.
a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu
pensava que isso fosse privilégio de alguns san- Imagino Irene entrando no céu:
tos e de navios. Mas não há nenhuma santidade — Licença meu branco!
no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu E São Pedro bonachão:
corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos
(Manuel Bandeira)
exércitos que não impediram o milagre? Mas
agora vejo que o operário está cansado e que se NEGRA
molhou, não muito, mas se molhou, e peixes es-
A negra para tudo
correm de suas mãos. Vejo-o que se volta e me
dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do a negra para todos
seu rosto são a própria tarde que se decompõe. a negra para capinar plantar
Daqui a um minuto será noite e estaremos irre- regar
mediavelmente separados pelas circunstâncias colher carregar empilhar no paiol
atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio
do mar. Único e precário agente de ligação en- ensacar
tre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa lavar passar remendar costurar
as grandes massas líquidas, choca-se contra as cozinhar rachar lenha
formações salinas, as fortalezas da costa, as me- limpar a bunda dos nhozinhos
dusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto,
trepar.
trazer-me uma esperança de compreensão. Sim,
quem sabe se um dia o compreenderei? A negra para tudo
ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo.
nada que não seja tudo tudo tudo
até o minuto de
17| FUVEST Embora o texto de Drummond e o (único trabalho para seu proveito
romance Capitães da Areia, de Jorge Ama-
exclusivo)
do, assemelhem-se na sua especial atenção
às classes populares, um trecho do texto que morrer.
NÃO poderia, sem perda de coerência formal (Carlos Drummond de Andrade)
e ideológica, ser enunciado pelo narrador do
livro de Jorge Amado é, sobretudo, o que está Essa Negra Fulô
em: Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
A “Na rua passa um operário. Como vai fir-
me! Não tem blusa.” no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
B “Esse é um homem comum, apenas mais chamada negra Fulô.
escuro que os outros (...).”
Essa negra Fulô!
C “Não ouve, na Câmara dos Deputados, o
Essa negra Fulô!
líder oposicionista vociferando.”
Ó Fulô! Ó Fulô!
D “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão.
Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, (Era a fala da Sinhá)
que não nos entenderemos nunca.” — Vai forrar a minha cama,
pentear os meus cabelos,
E “Mas agora vejo que o operário está can-
sado e que se molhou, não muito, mas se vem ajudar a tirar
molhou, e peixes escorrem de suas mãos.” a minha roupa, Fulô!

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Essa negra Fulô! — Ah! Foi você que roubou!


Essa negrinha Fulô Ah! Foi você que roubou!
ficou logo pra mucama,
O Sinhô foi ver a negra
pra vigiar a Sinhá
levar couro do feitor.
pra engomar pro Sinhô!
A negra tirou a roupa.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô! O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
Ó Fulô! Ó Fulô!
que nem a negra Fulô.)
(Era a fala da Sinhá)
Essa negra Fulô!
vem me ajudar, ó Fulô,
Essa negra Fulô!
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
vem coçar minha coceira,
Cadê meu cinto, meu broche,
vem me catar cafuné,
Cadê o meu terço de ouro
vem balançar minha rede,
que teu Sinhô me mandou?
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô! Ah! foi você que roubou.
Ah! foi você que roubou.
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
“Era um dia uma princesa
Essa negra Fulô!
que vivia num castelo
que possuía um vestido O Sinhô foi açoitar
com os peixinhos do mar. sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
Entrou na perna dum pato
e tirou o cabeção,
saiu na perna dum pinto
de dentro pulou
o Rei-Sinhô me mandou nuinha a negra Fulô.
que vos contasse mais cinco.”
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Ó Fulô? Ó Fulô? Cadê, cadê teu Sinhô
Vai botar para dormir que Nosso Senhor me mandou?
esses meninos, Fulô! Ah! Foi você que roubou,
[Essa Negra Fulô – continuação] foi você, negra fulô?
“Minha mãe me penteou Essa negra Fulô!
minha madrasta me enterrou (Jorge de Lima)

pelos figos da figueira 18| UPE Nos três poemas mencionados anterior-
que o Sabiá beliscou.” mente, há um tema em comum, a situação ét-
Essa negra Fulô! nica do negro no Brasil, embora a abordagem
não seja a mesma.
Essa negra Fulô!
A Em Essa Negra Fulô, o uso de expressões
Ó Fulô? Ó Fulô?
próprias da linguagem erudita comprova a
(Era a fala da Sinhá origem humilde de Jorge de Lima. Nascido
Chamando a negra Fulô.) em Alagoas, possui um nível baixo de es-
Cadê meu frasco de cheiro colaridade, aspecto inerente à produção
Que teu Sinhô me mandou? poética do autor.

8 LITERATURA | MODERNISMO
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B A linguagem utilizada nos poemas reflete ( ) Os três poemas, produzidos por nordestinos,
a situação de submissão imposta aos afri- são construídos em linguagem popular entre-
canos que viveram aqui no Brasil. Além meada de palavras eruditas que se constituem
disso, nos três poemas, o eu poético trata, em paradoxo, pois o tema, a ambientação e o
especialmente, da imagem da mulher ne- cenário não estão adequados.
gra, ou como escrava, ou em decorrência A F F V F F
da situação em que viveu no passado.
B F F F V V
C A sensualidade da mulher é o tema de NE-
GRA, de Drummond, expresso de modo ob- C V V V V F
jetivo, claro e contundente no último verso
da primeira estrofe, quando o poeta usa o D F F F F V
verbo “trepar” no sentido denotativo. E V F V F V
D Em Irene no céu, há um tom carinhoso e Texto para a(s) questão(ões) a seguir
meigo, quando o eu poético analisa o com-
Catar Feijão
portamento de Irene e a coloca em um
bom lugar após a morte. Mesmo assim, a 1
concepção de submissão e de irreverência Catar feijão se limita com escrever:
se revela quando São Pedro ordena a Ire- joga-se os grãos na água do alguidar
ne: “Entra, Irene, / você não precisa pedir e as palavras na folha de papel;
licença”.
e depois, joga-se fora o que boiar.
E Há, nos três poemas produzidos por poe- Certo, toda palavra boiará no papel,
tas brancos, certo desprezo pelos negros, água congelada, por chumbo seu verbo:
percebido na linguagem utilizada pelo eu pois para catar esse feijão, soprar nele,
poético de cada um deles e na falta de
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
confiança das sinhás em relação às suas
mucamas. 2
19| UPE Analise as afirmativas abaixo e coloque V Ora, nesse catar feijão entra um risco:
para as verdadeiras e F para as falsas. o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
( ) Essa Negra Fulô é um poema descritivo, pró-
um grão imastigável, de quebrar dente.
prio do Parnasianismo. Nele, a sinhazinha acu-
sa diretamente a personagem negra de ladra Certo não, quando ao catar palavras:
pelo desaparecimento de objetos da Casa- a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
-grande. obstrui a leitura fluviante, flutual,
( ) Fulô é um substantivo erudito que, ao compor o açula a atenção, isca-a como o risco.
título do soneto, denota a preocupação do au- João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.

tor em obedecer à oralidade própria da cultura


20| FGVRJ Considere as seguintes afirmações rela-
negra no momento da escravatura no Brasil.
tivas ao poema de Cabral de Melo:
( ) Na nona estrofe e em parte da décima, os ver-
I. O ideal de economia verbal, preconizado
sos apresentam aspas, usadas para identificar
no poema, assemelha-se ao ideal estilís-
as citações de fragmentos de duas histórias tico do Graciliano Ramos de Vidas secas,
da tradição popular oral, resgatadas median- também este sequioso de restringir-se ao
te o processo de intertextualidade usado pelo essencial.
poeta.
II. O recurso ao “grão imastigável, de que-
( ) O poema Essa Negra Fulô é todo construído na brar dente” e à “pedra [que] dá à frase seu
forma de redondilha, como Negra e Irene no grão mais vivo”, com o sentido que lhe dá
céu, obedecendo às normas da poesia popular Cabral de Melo, encontra-se presente no
medieval, pois apresenta a mesma métrica. próprio poema que a reivindica.

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MATERIAL DE FÉRIAS PREPARAENEM

III. A ideia de se produzir uma obstrução da [III] Incorreta. No romance “Tereza Batista,
leitura como algo positivo participa do ob- cansada de guerra”, publicado em 1972,
jetivo de se romper com os autoritarismos Jorge Amado encarna na personagem Te-
da percepção – desígnio frequente na lite- reza as vítimas de uma sociedade violenta
ratura moderna, inclusive em autores es- e moralista, denunciando, de forma con-
tilisticamente muito diferentes de Cabral, tundente, a complacência do sistema po-
como é o caso de Guimarães Rosa. lítico durante a ditadura militar no Brasil;
a obra “Memorial de Maria Moura” foi es-
Está correto o que se afirma em crita por Rachel de Queiroz;
A I, apenas. Assim, é correta a alternativa [B]: [I] e [IV], apenas.
B II, apenas. 03| C
C II e III, apenas. A referência ao personagem José Lírio no frag-
D I e III, apenas. mento que antecede o enunciado da questão,
assim como a menção à revolução federalista,
E I, II e III. que serve de contexto histórico à obra, permi-
tem inferir que se trata da obra “O tempo e o
vento”, de Erico Veríssimo, autor também de
GABARITO “Clarissa”, “Incidente em Antares” e “O resto é
01| A silêncio”. Assim, é correta a opção [C].

As opções [B], [C], [D] e [E] são incorretas, pois 04| C

[B] não foi por orgulho nem altivez que Fabia- Em Dom Casmurro, Bento Santiago, narrador
no desistiu de questionar o patrão, mas protagonista, justifica, no início do romance,
a razão que o levou a escrevê-lo: reconstituir
sim por medo de ser mandado embora e,
situações de seu passado para tentar compre-
assim, perder o sustento para si e sua fa-
endê-lo. A angústia de Bento é centralizada em
mília;
torno do suposto triângulo amoroso formado
[C] no excerto citado, configura-se o discurso por ele, sua esposa, Capitu, e seu melhor ami-
indireto-livre, que consiste em mesclar, si- go, Escobar. Sendo Bento bastante ciumento
e levando em conta que só conhecemos seu
multaneamente, o discurso direto da per-
ponto de vista a respeito dos acontecimentos,
sonagem ao indireto do narrador;
seu perfil psicológico se faz imprescindível para
[D] é típico do romance regionalista da déca- a compreensão da trama. No entanto, Bento,
da de 30 denunciar a realidade em que em momento algum, afirma ou demonstra ter
vive grande parte da população brasileira, formado um juízo errôneo de sua amada.
miserável e oprimida; Em São Bernardo, temos também um narrador
[E] as expressões “perdeu os estribos”, “ba- protagonista, Paulo Honório, que escreve com
tendo no chão como cascos” e “baixou a o objetivo de reconstituir seu passado, com a
pancada e amunhecou” reproduzem a lin- clara intenção de compreender a razão do sui-
cídio de sua esposa, Madalena. Paulo Honório
guagem oral da região da caatinga.
revela-se, psicologicamente, um homem bruto
02| B e de um ciúme paranoico em relação à esposa,
que, no entanto, é inocente.
[II] Incorreta. O autor desenvolve temática
social na primeira e segunda fases, segun- 05| E
do os preceitos da estética neorrealista [I] Verdadeiro. Lúcia, Violeta e Maria são ir-
característica da segunda geração do mo- mãs, cujo pai morrera de febre após tra-
dernismo, para, na terceira, dedicar-se a balho forçado prestado ao Coronel Teo-
narrativas classificadas pela crítica como doro. As três envolvem-se com homens, o
crônicas de costumes; que não resulta em destino feliz: Lúcia foi

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MATERIAL DE FÉRIAS PREPARAENEM

abandonada pelo dono da fazenda, Viole- Bernardo, onde trabalhara; porém, o pro-
ta pelo capataz, e Maria ficou viúva; o des- tagonista se revelou uma pessoa ciumenta
tino delas é a casa de prostituição. e paranoica, levando seu relacionamento
com Madalena ao fracasso, marcado pelo
[II] Verdadeiro. Reiteradamente o narrador suicídio da esposa.
cita a locução “era uma vez”, empregada
geralmente para introduzir fábulas cujos [III] Correta. Considerado uma obra de de-
términos são marcados pelo final feliz. No núncia, Vidas Secas é o relato de Fabiano
entanto, este não é o caso das três irmãs, e sua família de retirantes pelo sertão do
que, após o término de seus relaciona- Nordeste, vítimas da marginalização social
mentos, dirigem-se a um prostíbulo. (vale lembrar que os filhos do casal sequer
têm nome) e das condições sociais (a pon-
[III] Falso. A leitura de Gestação de Cidades to de a secura do meio influenciar nas re-
não indica tal posicionamento acusatório lações humanas).
do narrador; sua opção é simplesmente
narrar a história das irmãs. 08| E
[IV] Falso. Frei Bento não condena a ocupação [A] Correta. Os versos “Voz sem saliva da ci-
das irmãs e participa do velório por ser garra, / (…) assim canta o canavial” deixam
pago por essa atividade. nítida a relação entre o som das folhas do
canavial e da cigarra.
06| B
[B] Correta. Os elementos aproximados ao
Até dado momento da narrativa, o Desconhe- som das folhas do canavial indicam a rusti-
cido não se lembra de informações a respei- cidade, elemento típico da poesia de João
to de si. Não consegue se recordar da própria Cabral de Melo Neto: “voz sem saliva”,
identidade e questiona-se assim como qual- “papel seco” e “navalha”.
quer indivíduo: “Quem sou? Onde estou? Que
aconteceu?”. [C] Correta. O poema é composto de apro-
ximações relativas ao som do vento que
Quando a personagem acorda, no dia seguin-
passa pela plantação: “ao vento que por
te, consegue se lembrar do que ocorrera antes
suas folhas, / de navalha a navalha, soa, /
do dia anterior, mas não dos acontecimentos
vento que o dia e a noite toda / o folheia,
da véspera. Uma vez que sua memória não se
completa até o fim da narrativa, sua identida- e nele se esfola”.
de também não se completa; por esse motivo, [D] Correta. A associação é nítida nos versos
é possível interpretar Desconhecido como um “de quando se dobra o jornal: / assim can-
tipo representante das pessoas anônimas, que ta o canavial”.
vagam sem saber o que lhes ocorre.
[E] Incorreta. O vento não corta o canavial;
07| D seu som é que se aproxima de uma na-
[I] Incorreta. A angústia de Luís da Silva está valha: “ao vento que por suas folhas, / de
relacionada ao descontentamento com navalha a navalha, soa”.
sua profissão, com a própria vida, levando- 09| B
-o a assassinar um rico homem que engra-
vidara e abandonara sua ex-noiva, Marina. O romance Incidente em Antares, de Érico
Luís da Silva, para ocultar seu crime, disfar- Veríssimo, é narrado em terceira pessoa por
ça o assassinato em suicídio, pendurando um narrador onisciente. Por isso, é incorreto
o corpo em uma árvore; a angústia decor- o que se afirma na alternativa [B], a narrativa
rente desse ato marca o tom da narrativa. não se estrutura em forma de diário pessoal.
[II] Correta. Paulo Honório é o narrador de 10| A
São Bernardo¸ romance marcado por seu
sucesso econômico – um garoto órfão que Esses versos de Drummond pertencem ao po-
se tornou proprietário da fazenda São ema “Mário de Andrade desce aos infernos”,

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MATERIAL DE FÉRIAS PREPARAENEM

do livro A rosa do povo. Mário de Andrade foi, 15| D


dentre os modernistas, o poeta mais eclético e
A hipérbole, figura de linguagem que enfatiza
o que melhor aplicou na literatura as ideias do
ou exagera a significação linguística, está pre-
“Manifesto Pau-Brasil” e do “Manifesto Antro-
sente no termo verbal na frase da alternativa
pófago”, de Oswald de Andrade. Essas ideias se
[D]: “explodir em lágrimas”.
manifestam em versos como: “nos mais diver-
sos brasis”, “e para além dos brasis”. 16| B
11| B Na frase da alternativa [B], a expressão “o es-
pesso tecido da vida” associa metaforicamente
A referência a greve de coveiros remete à obra o elemento concreto “tecido” à ideia abstrata
“Incidente em Antares”, de Érico Veríssimo (5), de “vida”.
assim como decadência dos senhores de en-
genho a “Fogo Morto”, de José Lins do Rego 17| D
(3). A classificação de “romance proletário” diz
A alternativa [D] indica a falta de proximidade
respeito à obra “Jubiabá”, de Jorge Amado (1). entre o poeta e a figura do operário; tal passa-
A alusão a “expulsão de peões na atividade pe- gem não encontra coerência formal e ideoló-
cuária” a “Porteira Fechada”, de Cyro Martins gica em Capitães da Areia, romance em que o
(2). Finalmente, a trajetória de família de cam- narrador aproxima-se dos personagens princi-
poneses pelo sertão nordestino é relatada em pais, marginalizados.
“Vidas secas”, de Graciliano Ramos (4). Assim,
é correta a sequência apontada em [B]: 5 – 3 – 18| B
1 – 2 – 4. As opções [A], [C], [D] e [E] são incorretas, pois
12| A [A] o poema “Negra Fulô” apresenta lingua-
gem simples, com alguns termos típicos
Os termos verbais “sentiu” e “imaginá-la” re- da linguagem coloquial. Também Jorge de
metem ao universo interior do personagem, Lima nasceu em família abastada de União
às suas sensações físicas e psicológicas, sen- dos Palmares para depois mudar para Sal-
timentos e emoções desencadeados pelo fim vador para iniciar estudos em medicina;
do relacionamento amoroso, assim como a
percepção daqueles que eram vivenciados [C] em “Negra”, Carlos Drummond de Andra-
de registra o cotidiano exaustivo da mu-
também pela outra pessoa. Assim, é correta a
lher negra em linguagem antissentimen-
alternativa [A].
tal, de forma distanciada. Além do mais, o
13| B termo “trepar” é usado de forma conota-
tiva, aludindo ao ato sexual desprovido de
O pronome relativo “que” remete anaforica- sensualidade e afeto.
mente à expressão “história do amor”. Assim,
“história do mundo” acrescenta e amplia o sig- [D] o eu poético revela ternura e compreen-
nificado da expressão anterior, tornando geral são pelo tom carinhoso com que São Pe-
aquilo que era apenas uma característica parti- dro convida Irene a entrar no céu;
cular. Assim, é correta a alternativa [B]. [E] não existe manifestação de desprezo por
parte dos poetas quando retratam o co-
14| D
tidiano dos escravos sob o jugo dos seus
O fato de ter procurado aquele tipo de mulher senhores.
de forma tão insistente e constante em cada
19| A
uma que ia encontrando no seu percurso de
vida demonstra a sua singularidade, ou seja, o A primeira assertiva é falsa, pois o poema,
conjunto de características que a distinguiam apesar de ser descritivo, não pode ser vincu-
e particularizavam de forma tão essencial. As- lado ao Parnasianismo que privilegiava a for-
sim, é correta a alternativa [D]. ma em detrimento do conteúdo e preferia o

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MATERIAL DE FÉRIAS PREPARAENEM

uso de estruturas poéticas clássicas que não


estão presentes no poema. Também a segun-
da é falsa, pois o termo “fulô” é corruptela de
flor, portanto de origem coloquial e popular.
Os poemas Negra e Irene são estruturados em
versos livres e brancos, característica da poesia
do Modernismo, o que invalida a penúltima e
última proposições. Como a terceira é verda-
deira, é correta a opção [A].
20| E
João Cabral de Melo Neto foi um poeta da ter-
ceira geração modernista, da qual fez parte
também Guimarães Rosa. Essa geração, entre
outros aspectos, foi marcada pela invenção lin-
guística, visava “romper com os autoritarismos
da percepção” [terceira afirmação].
“Catar feijão” faz parte da obra A educação
pela pedra. Nela, a pedra simboliza a própria
poesia, em um esforço, por parte do poeta, por
apreender a realidade concreta. Desse modo,
é possível compreender a simbologia do “grão
imastigável”, “de quebrar dente” e da “a pedra
dá à frase seu grão mais vivo”: a palavra dura,
os versos agressivos e impactantes, que des-
pertam para a dureza da própria realidade [se-
gunda afirmação].
Essa concepção de poesia aproxima o estilo
de João Cabral de Melo Neto ao de Graciliano
Ramos, escritor da segunda geração moder-
nista. Um dos traços mais marcantes da pro-
sa de Graciliano é o estilo seco – econômico,
exato, objetivo –, que, para o escritor, era ne-
cessário para retratar com precisão o cenário
nordestino, como o de Vidas secas [primeira
afirmação].

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